domingo, julho 12, 2015
Efeito Heisenberg da mídia destrói futebol brasileiro
domingo, julho 12, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Depois de um ano do histórico vexame de 7 X 1 contra a Alemanha na Copa
do Mundo o cenário do futebol brasileiro é de decadência técnica e financeira
com um ex-presidente da CBF preso pelo FBI, estádios vazios em um campeonato
longo e desinteressante sob o rígido controle do monopólio midiático das
Organizações Globo. A imposição de datas, horários dos jogos, fórmulas de
campeonatos de acordo com os interesses comerciais da emissora é apenas a
superfície da questão. Mais do que isso, a própria transformação do futebol
brasileiro à imagem e semelhança da linguagem do telejornalismo da TV
Globo está destruindo a qualidade do próprio produto que ela pretende vender. É
o chamado “Efeito Heisenberg”, efeito midiático das coberturas extensivas onde
as mídias não retratam mais realidades, mas a si mesmas e o impacto delas sobre
os fatos.
Nesses últimos
dias a grande mídia nos lembrou por matérias especiais que há um ano o futebol
brasileiro sofreu uma das suas maiores humilhações: a derrota de 7 X 1 contra a
Alemanha em uma edição da Copa do Mundo realizada no próprio País. Um ano
depois, temos um ex-presidente da CBF preso pelo FBI na Suíça à espera de
extradição, um campeonato brasileiro acontecendo em estádios vazios com jogos
de qualidade técnica em rápido declínio e a progressiva queda de audiência dos
jogos televisionados pela TV Globo.
quarta-feira, julho 08, 2015
"Uma Aventura Lego" faz evangelho gnóstico pop
quarta-feira, julho 08, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Por trás da inocência de uma animação infantil podem estar antigas mitologias que ainda repercutem em nossos corações e mentes. “Uma Aventura Lego” (“The Lego Movie”, 2014) já foi interpretado como uma grande comercial de 100 minutos do brinquedo Lego ou uma sátira metalinguística da cultura pop atual que faz uma mistura maluca de “Matrix”, “Toy Story” e “Os Simpsons”. Mas na verdade é um evento religioso: um evangelho gnóstico pop onde é apresentada uma crítica mordaz às noções de Verdade, Deus e Salvação. Um tirano controla todos os mundos Lego passando-se como o único construtor daquele universo. Mas a resistência secreta formada pelos “mestres construtores” sabe que “o cara lá de cima” enviará um Salvador: Emmet, um operário comum com a cabeça tão vazia que, somente ele com seu "silêncio" interior, poderá ouvir a voz da Verdade.
Com as férias
escolares esse humilde blogueiro tem a oportunidade de acompanhar os filhos ao
cinema e exposições assistindo a uma série de curtas e animações, como os leitores devem já ter
percebido nas últimas postagens do Cinegnose. E assistindo a esse conjunto de
audiovisuais não dá para passar despercebido como cada vez mais produções
atuais voltadas, a princípio, para o público infanto-juvenil são baseadas em argumentos filosóficos e/ou místicos.
Uma Aventura Lego (The Lego Movie, 2014) é mais um
exemplo desse mix de entretenimento com viés gnóstico que, de início, parece
ao espectador como alguma coisa entre o non-sense e o surreal. A melhor
primeira impressão que a animação pode passar foi dada por Susan Wlosczyna no
site de crítica de cinema Roger Ebert. com:
“imagine Toy Story feito por
Mel Brooks depois de comer cogumelos mágicos enquanto lia 1984 de George Orwell”.
segunda-feira, julho 06, 2015
"Divertida Mente" transforma pesquisas de controle da mente em entretenimento
segunda-feira, julho 06, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A crítica especializada vem considerando a nova animação da Pixar, “Divertida Mente” (Inside Out, 2015), como a mais criativa e emocionante do estúdio. Certamente comprova como a Pixar é capaz de transformar em entretenimento um conteúdo politicamente sério: as pesquisas do psicólogo Paul Ekman, pioneiro dos estudos das conexões entre as emoções e expressões fisionômicas – estudos iniciados pela CIA e Departamento de Defesa dos EUA para criar modernos detectores de mentira em suspeitos de terrorismo. Dessa maneira, “Divertida Mente” é mais um produto midiático que reflete a atual agenda tecnocientífica: o projeto das cartografias e topografias da mente – criar modelos de simulação baseados nas neurociências, Cibernética e ciências da computação que desvendem o funcionamento da mente e da consciência. Por trás do entretenimento há um propósito muito mais sério: controle e manipulação da mente, seja pela via fármaco ou pelo controle de massas através de dispositivos como o Neuromarketing.
sexta-feira, julho 03, 2015
Curta "Rabbit and Deer" atualiza a Alegoria da Caverna de Platão
sexta-feira, julho 03, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O que aconteceria se indivíduos que vivem em um mundo plano e
bidimensional acidentalmente descobrissem que existe um universo alternativo
tridimensional, até então invisível para eles? Qual a reação deles ao descobrir
que seu mundo plano não passa de um fino papel que esconde uma vasta realidade
tridimensional? Essa é a proposta de um surpreendente curta de animação húngaro
“Rabbit and Deer” (2013) com mais de 100 prêmios em festivais por todo o mundo.
