domingo, junho 05, 2016

Cinegnose faz palestra e workshop sobre Cinema e Gnosticismo no Rio de Janeiro


A convite do Coletivo Transaberes, esse humilde blogueiro fará palestra e workshop no Rio de Janeiro nos dias 24 e 25 de Junho. Serão discutidas as conexões entre a mitologia gnóstica e a produção cinematográfica atual, além das implicações culturais e científicas da crescente presença do Gnosticismo no imaginário contemporâneo. A palestra acontecerá na Casa da Ciência na sexta-feira, 24 (“Cinegnose: Cinema e Gnosticismo”), e o workshop na Estação das Letras (“O cinema secreto: implicações culturais e científicas do Gnosticismo no Cinema”), sábado dia 25.

sábado, junho 04, 2016

Em "Regressão" Religião e Ciência trazem medo e histeria



Com o filme “Regressão” (Regression, 2015) o diretor Alejandro Amenábar retorna ao seu tema predileto de filmes como “Abre Los Ojos” ou “Os Outros”: as ilusões criadas pela nossa percepção. Um detetive e um psicólogo investigam o caso de uma jovem vítima de abuso sexual pelo seu pai. A aplicação de terapia de regressão por hipnose revela evidencias de uma seita secreta de cultos satânicos envolvendo estupros, raptos e sacrifícios. O que transforma uma pequena comunidade em vítima do medo e histeria coletiva. Mas Amenábar nos mostra outro tipo de regressão: como a Religião e, principalmente a Ciência, que deveriam ser instrumentos de verdade ou esperança, transformam-se em incitadores do medo, ignorância e histeria. Filme sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende.

quarta-feira, junho 01, 2016

Cultura do Estupro revela "machismo 2.0"


A grande mídia escandaliza-se com o estupro coletivo de uma menina no Rio de Janeiro e clama por um país menos machista e sexista. Mas por anos deu espaço para frotas e gentilis, enquanto sua programação sempre foi patrocinada por anúncios onde a mulher-objeto-fetiche é a isca principal para produtos e serviços. A chamada cultura do estupro deve ser contextualizada no surgimento do “machismo 2.0”: uma nova forma de sexismo cujas bases estão lá na velha ordem patriarcal, mas que agora é repaginado e turbinado pelo complexo sociedade de consumo/indústria publicitária/grande mídia, capazes de criar uma nova cadeia de produção imaginária: voyeurismo-exibicionismo-sadismo. Imaginária, mas com sérias repercussões no mundo real.

sábado, maio 28, 2016

O "mexedor para café" e o fechamento do universo da locução


O que é um “mexedor para café”? Uma colherinha de plástico? Uma pazinha? Estamos diante de um fenômeno linguístico previsto por filósofos como Herbert Marcuse nos anos 1960 ou por Rupert de Ventós nos anos 1980: o fechamento do universo da locução. Um fenômeno quase invisível, cotidiano, assim como foi o gerundismo dos SACs de empresas. Um fenômeno repressivo porque as palavras começam a ser operacionalizados como se antecipassem nossas intenções: as palavras são substituídas pelas suas funções, tornando os conceitos como tijolos que constróem um universo unidimensional. Negando a possibilidade de elaboração de novos significados através da semântica e etimologia.

sexta-feira, maio 27, 2016

Caso Ana Hickmann, o suicida dos leões no Chile e a patologia dos nossos tempos


Na manhã do sábado, dia 21, um jovem se jogou nu na jaula dos leões em um zoológico no Chile falando frases desconexas de cunho religioso sobre ser filho de Jesus e a chegada do Apocalipse. No mesmo dia, à noite, a apresentadora Ana Hickman sofre atentado de um fã armado com um revólver em um hotel de luxo em Belo Horizonte. Entre frases também desconexas, o fã agradecia a Deus por ter ajudado a encontrá-la naquele hotel, até ser morto por um dos assessores. Quais as coincidências e sincronismos entre esses dois eventos em países diferentes? São apenas fatos isolados protagonizados por “lobos solitários”? Cada sociedade em sua época cria sua própria patologia. O sincronismo desses dois episódios apontam para a patologia da nossa época da sociedade das imagens e do espetáculo: relações fetichistas com pessoas, objetos e símbolos.

quinta-feira, maio 26, 2016

A solidão da comunicação fática no filme "Anomalisa"


