domingo, julho 19, 2015

Alucinações pós-digitais no filme "O Congresso Futurista"

Se hoje discutimos o destino do cinema com a era da digitalização, o filme “O Congresso Futurista” (The Congress, 2013) já está bem à frente: em uma era pós-digitalização o cinema tal qual conhecemos deixaria de existir. A indústria do entretenimento apenas forneceria estímulos químicos e eletrônicos e o “espectador” criaria sua própria alucinação, transformando-se na celebridade que quisesse. Em uma espécie de versão feminina do filme “Quero Ser John Malkovich”, a atriz Robin Wright (“House of Cards”) interpreta corajosamente sua própria carreira num híbrido de “live-action” e animação mostrando o destino do ator num futuro onde as pessoas irão querer se exilarem numa espécie de Caverna de Platão produzida por alucinações químicas e solipsistas.

Hollywood produz sonhos e ilusões. Mas nem por isso deixa de viver as mazelas de uma indústria qualquer, com os costumeiros conflitos entre capital e trabalho – no caso do cinema, toda a estrutura que se arma em torno dos atores, a mão-de-obra do negócio: agentes, rompimentos de contratos, drogas, depressão, fracassos, amantes etc.

E se na indústria convencional o capital precisa controlar o trabalho por meio da automação e demissões, na indústria dos sonhos não é diferente: o desenvolvimento tecnológico digital não objetiva outra coisa senão controlar o trabalho dos atores até chegar ao ponto, num futuro bem próximo, em que o próprio ator será um personagem digital (propriedade do estúdio), dispensando o ator real que será despachado para o ostracismo.

quarta-feira, julho 15, 2015

Euro crise e a Metafísica vingam-se da Grécia

Há um fantasma que assombra a História, o fantasma da Metafísica. Há uma ironia sincromística na crise econômica de um país que contribuiu com a Metafísica de Sócrates, Aristóteles e Platão e que agora cai de joelhos diante da Troika (FMI, Banco Central Europeu e Comissão Europeia), representantes de um sistema financeiro do capital volátil e especulativo, sem lastros com a “economia real”, mas com forte poder de destruição. Foram necessários 25 séculos de Filosofia para a Metafísica realizar-se – do “Logos” de Heráclito, passando pela metafísica platônica e a Trindade de Santo Agostinho até chegar à abstração das transações simultâneas, do cálculo probabilístico das transações financeiras e equalização das tendências das bolsas de valores:  tornou-se o no “Logos” (ou no álibi) em nome do qual falam economistas ou técnicos para empurrar goela a baixo a suposta racionalidade das austeridades. O ator Jeremy Irons parece ter percebido isso em um talkshow na TV portuguesa.

O “Não” do povo grego em plebiscito contra as medidas de austeridade da Troika foi saudado como a primeira intervenção da “vontade popular” contra a chantagem da receita neoliberal da financeirização. No país que contribuiu com a Democracia para a história da filosofia política, nada mais natural que a voz do povo vencesse o medo e a chantagem.

Mas a renúncia do Ministro das Finanças grego Yanis Varoufakis (figura “mal vista” pela Zona do Euro) um dia depois do “Não” foi o prenúncio do que viria: a humilhante capitulação final do governo grego  de Alex Tsipras diante da plutocracia financeira representada pela chanceler alemã Angela Merkel.

domingo, julho 12, 2015

Efeito Heisenberg da mídia destrói futebol brasileiro

Depois de um ano do histórico vexame de 7 X 1 contra a Alemanha na Copa do Mundo o cenário do futebol brasileiro é de decadência técnica e financeira com um ex-presidente da CBF preso pelo FBI, estádios vazios em um campeonato longo e desinteressante sob o rígido controle do monopólio midiático das Organizações Globo. A imposição de datas, horários dos jogos, fórmulas de campeonatos de acordo com os interesses comerciais da emissora é apenas a superfície da questão. Mais do que isso, a própria transformação do futebol brasileiro à imagem e semelhança da linguagem do telejornalismo da TV Globo está destruindo a qualidade do próprio produto que ela pretende vender. É o chamado “Efeito Heisenberg”, efeito midiático das coberturas extensivas onde as mídias não retratam mais realidades, mas a si mesmas e o impacto delas sobre os fatos.

