Hoje completamos um ano de atividades do Blog “Cinema Secreto: Cinegnose”: foram sete mil visitas (pouco, mas nada mal para um blog com temas tão obscuros!), 15 mil Page views e tempo de permanência médio de cinco minutos. Nesse período participamos da formação de um Grupo de Pesquisas sobre a Religião e o Sagrado no Cinema e Audiovisual na Universidade Anhembi (reportado por esse blog – clique aqui) e dois livros, diretamente ligados aos temas desse blog, foram publicados (“O Caos Semiótico” e “Cinegnose”) e a inserção do verbete “Tecnognose” no Dicionário de Comunicação da editora Paulus. Neste post, a segunda parte do Guia de Navegação para os nossos visitantes e seguidores se orientarem através dos arquivos do Blog “Cinema Secreto: Cinegnose”.
Vimos que o desenvolvimento tecnológico cinematográfico aponta para a superação dos próprios limites físicos da mídia cinema (o dispositivo elétrico/mecânico que capta imagens em movimento e som).
As experiências formais em edição e montagem foram a fundo na linguagem onírica e a evolução dos efeitos especiais até as atuais técnicas digitais fizeram o cinema transcender o próprio médium. Com a evolução dos recursos digitais, croma key etc., progressivamente o cinema ou a própria câmera foram se desconectando da realidade. Se no passado, o dispositivo cinematográfico partia do objeto real (atores, cenografia, iluminação etc.), hoje, cada vez mais, prescinde de um referencial “realista”. Todos os recursos digitais de edição, montagem, efeitos especiais, na medida em que se virtualizam, estão cada vez mais materializando o imaginário (mitologia, fantasias etc.). O espectador tem, à sua frente, a transformação em imagens de todos os mitos, sonhos e fantasias.
Nessa trilogia vimos as diversas formas de transcendência nos conteúdos cinemáticos e nas estruturas narrativas, e as formas que a indústria do entretenimento usa para conter a experiência transcendente no cinema comercial. O ímpeto da transcendência deve ser contido para evitar, no plano político, o questionamento do status quo. E no plano estético e comercial, evitar o choque da volta do espectador à dura rotina da sua vida: como retornar à normalidade cotidiana após a experiência de uma verdadeira experiência transcendente?
No blog Cinema Secreto: Cinegnose pretendemos, ao longo das nossas pesquisas e postagens, desenvolver um viés mais político em relação às noções de transcendência e Sagrado. Se todo o Gnosticismo pode ser traduzido como uma Teologia Herética que, ao longo da história, manifestou-se por formas não apenas estéticas ou artísticas de oposição, mas formas de confronto inclusive políticas (contra Igreja e Estado), a crescente recorrência de elementos gnósticos, religiosos e espiritualistas na produção fílmica atual só pode ser analisada dentro dessa visão: a possibilidade de a experiência cinematográfica trazer uma consciência ou percepção de mal estar frente ao status quo.
Ao mesmo tempo, o filme gnóstico do século XXI parece se sintonizar com o que denominamos por “agenda tecnognóstica”: agenda científica dominada pelas neurociências e ciências cognitivas que busca o modelo de simulação mais perfeita da dinâmica de funcionamento da mente e da consciência, tão perfeita que o mapa coincidiria com o território e a simulação substituiria a própria base orgânica da consciência.
Filmes como "Vanilla Sky" e "Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças" tematizaram criticamente essa possibilidade ao mostrarem que por trás dessa aspiração tecnognóstica escondem-se projetos manipuladores comerciais . De outro lado, filmes como "A Origem" e "Alice no País das Maravilhas" de Tim Burton fazem a apologia dessa agenda.
O conjunto de filmes gnósticos nesse início de século como Vanilla Sky (2001), Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças (2003), A Passagem (Stay, 2005), Sonhando Acordado (The Good Night, 2007), Ciência dos Sonhos (La Science Des Reves, 2006), A Origem (Inception, 2010), Almas à Venda (Cold Souls, 2009) e Alice no País das Maravilhas de Tim Burton (2010), refletiriam essa busca de uma “geografia interior”. Esse tema recorrente nesses filmes reflete essa agenda tecnocientífica que busca o mapeamento, cartografia e topografia da mente para finalidades ao mesmo tempo instrumentais e místicas. De um lado, a criação de um modelo virtual da mente e da consciência, aspiração última das pesquisas em Inteligência Artificial; e, do outro, a concretização da última interface da história da tecnologia (biológico/eletrônico, redes neuronais/redes digitais) para a concretização máxima do tecnognosticismo: a transcendência da matéria através da migração do Eu para ambientes virtuais (veja o post Cartografias e Topografias da Mente: de Vanilla Sky a Alice de Tim Burton).
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- Fórmula 1: a transparência do Mal Transmitida ao Vivo
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- Um Método Gnóstico para preparação de Aulas e Apresentações: Bicicleta e Estados Alterados de Consciência
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- O Homem Que Incomoda
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- Perfume: a história de um assassino
- Fonte da Vida
- Somos Todos Um
- Lunar
- Um Homem Sério
- Quero Ser John Malkovich
- Mister Maker
- Ilha do Medo
- O Livro de Eli
- Um Olhar do Paraíso
- A Estrada
- Mais Estranho Que a Ficção
- Série Lost
- Bezerra de Menezes
- Chico Xavier
- Trilogia Toy Story
- A Origem
- Riverworld
- Neon Genesis Evangelion
- Um Sonho Dentro de Um Sonho
- Série O Prisioneiro
- Nosso Lar
- Sonhando Acordado (La Science Des Reves)
- Os Famosos e os Duendes da Morte
- Almas à Venda
- Alice no País das Maravilhas
- Sonhando Acordado (The Good Night)
- Matadouro 5
- Sr Ninguém
- Poder Além da Vida
- Um Olhar do Paraíso
- Um Homem Sério