O curta faz uma releitura da Alegoria da Caverna de Platão por um ponto de
vista dimensional – mais uma evidência de como cresce a sensibilidade gnóstica
na indústria do entretenimento atual, desde que a Relatividade e a Mecânica
Quântica atualizaram na ciência antigas mitologias gnósticas.
O leitor deve conhecer
a Alegoria da Caverna de Platão, onde
o filósofo descreve a situação em que a humanidade se encontra e a proposta de
um caminho de salvação: a crença de que o mundo revelado pelos nossos sentidos
não é o mundo real, mas apenas uma pálida cópia – a condição humana seria como
a de prisioneiros acorrentados em uma caverna vendo sombras projetadas na parede de objetos que passam
diante de um fogo atrás deles. As sombras são tão próximas que passam a
designar nomes para elas e toma-las como fossem a própria realidade.
Agora imagine essa
alegoria por um ponto de vista dimensional: os homens acorrentados e as sombras
pertenceriam a um mundo bidimensional, enquanto o fogo e os objetos que passam
diante dele estão no plano tridimensional – mesmo que se virassem, seres da
segunda dimensão seriam incapazes de verem o fogo ardente tridimensional.
Platão dizia que o brilho do fogo os cegaria. Do ponto de vista dimensional, a
tridimensionalidade simplesmente se tornaria invisível para esses seres planos
prisioneiros das suas correntes em duas dimensões.
quarta-feira, julho 01, 2015
Pegue a pipoca vermelha: Cinegnose atualiza a lista dos melhores filmes gnósticos
quarta-feira, julho 01, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
segunda-feira, junho 29, 2015
Por que jornalistas estão migrando para programas de entretenimento?
segunda-feira, junho 29, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em 1983 Sérgio Chapelin deixou a Globo para apresentar o “Show Sem
Limites” no SBT. Mas depois voltou ao telejornalismo global. Agora a migração
para o entretenimento não tem mais volta: tudo começou com Fausto Silva nos
anos 80 e atualmente a tendência cresce com Fátima Bernardes, Pedro Bial,
Patrícia Poeta, Britto Jr., Ana Paula Padrão, Zeca Camargo e o recente anúncio
da saída definitiva de Tiago Leifert do jornalismo esportivo para um programa
de entretenimento na TV Globo. Como explicar essa onda migratória? Maneira mais
fácil de ganhar dinheiro com merchandising? Mas também pode representar o sintoma de
um duplo fenômeno que assola um jornalismo terminal diante do crescimento das
tecnologias de convergência: o infotenimento (informação + entretenimento) e o
tautismo (tautologia + autismo).
Quando o
colombiano Juan Carlos Osorio chegou ao Brasil para ser o novo técnico do São
Paulo Futebol Clube, ao vivo o jornalista Tiago Leifert não se conteve : “vamos
fazer uma matéria especial com Osorio, ele é um personagem!”, disse o
apresentador do Globo Esporte, sobre um
técnico com o seu curioso método de entregar bilhetes aos jogadores, escritos
ora com caneta vermelha, ora com caneta azul... canetas que depois são enfiadas
em cada meia.
Essa é uma pequena
amostra do atual modus operandi do
jornalismo baseado não mais em relatos de acontecimentos, mas que agora está em
busca de casos e personagens como se editores e repórteres se assemelhassem a
roteiristas ou produtores de cinema.
sábado, junho 27, 2015
Série "Sense8" renova o Gnosticismo Pop de "Matrix"
sábado, junho 27, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Diante da série "Sense8" os críticos parecem estar incertos: ou a produção
dos irmãos Wachowski é uma obra-prima ou um completo desastre. Para aqueles que
já assistiram aos filmes “Matrix”, “Cloud Atlas” ou mesmo “O Destino de
Júpiter”, perceberão que os Wachowski ingressam em um território familiar –
protagonistas que levam uma vida banal e que de repente descobrem um propósito
maior que os levará a enfrentarem um cruel sistema de dominação. Como em “Matrix”,
“Sense8” revisita a mitologia gnóstica, porém com uma novidade que faz a série
entrar em sintonia com o seu tempo: enquanto em Matrix a ilusão que aprisionava
o protagonista era uma sinistra simulação tecnológica, em “Sense8” culturas
regionais e nacionais criam rígidos modelos de gênero e identidade que mantém
os protagonistas presos a uma conspiração. E a iluminação espiritual não é mais
um processo ascético individual, mas agora uma rede mental coletiva e global.
Os irmãos
Wachowski serão de agora em diante chamados de “The Wachowskis” nos créditos das
suas produções. Essa não é a única novidade na série do Netflix Sense8. Para aqueles que se dedicam ao
estudo das recorrências do Gnosticismo na indústria do entretenimento, como faz
esse blog Cinegnose, a série
apresenta a principal novidade: uma nova interpretação da mitologia gnóstica
dentro daquilo que definimos como “Gnosticismo Pop” – o súbito interesse de
diretores, roteiristas e produtores de Hollywood pelos simbolismos e narrativas
míticas do Gnosticismo.