Nesses últimos dias a grande mídia nos lembrou por matérias especiais que há um ano o futebol brasileiro sofreu uma das suas maiores humilhações: a derrota de 7 X 1 contra a Alemanha em uma edição da Copa do Mundo realizada no próprio País. Um ano depois, temos um ex-presidente da CBF preso pelo FBI na Suíça à espera de extradição, um campeonato brasileiro acontecendo em estádios vazios com jogos de qualidade técnica em rápido declínio e a progressiva queda de audiência dos jogos televisionados pela TV Globo.

quarta-feira, julho 08, 2015

"Uma Aventura Lego" faz evangelho gnóstico pop


Por trás da inocência de uma animação infantil podem estar antigas mitologias que ainda repercutem em nossos corações e mentes. “Uma Aventura Lego” (“The Lego Movie”, 2014) já foi interpretado como uma grande comercial de 100 minutos do brinquedo Lego ou uma sátira metalinguística da cultura pop atual que faz uma mistura maluca de “Matrix”, “Toy Story” e “Os Simpsons”. Mas na verdade é um evento religioso: um evangelho gnóstico pop onde é apresentada uma crítica mordaz às noções de Verdade, Deus e Salvação. Um tirano controla todos os mundos Lego passando-se como o único construtor daquele universo. Mas a resistência secreta formada pelos “mestres construtores” sabe que “o cara lá de cima” enviará um Salvador: Emmet, um operário comum com a cabeça tão vazia que, somente ele com seu "silêncio" interior, poderá ouvir a voz da Verdade.

Com as férias escolares esse humilde blogueiro tem a oportunidade de acompanhar os filhos ao cinema e exposições assistindo a uma série de curtas e animações, como os leitores devem já ter percebido nas últimas postagens do Cinegnose. E assistindo a esse conjunto de audiovisuais não dá para passar despercebido como cada vez mais produções atuais voltadas, a princípio, para o público infanto-juvenil  são baseadas em argumentos filosóficos e/ou místicos.

Uma Aventura Lego (The Lego Movie, 2014) é mais um exemplo desse mix de entretenimento com viés gnóstico que, de início, parece ao espectador como alguma coisa entre o non-sense e o surreal. A melhor primeira impressão que a animação pode passar foi dada por Susan Wlosczyna no site de crítica de cinema Roger Ebert. com:  “imagine Toy Story feito por Mel Brooks depois de comer cogumelos mágicos enquanto lia 1984 de George Orwell”.

segunda-feira, julho 06, 2015

"Divertida Mente" transforma pesquisas de controle da mente em entretenimento


A crítica especializada vem considerando a nova animação da Pixar, “Divertida Mente” (Inside Out, 2015), como a mais criativa e emocionante do estúdio. Certamente comprova como a Pixar é capaz de transformar em entretenimento um conteúdo politicamente sério: as pesquisas do psicólogo Paul Ekman, pioneiro dos estudos das conexões entre as emoções e expressões fisionômicas – estudos iniciados pela CIA e Departamento de Defesa dos EUA para criar modernos detectores de mentira em suspeitos de terrorismo. Dessa maneira, “Divertida Mente” é mais um produto midiático que reflete a atual agenda tecnocientífica: o projeto das cartografias e topografias da mente – criar modelos de simulação baseados nas neurociências, Cibernética e ciências da computação que desvendem o funcionamento da mente e da consciência.  Por trás do entretenimento há um propósito muito mais sério: controle e manipulação da mente, seja pela via fármaco ou pelo controle de massas através de dispositivos como o Neuromarketing.

sexta-feira, julho 03, 2015

Curta "Rabbit and Deer" atualiza a Alegoria da Caverna de Platão

O que aconteceria se indivíduos que vivem em um mundo plano e bidimensional acidentalmente descobrissem que existe um universo alternativo tridimensional, até então invisível para eles? Qual a reação deles ao descobrir que seu mundo plano não passa de um fino papel que esconde uma vasta realidade tridimensional? Essa é a proposta de um surpreendente curta de animação húngaro “Rabbit and Deer” (2013) com mais de 100 prêmios em festivais por todo o mundo. O curta faz uma releitura da Alegoria da Caverna de Platão por um ponto de vista dimensional – mais uma evidência de como cresce a sensibilidade gnóstica na indústria do entretenimento atual, desde que a Relatividade e a Mecânica Quântica atualizaram na ciência antigas mitologias gnósticas.

O leitor deve conhecer a Alegoria da Caverna de Platão, onde o filósofo descreve a situação em que a humanidade se encontra e a proposta de um caminho de salvação: a crença de que o mundo revelado pelos nossos sentidos não é o mundo real, mas apenas uma pálida cópia – a condição humana seria como a de prisioneiros acorrentados em uma caverna vendo sombras  projetadas na parede de objetos que passam diante de um fogo atrás deles. As sombras são tão próximas que passam a designar nomes para elas e toma-las como fossem a própria realidade.

