“Vós que aqui entrais, abandonai toda a esperança”, estava escrito no portal de entrada no Inferno na “Divina Comédia” de Dante Alighieri. E deveria ser a epígrafe de qualquer “slasher movie”: Por que ritos de sacrifício têm que ser repetidos a cada filme do gênero? Por que jovens que fazem sexo e se divertem sempre morrem com requintes sádicos? Por que os jovens e adolescentes são as vítimas principais de um filme “slasher”? “Por que vocês são jovens!”, respondia Sigourney Weaver em “O Segredo da Cabana”. Da mesma forma, com muito humor negro, responde a produção polonesa Netflix “Todos os Meus Amigos Estão Mortos” (2020). No final de uma festa de reveillon, policiais e paramédicos encontram o resultado de um verdadeiro banho de sangue, com apenas uma sobrevivente. O que aconteceu naquela celebração de jovens e adolescentes? O filme brinca com todos os lugares comuns do gênero, principalmente o seu clichê essencial: a “quebra-da-ordem-e-retorno-à-ordem”, rito de passagem para colocar os adolescentes sempre na linha.