Uma tendência que
se iniciou no final do século passado, cujo ápice desse revival pop gnóstico
foi certamente o filme Matrix dos
Wachowskis que sintetizou o que muitos filmes anteriores já exploravam – Dark City (1998), A
Vida em Preto e Branco (1998), Show
de Truman (1998), O
Décimo Terceiro Andar (1999), Clube
da Luta (1999) entre outros.
segunda-feira, junho 22, 2015
Grande mídia aproxima-se de uma vitória de Pirro?
segunda-feira, junho 22, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Ao declarar seu “susto” com o posicionamento da revista “Veja” contra o
desarmamento em 2005 no referendo sobre armas, Bárbara Gancia foi uma dos
primeiros jornalistas a perceberem uma contradição na grande mídia que vem
crescendo desde então: como ser politicamente conservador e ao mesmo tempo
liberal nos costumes? O vale-tudo atual da grande mídia de buscar em águas
turvas o apoio de setores política e culturalmente retrógrados para desgastar o
Governo Federal pode ser uma vitória de Pirro. Serginho Groisman e Jô
Soares estão percebendo isso. E o
recente editorial do jornal “Folha de São Paulo” contra o “obscurantismo” do
outrora incensado líder da Câmara Eduardo Cunha foi mais um sinal. Para a
grande mídia a questão não é apenas política mas trata-se de sua própria
sobrevivência diante da tecnologia de convergência que lhe arranca nacos de
audiência. Após a vitória final com a terra arrasada, a mídia tradicional
encontraria uma nova geração de jovens conectados aos seus dispositivos móveis
e Internet e nem um pouco receptivos a uma agenda política baseada no
conservadorismo de costumes.
Em 2005, a
jornalista Bárbara Gancia percebeu os primeiros sinais de uma tendência de cobertura
política da grande mídia que nos anos posteriores só cresceu: a defesa de uma
agenda conservadora política e de costumes com uma visão de mundo
segregacionista dentro de uma estratégia de vale-tudo para disseminar o ódio
contra o Governo Federal e as próprias esquerdas.
“Deu a louca na
revista Veja?”, perguntava perplexa a jornalista, ao ver o semanário sair em
defesa “histericamente” pela opção do não desarmamento no referendo sobre armas
que era realizado naquele momento. “Assino Veja há 20 anos, leio a revista de
cabo a rabo e faço parte do grupo que acredita que o governo do PT é um
embuste”, afirmava Gancia, sentindo-se traída pelo conservadorismo da Veja que
acreditava que andar armado é um direito fundamental do indivíduo.
sábado, junho 20, 2015
Entrelaçamento quântico, moral e livre-arbítrio em "Frequencies"
sábado, junho 20, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Co-produção britânica e australiana, “Frequencies” (aka “OXV: The
Manual, 2013) foi uma surpresa em festivais de Cinema Fantástico como o Fant 2014 de
Bilbao. Embora parta da premissa da atual onda de filmes sci fi distópicos com
adolescentes (amores impossíveis em mundos totalitários como em “Divergente”),
o filme pretende ser um ambicioso ensaio metafísico sobre o problema da Moral e
do Livre-arbítrio: quão livre nós somos em nosso querer agir? Em um mundo onde
o conhecimento determina o destino, jovens tropeçam em uma descoberta: o Manual
OXV baseado em uma “antiga tecnologia” onde palavras podem interferir nos
padrões de frequências que criam entrelaçamentos quânticos entre as pessoas.
Isso pode ser usado para o amor... mas também para o mal.
Uma história de amor
impossível entre dois adolescentes que vivem em uma ordem social totalitária
que impede a concretização dos seus sentimentos. Sintetizando dessa forma o
filme Frequencies (aka OXV: The Manual), parece que estamos
diante de mais um filme da atual onda de “distopias teens” como Divergente, Jogos Vorazes, Eu Sou o Número 4
etc.
Uma onda de filmes classificados pelo rótulo “ficção científica” pelos
seus aspectos mais superficiais do gênero: futuros distópicos, efeitos
especiais e alta tecnologia.
segunda-feira, junho 15, 2015
"Veja", Simples Descolados e Coxinhas 2.0 gourmetizam festas juninas
segunda-feira, junho 15, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O chamado “raio gourmetizador” atinge também as festas juninas, como mostra matéria da revista "Veja SP" em seu
diligente trabalho semanal de elevar a moral da classe média. A complexa
retórica dos “ingredientes” e das “harmonizações” agora constrói a mitologia do “rústico”,
do “artesanal” e do “nativo” em quermesses e arraiais. Simples descolados e
“coxinhas 2.0” (a versão autossustentável do coxinha tradicional) seriam os
arautos de uma suposta simplicidade perdida pelo consumismo desenfreado de uma classe C sem
educação. Parece que a “Teoria da Classe Ociosa” elaborada há cerca de 100 anos pelo economista Thorstein Veblen torna-se cada vez mais atual: a afetação
sócio-linguística da gourmetização como um “trabalho ocioso” que busca
reconstituir uma distinção de classes ameaçada pela política econômica neodesenvolvimentista. Com a midiatização
da tendência, hoje a gourmetização assumiria um duplo papel: gourmetizar não apenas
a elite, mas também as massas como função disciplinar e ideológica.