Agora imagine essa alegoria por um ponto de vista dimensional: os homens acorrentados e as sombras pertenceriam a um mundo bidimensional, enquanto o fogo e os objetos que passam diante dele estão no plano tridimensional – mesmo que se virassem, seres da segunda dimensão seriam incapazes de verem o fogo ardente tridimensional. Platão dizia que o brilho do fogo os cegaria. Do ponto de vista dimensional, a tridimensionalidade simplesmente se tornaria invisível para esses seres planos prisioneiros das suas correntes em duas dimensões.

quarta-feira, julho 01, 2015

Pegue a pipoca vermelha: Cinegnose atualiza a lista dos melhores filmes gnósticos


O Cinegnose apresenta a atualização dos melhores filmes gnósticos da história do cinema, que agora conta com 66 filmes. É uma atualização da lista anterior de 2013 onde constavam 41 filmes.  Atualmente esses filmes apresentam uma grande variação de interpretações da mitologia gnóstica clássica espalhado por diversos gêneros fílmicos.   Por isso, nessa atualização trouxemos uma novidade metodológica na classificação dos filmes: dividimos em subcategorias (CosmoGnósticos, PsicoGnósticos, TecnoGnósticos, AstroGnósticos e CronoGnósticos) e apontamos em cada filme os principais temas gnósticos abordados.

segunda-feira, junho 29, 2015

Por que jornalistas estão migrando para programas de entretenimento?

Em 1983 Sérgio Chapelin deixou a Globo para apresentar o “Show Sem Limites” no SBT. Mas depois voltou ao telejornalismo global. Agora a migração para o entretenimento não tem mais volta: tudo começou com Fausto Silva nos anos 80 e atualmente a tendência cresce com Fátima Bernardes, Pedro Bial, Patrícia Poeta, Britto Jr., Ana Paula Padrão, Zeca Camargo e o recente anúncio da saída definitiva de Tiago Leifert do jornalismo esportivo para um programa de entretenimento na TV Globo. Como explicar essa onda migratória? Maneira mais fácil de ganhar dinheiro com merchandising? Mas também pode representar o sintoma de um duplo fenômeno que assola um jornalismo terminal diante do crescimento das tecnologias de convergência: o infotenimento (informação + entretenimento) e o tautismo (tautologia + autismo).

Quando o colombiano Juan Carlos Osorio chegou ao Brasil para ser o novo técnico do São Paulo Futebol Clube, ao vivo o jornalista Tiago Leifert não se conteve : “vamos fazer uma matéria especial com Osorio, ele é um personagem!”, disse o apresentador do Globo Esporte, sobre um técnico com o seu curioso método de entregar bilhetes aos jogadores, escritos ora com caneta vermelha, ora com caneta azul... canetas que depois são enfiadas em cada meia.

Essa é uma pequena amostra do atual modus operandi do jornalismo baseado não mais em relatos de acontecimentos, mas que agora está em busca de casos e personagens como se editores e repórteres se assemelhassem a roteiristas ou produtores de cinema.

sábado, junho 27, 2015

Série "Sense8" renova o Gnosticismo Pop de "Matrix"

Diante da série "Sense8" os críticos parecem estar incertos: ou a produção dos irmãos Wachowski é uma obra-prima ou um completo desastre. Para aqueles que já assistiram aos filmes “Matrix”, “Cloud Atlas” ou mesmo “O Destino de Júpiter”, perceberão que os Wachowski ingressam em um território familiar – protagonistas que levam uma vida banal e que de repente descobrem um propósito maior que os levará a enfrentarem um cruel sistema de dominação. Como em “Matrix”, “Sense8” revisita a mitologia gnóstica, porém com uma novidade que faz a série entrar em sintonia com o seu tempo: enquanto em Matrix a ilusão que aprisionava o protagonista era uma sinistra simulação tecnológica, em “Sense8” culturas regionais e nacionais criam rígidos modelos de gênero e identidade que mantém os protagonistas presos a uma conspiração. E a iluminação espiritual não é mais um processo ascético individual, mas agora uma rede mental coletiva e global.  

Os irmãos Wachowski serão de agora em diante chamados de “The Wachowskis” nos créditos das suas produções. Essa não é a única novidade na série do Netflix Sense8. Para aqueles que se dedicam ao estudo das recorrências do Gnosticismo na indústria do entretenimento, como faz esse blog Cinegnose, a série apresenta a principal novidade: uma nova interpretação da mitologia gnóstica dentro daquilo que definimos como “Gnosticismo Pop” – o súbito interesse de diretores, roteiristas e produtores de Hollywood pelos simbolismos e narrativas míticas do Gnosticismo.

Uma tendência que se iniciou no final do século passado, cujo ápice desse revival pop gnóstico foi certamente o filme Matrix dos Wachowskis que sintetizou o que muitos filmes anteriores já exploravam – Dark City (1998), A Vida em Preto e Branco (1998), Show de Truman (1998), O Décimo Terceiro Andar (1999), Clube da Luta (1999) entre outros.

segunda-feira, junho 22, 2015

Grande mídia aproxima-se de uma vitória de Pirro?

