segunda-feira, junho 01, 2015
Diga-me com o que fazes metáforas e direi quem és
segunda-feira, junho 01, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
“O
gigante acordou”, “Vem pra rua”, “Padrão Fifa” e a camiseta da CBF escolhida
como símbolo da Pátria. Tantas vezes slogans publicitários e clichês midiáticos
foram apropriados pelas manifestações anti-Governo Federal na ruas desde 2013
que chegou-se a uma situação irônica: após as prisões efetuadas pelo FBI em
Zurique de cartolas do futebol mundial é irônico manifestações fazerem alusões
a instituições notoriamente corruptas em protestos contra
a corrupção. Nas redes sociais simpatizantes
desses movimentos respondem: foram apenas “leves metáforas”. Mas temos que
admitir: diga-me com o que fazes metáforas e direi quem és. Há um fato
semiótico novo – slogans e palavras de ordem deixaram o campo exclusivo da
propaganda política para entrar no pastiche das apropriações de criações
publicitárias. Porém, é da natureza do slogan publicitário interpelar muito
mais o indivíduo do que o coletivo. Estamos acompanhando uma tendência de
despolitização?
“Não
falamos para dizer alguma coisa, mas para obter um determinado efeito”
(Joseph
Goebbels)
O escândalo da Fifa que resultou na prisão de sete
cartolas, entre eles o ex-presidente da CBF José Maria Marin, sob acusação de
manterem um sistema corrupto de propinas e lavagem de dinheiro com direitos de
transmissão e comercialização de jogos criou uma inusitada ironia: desde as
grandes manifestações de rua de 2013, passando pelos protestos contra a Copa em
2014 para os atuais panelaços e mobilizações anti-Dilma, palavras de ordem como
“Padrão Fifa” (reivindicação por saúde e educação alusiva ao mesmo padrão dos
estádios construídos para a Copa) e manifestantes em massa vestindo camisetas
amarelas da CBF se transformaram em inesperada “piada pronta” – por que manifestações
por transparência e combate à corrupção constroem slogans e palavras de ordens
alusivas a instituições notoriamente corruptas?
Nas redes sociais os militantes e simpatizantes dos
protestos respondem que essas analogias eram “leves metáforas” – o padrão
exigido pela Fifa aos organizadores da competição deveria ser o mesmo para Saúde
e Educação e as camisetas da CBF por conta da cor amarela, para representar a
Pátria, sem partidarismos.
sexta-feira, maio 29, 2015
Pesquisadores da NASA e Oxford acreditam que Universo é um game de computador
sexta-feira, maio 29, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Sempre ouvimos dizer que “a vida é um jogo”. Mas e
se essa frase for mais do que uma metáfora e nesse exato momento estivermos
todos nós vivendo em um jogo desenhado por alguém que está em algum ponto num
futuro distante? Tão velha quanto a história humana, a ideia gnóstica de que a
realidade é uma ilusão retorna através das leis da Inteligência Artificial e a
evolução dos games de computador: Nick Bostrom, da Universidade de Oxford, e Richard Terrile, da NASA, apontam para evidências de que o Universo seria uma
gigantesca simulação de um game de computador cósmico e que o salto qualitativo na capacidade
dos nossos computadores nos permitiria repetir a experiência da simulação de mundos,
assim como o nosso. Tal hipótese explicaria inconsistências e mistérios que
cercam o nosso cosmos, como, por exemplo, a natureza da “matéria escura”.
Ciência e gnosticismo mais uma vez se encontram, dessa vez no fascínio atual
pelos games de computador. Pauta sugerida pelo nosso leitor André De Paula Eduardo.
De acordo com as teorias de dois pesquisadores
também distantes no tempo e espaço, um acadêmico de Oxford (Inglaterra) e um
cientista da NASA (EUA), haveria uma certeza matemática que estamos imersos em
uma simulação intrincada criada por seres (aliens ou mesmo seres humanos) que
existem em algum lugar distante no futuro a partir de 30 anos até cinco milhões
de anos. Seríamos como um passa-tempo desses futuros seres, a sua versão de um roler-playing como um World of Warcraft.
Uma
ideia alucinante com o velho toque da cosmologia gnóstica da antiguidade (o
homem como prisioneiro em um cosmos criado por um demiurgo enlouquecido que se
diz Deus), mas em suas defesas esses pesquisadores argumentam que a hipótese
não é mais rebuscada do que acreditarmos na religião que nos diz que Deus criou
as terras e os céu. Ou de que tudo surgiu de uma enorme explosão que começou a
esticar o tecido do espaço como um balão, formando trilhões de galáxias e, por
pura sorte, surgiu o ser humano, como nos informa a teoria do Big Bang.
domingo, maio 24, 2015
Parapolítica e subversão ocultista no filme "A Montanha Sagrada"
domingo, maio 24, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em
1980 John Lennon concedeu entrevista à “Playboy” onde dizia que caíra fora dos
Beatles porque eles teriam sido criados por “craftsmen” (termo ambíguo que pode
designar tanto “artistas” ou “artesãos” quanto “iniciados ao ocultismo"). Sete
anos antes Lennon ajudou a financiar o filme “A Montanha Sagrada” (1973) do
chileno Alejandro Jodorowsky, sobre oito "craftsmen" (poderosos industriais e
políticos) que são iniciados por um alquimista na busca da verdadeira
fonte do Poder: a imortalidade e o aprimoramento espiritual. Verdadeiros magos
negros donos dos mercados de armas, moda, arte, brinquedos, drogas e sexo. Pretendem alcançar a chamada “montanha sagrada” em uma distante ilha. Jodorowsky buscou no filme uma
dupla subversão: denunciar a
dimensão parapolítica onde magos ocultistas formariam a elite mundial que
aplicaria sofisticadas técnicas psíquicas de controle social; e do outro
didaticamente mostrar para os espectadores os passos da iniciação ocultista que poderia
nos livrar das ilusões que nos prendem ao mundo material e ao julgo dessas
elites ocultistas.