Chegamos às festas juninas onde nos quatro cantos do País se comemora os
santos populares Santo Antônio, São Pedro e São João. Em seu diligente trabalho
de elevação da moral de uma classe média que ainda vê nela alguma relevância, a edição da Veja São Paulo de 10/06/2015 quis nos mostrar que as festas juninas já não são mais as
mesmas. Daqui em diante, expressões como “arraial” e “quermesse” se confundirão
com balada para jovens aspirantes a uma suposta elite descolada.
Esqueça o quentão, o “buraco quente” (pão francês recheado de carne ao
molho) com carne louca, o pinhão e a barraquinha de pesca. Pense agora em
uísque, “buraco quente” recheado com carne de costela de boi da raça angus (porque
“harmoniza” melhor com cervejas artesanais), pista de dança com DJs e sanduíches
feitos diretamente de food trucks com
letreiros em handshop.
sábado, junho 13, 2015
No curta "Alma" o fascínio gótico pelos bonecos e brinquedos
sábado, junho 13, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Trabalhando
desde 2002 na Pixar, o animador espanhol Rodrigo Blaas resolveu em 2009 colocar
em prática algumas ideias pessoais que não podiam se encaixar nas produções
comerciais do estúdio. O resultado é o curta “Alma” que trás para uma animação
aquilo que a assepsia comercial da Pixar retira dos seus produtos: o Estranho e
o Gótico, a essência do fascínio humano pelos bonecos, marionetes e,
modernamente, androides, robôs e animações. Blaas devolve ao universo infantil
dos bonecos e brinquedos o seu arquétipo central: a rememoração das relações homem/Deus – através da brincadeira e do jogo a rememoração da
própria condição humana prisioneira em um universo onde alguém nos manipula.Curta sugerido pela nossa leitora Luiza Hernandez.
Rodrigo Blaas é um artista
gráfico espanhol que trabalha nos estúdios da Pixar desde 2002, animando
personagens como a Dory em Procurando
Nemo, a dupla Luigi e Guido em Carros,
as cenas de ação em Os Incríveis e a
sequência final da luta do capitão da nave Axion contra o piloto automático em Wall-E. Depois de muito trabalho em equipe
e aborrecido em ter muitas ideias que não podiam ser encaixadas nas produções
de um estúdio mainstream, resolveu
reunir alguns colegas para fazer um curta.
O resultado é Alma (2009), com uma protagonista
infantil com olhar doce e um visual que lembra o estilo da Pixar. Mas as
semelhanças param por aí: há algo de estranho, tão sinistro quanto a atmosfera
dos episódios da clássica série de terror e mistério Além da Imaginação - veja o curta abaixo.
terça-feira, junho 09, 2015
A "maldição" do Coringa ameaça também o ator Jared Leto?
terça-feira, junho 09, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
“Tenho
medo de aproximar-me dele... Eu o conhecia antes dele ser o Coringa... não
quero envolver-me com isso”, relatou o ator Scott Eastwood sobre a experiência de
acompanhar Jared Leto ("Sr. Ninguém", "Clube de Compras Dallas") nas filmagens interpretando o Coringa, no filme
“Esquadrão Suicida” com lançamento previsto para 2016. Vazam na Internet
declarações de que, tal como Heath Ledger em “Batman: O Cavaleiro das Trevas”,
Leto também não estaria conseguindo “abandonar o personagem”. Estaríamos
acompanhando mais uma recorrência sincromística que envolve o sombrio palhaço
do crime? Para muitos pesquisadores em Sincromisticismo, desde que o Coringa
surgiu em 1940 nas HQs, o personagem transformou-se em uma forma-pensamento
autônoma, envolvido em repetidos relatos de atores sobre o desconforto em
interpretá-lo. Jack Nicholson ficou furioso por Ledger não tê-lo consultado
sobre como lidar com o papel. “Bem, eu o avisei!”, teria dito ao saber da morte
de Ledger. Jared Leto pode ser o próximo?
Considere essas duas declarações
abaixo feitas durante a produção de dois filmes diferentes:
(a) “A performance de Heath
Ledger interpretando o Coringa nos sets de gravação era tão assustadora que
muitas vezes chegava a esquecer as minhas próprias linhas de diálogo” Michael
Caine durante a produção do filme Batman:
O Cavaleiro das Trevas;
(b) “Eu tinha medo de aproximar-me dele
[Jared Leto] porque eu não queria me envolver naquilo que estava acontecendo.
Eu o conhecia, antes dele ser o Coringa. Eu o conheci como Jared Leto. Não
quero envolver-me com isso” (Scott Eastwood, sobre as filmagens do filme Esquadrão Suicida com Jared Leto
interpretando o Coringa).
sábado, junho 06, 2015
Em Observação: "Strange Angel": a explosiva combinação da Ciência com o Ocultismo
sábado, junho 06, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Qual
o interesse do diretor Ridley Scott ("Blade Runner", "Prometheus" e "Êxodus") em
produzir a nova minissérie “Strange Angel” do canal AMC sobre a vida de um
engenheiro químico inventor do combustível sólido usado em foguetes espaciais?