Ao declarar seu “susto” com o posicionamento da revista “Veja” contra o desarmamento em 2005 no referendo sobre armas, Bárbara Gancia foi uma dos primeiros jornalistas a perceberem uma contradição na grande mídia que vem crescendo desde então: como ser politicamente conservador e ao mesmo tempo liberal nos costumes? O vale-tudo atual da grande mídia de buscar em águas turvas o apoio de setores política e culturalmente retrógrados para desgastar o Governo Federal pode ser uma vitória de Pirro. Serginho Groisman e Jô Soares  estão percebendo isso. E o recente editorial do jornal “Folha de São Paulo” contra o “obscurantismo” do outrora incensado líder da Câmara Eduardo Cunha foi mais um sinal. Para a grande mídia a questão não é apenas política mas trata-se de sua própria sobrevivência diante da tecnologia de convergência que lhe arranca nacos de audiência. Após a vitória final com a terra arrasada, a mídia tradicional encontraria uma nova geração de jovens conectados aos seus dispositivos móveis e Internet e nem um pouco receptivos a uma agenda política baseada no conservadorismo de costumes.

Em 2005, a jornalista Bárbara Gancia percebeu os primeiros sinais de uma tendência de cobertura política da grande mídia que nos anos posteriores só cresceu: a defesa de uma agenda conservadora política e de costumes com uma visão de mundo segregacionista dentro de uma estratégia de vale-tudo para disseminar o ódio contra o Governo Federal e as próprias esquerdas.

“Deu a louca na revista Veja?”, perguntava perplexa a jornalista, ao ver o semanário sair em defesa “histericamente” pela opção do não desarmamento no referendo sobre armas que era realizado naquele momento. “Assino Veja há 20 anos, leio a revista de cabo a rabo e faço parte do grupo que acredita que o governo do PT é um embuste”, afirmava Gancia, sentindo-se traída pelo conservadorismo da Veja que acreditava que andar armado é um direito fundamental do indivíduo.

sábado, junho 20, 2015

Entrelaçamento quântico, moral e livre-arbítrio em "Frequencies"

Co-produção britânica e australiana, “Frequencies” (aka “OXV: The Manual, 2013) foi uma surpresa em festivais de Cinema Fantástico como o Fant 2014 de Bilbao. Embora parta da premissa da atual onda de filmes sci fi distópicos com adolescentes (amores impossíveis em mundos totalitários como em “Divergente”), o filme pretende ser um ambicioso ensaio metafísico sobre o problema da Moral e do Livre-arbítrio: quão livre nós somos em nosso querer agir? Em um mundo onde o conhecimento determina o destino, jovens tropeçam em uma descoberta: o Manual OXV baseado em uma “antiga tecnologia” onde palavras podem interferir nos padrões de frequências que criam entrelaçamentos quânticos entre as pessoas. Isso pode ser usado para o amor... mas também para o mal.

Uma história de amor impossível entre dois adolescentes que vivem em uma ordem social totalitária que impede a concretização dos seus sentimentos. Sintetizando dessa forma o filme Frequencies (aka OXV: The Manual), parece que estamos diante de mais um filme da atual onda de “distopias teens” como Divergente, Jogos Vorazes, Eu Sou o Número 4 etc.

Uma onda de filmes classificados pelo rótulo “ficção científica” pelos seus aspectos mais superficiais do gênero: futuros distópicos, efeitos especiais e alta tecnologia.

segunda-feira, junho 15, 2015

"Veja", Simples Descolados e Coxinhas 2.0 gourmetizam festas juninas

O chamado “raio gourmetizador” atinge também as festas juninas, como mostra matéria da revista "Veja SP" em seu diligente trabalho semanal de elevar a moral da classe média. A complexa retórica dos “ingredientes” e das “harmonizações” agora constrói a mitologia do “rústico”, do “artesanal” e do “nativo” em quermesses e arraiais. Simples descolados e “coxinhas 2.0” (a versão autossustentável do coxinha tradicional) seriam os arautos de uma suposta simplicidade perdida pelo consumismo desenfreado de uma classe C sem educação. Parece que a “Teoria da Classe Ociosa” elaborada há cerca de 100 anos pelo economista Thorstein Veblen torna-se cada vez mais atual: a afetação sócio-linguística da gourmetização como um “trabalho ocioso” que busca reconstituir uma distinção de classes ameaçada pela política econômica neodesenvolvimentista. Com a midiatização da tendência, hoje a gourmetização assumiria um duplo papel: gourmetizar não apenas a elite, mas também as massas como função disciplinar e ideológica.


Chegamos às festas juninas onde nos quatro cantos do País se comemora os santos populares Santo Antônio, São Pedro e São João. Em seu diligente trabalho de elevação da moral de uma classe média que ainda vê nela alguma relevância, a edição da Veja São Paulo de 10/06/2015 quis nos mostrar que as festas juninas já não são mais as mesmas. Daqui em diante, expressões como “arraial” e “quermesse” se confundirão com balada para jovens aspirantes a uma suposta elite descolada.