Depois de conseguir a atenção do
público alternativo e das chamadas “sessões da meia-noite” em cinemas
underground de Nova York com o filme El
Topo (1970), o diretor chileno Alejandro Jodorowsky conseguiu o
suporte financeiro de John Lennon e Yoko Onno para o seu projeto espiritual
cinematográfico A Montanha Sagrada –
a princípio, um filme que continuaria a temática de El Topo, isto é, sobre purificação, a descoberta da Verdade por
trás das aparências do mundo (Maia) e, por fim, a constante busca pelo
aprimoramento espiritual.
segunda-feira, maio 18, 2015
Com B.B. King morre a dialética negativa do Blues
segunda-feira, maio 18, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
B.B.
King talvez tenha sido um dos últimos músicos a ver a guitarra elétrica não
como um meio para demonstrar velocidade, técnica e virtuosismo (valores caros
para a atual indústria do entretenimento que alimenta o mito dos artistas
virtuosos e narcisistas que divertem o público), mas como instrumento para
expressar os sentimentos antagônicos do Blues: dor/alegria, tristeza/redenção e
melancolia/celebração. Sua morte não significou apenas a passagem de alguém que
inspirou gerações de músicos de Jimi Hendrix a Steve Ray Vaughan. Morreu um
pouco mais um tipo de gênero musical cujas origens anteriores à indústria do
entretenimento conferia a sua arte uma, por assim dizer, “dialética negativa”:
uma música que produzia alegria e diversão e, ao mesmo tempo, invocava a
memória de que o Blues tinha surgido em meio à injustiça e segregação. B.B.
King viveu ainda a tempo de ver o Blues se transformar em um standard de
entretenimento que concilia a música com um mundo injusto no qual ela própria
nasceu.
Eu vou fazer as malas
E seguir o caminho
Sim
Eu vou fazer as malas
E seguir o caminho
Onde
Não há ninguém preocupado
E não tem ninguém chorando
(“Every Day I Have the Blues”,
Elmore James)
Dizem que o nome da guitarra de B.B. King,
Lucille, surgiu de um incidente em um show num salão de danças no Arkansas em
1949.
Para aquecer o ambiente foi aceso um barril
cheio de querosene, solução bastante comum naquela época. Durante o show dois
homens começaram a brigar, esbarrando no barril que espalhou o conteúdo por
todo lado e iniciando um incêndio. Com as chamas em todo salão, todos correram
para fora do lugar quando B.B. King percebeu que na fuga deixara sua guitarra, a
amada Gibson de 30 dólares. Voltou ao edifício em chamas e a recuperou. No dia
seguinte soube que dois homens morreram naquele incêndio e o motivo da briga
que iniciou a tragédia: o pivô de tudo teria sido uma mulher chamada Lucille.
sábado, maio 16, 2015
Série "El Ministerio del Tiempo" vai na contramão do tempo-espaço da era global
sábado, maio 16, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Desde
“O Exterminador do Futuro” (1984) e “De Volta ao Futuro” (1985), as
representações do tempo mudaram no cinema e audiovisual: o Tempo tornou-se mutante e
aleatório como um hipertexto. Mas curiosamente, a série da TVE (a tevê pública
espanhola) “El Ministerio Del Tiempo” (2015) vai na contramão desse imaginário
sobre o tempo-espaço que caracteriza a atual era das tecnologias digitais e Globalização:
ao contrário, a série de ficção-científica mostra o Tempo como um fenômeno
unidirecional e imutável onde um ministério secreto do governo protege misteriosas
portas do tempo de possíveis oportunistas que tentem alterar o passado em seu
próprio benefício. Se o cinema é um documento do imaginário de cada época, a
série espanhola parece apontar para uma reação contra o paradigma tempo-espaço
que sustenta a financeirização e a Globalização. Mergulhada em uma crise
econômica desde o fim da estabilidade da Zona do Euro, a Espanha nos oferece
uma série que quer se apegar ao nacionalismo e à sua História como resposta à
crise global.
O leitor deve conhecer o mais famoso quadro do pintor espanhol Valazquez, Las Meninas de 1656 – composição enigmática que sugere um quadro dentro de um quadro, criando uma relação incerta entre observador e a obra. Quem é a figura no fundo atravessando um corredor que observamos através de uma porta aberta? O neto do pintor, Dom José Nieto Velazquez? Não, provavelmente algum viajante do Tempo de passagem que parou para observar a cena.