Nenhum, não fosse a minissérie sobre a vida de Jack Parsons, co-fundador do
Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa e, ao mesmo tempo, ocultista e
participante ativo da OTO (Ordo Templi Orientis), da Eclesia Gnóstica e
seguidor do mago Aleister Crowley. A combinação literalmente explosiva entre
Ciência e Ocultismo envolvia experiência com foguetes no deserto ao mesmo tempo
em que realizava rituais pagãos durante os experimentos. Para muitos ocultistas, o legado de Parsons
teria ido muito além do aprimoramento da tecnologia que levou a NASA ao espaço.
Ele também teria aberto estranhas portas dimensionais que influenciaram o século
XX.
quinta-feira, junho 04, 2015
Nietzsche se encontra com Inteligência Artificial no filme "Ex Machina"
quinta-feira, junho 04, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O roteirista e escritor Alex Garland (autor do livro “The Beach”, com versão cinematográfica em 2000) faz uma sombria estreia como diretor no filme “Ex Machina” (2015). Sombria porque, ao contrário da tradicional abordagem cinematográfica sobre a Inteligência Artificial (entre a apologia e o apocalipse tecnológico), Garland apresenta uma abordagem verossímil e atual, onde a IA é o resultado de uma singularidade produzida pelo chamado Big Data produzido pelas redes sociais, celulares e dos algoritmos de busca de uma empresa chamada Blue Book – em tudo análoga ao Google. Tão verossímil que se torna assustador: a IA surgirá como um fenômeno pós-humano orientado apenas pela "Vontade de Potência", no sentido atribuído pelo filósofo Nietzsche – um ser unicamente governado pela vontade de realizar-se como potencia em si mesma, para além do Bem e do Mal, tornando o homem uma primitiva ferramenta de linguagem. E esse novo ser é um androide feminino. Filme indicado pelo nosso leitor Felipe Resende.
segunda-feira, junho 01, 2015
Diga-me com o que fazes metáforas e direi quem és
segunda-feira, junho 01, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
“O
gigante acordou”, “Vem pra rua”, “Padrão Fifa” e a camiseta da CBF escolhida
como símbolo da Pátria. Tantas vezes slogans publicitários e clichês midiáticos
foram apropriados pelas manifestações anti-Governo Federal na ruas desde 2013
que chegou-se a uma situação irônica: após as prisões efetuadas pelo FBI em
Zurique de cartolas do futebol mundial é irônico manifestações fazerem alusões
a instituições notoriamente corruptas em protestos contra
a corrupção. Nas redes sociais simpatizantes
desses movimentos respondem: foram apenas “leves metáforas”. Mas temos que
admitir: diga-me com o que fazes metáforas e direi quem és. Há um fato
semiótico novo – slogans e palavras de ordem deixaram o campo exclusivo da
propaganda política para entrar no pastiche das apropriações de criações
publicitárias. Porém, é da natureza do slogan publicitário interpelar muito
mais o indivíduo do que o coletivo. Estamos acompanhando uma tendência de
despolitização?
“Não
falamos para dizer alguma coisa, mas para obter um determinado efeito”
(Joseph
Goebbels)
O escândalo da Fifa que resultou na prisão de sete
cartolas, entre eles o ex-presidente da CBF José Maria Marin, sob acusação de
manterem um sistema corrupto de propinas e lavagem de dinheiro com direitos de
transmissão e comercialização de jogos criou uma inusitada ironia: desde as
grandes manifestações de rua de 2013, passando pelos protestos contra a Copa em
2014 para os atuais panelaços e mobilizações anti-Dilma, palavras de ordem como
“Padrão Fifa” (reivindicação por saúde e educação alusiva ao mesmo padrão dos
estádios construídos para a Copa) e manifestantes em massa vestindo camisetas
amarelas da CBF se transformaram em inesperada “piada pronta” – por que manifestações
por transparência e combate à corrupção constroem slogans e palavras de ordens
alusivas a instituições notoriamente corruptas?
Nas redes sociais os militantes e simpatizantes dos
protestos respondem que essas analogias eram “leves metáforas” – o padrão
exigido pela Fifa aos organizadores da competição deveria ser o mesmo para Saúde
e Educação e as camisetas da CBF por conta da cor amarela, para representar a
Pátria, sem partidarismos.
sexta-feira, maio 29, 2015
Pesquisadores da NASA e Oxford acreditam que Universo é um game de computador
sexta-feira, maio 29, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Sempre ouvimos dizer que “a vida é um jogo”. Mas e
se essa frase for mais do que uma metáfora e nesse exato momento estivermos
todos nós vivendo em um jogo desenhado por alguém que está em algum ponto num
futuro distante? Tão velha quanto a história humana, a ideia gnóstica de que a
realidade é uma ilusão retorna através das leis da Inteligência Artificial e a
evolução dos games de computador: Nick Bostrom, da Universidade de Oxford, e Richard Terrile, da NASA, apontam para evidências de que o Universo seria uma
gigantesca simulação de um game de computador cósmico e que o salto qualitativo na capacidade
dos nossos computadores nos permitiria repetir a experiência da simulação de mundos,
assim como o nosso. Tal hipótese explicaria inconsistências e mistérios que
cercam o nosso cosmos, como, por exemplo, a natureza da “matéria escura”.
