domingo, março 22, 2015
Feitiço do Tempo paralisa ciclovias de São Paulo
domingo, março 22, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Não existe terceiro turno. Estamos todos presos no dia 26 de
outubro de 2014, em uma cilada do tempo que nos condena a repetir o mesmo dia,
tal qual no filme “O Feitiço do Tempo” (Groundhog Day, 1993). Os resultados da
eleição presidencial nunca são totalizados e retornamos sempre à disputa de uma
eleição sem fim. Com isso abriu-se um vórtice tempo/espaço que está sugando o
futuro, nos condenando a viver um eterno presente. O exemplo recente da
paralisação judicial da construção das ciclovias em São Paulo é mais um sintoma
dessa anomalia temporal onde de cosmopolita a cidade de São Paulo tornou-se um
enclave neoconservador. Através de um texto adjetivado e vago, o pedido de
paralização das ciclovias feito pelo Ministério Público é uma peça exemplar da
atual mentalidade neoconservadora que se fundamenta na percepção de terra
arrasada e na aposta do quanto-pior-melhor.
Esse
humilde blogueiro que vos escreve é um usuário diário de bicicleta como meio de
transporte para o trabalho pelas ciclovias/faixas da cidade de São Paulo. Desde
o início das suas atividades em 2009 este blog "Cinegnose" tem se posicionado a favor da
bike como esporte, lazer e transporte por razões políticas (clique
aqui), gnóstico-filosóficas (clique
aqui) ou cinematográficas (clique
aqui) – sem falar no fator pragmático de que com bicicleta numa cidade
como São Paulo sempre temos a certeza que chegaremos no horário a um
compromisso.
Após décadas convivendo com a impaciência de motoristas e com um
trânsito cada vez mais ríspido e intolerante, sintomas de uma mentalidade
paulistana cada vez mais envolta em uma rinocouraça,
foi com otimismo que testemunhamos o crescimento da malha de ciclofaixas/vias
em São Paulo e a promessa da interligação de uma rede de 400 km.
sábado, março 21, 2015
As estranhas forças por trás do filme "O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus"
sábado, março 21, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
“Existem forças em ação nesse filme. Referências sobre a morte estavam no roteiro original e isso para mim é que é assustador”, disse o diretor Terry Gilliam sobre o filme mais estranho da sua carreira, “O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus” (2009). Foi marcado para sempre pela morte de Heath Ledger no meio da produção do filme, após atuar vivenciando dois fortes arquétipos ocultistas: o “Joker” no filme “Batman” e o “Enforcado” no filme de Gilliam. Ironicamente a morte de Ledger confirmou o forte niilismo gnóstico presente em “Dr. Parnassus” e mantido na sua última produção “O Teorema Zero” (2014): um ex-monge budista faz sucessivas apostas com o Diabo desde tempos imemoriais – o Bem e o Mal vistos como entidades reversíveis, onde um precisa do outro para manterem-se relevantes. E os personagens (e todos nós) seriam meras peças inocentes e prisioneiras de um jogo que se confunde com a própria eternidade.
A
tradicional câmera inquieta com pontos de vista delirantes com lentes grande
angulares que deformam a perspectiva, criando atmosferas grotescas, é a marca
registrada do ex-integrante do grupo Monty Python Terry Gilliam. Tudo isso para
realçar um tema recorrente do diretor: heróis que através da força da
imaginação e da fantasia conseguem enfrentar e vencer realidades opressivas.
Mais uma vez, no filme O Mundo Imaginário do Dr. Parnassus, estão presentes esses
elementos narrativos. Mas há algo mais que tornou esse filme de Gilliam
estranho e misterioso. O filme começa com um homem vestido como Mercúrio (ou
Hermes dos gregos ou Toth dos egípcios) anunciando a entrada do Dr. Parnassus,
um monge segurando uma flor de lótus, símbolo do misticismo oriental.
domingo, março 15, 2015
Série "House of Cards" surfa na onda do neoconservadorismo
domingo, março 15, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A Netflix
possui atualmente 17 lobistas em ação nos EUA representando seus interesses no
Congresso e Governo Federal. Ao mesmo tempo produz uma série chamada "House of Cards" que descreve as
relações anti-éticas entre lobistas, políticos do Congresso e imprensa. Narra a trajetória do líder dos Democratas no Congresso, um príncipe
maquiavélico que articula ardil, traição e mentiras para chegar ao suposto
centro do Poder, o Salão Oval da presidência. Qualquer análise sobre essa série
que tornou-se o hit da Netflix deve partir dessa aparente contradição – na
verdade a série reforça velhos mitos da Política: o Mito do “Mr.