O leitor deve conhecer o mais famoso quadro do pintor espanhol Valazquez, Las Meninas de 1656 – composição enigmática que sugere um quadro dentro de um quadro, criando uma relação incerta entre observador e a obra. Quem é a figura no fundo atravessando um corredor que observamos através de uma porta aberta? O neto do pintor, Dom José Nieto Velazquez? Não, provavelmente algum viajante do Tempo de passagem que parou para observar a cena.
É o que sugere a série produzida pela tevê pública
espanhola (TVE) Lo Ministerio Del Tiempo
em uma rápida sequência onde é apresentado ao protagonista o maior segredo
guardado pelo governo espanhol: portas e corredores do tempo existentes em um
subterrâneo na cidade de Madrid – segredo de um rabino na Idade Média que, em troca
de não ser expulso revelou o segredo para reis católicos. Uma rede de portas de
origem misteriosa que se conecta com o passado dos reinos espanhóis.
domingo, maio 10, 2015
Em "White God" o cão é o espelho da crueldade humana
domingo, maio 10, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
“Lassie” se encontra com “Planeta dos Macacos”. É o filme húngaro “White God”(Fehér Isten, 2014), uma fábula brutal sobre cães de rua que se insurgem contra os humanos cruéis e indiferentes. Hagen, um cão mestiço abandonado à morte por um pai mesquinho que quer separá-lo da sua filha, desce ao inferno da crueldade e desprezo humanos na ruas de Budapeste até organizar uma revolta com centenas de cães de um canil municipal. Uma fábula sobre o racismo e a intolerância? Metáfora política da Hungria atual? “White God” vai mais além: lembra para os ambientalistas e protetores dos direitos dos animais que suas batalhas serão vazias enquanto não entenderem uma sinistra dialética – a crueldade contra os animais e a Natureza é o espelho da própria crueldade humana com o outro, reflexo de uma sociedade marcada pela dominação e controle.
sábado, maio 09, 2015
"Chappie", a consciência e a seringa hipodérmica
sábado, maio 09, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Depois
do favelão e lixo nos quais o futuro se transformou em “Distrito 9” e “Elysium”,
dessa vez com o filme “Chappie” (2015) Neil Blomkamp visita a pedra filosofal do
gênero ficção científica: a Inteligência Artificial. O subtexto político dos
filmes anteriores continua (África do Sul, Globalização e apartheid), mas dessa
vez parece que Blomkamp cedeu ao “product placement” (inserção subliminar de
produtos e marcas) e à agenda que orienta as produções do gênero pelos grandes
estúdios: o tecnognosticismo - a ambição pós-humana de nos livrarmos da carne e
do orgânico através de uma suposta transcendência espiritual possibilitada pelo
escaneamento da consciência e a sua conversão em bytes. Ao contrário do filme
“AI” (2001), também uma alusão à fábula de Pinóquio (uma máquina que quer se
transformar em ser humano), aqui Chappie tenta emular sentimentos humanos, mas
dessa vez através de uma consciência que se assemelha à metáfora da “agulha hipodérmica”.
Se em “A.I.” a máquina queria acreditar naquilo que não podia ser visto ou sentido,
em Chappie a máquina não tem sonhos – ela quer apenas imitar - filme sugerido pelo nosso leitor Joari Carvalho.
Chappie,
do diretor Neil Blomkamp (Distrito 9
e Elysium), é um filme dentro de um
subgênero do sci fi que os pesquisadores chamam de “ficção científica do Sul”:
filmes em estilo realista monckmentary
(feitos em estilo documentário mas em tom paródico) com atores e empresas de
países considerados periféricos e com temas ligados às mazelas da globalização
sócio econômica – privatização, imigrantes ilegais, favelização, exclusão,
máfias internacionais etc.
O tom mais marcante desse subgênero é mostrar como
a alta tecnologia (robótica, nanotecnologia etc.) convive de forma conflitiva
com favelas, deterioração urbana, lixo, precarização do trabalho e sucateamento
do Estado. O que torna os filmes desse subgênero potencialmente críticos em
relação ao atual status quo da
Globalização.
domingo, maio 03, 2015
Dez evidências de que o politicamente incorreto dos anos 80 e 90 moldou o século XXI
domingo, maio 03, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Nos anos 80 e 90 parecia que tudo era permitido: de apresentadoras de programas infantis da TV em trajes sumários a matinês com centenas de meninas rebolando tentando imitar os passos da banda “É o Tchan”. Tudo isso interrompido por intervalos publicitários onde marcas de chocolate eram associadas a meninos vencedores que conquistavam muitas namoradas. Essas décadas “politicamente incorretas” marcaram a infância e adolescência da chamada Geração Y, cujos membros são os líderes de opinião na atualidade. Qual a parcela de contribuição dada por essa cultura supostamente permissiva para a atual visão de mundo dessa geração? Foram décadas que, vistas pelo olhar politicamente correto atual, brindaram-nos com produtos culturais que sugeriam erotização precoce, pedofilia e exploração sexual em plena mídia de massas. A partir de uma lista de dez evidências de uma época onde “tudo era permitido”, vamos tentar encontrar influências da infância politicamente incorreta na mentalidade atual da Geração Y.