Ciência e gnosticismo mais uma vez se encontram, dessa vez no fascínio atual
pelos games de computador. Pauta sugerida pelo nosso leitor André De Paula Eduardo.
De acordo com as teorias de dois pesquisadores
também distantes no tempo e espaço, um acadêmico de Oxford (Inglaterra) e um
cientista da NASA (EUA), haveria uma certeza matemática que estamos imersos em
uma simulação intrincada criada por seres (aliens ou mesmo seres humanos) que
existem em algum lugar distante no futuro a partir de 30 anos até cinco milhões
de anos. Seríamos como um passa-tempo desses futuros seres, a sua versão de um roler-playing como um World of Warcraft.
Uma
ideia alucinante com o velho toque da cosmologia gnóstica da antiguidade (o
homem como prisioneiro em um cosmos criado por um demiurgo enlouquecido que se
diz Deus), mas em suas defesas esses pesquisadores argumentam que a hipótese
não é mais rebuscada do que acreditarmos na religião que nos diz que Deus criou
as terras e os céu. Ou de que tudo surgiu de uma enorme explosão que começou a
esticar o tecido do espaço como um balão, formando trilhões de galáxias e, por
pura sorte, surgiu o ser humano, como nos informa a teoria do Big Bang.
domingo, maio 24, 2015
Parapolítica e subversão ocultista no filme "A Montanha Sagrada"
domingo, maio 24, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em
1980 John Lennon concedeu entrevista à “Playboy” onde dizia que caíra fora dos
Beatles porque eles teriam sido criados por “craftsmen” (termo ambíguo que pode
designar tanto “artistas” ou “artesãos” quanto “iniciados ao ocultismo"). Sete
anos antes Lennon ajudou a financiar o filme “A Montanha Sagrada” (1973) do
chileno Alejandro Jodorowsky, sobre oito "craftsmen" (poderosos industriais e
políticos) que são iniciados por um alquimista na busca da verdadeira
fonte do Poder: a imortalidade e o aprimoramento espiritual. Verdadeiros magos
negros donos dos mercados de armas, moda, arte, brinquedos, drogas e sexo. Pretendem alcançar a chamada “montanha sagrada” em uma distante ilha. Jodorowsky buscou no filme uma
dupla subversão: denunciar a
dimensão parapolítica onde magos ocultistas formariam a elite mundial que
aplicaria sofisticadas técnicas psíquicas de controle social; e do outro
didaticamente mostrar para os espectadores os passos da iniciação ocultista que poderia
nos livrar das ilusões que nos prendem ao mundo material e ao julgo dessas
elites ocultistas.
Depois de conseguir a atenção do
público alternativo e das chamadas “sessões da meia-noite” em cinemas
underground de Nova York com o filme El
Topo (1970), o diretor chileno Alejandro Jodorowsky conseguiu o
suporte financeiro de John Lennon e Yoko Onno para o seu projeto espiritual
cinematográfico A Montanha Sagrada –
a princípio, um filme que continuaria a temática de El Topo, isto é, sobre purificação, a descoberta da Verdade por
trás das aparências do mundo (Maia) e, por fim, a constante busca pelo
aprimoramento espiritual.
segunda-feira, maio 18, 2015
Com B.B. King morre a dialética negativa do Blues
segunda-feira, maio 18, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
B.B.
King talvez tenha sido um dos últimos músicos a ver a guitarra elétrica não
como um meio para demonstrar velocidade, técnica e virtuosismo (valores caros
para a atual indústria do entretenimento que alimenta o mito dos artistas
virtuosos e narcisistas que divertem o público), mas como instrumento para
expressar os sentimentos antagônicos do Blues: dor/alegria, tristeza/redenção e
melancolia/celebração. Sua morte não significou apenas a passagem de alguém que
inspirou gerações de músicos de Jimi Hendrix a Steve Ray Vaughan. Morreu um
pouco mais um tipo de gênero musical cujas origens anteriores à indústria do
entretenimento conferia a sua arte uma, por assim dizer, “dialética negativa”:
uma música que produzia alegria e diversão e, ao mesmo tempo, invocava a
memória de que o Blues tinha surgido em meio à injustiça e segregação. B.B.
King viveu ainda a tempo de ver o Blues se transformar em um standard de
entretenimento que concilia a música com um mundo injusto no qual ela própria
nasceu.
Eu vou fazer as malas
E seguir o caminho
Sim
Eu vou fazer as malas
E seguir o caminho
Onde
Não há ninguém preocupado
E não tem ninguém chorando
(“Every Day I Have the Blues”,
Elmore James)
Dizem que o nome da guitarra de B.B. King,
Lucille, surgiu de um incidente em um show num salão de danças no Arkansas em
1949.