Indicado ao Oscar de Melhor Animação, “Anomalisa”(2015) é uma estranha pequena obra-prima de Charlie Kaufman, roteirista de filmes como “Quero Ser John Malkovich” e “Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças”. Uma realista animação em stop motion sobre um palestrante autor de livros sobre comunicação motivacional que ironicamente passa uma noite solitária e infeliz em um hotel na cidade onde dará um seminário no dia seguinte. “Anomalisa” explora o paradoxo onde, apesar de vivermos em uma sociedade centrada numa variedade de tecnologias de comunicação, a solidão e alienação continuam a ser a principal fonte de mal estar. Talvez porque de todas as formas possíveis de comunicação (poética, emotiva, metalinguística etc.), exercitamos no trabalho e nas redes de relações pessoais e profissionais a forma mais pobre de comunicação: a fática.

segunda-feira, maio 23, 2016

Curta da Semana: trilogia "Hyper-reality" - Google substituirá o real?


Hoje todos nós possuímos câmeras nos celulares e podemos produzir imagens e distribuí-las na Web a todo momento. Inspirado nisso, o arquiteto, designer e diretor Keiich Matsuda fez uma trilogia de curtas ("Hyper-reality", "Augmented (Hyper) Reality" e "Augmented City 3D", 2014-15) onde imagina uma cidade de Medelin, Colombia, customizada pelos usuários da Web: um protagonista imerso em um mix de realidade aumentada e Google Glass num inferno de ícones, pop-ups e animações que pulam de cada objeto, pessoa ou gestos em ruas, supermercado ou no simples ato de prepara um chá. É a hiper-realidade que chegará a tal ponto onde o mapa ficará do tamanho do próprio território – a vida inteira imersa em um Google Maps ou Google Earth com infinitos aplicativos “powered” por uma empresa qualquer que acompanhará tudo como uma onipresente marca registrada.

domingo, maio 22, 2016

Cérebros humanos podem ser ressuscitados no projeto pós-humano "ReAnima"


Longe de Frankenstein e mais próximo de filmes pós-humanistas e tecnognósticos como “A Ilha”, “Ex-Machina” ou “The Machine”. A realidade está cada vez mais próxima da ficção. Estamos falando sobre o Projeto ReAnima da empresa norte-americana Bioquark que pretende ressuscitar cérebros de pacientes dados como clinicamente mortos e ainda mantidos vivos por meio de equipamentos. A ideia é encontrar na mente o botão de “reiniciar” e encarar o cérebro como um HD que poderia ser reformatado. Sem as memórias, de quem seria essa mente ressuscitada? Ou a questão mais sombria: para quê? Guerra, mercado e a imortalidade de uma elite poderiam estar por trás dessa agenda tecnocientífica.

sexta-feira, maio 20, 2016

Semiótica revela anomalias no logo do governo Temer


Discursos podem mentir, mas as imagens não. Talvez porque a linguagem visual esteja próxima da lógica dos sonhos, ela pode revelar atos falhos e sintomas por trás dos simbolismos políticos e ideológicos. A marca visual criada pelo “novo” governo Temer pelo marqueteiro Elsinho Mouco obviamente é dominada por alusões aos simbolismos da bandeira nacional. Mas no meio do azul, verde, amarelo e branco saltam atos falhos análogos aos sintomas da psicanálise: estranhos domínios de cores, degrades e sólidos geométricos  que, comparando as sucessivas marcas de governos anteriores, de Collor a Dilma, tornam-se “anomalias”. Quando a propaganda política dá o salto para convencer corações e mentes pode cair e quebrar o pescoço, revelando as verdadeiras intenções escondidas pelos símbolos.

domingo, maio 15, 2016

A profecia autorrealizável de Temer: assim nascem as crises


No discurso de posse como vice-agora-presidente-interino-em-exercício, mais uma vez Michel Temer exibe a sua tradicional canastrice telegência (gestual, entonação e postura corporal alusivos a apresentadores de TV), atualmente elemento importante na propaganda político. Mas Temer foi além. Já no final, mais descontraído, exortou os brasileiros a “não falar mais em crise” a partir de um outdoor que teria lhe inspirado, onde lia-se: “Não fale em crise... trabalhe!!!”. Temer quer espalhar outdoors como esse pelo País. Ironicamente, depois de três anos onde a grande mídia cultivou meticulosamente o baixo astral para reverter as expectativas dos agentes econômicos. Dessa maneira, Temer sem querer revelou como nascem as crises econômicas: profecias autorrealizáveis. Crises cujas causas estariam muito mais no campo semiótico do que nas conjunturas dos fatores econômicos.