Apresentadoras de programas infantis em trajes
sumários apresentando bandas de hits com refrões de gosto duvidoso; nos
intervalos publicitários, comerciais mostrando crianças ostentando
orgulhosamente produtos e ridicularizando o telespectador-mirim que ainda não
os compraram; anúncios publicitários que
comparavam uma boa apólice de seguro com um uísque de qualidade que lhe dá um
ótimo dia seguinte; matinês em casas de shows onde meninas levadas pelos pais
rebolavam sensualmente ao som da banda É o Tchan; comerciais infantis
associando um chocolate com as conquistas amorosas em série em um acampamento
cheio de meninas, etc.
Estamos falando das décadas de 80 e 90 que, para o
nosso olhar atual globalizado e sensível a questões éticas e morais, foram
épocas decididamente politicamente incorretas. São décadas que marcaram a
infância e adolescência da chamada Geração Y – conhecida também como “geração
do milênio” ou “geração da Internet”, nascidos após 1980 e, segundo outros, em
meados dos anos 1970.
sexta-feira, maio 01, 2015
"Tropa de Elite" e "Guerra ao Terror": o São Jorge do BOPE e um Dragão que nunca existiu, por Claudio Siqueira
sexta-feira, maio 01, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O
que há em comum entre os EUA, com seu exército que massacra o Oriente Médio sob
o pretexto de “Guerra ao Terror” e o BOPE ocupando as favelas cariocas? Além de
serem endossados pela mídia em reportagens tendenciosas e filmes como “Tropa de
Elite” e “Guerra ao Terror”, ao mesmo tempo está presente, nas formas mais sutis, o arquétipo de São Jorge e o Dragão.
Desde o “Livro dos Mortos” egípcio, passando pela propaganda do império Romano
até chegar na indústria do entretenimento atual dos filmes e HQs (Superman,
Ultraman, Batman etc.), todos têm no ícone do “São Jorge, O Santo Guerreiro” a
reedição por séculos de um poderoso arquétipo. Todos caçando monstros que só
existem em sonhos.
* Claudio Siqueira é Estudante de Jornalismo, escritor, poeta, pesquisador de Etimologia, Astrologia e Religião Comparada. Considera os personagens de quadrinhos, games e cartoons como os panteões atuais; ou ao menos arquétipos repaginados.
* Claudio Siqueira é Estudante de Jornalismo, escritor, poeta, pesquisador de Etimologia, Astrologia e Religião Comparada. Considera os personagens de quadrinhos, games e cartoons como os panteões atuais; ou ao menos arquétipos repaginados.
Em Guerra ao Terror, filme
vencedor de seis prêmios, Kathryn Bigelow fez o caminho inverso ao de James
Cameron com seu Avatar, que mostra a
vitória do oprimido; da favela, do Oriente Médio, do povo nativo contra o
invasor. Não por acaso, ganhou apenas três.
Mas nada se compara ao filme Tropa
de Elite. Por mais irônico que pareça, foi um sucesso por parte dos
guerrilheiros urbanos citados no início deste ensaio. A continuação, Tropa de Elite 2, foi a maior bilheteria
da história do cinema nacional, tendo sido o único a superar a marca de dez
milhões de espectadores desde 1976, feito atingido por Dona Flor e Seus Dois Maridos.
sábado, abril 25, 2015
Retrospectiva 50 anos tenta exorcizar fantasmas da TV Globo através do "tautismo"
sábado, abril 25, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Competentes jornalistas como Caco Barcelos e Ernesto Paglia
colocados frente a frente numa mistura de “Roda Viva” da TV Cultura com o “Galeria
dos Famosos” do Domingão do Faustão. E todos confrontados com suas imagens do
passado (mais novos, mais magros e com mais cabelos) na expectativa de que
depois a câmera em close arranque algum tipo de emoção dos experientes
profissionais. A retrospectiva “Jornal Nacional – 50 Anos de Jornalismo”,
projeto idealizado pelo apresentador William Bonner (ansioso e sempre meneando
a cabeça na tentativa de exorcizar os fantasmas da história da TV Globo),
mostra de forma didática em seus cinco episódios o que foi o início e o que
será o fim da hegemonia da emissora: o modelo melodramático de jornalismo que
ajudou a encobrir informações no auge da ditadura e o tautismo (tautologia +
autismo) atual como manobra desesperada para sobreviver aos novos tempos de
queda de audiência.
Quando
fazia a faculdade de jornalismo lá pelo início da década de 1980, minha geração
via na TV Globo uma referência negativa para qualquer estudante que iniciava a
carreira. Brincávamos com o tique melodramático dos repórteres que buscavam
muito mais os sentimentos do entrevistado do que depoimentos objetivos da realidade.
“O que você está sentindo?...”, era a pergunta clichê feita para a vítima de
uma enchente no Sul do País naquele momento, com água até a cintura, dirigida
por um repórter da Globo em uma canoa, protegido por uma capa de chuva e o
rosto consternado.
terça-feira, abril 21, 2015
O Top 10 do bestiário neoconservador para o século XXI
terça-feira, abril 21, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Explosão
populacional, antropologia criminal do século XIX, o hype dos assexuados,
fantasmas vermelhos soviéticos e a fantástica revelação de que a Terra é plana
e que há uma conspiração para esconder de todos essa verdade extraordinária.