Para aquecer o ambiente foi aceso um barril
cheio de querosene, solução bastante comum naquela época. Durante o show dois
homens começaram a brigar, esbarrando no barril que espalhou o conteúdo por
todo lado e iniciando um incêndio. Com as chamas em todo salão, todos correram
para fora do lugar quando B.B. King percebeu que na fuga deixara sua guitarra, a
amada Gibson de 30 dólares. Voltou ao edifício em chamas e a recuperou. No dia
seguinte soube que dois homens morreram naquele incêndio e o motivo da briga
que iniciou a tragédia: o pivô de tudo teria sido uma mulher chamada Lucille.
sábado, maio 16, 2015
Série "El Ministerio del Tiempo" vai na contramão do tempo-espaço da era global
sábado, maio 16, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Desde
“O Exterminador do Futuro” (1984) e “De Volta ao Futuro” (1985), as
representações do tempo mudaram no cinema e audiovisual: o Tempo tornou-se mutante e
aleatório como um hipertexto. Mas curiosamente, a série da TVE (a tevê pública
espanhola) “El Ministerio Del Tiempo” (2015) vai na contramão desse imaginário
sobre o tempo-espaço que caracteriza a atual era das tecnologias digitais e Globalização:
ao contrário, a série de ficção-científica mostra o Tempo como um fenômeno
unidirecional e imutável onde um ministério secreto do governo protege misteriosas
portas do tempo de possíveis oportunistas que tentem alterar o passado em seu
próprio benefício. Se o cinema é um documento do imaginário de cada época, a
série espanhola parece apontar para uma reação contra o paradigma tempo-espaço
que sustenta a financeirização e a Globalização. Mergulhada em uma crise
econômica desde o fim da estabilidade da Zona do Euro, a Espanha nos oferece
uma série que quer se apegar ao nacionalismo e à sua História como resposta à
crise global.
O leitor deve conhecer o mais famoso quadro do pintor espanhol Valazquez, Las Meninas de 1656 – composição enigmática que sugere um quadro dentro de um quadro, criando uma relação incerta entre observador e a obra. Quem é a figura no fundo atravessando um corredor que observamos através de uma porta aberta? O neto do pintor, Dom José Nieto Velazquez? Não, provavelmente algum viajante do Tempo de passagem que parou para observar a cena.
O leitor deve conhecer o mais famoso quadro do pintor espanhol Valazquez, Las Meninas de 1656 – composição enigmática que sugere um quadro dentro de um quadro, criando uma relação incerta entre observador e a obra. Quem é a figura no fundo atravessando um corredor que observamos através de uma porta aberta? O neto do pintor, Dom José Nieto Velazquez? Não, provavelmente algum viajante do Tempo de passagem que parou para observar a cena.
É o que sugere a série produzida pela tevê pública
espanhola (TVE) Lo Ministerio Del Tiempo
em uma rápida sequência onde é apresentado ao protagonista o maior segredo
guardado pelo governo espanhol: portas e corredores do tempo existentes em um
subterrâneo na cidade de Madrid – segredo de um rabino na Idade Média que, em troca
de não ser expulso revelou o segredo para reis católicos. Uma rede de portas de
origem misteriosa que se conecta com o passado dos reinos espanhóis.
domingo, maio 10, 2015
Em "White God" o cão é o espelho da crueldade humana
domingo, maio 10, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
“Lassie” se encontra com “Planeta dos Macacos”. É o filme húngaro “White God”(Fehér Isten, 2014), uma fábula brutal sobre cães de rua que se insurgem contra os humanos cruéis e indiferentes. Hagen, um cão mestiço abandonado à morte por um pai mesquinho que quer separá-lo da sua filha, desce ao inferno da crueldade e desprezo humanos na ruas de Budapeste até organizar uma revolta com centenas de cães de um canil municipal. Uma fábula sobre o racismo e a intolerância? Metáfora política da Hungria atual? “White God” vai mais além: lembra para os ambientalistas e protetores dos direitos dos animais que suas batalhas serão vazias enquanto não entenderem uma sinistra dialética – a crueldade contra os animais e a Natureza é o espelho da própria crueldade humana com o outro, reflexo de uma sociedade marcada pela dominação e controle.
sábado, maio 09, 2015
"Chappie", a consciência e a seringa hipodérmica
sábado, maio 09, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Depois
do favelão e lixo nos quais o futuro se transformou em “Distrito 9” e “Elysium”,
dessa vez com o filme “Chappie” (2015) Neil Blomkamp visita a pedra filosofal do
gênero ficção científica: a Inteligência Artificial. O subtexto político dos
filmes anteriores continua (África do Sul, Globalização e apartheid), mas dessa
vez parece que Blomkamp cedeu ao “product placement” (inserção subliminar de
produtos e marcas) e à agenda que orienta as produções do gênero pelos grandes
estúdios: o tecnognosticismo - a ambição pós-humana de nos livrarmos da carne e
do orgânico através de uma suposta transcendência espiritual possibilitada pelo
escaneamento da consciência e a sua conversão em bytes. Ao contrário do filme
“AI” (2001), também uma alusão à fábula de Pinóquio (uma máquina que quer se
transformar em ser humano), aqui Chappie tenta emular sentimentos humanos, mas
dessa vez através de uma consciência que se assemelha à metáfora da “agulha hipodérmica”.
Se em “A.I.” a máquina queria acreditar naquilo que não podia ser visto ou sentido,
em Chappie a máquina não tem sonhos – ela quer apenas imitar - filme sugerido pelo nosso leitor Joari Carvalho.