sábado, maio 14, 2016

"Der Samurai" e as "rolhas" que aprisionam nossas almas


Um dos filmes mais estranhos de 2015. O filme alemão “Der Samurai” faz uma releitura da fábula de Chapeuzinho Vermelho onde é explicitado aquilo que sempre foi latente e simbólico nos contos de fadas originais: sexualidade e violência. Uma pequena cidade na fronteira entre Alemanha e Polônia tenta solucionar problemas com lobos. Mas isso será apenas o prenúncio de algo mais sombrio: a chegada de um estranho samurai em vestes femininas empunhando uma katana – o sabre samurai. Ele chegou para acabar “com as rolhas feias que aprisionam nossas almas”. E um jovem policial passa a persegui-lo em uma cruzada para acabar com as mortes aparentemente arbitrárias. Mas ele descobrirá que algo escondido está sendo desencadeado por aquela bizarra figura. “Der Samurai” é também uma oportunidade de compararmos as adaptações dos velhos contos de fadas com as  feitas para o cinema dos super-heróis das HQs, verdadeiros contos de fadas modernos. 

domingo, maio 08, 2016

Curta da Semana: "The Controller" - o recorrente simbolismo de Sophia no cinema


A anime japonesa “Akira” se encontra com o sci-fi norte-americano “Tron”. É o curta “The Controller” (2013) onde uma gigantesca corporação mantém prisioneira uma jovem com grandes poderes psíquicos. Se ela escapar, o mundo poderá virar de cabeça para baixo. Ficções científicas com protagonistas femininas dotadas de poderes psíquicos e que ameaçam poderosos é um tema recorrente no cinema atual. Todos esses filmes parecem se inspirar no arquétipo gnóstico de Sophia – aquela que simboliza simultaneamente o aspecto feminino de Deus e a alma humana. 

Bombas Semióticas, ligações perigosas e as oportunidades perdidas


Com o impeachment da presidenta Dilma aproxima-se o desfecho de uma campanha iniciada ha dez anos com as denúncias do mensalão. Mas em 2013 teve uma virada que acelerou o processo: a nova estratégia semiótica de engenharia de opinião pública com a implementação no Brasil da “guerra virtual” e da “social engineering”. Naquele ano, a grande mídia brasileira levou algum tempo para fazer a ficha cair, acostumada que estava com velhas estratégias hipodérmicas dos tempos do IPES-IBAD nos anos 1960 - surgia no País a "primavera brasileira" com manifestações tomando as ruas. A multipolarização criada pelos BRICS forçou os EUA a implementar estratégias resultantes de uma longa tradição acadêmica de pesquisas sobre engenharia social naquele país: a Mass Communication Research de Lazarsfeld, Agenda Setting de McCombs e Shaw e as pesquisas em “ações não violentas” do cientista político Gene Sharp. Logo a grande mídia brasileira entrou em sintonia com a geopolítica dos EUA ao criar as “bombas semióticas” a partir da matéria-prima das manifestações que começaram por “apenas” 20 centavos.

sexta-feira, maio 06, 2016

O despertar xamânico no filme "O Abraço da Serpente"


Uma jornada antropológica, científica, histórica, mística e espiritual. E conduzida pelo animal de poder da serpente, simbolismo central na cosmologia xamânica. Ela desceu da Via Láctea, criou o mundo e está presente em cada um de nós, adormecida, à espera de algo que a desperte e nos faça deixar de ser instrumentos de morte. Esse é o tema central do filme “O Abraço da Serpente” (2015) que teve por base os diários de dois cientistas cujas expedições na região amazônica contribuíram para a compreensão dos povos indígenas. O diretor colombiano Ciro Guerra consegue tratar o tema do misticismo xamânico de forma a direta e crua numa selva onde o homem branco em busca da borracha extermina povos indígenas, seja pela arma ou pela catequese religiosa. E a última esperança para Karamateke, o último sobrevivente do seu povo, é fazer aqueles cientistas conhecerem um flor sagrada que os faça “abraçar a serpente” (a gnose através da destruição do Ego) e levem essa sabedoria cósmica para a civilização.