Prepare-se! O futuro poderá ser construído a partir de ideias que supostamente
teriam sido superadas pelo progresso científico, processo civilizatório ou
simplesmente pelas transformações políticas e sociais das últimas décadas.
Ideias conservadoras que no passado foram criadas para deter mudanças ou revoluções, hoje são resgatadas pela mentalidade neoconservadora sob uma
nova roupagem high tech, nova nomenclatura e o charme das teorias
conspiratórias. O “Cinegnose” fez uma lista dos 10 principais renascimentos de
ideias antigas e até sinistras que parecem encontrar o fértil terreno no
radicalismo e fundamentalismo atuais.
sábado, abril 18, 2015
"Lost River": o estranho filme incompreendido pela crítica
sábado, abril 18, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Vaiado no
Festival de Cannes e trucidado pela crítica, o filme de estreia na direção do
ator Ryan Gosling, “Lost River” (2014), teve um destino injusto. Filmado em
Detroit, Gosling transformou-a numa cidade gótica que lembra Louisiana pós
furacão Katrina – crise econômica, ruínas e um mistério que envolve uma parte
submersa pela construção de uma represa na fictícia cidade de Lost River. Por
trás das camadas de estilizações da fotografia, personagens e cenografias (que
fizeram a crítica chamar o filme de “um David Lynch de segunda mão”), estão
alusões à crise econômica dos EUA pós explosão da bolha especulativa de 2008
combinados com misticismo gnóstico: qual o mistério que torna os protagonistas
prisioneiros daquela cidade? O filme tem estreia prevista nos cinemas
brasileiros em julho desse ano.
Recentemente
poucos filmes foram tão destruídos pela crítica como Lost River, produção que marca a estreia na direção do ator Ryan
Gosling - A Passagem (2007) e Drive
(2011). Quando estreou no Festival de Cannes em 2014 foi muito mal recebido
pelo público: nos créditos finais a plateia respondeu com assovios e vaias como
uma torcida irritada em um estádio de futebol. Depois disso Gosling e seu filme
desapareceram e nada foi falado deles por dez meses.
Mas
agora Lost River reaparece com nova
edição (foram retirados 10 minutos da edição original) para ser exibido em
alguns cinemas selecionados em Nova York e Los Angeles, além de canais de TV
pay-per-view e arquivos torrent na Internet – no Brasil é esperado nos cinemas
em julho.
sexta-feira, abril 17, 2015
"Whiplash" fala de qualquer coisa... menos de música
sexta-feira, abril 17, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Corremos
diariamente contra o tempo para atender aos valores da eficiência, desempenho e
produtividade que regem a sociedade atual. Ao contrário, na música o tempo é
uma ferramenta de expressão artística e não um inimigo. E também um meio para a
improvisação e surpresa. Mas no filme "Whiplash" o tempo não é musical: é
disciplina e performance – um baterista de Jazz iniciante tem que tocar cada
vez mais rápido até sangue e suor caírem sobre o set do instrumento. Em um
conservatório de Nova York, alunos de Jazz vivem sob o fascínio dos grandes
virtuoses do passado sob a regência de um professor ditatorial e manipulador.
Para eles, a música é disciplina e os mestres do passado se tornaram virtuoses do Jazz porque
foram disciplinados através aprendizado pela dor e humilhação. Em "Whiplash", a
música se rende ao “no pain, no gain” – “sem dor, sem recompensa”, ao pé da letra – princípio
opressivo da meritocracia atual.
Na
música, e principalmente no Jazz, a expressão artística manifesta-se através de
quatro recursos: Tempo, Sensação,
Dinâmica e Prática. O Tempo é um
recurso, é o ritmo através do qual nos entregamos à música; a Sensação é como o Tempo nos envolve – a
sensação sinestésica da batida transformando o corpo do músico e o instrumento
em uma coisa só; a Dinâmica são as
forças que produzem o movimento determinando o quanto tal alto ou baixo tocamos
ou cantamos; e a Prática tem a ver
com disciplina e tenacidade.
A Prática refere-se a como o músico vai passar incontáveis
horas aperfeiçoando sua arte para comunica-se sem esforço com aqueles ao redor,
plateia e outros músicos. Assim como na linguagem oral e fonética, o músico
passa muito tempo desenvolvendo seu vocabulário para ter capacidade de
expressar sentimentos e emoções em um nível mais profundo.
sábado, abril 11, 2015
O Homem-Aranha e a auto derrota do PT
sábado, abril 11, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em uma das suas
intermináveis lutas na franquia Homem-Aranha, o super-herói, cansado e perplexo
depois de mais uma batalha contra vilões bizarros, desabafa: “de onde vem toda
essa gente?”. Diante das manifestações Anti-Dilma as esquerdas parecem tentar
responder à mesma pergunta perplexa do Homem-Aranha:de onde vêm os manifestantes? Eleitores do Aécio?
Classe média branca? Conspiração de magnatas do petróleo dos EUA de olho no
pré-sal? Há um “elemento de auto derrota” histórico nas esquerdas, como afirmava
o filósofo Herbert Marcuse – o pragmatismo e o economicismo que ignoram a base
imaginária e psíquica do funcionamento das ideologias. Enquanto isso, a Direita
sabe “de onde vem toda essa gente”: ouve a sociedade profunda por meio de
pesquisas etnográficas que perscrutam os novos perfis psicográficos chocados
pelo neodesenvolvimentismo do PT.