Esqueça o quentão, o “buraco quente” (pão francês recheado de carne ao molho) com carne louca, o pinhão e a barraquinha de pesca. Pense agora em uísque, “buraco quente” recheado com carne de costela de boi da raça angus (porque “harmoniza” melhor com cervejas artesanais), pista de dança com DJs e sanduíches feitos diretamente de food trucks com letreiros em handshop

sábado, junho 13, 2015

No curta "Alma" o fascínio gótico pelos bonecos e brinquedos

Trabalhando desde 2002 na Pixar, o animador espanhol Rodrigo Blaas resolveu em 2009 colocar em prática algumas ideias pessoais que não podiam se encaixar nas produções comerciais do estúdio. O resultado é o curta “Alma” que trás para uma animação aquilo que a assepsia comercial da Pixar retira dos seus produtos: o Estranho e o Gótico, a essência do fascínio humano pelos bonecos, marionetes e, modernamente, androides, robôs e animações. Blaas devolve ao universo infantil dos bonecos e brinquedos o seu arquétipo central: a rememoração das relações homem/Deus – através da brincadeira e do jogo a rememoração da própria condição humana prisioneira em um universo onde alguém nos manipula.Curta sugerido pela nossa leitora Luiza Hernandez.

Rodrigo Blaas é um artista gráfico espanhol que trabalha nos estúdios da Pixar desde 2002, animando personagens como a Dory em Procurando Nemo, a dupla Luigi e Guido em Carros, as cenas de ação em Os Incríveis e a sequência final da luta do capitão da nave Axion contra o piloto automático em Wall-E. Depois de muito trabalho em equipe e aborrecido em ter muitas ideias que não podiam ser encaixadas nas produções de um estúdio mainstream, resolveu reunir alguns colegas para fazer um curta.

O resultado é Alma (2009), com uma protagonista infantil com olhar doce e um visual que lembra o estilo da Pixar. Mas as semelhanças param por aí: há algo de estranho, tão sinistro quanto a atmosfera dos episódios da clássica série de terror e mistério Além da Imaginação - veja o curta abaixo.

terça-feira, junho 09, 2015

A "maldição" do Coringa ameaça também o ator Jared Leto?

“Tenho medo de aproximar-me dele... Eu o conhecia antes dele ser o Coringa... não quero envolver-me com isso”, relatou o ator Scott Eastwood sobre a experiência de acompanhar Jared Leto ("Sr. Ninguém", "Clube de Compras Dallas") nas filmagens interpretando o Coringa, no filme “Esquadrão Suicida” com lançamento previsto para 2016. Vazam na Internet declarações de que, tal como Heath Ledger em “Batman: O Cavaleiro das Trevas”, Leto também não estaria conseguindo “abandonar o personagem”. Estaríamos acompanhando mais uma recorrência sincromística que envolve o sombrio palhaço do crime? Para muitos pesquisadores em Sincromisticismo, desde que o Coringa surgiu em 1940 nas HQs, o personagem transformou-se em uma forma-pensamento autônoma, envolvido em repetidos relatos de atores sobre o desconforto em interpretá-lo. Jack Nicholson ficou furioso por Ledger não tê-lo consultado sobre como lidar com o papel. “Bem, eu o avisei!”, teria dito ao saber da morte de Ledger. Jared Leto pode ser o próximo?

Considere essas duas declarações abaixo feitas durante a produção de dois filmes diferentes:

(a) “A performance de Heath Ledger interpretando o Coringa nos sets de gravação era tão assustadora que muitas vezes chegava a esquecer as minhas próprias linhas de diálogo” Michael Caine durante a produção do filme Batman: O Cavaleiro das Trevas;

(b) “Eu tinha medo de aproximar-me dele [Jared Leto] porque eu não queria me envolver naquilo que estava acontecendo. Eu o conhecia, antes dele ser o Coringa. Eu o conheci como Jared Leto. Não quero envolver-me com isso” (Scott Eastwood, sobre as filmagens do filme Esquadrão Suicida com Jared Leto interpretando o Coringa).

sábado, junho 06, 2015

Em Observação: "Strange Angel": a explosiva combinação da Ciência com o Ocultismo

Qual o interesse do diretor Ridley Scott ("Blade Runner", "Prometheus" e "Êxodus") em produzir a nova minissérie “Strange Angel” do canal AMC sobre a vida de um engenheiro químico inventor do combustível sólido usado em foguetes espaciais? Nenhum, não fosse a minissérie sobre a vida de Jack Parsons, co-fundador do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa e, ao mesmo tempo, ocultista e participante ativo da OTO (Ordo Templi Orientis), da Eclesia Gnóstica e seguidor do mago Aleister Crowley. A combinação literalmente explosiva entre Ciência e Ocultismo envolvia experiência com foguetes no deserto ao mesmo tempo em que realizava rituais pagãos durante os experimentos.  Para muitos ocultistas, o legado de Parsons teria ido muito além do aprimoramento da tecnologia que levou a NASA ao espaço. Ele também teria aberto estranhas portas dimensionais que influenciaram o século XX.

quinta-feira, junho 04, 2015

Nietzsche se encontra com Inteligência Artificial no filme "Ex Machina"