Chappie,
do diretor Neil Blomkamp (Distrito 9
e Elysium), é um filme dentro de um
subgênero do sci fi que os pesquisadores chamam de “ficção científica do Sul”:
filmes em estilo realista monckmentary
(feitos em estilo documentário mas em tom paródico) com atores e empresas de
países considerados periféricos e com temas ligados às mazelas da globalização
sócio econômica – privatização, imigrantes ilegais, favelização, exclusão,
máfias internacionais etc.
O tom mais marcante desse subgênero é mostrar como
a alta tecnologia (robótica, nanotecnologia etc.) convive de forma conflitiva
com favelas, deterioração urbana, lixo, precarização do trabalho e sucateamento
do Estado. O que torna os filmes desse subgênero potencialmente críticos em
relação ao atual status quo da
Globalização.
domingo, maio 03, 2015
Dez evidências de que o politicamente incorreto dos anos 80 e 90 moldou o século XXI
domingo, maio 03, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Nos anos 80 e 90 parecia que tudo era permitido: de apresentadoras de programas infantis da TV em trajes sumários a matinês com centenas de meninas rebolando tentando imitar os passos da banda “É o Tchan”. Tudo isso interrompido por intervalos publicitários onde marcas de chocolate eram associadas a meninos vencedores que conquistavam muitas namoradas. Essas décadas “politicamente incorretas” marcaram a infância e adolescência da chamada Geração Y, cujos membros são os líderes de opinião na atualidade. Qual a parcela de contribuição dada por essa cultura supostamente permissiva para a atual visão de mundo dessa geração? Foram décadas que, vistas pelo olhar politicamente correto atual, brindaram-nos com produtos culturais que sugeriam erotização precoce, pedofilia e exploração sexual em plena mídia de massas. A partir de uma lista de dez evidências de uma época onde “tudo era permitido”, vamos tentar encontrar influências da infância politicamente incorreta na mentalidade atual da Geração Y.
Apresentadoras de programas infantis em trajes
sumários apresentando bandas de hits com refrões de gosto duvidoso; nos
intervalos publicitários, comerciais mostrando crianças ostentando
orgulhosamente produtos e ridicularizando o telespectador-mirim que ainda não
os compraram; anúncios publicitários que
comparavam uma boa apólice de seguro com um uísque de qualidade que lhe dá um
ótimo dia seguinte; matinês em casas de shows onde meninas levadas pelos pais
rebolavam sensualmente ao som da banda É o Tchan; comerciais infantis
associando um chocolate com as conquistas amorosas em série em um acampamento
cheio de meninas, etc.
Estamos falando das décadas de 80 e 90 que, para o
nosso olhar atual globalizado e sensível a questões éticas e morais, foram
épocas decididamente politicamente incorretas. São décadas que marcaram a
infância e adolescência da chamada Geração Y – conhecida também como “geração
do milênio” ou “geração da Internet”, nascidos após 1980 e, segundo outros, em
meados dos anos 1970.
sexta-feira, maio 01, 2015
"Tropa de Elite" e "Guerra ao Terror": o São Jorge do BOPE e um Dragão que nunca existiu, por Claudio Siqueira
sexta-feira, maio 01, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O
que há em comum entre os EUA, com seu exército que massacra o Oriente Médio sob
o pretexto de “Guerra ao Terror” e o BOPE ocupando as favelas cariocas? Além de
serem endossados pela mídia em reportagens tendenciosas e filmes como “Tropa de
Elite” e “Guerra ao Terror”, ao mesmo tempo está presente, nas formas mais sutis, o arquétipo de São Jorge e o Dragão.
Desde o “Livro dos Mortos” egípcio, passando pela propaganda do império Romano
até chegar na indústria do entretenimento atual dos filmes e HQs (Superman,
Ultraman, Batman etc.), todos têm no ícone do “São Jorge, O Santo Guerreiro” a
reedição por séculos de um poderoso arquétipo. Todos caçando monstros que só
existem em sonhos.
* Claudio Siqueira é Estudante de Jornalismo, escritor, poeta, pesquisador de Etimologia, Astrologia e Religião Comparada. Considera os personagens de quadrinhos, games e cartoons como os panteões atuais; ou ao menos arquétipos repaginados.
* Claudio Siqueira é Estudante de Jornalismo, escritor, poeta, pesquisador de Etimologia, Astrologia e Religião Comparada. Considera os personagens de quadrinhos, games e cartoons como os panteões atuais; ou ao menos arquétipos repaginados.
Em Guerra ao Terror, filme
vencedor de seis prêmios, Kathryn Bigelow fez o caminho inverso ao de James
Cameron com seu Avatar, que mostra a
vitória do oprimido; da favela, do Oriente Médio, do povo nativo contra o
invasor. Não por acaso, ganhou apenas três.
Mas nada se compara ao filme Tropa
de Elite. Por mais irônico que pareça, foi um sucesso por parte dos
guerrilheiros urbanos citados no início deste ensaio. A continuação, Tropa de Elite 2, foi a maior bilheteria
da história do cinema nacional, tendo sido o único a superar a marca de dez
milhões de espectadores desde 1976, feito atingido por Dona Flor e Seus Dois Maridos.
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