Depois
de enfrentar o Homem-Areia que tentava roubar o dinheiro de um carro-forte, o
Homem-Aranha dispara sua teia e salta para um topo de um prédio. Exausto, tira
sua máscara e as botas cheias de areia depois de ter sido obrigado a se
engalfinhar com o vilão. E então, o herói desabafa: “de onde vem toda essa
gente?...”.
Essa
é uma sequência do filme Homem-Aranha 3,
mas o estado de espírito do herói ao mesmo tempo cansado e perplexo guarda suas
analogias com as reações das esquerdas ao ver a escalada neoconservadora que
culminou com os protestos anti-Dilma do dia 15 de março.
sexta-feira, abril 10, 2015
Em Observação: "Antes de Dormir" (2014) - o sono gnóstico do esquecimento
sexta-feira, abril 10, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Cinema,
percepção e memória têm uma longa parceria temática: se a percepção humana
funciona como um mecanismo cinematográfico, como dizia o filósofo Henri
Bergson, compreende-se o fascínio pelo tema da amnésia no cinema. De
Hitchcook a “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças” de 2004, “Antes
de Dormir” (2014) é mais um filme dessa longa tradição. Lembra o clássico “Amnésia” (2000) de Nolan – uma mulher não
consegue manter as memórias por mais de um dia e diariamente acorda sem saber
onde está e também sem saber quem é o
homem que dorme ao seu lado. Perda das memórias levam sempre os protagonistas à
condição paranoica. A paranoia é um estado alterado de consciência que pode
levar tanto à autodestruição quanto à libertação das aparências que encobrem a
realidade. A paranoia pode abrir duas portas: a narcísica ou a gnóstica. E é isso que o “Cinegnose”
vai conferir no filme.
sábado, abril 04, 2015
Viajantes, Detetives e Estrangeiros vagam por Hollywood em "Mapas Para as Estrelas"
sábado, abril 04, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Hollywood tem
uma tradição de filmes que mostra a cidade dos sonhos como um inferno de
ganância, narcisismo e perversões. A crítica especializada tem considerado
“Mapas para as Estrelas” de David Cronenberg como mais um filme com esse viés
moralista sobre a indústria do cinema. Porém, ao lado do roteirista Bruce
Wagner, Cronenberg foi muito além disso: conseguiu criar uma pequena galeria de
personagens que consegue sintetizar os principais arquétipos que dão vida aos
nossos sonhos: Viajantes, Detetives e Estrangeiros. E também a fragilidade
emocional por trás de profissionais bem pagos para produzir o nosso
entretenimento: a busca desesperada por amor, adoração e aceitação
incondicional. Filme sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende.
Cronenberg
sempre foi fascinado pelas metáforas da invasão do corpo e a fragilidade da
carne diante da tecnologia em filmes como Videodrome,
Scanners, Crash ou eXistenZ. Seus filmes até podem sugerir
cenas de horror, mas na verdade o diretor transita entre a comédia, o humor
negro e o drama. Cronenberg está menos interessado em sangue, e muito mais na
natureza monstruosa das nossas obsessões e desejos, na dificuldade de
escaparmos de nós mesmos e como a sociedade cruelmente explora esse ponto fraco
humano.
Guerra
psíquica (Scanners), o domínio mental
da TV (Videodrome) e games digitais
mortais (eXistenZ) são algumas
amostras dessa temática recorrente de como a sociedade é capaz de criar
sistemas que envolvem tanto a carne como a alma. Mapas para as Estrelas é mais um filme desse veio crítico de
Cronenberg. E dessa vez é o alvo é Hollywood, tal como descrito pelo roteiro de
Bruce Wagner: um inferno de ganância, narcisismo e perversidade sexual.
quarta-feira, abril 01, 2015
Ação e Reação na crise da telenovela "Babilônia"
quarta-feira, abril 01, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O que há em
comum entre a física newtoniana e os estudos sobre psicopatologia do
psicanalista Wilhelm Reich? Tudo, pelo menos no caso da atual crise de
audiência da novela da TV Globo “Babilônia”. A rejeição de telespectadores e
grupos evangélicos pregando o boicote à telenovela nas redes sociais (tudo
motivado pelo beijo de um casal de idosas lésbicas) tem uma relação direta com
a pesada atmosfera política atual alimentada diariamente pela TV Globo através
do telejornalismo e teledramaturgia. Lei newtoniana de ação e reação: clima de intolerância e radicalismo político converte-se em
conservadorismo moral, sexual e de caráter que atinge em cheio o principal
produto da grade da TV Globo – a novela do horário nobre. Além disso, a crise
de “Babilônia” guarda paralelos com outra crise global: a da novela “O Dono do
Mundo” de 1991, também de Gilberto Braga, em um contexto pré-impeachment de
Fenando Collor de Mello.
Toda ação resulta numa reação oposta e de igual intensidade. Não há como deixar de lembrar desse princípio clássico da física newtoniana na atual crise que envolve a novela do horário nobre da TV Globo chamada Babilônia. Depois dos 46 pontos que a novela anterior Império marcou na sua última semana, Babilônia despencou para 23 pontos. Portanto, abaixo da novela das 19h e do reality Big Brother Brasil. Isso, no horário mais caro da TV brasileira.