O roteirista e escritor Alex Garland (autor do livro “The Beach”, com versão cinematográfica em 2000) faz uma sombria estreia como diretor  no filme “Ex Machina” (2015). Sombria porque, ao contrário da tradicional abordagem cinematográfica sobre a Inteligência Artificial (entre a apologia e o apocalipse tecnológico), Garland apresenta uma abordagem verossímil e atual, onde a IA é o resultado de uma singularidade produzida pelo chamado Big Data produzido pelas redes sociais, celulares e dos algoritmos de busca de uma empresa chamada Blue Book – em tudo análoga ao Google. Tão verossímil que se torna assustador: a IA surgirá como um fenômeno pós-humano orientado apenas pela "Vontade de Potência", no sentido atribuído pelo filósofo Nietzsche – um ser unicamente governado pela vontade de realizar-se como potencia em si mesma, para além do Bem e do Mal, tornando o homem uma primitiva ferramenta de linguagem. E esse novo ser é um androide feminino. Filme indicado pelo nosso leitor Felipe Resende.

segunda-feira, junho 01, 2015

Diga-me com o que fazes metáforas e direi quem és

“O gigante acordou”, “Vem pra rua”, “Padrão Fifa” e a camiseta da CBF escolhida como símbolo da Pátria. Tantas vezes slogans publicitários e clichês midiáticos foram apropriados pelas manifestações anti-Governo Federal na ruas desde 2013 que chegou-se a uma situação irônica: após as prisões efetuadas pelo FBI em Zurique de cartolas do futebol mundial é irônico manifestações fazerem alusões a instituições notoriamente corruptas em protestos contra a corrupção.  Nas redes sociais simpatizantes desses movimentos respondem: foram apenas “leves metáforas”. Mas temos que admitir: diga-me com o que fazes metáforas e direi quem és. Há um fato semiótico novo – slogans e palavras de ordem deixaram o campo exclusivo da propaganda política para entrar no pastiche das apropriações de criações publicitárias. Porém, é da natureza do slogan publicitário interpelar muito mais o indivíduo do que o coletivo. Estamos acompanhando uma tendência de despolitização? 

“Não falamos para dizer alguma coisa, mas para obter um determinado efeito”
(Joseph Goebbels)

O escândalo da Fifa que resultou na prisão de sete cartolas, entre eles o ex-presidente da CBF José Maria Marin, sob acusação de manterem um sistema corrupto de propinas e lavagem de dinheiro com direitos de transmissão e comercialização de jogos criou uma inusitada ironia: desde as grandes manifestações de rua de 2013, passando pelos protestos contra a Copa em 2014 para os atuais panelaços e mobilizações anti-Dilma, palavras de ordem como “Padrão Fifa” (reivindicação por saúde e educação alusiva ao mesmo padrão dos estádios construídos para a Copa) e manifestantes em massa vestindo camisetas amarelas da CBF se transformaram em inesperada “piada pronta” – por que manifestações por transparência e combate à corrupção constroem slogans e palavras de ordens alusivas a instituições notoriamente corruptas?

Nas redes sociais os militantes e simpatizantes dos protestos respondem que essas analogias eram “leves metáforas” – o padrão exigido pela Fifa aos organizadores da competição deveria ser o mesmo para Saúde e Educação e as camisetas da CBF por conta da cor amarela, para representar a Pátria, sem partidarismos.

sexta-feira, maio 29, 2015

Pesquisadores da NASA e Oxford acreditam que Universo é um game de computador

Sempre ouvimos dizer que “a vida é um jogo”. Mas e se essa frase for mais do que uma metáfora e nesse exato momento estivermos todos nós vivendo em um jogo desenhado por alguém que está em algum ponto num futuro distante? Tão velha quanto a história humana, a ideia gnóstica de que a realidade é uma ilusão retorna através das leis da Inteligência Artificial e a evolução dos games de computador: Nick Bostrom, da Universidade de Oxford, e Richard Terrile, da NASA, apontam para evidências de que o Universo seria uma gigantesca simulação de um game de computador cósmico e que o salto qualitativo na capacidade dos nossos computadores nos permitiria repetir a experiência da simulação de mundos, assim como o nosso. Tal hipótese explicaria inconsistências e mistérios que cercam o nosso cosmos, como, por exemplo, a natureza da “matéria escura”. Ciência e gnosticismo mais uma vez se encontram, dessa vez no fascínio atual pelos games de computador. Pauta sugerida pelo nosso leitor André De Paula Eduardo.

De acordo com as teorias de dois pesquisadores também distantes no tempo e espaço, um acadêmico de Oxford (Inglaterra) e um cientista da NASA (EUA), haveria uma certeza matemática que estamos imersos em uma simulação intrincada criada por seres (aliens ou mesmo seres humanos) que existem em algum lugar distante no futuro a partir de 30 anos até cinco milhões de anos. Seríamos como um passa-tempo desses futuros seres, a sua versão de um roler-playing como um World of Warcraft.