domingo, maio 01, 2016

Vídeo de Michel Temer exibe canastrice como força da propaganda


O vice-presidente Michel Temer em vídeo numa igreja onde tece elogios ao presidente da Câmara Eduardo Cunha diante de atentos evangélicos. A performance “videogênica” de Temer é mais um exemplo da força da canastrice na propaganda política – fenômeno ignorado até aqui pela Ciência Política. Em uma atuação exagerada, “overacting”, autoconsciente e fake, Temer parece fazer uma caricatura das caricaturas de personagens como Silvio Santos ou Raul Gil. Tal como a canastrice estudada de Geraldo Alckmin, Temer é mais um personagem político cuja força não vem das estratégias de sedução, persuasão ou da arbitrariedade de golpes militares. Paradoxalmente surge da banalidade de personagens que enfadonhamente imitam outros personagens canastrões com os quais estamos habituados em telenovelas, cinema e programas de auditório. Por que as massas se conformam com essa replicação banal dos simulacros midiáticos?

Curta da Semana: "Wrapped" - Pós-moderno e Hermetismo em outra destruição de Nova York


A destruição de Nova York  já se transformou em um verdadeiro arquétipo contemporâneo depois de pouco menos de um século com filmes onde vemos monstros, terroristas, cometas e marcianos tirando a “Big Apple” do mapa. Por isso, de Hollywood esse tema recorrente espalha-se para o mundo, tornando-se também uma fixação global. Uma evidência é o curta alemão “Wrapped” (2015) realizado por estudantes de cinema de Ludwigsburg usando efeitos em time-lapsed e CGI: um pequeno rato morre em uma rua da cidade, espalhando uma espécie vegetal viral (heras mutantes) que se espalha engolfando prédios, ruas e carros. Mas suas lindas flores guardam uma ameaça. Wrapped combina pós-modernidade com hermetismo gnóstico – de um lado a figura da monstruosidade viral; e do outro a narrativa em loop que sugere o princípio hermético da correspondência: “tal como em cima é abaixo”.

domingo, abril 24, 2016

"Isso Muda O Mundo" e as bikes metalinguísticas do Itaú


“Isso muda o mundo” estava estampado em uma bike patrocinada por um banco que parou ao meu lado em um semáforo. Por que essa necessidade de sobrecodificar (metalinguagem + fático) nossas experiências e escolhas através do Marketing? Uma pedalada deixa de ser uma experiência despretensiosa para tornar-se um gesto autoconsciente que exige comunicação. Alguns pesquisadores apontam para esse fenômeno de comunicação baseado em uma nova religião confessional (cujos novos apóstolos são os profissionais da comunicação) baseada na fé de que a soma de escolhas isoladas resultará em um mundo melhor. Um mundo onde cada pequeno gesto deve ter um significado importante para ser comunicado a “Deus”.

sábado, abril 23, 2016

Curta da Semana: "Action Man: Battlefield Casualties " - o que acontece depois da guerra?


Crianças brincam com armas e games de computadores militares. Toda essa fetichização das armas e poder impede crianças e adultos de pensarem numa coisa: o que acontece depois da guerra, quando o nosso herói volta para casa? O curta retro-trash “Action Man: Battlefield Casualties ” (2015) propõe um novo brinquedo para as crianças. O herói Action Man convivendo com traumas psíquicos, cadeiras de roda, amputações e paralisia – e eventualmente tentando se matar com os acessórios que vem junto com o kit. A série de curtas, como fosse composta de comerciais de TV do estilo anos 80 (quem não se lembra dos bonecos “Falcon” e “Comandos Em Ação”?), é uma ação de veteranos da OTAN contra o alistamento de menores de idade pelas Forças Armadas da Grã-Bretanha, único país da Europa a alistar jovens de 16 anos. “Action Man” é mais uma deliciosa amostra do impagável humor negro inglês.