A novela de Gilberto Braga surge nas telas
num momento onde se acirra a contradição vivida pela TV Globo: de um lado, nos
últimos anos vem assumindo o papel de partido de ferrenha oposição política ao
Governo Federal; e do outro, a necessidade comercial de reerguer a audiência em
queda com a crescente concorrência da Internet e os novos dispositivos móveis
de comunicação.
domingo, março 29, 2015
Cinco filmes amaldiçoados pelo sincromisticismo
domingo, março 29, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O “Clube do 27” (formado por Amy Winehouse, Heath Ledger, Kurt Cobain etc.) e as “maldições” em filmes como “Batman: O Cavaleiro das Trevas”, “O Exorcista” e “Superman”. Estranhas mortes prematuras de atores e celebridades e as lendas sobre filmes “amaldiçoados” seriam a camada narrativa mais superficial do lucrativo negócio da indústria do entretenimento que explora o inconsciente coletivo (arquétipos e formas-pensamento) e que muitas vezes o resultado é imprevisível, com mortes acidentais ou eventos que se transformam em verdadeiros rituais públicos de sacrifícios. Para pesquisadores sincromísticos, Hollywood atualmente é um centro de recrutamento e treinamento de atores (“médiuns” com personalidades divididas) para incorporação de formas-pensamento que ganham vida em escala global. Uma lista de cinco filmes onde a análise sincromística tenta revelar o que está por trás de narrativas feitas para o entretenimento.
domingo, março 22, 2015
Feitiço do Tempo paralisa ciclovias de São Paulo
domingo, março 22, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Não existe terceiro turno. Estamos todos presos no dia 26 de
outubro de 2014, em uma cilada do tempo que nos condena a repetir o mesmo dia,
tal qual no filme “O Feitiço do Tempo” (Groundhog Day, 1993). Os resultados da
eleição presidencial nunca são totalizados e retornamos sempre à disputa de uma
eleição sem fim. Com isso abriu-se um vórtice tempo/espaço que está sugando o
futuro, nos condenando a viver um eterno presente. O exemplo recente da
paralisação judicial da construção das ciclovias em São Paulo é mais um sintoma
dessa anomalia temporal onde de cosmopolita a cidade de São Paulo tornou-se um
enclave neoconservador. Através de um texto adjetivado e vago, o pedido de
paralização das ciclovias feito pelo Ministério Público é uma peça exemplar da
atual mentalidade neoconservadora que se fundamenta na percepção de terra
arrasada e na aposta do quanto-pior-melhor.
Esse
humilde blogueiro que vos escreve é um usuário diário de bicicleta como meio de
transporte para o trabalho pelas ciclovias/faixas da cidade de São Paulo. Desde
o início das suas atividades em 2009 este blog "Cinegnose" tem se posicionado a favor da
bike como esporte, lazer e transporte por razões políticas (clique
aqui), gnóstico-filosóficas (clique
aqui) ou cinematográficas (clique
aqui) – sem falar no fator pragmático de que com bicicleta numa cidade
como São Paulo sempre temos a certeza que chegaremos no horário a um
compromisso.
Após décadas convivendo com a impaciência de motoristas e com um
trânsito cada vez mais ríspido e intolerante, sintomas de uma mentalidade
paulistana cada vez mais envolta em uma rinocouraça,
foi com otimismo que testemunhamos o crescimento da malha de ciclofaixas/vias
em São Paulo e a promessa da interligação de uma rede de 400 km.
sábado, março 21, 2015
As estranhas forças por trás do filme "O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus"
sábado, março 21, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
“Existem forças em ação nesse filme. Referências sobre a morte estavam no roteiro original e isso para mim é que é assustador”, disse o diretor Terry Gilliam sobre o filme mais estranho da sua carreira, “O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus” (2009). Foi marcado para sempre pela morte de Heath Ledger no meio da produção do filme, após atuar vivenciando dois fortes arquétipos ocultistas: o “Joker” no filme “Batman” e o “Enforcado” no filme de Gilliam. Ironicamente a morte de Ledger confirmou o forte niilismo gnóstico presente em “Dr. Parnassus” e mantido na sua última produção “O Teorema Zero” (2014): um ex-monge budista faz sucessivas apostas com o Diabo desde tempos imemoriais – o Bem e o Mal vistos como entidades reversíveis, onde um precisa do outro para manterem-se relevantes. E os personagens (e todos nós) seriam meras peças inocentes e prisioneiras de um jogo que se confunde com a própria eternidade.
A
tradicional câmera inquieta com pontos de vista delirantes com lentes grande
angulares que deformam a perspectiva, criando atmosferas grotescas, é a marca
registrada do ex-integrante do grupo Monty Python Terry Gilliam. Tudo isso para
realçar um tema recorrente do diretor: heróis que através da força da
imaginação e da fantasia conseguem enfrentar e vencer realidades opressivas.