Uma ideia alucinante com o velho toque da cosmologia gnóstica da antiguidade (o homem como prisioneiro em um cosmos criado por um demiurgo enlouquecido que se diz Deus), mas em suas defesas esses pesquisadores argumentam que a hipótese não é mais rebuscada do que acreditarmos na religião que nos diz que Deus criou as terras e os céu. Ou de que tudo surgiu de uma enorme explosão que começou a esticar o tecido do espaço como um balão, formando trilhões de galáxias e, por pura sorte, surgiu o ser humano, como nos informa a teoria do Big Bang.

domingo, maio 24, 2015

Parapolítica e subversão ocultista no filme "A Montanha Sagrada"

Em 1980 John Lennon concedeu entrevista à “Playboy” onde dizia que caíra fora dos Beatles porque eles teriam sido criados por “craftsmen” (termo ambíguo que pode designar tanto “artistas” ou “artesãos” quanto “iniciados ao ocultismo"). Sete anos antes Lennon ajudou a financiar o filme “A Montanha Sagrada” (1973) do chileno Alejandro Jodorowsky, sobre oito "craftsmen" (poderosos industriais e políticos) que são iniciados por um alquimista na busca da verdadeira fonte do Poder: a imortalidade e o aprimoramento espiritual. Verdadeiros magos negros donos dos mercados de armas, moda, arte, brinquedos, drogas e sexo. Pretendem alcançar a chamada “montanha sagrada” em uma distante ilha. Jodorowsky buscou no filme uma dupla subversão: denunciar a dimensão parapolítica onde magos ocultistas formariam a elite mundial que aplicaria sofisticadas técnicas psíquicas de controle social; e do outro didaticamente mostrar para os espectadores os passos da iniciação ocultista que poderia nos livrar das ilusões que nos prendem ao mundo material e ao julgo dessas elites ocultistas.

Depois de conseguir a atenção do público alternativo e das chamadas “sessões da meia-noite” em cinemas underground de Nova York com o filme El Topo (1970), o diretor chileno Alejandro Jodorowsky conseguiu o suporte financeiro de John Lennon e Yoko Onno para o seu projeto espiritual cinematográfico A Montanha Sagrada – a princípio, um filme que continuaria a temática de El Topo, isto é, sobre purificação, a descoberta da Verdade por trás das aparências do mundo (Maia) e, por fim, a constante busca pelo aprimoramento espiritual.

segunda-feira, maio 18, 2015

Com B.B. King morre a dialética negativa do Blues

B.B. King talvez tenha sido um dos últimos músicos a ver a guitarra elétrica não como um meio para demonstrar velocidade, técnica e virtuosismo (valores caros para a atual indústria do entretenimento que alimenta o mito dos artistas virtuosos e narcisistas que divertem o público), mas como instrumento para expressar os sentimentos antagônicos do Blues: dor/alegria, tristeza/redenção e melancolia/celebração. Sua morte não significou apenas a passagem de alguém que inspirou gerações de músicos de Jimi Hendrix a Steve Ray Vaughan. Morreu um pouco mais um tipo de gênero musical cujas origens anteriores à indústria do entretenimento conferia a sua arte uma, por assim dizer, “dialética negativa”: uma música que produzia alegria e diversão e, ao mesmo tempo, invocava a memória de que o Blues tinha surgido em meio à injustiça e segregação. B.B. King viveu ainda a tempo de ver o Blues se transformar em um standard de entretenimento que concilia a música com um mundo injusto no qual ela própria nasceu. 

Eu vou fazer as malas
E seguir o caminho
Sim
Eu vou fazer as malas
E seguir o caminho
Onde
Não há ninguém preocupado
E não tem ninguém chorando
(“Every Day I Have the Blues”, Elmore James)

Dizem que o nome da guitarra de B.B. King, Lucille, surgiu de um incidente em um show num salão de danças no Arkansas em 1949.

             Para aquecer o ambiente foi aceso um barril cheio de querosene, solução bastante comum naquela época. Durante o show dois homens começaram a brigar, esbarrando no barril que espalhou o conteúdo por todo lado e iniciando um incêndio. Com as chamas em todo salão, todos correram para fora do lugar quando B.B. King percebeu que na fuga deixara sua guitarra, a amada Gibson de 30 dólares. Voltou ao edifício em chamas e a recuperou. No dia seguinte soube que dois homens morreram naquele incêndio e o motivo da briga que iniciou a tragédia: o pivô de tudo teria sido uma mulher chamada Lucille.