sexta-feira, abril 22, 2016

Como entender o impeachment com Baudrillard e Deleuze


“Grau Zero da Política” e “Micropolítica”. Esses dois conceitos, respectivamente dos pensadores Jean Baudrillard e Gilles Deleuze, podem nos ajudar a compreender o significado simbólico do atual processo de impeachment contra a presidenta Dilma. Os catorze anos de sucessões de governos petistas teriam criado uma crise simbólica no sistema político: a reversibilidade entre Esquerda e Direita no momento em que governos supostamente de esquerda implementaram  políticas neodesenvolvimentistas que ajudaram a criar condições ótimas de reprodução do capitalismo - inclusão no consumo e precarização do trabalho. A Esquerda estaria tomado para si a agenda conservadora? Então, por que derrubar Dilma? Baudrillard diria que esse é a revelação do “grau zero” por trás dos simulacros da política; e Deleuze diria: “nunca houve governo de esquerda”.

terça-feira, abril 19, 2016

Em Observação: "Zoom" (2015) - a metalinguagem até as últimas consequências



Um filme inspirado nas imagens recursivas e metalinguísticas do artista plástico M.C.Escher. São três histórias interligadas onde o desenrolar de uma determina o destino de outra como fossem narrativas dentro de outras narrativas, produzindo uma circularidade infinita. É o filme “Zoom”, uma co-produção Brasil/Canadá dirigida por Pedro Morelli. Recursividade e metalinguagem são temas do filme gnóstico – são formas linguísticas de desvelar a ilusão e mostrar o multifacetamento da realidade ao serem exploradas até as últimas consequências. Mas também são recursos perigosos onde o filme pode se transformar em mero exercício vazio de estilo. É o que o “Cinegnose” vai conferir.

domingo, abril 17, 2016

Em "Ele Está de Volta" o século XXI recebe Hitler de braços abertos


O que aconteceria se Hitler reaparecesse hoje graças a algum estranho fenômeno temporal que o fizesse escapar da morte em seu bunker em 1945? A resposta que o filme “Ele Está de Volta” (Er Ist Wieder Da, 2015), disponível no Netflix, dá é no mínimo preocupante. Combinando ficção e documentário, o desconhecido ator Oliver Masucci fez uma turnê pela Alemanha – em 300 horas de gravação somente duas pessoas reagiram negativamente. A maioria tirava selfies com Hitler e confessavam sua preocupação com estrangeiros e refugiados que, para eles, estariam destruindo a Alemanha. Borrando a fronteira entre ficção e realidade, Hitler é recebido como um comediante que não consegue sair do papel e vira uma celebridade midiática. Mas embora ninguém pareça estar levando a sério, ele prepara planos para finalmente construir o Terceiro Reich através da melhor invenção que veio depois do cinema: para Hitler, a TV.  

sexta-feira, abril 15, 2016

Impeachment: Sincromisticismo, Efeito Copycat e Parapolítica


Loren Coleman, pesquisador norte-americano em Sincromisticismo e os chamados “efeitos copycat” midiáticos, dá um “alerta vermelho” para o mês de abril. O quarto mês do ano historicamente é marcado por “coincidências significativas”. Homicidas e terroristas parecem querer conferir notoriedade a seus atos ao aproximá-los de datas marcadas por acontecimentos tragicamente históricos, dentro de um efeito de imitação (efeito copycat). Também como evento planejado e roteirizado para produzir rendimento midiático, a votação do impeachment em abril também guarda “coincidências” que acabam se tornando muito significativas. As diversas coincidências no planejamento das datas da votação do impeachment sugerem que poderíamos estar diante de um evento que vai para além da Ciência Política para entrar no campo esotérico da Parapolítica.

terça-feira, abril 12, 2016

Em "A Bruxa" a mente é o combustível do horror


Bruxas e a moralidade de puritanos da América colonial do século XVII narrado com explícitas alusões à família que se autodestrói no filme "O Iluminado" de Kubrick e a referência visual do quadro de Goya "O Sabá das Bruxas". Tudo leva a crer que “A Bruxa” (The Witch, 2015) é mais um filme do gênero terror com sustos, sangue e perseguições. Mas o estreante diretor Robert Eggers sabe que a mente é o  verdadeiro combustível do horror: mantém o espectador no fio da navalha entre a realidade e a ficção: a dúvida se o elemento sobrenatural sugerido no filme é real ou se atmosfera claustrofóbica da moralidade puritana foi capaz de criar bruxas e demônios. O resultado é uma verdadeira psicanálise dos arquétipos do horror e das bruxas que sempre foram “bodes expiatórios” dos horrores que povoam nossas mentes.

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