Mais uma vez, no filme O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus, estão presentes esses
elementos narrativos. Mas há algo mais que tornou esse filme de Gilliam
estranho e misterioso. O filme começa com um homem vestido como Mercúrio (ou
Hermes dos gregos ou Toth dos egípcios) anunciando a entrada do Dr. Parnassus,
um monge segurando uma flor de lótus, símbolo do misticismo oriental.
domingo, março 15, 2015
Série "House of Cards" surfa na onda do neoconservadorismo
domingo, março 15, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A Netflix
possui atualmente 17 lobistas em ação nos EUA representando seus interesses no
Congresso e Governo Federal. Ao mesmo tempo produz uma série chamada "House of Cards" que descreve as
relações anti-éticas entre lobistas, políticos do Congresso e imprensa. Narra a trajetória do líder dos Democratas no Congresso, um príncipe
maquiavélico que articula ardil, traição e mentiras para chegar ao suposto
centro do Poder, o Salão Oval da presidência. Qualquer análise sobre essa série
que tornou-se o hit da Netflix deve partir dessa aparente contradição – na
verdade a série reforça velhos mitos da Política: o Mito do “Mr.
President”, o Mito do “Príncipe Maquiavélico” e o mito do “L’État, c’est moi”. Assim a Netflix esconde a verdadeira natureza do Poder do qual usufrui, e ao mesmo tempo
mercadologicamente surfa na atual onda neoconservadora dos EUA e do Brasil: lá,
a alienação em relação à Política num país onde o voto não é obrigatório; e
aqui, uma trilha ficcional para aqueles que estão seduzidos pela aventura do
Impeachment.
Primeira
série originalmente produzida para a Web pela plataforma de streaming Netflix, House of Cards mostra através do seu
protagonista Frank Underwood (Kevin Spacey) os bastidores do Congresso dos EUA
e suas relações promíscuas entre lobistas, imprensa e congressistas.
Frank
é uma espécie de Maquiavel com o charme sulista de um político da Carolina do
Sul e pitadas da frieza de um assassino, responsável em exercer o papel de Chief Whip do partido (o “chefe do
chicote”, o líder que faz tudo para que políticos democratas votem de acordo
com os interesses do partido) – mas ele quer mais: pouco importa o dinheiro que
jorra dos lobistas corporativos que alimentam o jogo político de Washington. Frank quer o verdadeiro Poder - ficar cada vez
mais próximo da presidência dos EUA, até conquista-la por meio de trapaça,
ardil e traições.
terça-feira, março 10, 2015
Cuidado! Os rinocerontes já estão entre nós.
terça-feira, março 10, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Filmes
publicitários são mais do que peças promocionais de produtos e serviços –
refletem a sensibilidade de cada época. E o novo comercial do TNT Energy Drink
não deixa por menos: em efeito digital 3D um rinoceronte com fone nos ouvidos
passeia entre as pessoas nas calçadas para depois entrar numa academia de
lutas, parar diante de um espelho e vermos o reflexo de José Aldo, campeão do
UFC. A ironia é que se no Teatro do Absurdo de Eugène Ionesco (autor da famosa peça
“O Rinoceronte”) a transformação de seres humanos naquele animal era um
impactante simbolismo que denunciava o conformismo, frieza e agressividade do
homem moderno, agora torna-se um modelo positivo de caráter: o esporte
(principalmente os midiáticos) como modelo de educação pela dureza, dor e
severidade, chave para o sucesso. Dessa rino-couraça psíquica resultante emerge um novo tipo-ideal urbano da atual onda de
neoconservadorismo: os Rinocerontes.
Durante
o século XX, todas as vanguardas artísticas, sejam elas no cinema, literatura,
teatro ou pintura, tentaram desafiar o princípio de realidade com simbolismos
obscuros, imagens impactantes e narrativas absurdas. Homens que se transformam
em baratas em Kafka, relógios que se derretem em telas de Dali, situações
teatrais absurdas como pessoas que esperam uma pessoa chamada Godot por horas e
que nunca chega na peça de Becket ou chocantes imagens surrealistas como a
navalha que vaza um olho em um filme de Buñuel.
Kafka,
Dali, Becket e Buñuel tentavam se insurgir contra o mal-estar e desespero do
homem contemporâneo na incipiente sociedade de massas que produz alienação,
conformismo e fascínio pelo irracionalismo e fanatismo coletivo. Por isso,
procuraram a anti-literatura, o anti-teatro, o anti-cinema, o anti-tudo!
sábado, março 07, 2015
Em Observação: "The Man In The High Castle" (2015) - os nazistas ganharam a guerra?
sábado, março 07, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em uma realidade alternativa, Hitler e o imperador Hiroíto ganharam a II Guerra Mundial, invadiram os EUA e dividiram o país em dois estados totalitários controlados pela Alemanha e Japão. Mas grupos de resistência possuem um filme documentário de origem misteriosa que mostra a História tal qual conhecemos: a vitória dos Aliados, o Dia D e a derrota do Japão na guerra do Pacífico. Qual será a verdadeira realidade? A dos EUA divididos? A do filme documentário? E se as imagens históricas da II Guerra Mundial que conhecemos forem estratégias de propaganda que, na verdade, ocultam que todos nós vivemos em uma outra realidade alternativa? Esse é o jogo gnóstico proposto pelo piloto da série televisiva "The Man In The High Castle", baseada no premiado livro homônimo de 1962 do escritor de ficção científica Philip K. Dick. Assista nesse post o piloto da série.
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