sábado, maio 16, 2015

Série "El Ministerio del Tiempo" vai na contramão do tempo-espaço da era global

Desde “O Exterminador do Futuro” (1984) e “De Volta ao Futuro” (1985), as representações do tempo mudaram no cinema e audiovisual: o Tempo tornou-se mutante e aleatório como um hipertexto. Mas curiosamente, a série da TVE (a tevê pública espanhola) “El Ministerio Del Tiempo” (2015) vai na contramão desse imaginário sobre o tempo-espaço que caracteriza a atual era das tecnologias digitais e Globalização: ao contrário, a série de ficção-científica mostra o Tempo como um fenômeno unidirecional e imutável onde um ministério secreto do governo protege misteriosas portas do tempo de possíveis oportunistas que tentem alterar o passado em seu próprio benefício. Se o cinema é um documento do imaginário de cada época, a série espanhola parece apontar para uma reação contra o paradigma tempo-espaço que sustenta a financeirização e a Globalização. Mergulhada em uma crise econômica desde o fim da estabilidade da Zona do Euro, a Espanha nos oferece uma série que quer se apegar ao nacionalismo e à sua História como resposta à crise global.

                O leitor deve conhecer o mais famoso quadro do pintor espanhol Valazquez, Las Meninas de 1656 – composição enigmática que sugere um quadro dentro de um quadro, criando uma relação incerta entre observador e a obra. Quem é a figura no fundo atravessando um corredor que observamos através de uma porta aberta? O neto do pintor, Dom José Nieto Velazquez? Não, provavelmente algum viajante do Tempo de passagem que parou para observar a cena.

É o que sugere a série produzida pela tevê pública espanhola (TVE) Lo Ministerio Del Tiempo em uma rápida sequência onde é apresentado ao protagonista o maior segredo guardado pelo governo espanhol: portas e corredores do tempo existentes em um subterrâneo na cidade de Madrid – segredo de um rabino na Idade Média que, em troca de não ser expulso revelou o segredo para reis católicos. Uma rede de portas de origem misteriosa que se conecta com o passado dos reinos espanhóis.

domingo, maio 10, 2015

Em "White God" o cão é o espelho da crueldade humana


“Lassie” se encontra com “Planeta dos Macacos”. É o filme húngaro “White God”(Fehér Isten, 2014), uma fábula brutal sobre cães de rua que se insurgem contra os humanos cruéis e indiferentes. Hagen, um cão mestiço abandonado à morte por um pai mesquinho que quer separá-lo da sua filha, desce ao inferno da crueldade e desprezo humanos na ruas de Budapeste até organizar uma revolta com centenas de cães de um canil municipal. Uma fábula sobre o racismo e a intolerância? Metáfora política da Hungria atual? “White God” vai mais além: lembra para os ambientalistas e protetores dos direitos dos animais que suas batalhas serão vazias enquanto não entenderem uma sinistra dialética – a crueldade contra os animais e a Natureza é o espelho da própria crueldade humana com o outro, reflexo de uma sociedade marcada pela dominação e controle. 

sábado, maio 09, 2015

"Chappie", a consciência e a seringa hipodérmica

Depois do favelão e lixo nos quais o futuro se transformou em “Distrito 9” e “Elysium”, dessa vez com o filme “Chappie” (2015) Neil Blomkamp visita a pedra filosofal do gênero ficção científica: a Inteligência Artificial. O subtexto político dos filmes anteriores continua (África do Sul, Globalização e apartheid), mas dessa vez parece que Blomkamp cedeu ao “product placement” (inserção subliminar de produtos e marcas) e à agenda que orienta as produções do gênero pelos grandes estúdios: o tecnognosticismo - a ambição pós-humana de nos livrarmos da carne e do orgânico através de uma suposta transcendência espiritual possibilitada pelo escaneamento da consciência e a sua conversão em bytes. Ao contrário do filme “AI” (2001), também uma alusão à fábula de Pinóquio (uma máquina que quer se transformar em ser humano), aqui Chappie tenta emular sentimentos humanos, mas dessa vez através de uma consciência que se assemelha à metáfora da “agulha hipodérmica”. Se em “A.I.” a máquina queria acreditar naquilo que não podia ser visto ou sentido, em Chappie a máquina não tem sonhos – ela quer apenas imitar - filme sugerido pelo nosso leitor Joari Carvalho.

Chappie, do diretor Neil Blomkamp (Distrito 9 e Elysium), é um filme dentro de um subgênero do sci fi que os pesquisadores chamam de “ficção científica do Sul”: filmes em estilo realista monckmentary (feitos em estilo documentário mas em tom paródico) com atores e empresas de países considerados periféricos e com temas ligados às mazelas da globalização sócio econômica – privatização, imigrantes ilegais, favelização, exclusão, máfias internacionais etc.

O tom mais marcante desse subgênero é mostrar como a alta tecnologia (robótica, nanotecnologia etc.) convive de forma conflitiva com favelas, deterioração urbana, lixo, precarização do trabalho e sucateamento do Estado. O que torna os filmes desse subgênero potencialmente críticos em relação ao atual status quo da Globalização.

Tecnologia do Blogger.

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | Bluehost Review