President”, o Mito do “Príncipe Maquiavélico” e o mito do “L’État, c’est moi”. Assim a Netflix esconde a verdadeira natureza do Poder do qual usufrui, e ao mesmo tempo
mercadologicamente surfa na atual onda neoconservadora dos EUA e do Brasil: lá,
a alienação em relação à Política num país onde o voto não é obrigatório; e
aqui, uma trilha ficcional para aqueles que estão seduzidos pela aventura do
Impeachment.
Primeira
série originalmente produzida para a Web pela plataforma de streaming Netflix, House of Cards mostra através do seu
protagonista Frank Underwood (Kevin Spacey) os bastidores do Congresso dos EUA
e suas relações promíscuas entre lobistas, imprensa e congressistas.
Frank
é uma espécie de Maquiavel com o charme sulista de um político da Carolina do
Sul e pitadas da frieza de um assassino, responsável em exercer o papel de Chief Whip do partido (o “chefe do
chicote”, o líder que faz tudo para que políticos democratas votem de acordo
com os interesses do partido) – mas ele quer mais: pouco importa o dinheiro que
jorra dos lobistas corporativos que alimentam o jogo político de Washington. Frank quer o verdadeiro Poder - ficar cada vez
mais próximo da presidência dos EUA, até conquista-la por meio de trapaça,
ardil e traições.
terça-feira, março 10, 2015
Cuidado! Os rinocerontes já estão entre nós.
terça-feira, março 10, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Filmes
publicitários são mais do que peças promocionais de produtos e serviços –
refletem a sensibilidade de cada época. E o novo comercial do TNT Energy Drink
não deixa por menos: em efeito digital 3D um rinoceronte com fone nos ouvidos
passeia entre as pessoas nas calçadas para depois entrar numa academia de
lutas, parar diante de um espelho e vermos o reflexo de José Aldo, campeão do
UFC. A ironia é que se no Teatro do Absurdo de Eugène Ionesco (autor da famosa peça
“O Rinoceronte”) a transformação de seres humanos naquele animal era um
impactante simbolismo que denunciava o conformismo, frieza e agressividade do
homem moderno, agora torna-se um modelo positivo de caráter: o esporte
(principalmente os midiáticos) como modelo de educação pela dureza, dor e
severidade, chave para o sucesso. Dessa rino-couraça psíquica resultante emerge um novo tipo-ideal urbano da atual onda de
neoconservadorismo: os Rinocerontes.
Durante
o século XX, todas as vanguardas artísticas, sejam elas no cinema, literatura,
teatro ou pintura, tentaram desafiar o princípio de realidade com simbolismos
obscuros, imagens impactantes e narrativas absurdas. Homens que se transformam
em baratas em Kafka, relógios que se derretem em telas de Dali, situações
teatrais absurdas como pessoas que esperam uma pessoa chamada Godot por horas e
que nunca chega na peça de Becket ou chocantes imagens surrealistas como a
navalha que vaza um olho em um filme de Buñuel.
Kafka,
Dali, Becket e Buñuel tentavam se insurgir contra o mal-estar e desespero do
homem contemporâneo na incipiente sociedade de massas que produz alienação,
conformismo e fascínio pelo irracionalismo e fanatismo coletivo. Por isso,
procuraram a anti-literatura, o anti-teatro, o anti-cinema, o anti-tudo!
sábado, março 07, 2015
Em Observação: "The Man In The High Castle" (2015) - os nazistas ganharam a guerra?
sábado, março 07, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em uma realidade alternativa, Hitler e o imperador Hiroíto ganharam a II Guerra Mundial, invadiram os EUA e dividiram o país em dois estados totalitários controlados pela Alemanha e Japão. Mas grupos de resistência possuem um filme documentário de origem misteriosa que mostra a História tal qual conhecemos: a vitória dos Aliados, o Dia D e a derrota do Japão na guerra do Pacífico. Qual será a verdadeira realidade? A dos EUA divididos? A do filme documentário? E se as imagens históricas da II Guerra Mundial que conhecemos forem estratégias de propaganda que, na verdade, ocultam que todos nós vivemos em uma outra realidade alternativa? Esse é o jogo gnóstico proposto pelo piloto da série televisiva "The Man In The High Castle", baseada no premiado livro homônimo de 1962 do escritor de ficção científica Philip K. Dick. Assista nesse post o piloto da série.
terça-feira, março 03, 2015
"Novos tradicionalistas" são mão de obra da revista "Veja"
terça-feira, março 03, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Um repórter da
revista “Veja Brasília” invade um condomínio em São Paulo disposto a fabricar
provas para uma pauta inventada. Pego com a boca na botija, é levado pela
polícia e a família vítima da “reportagem investigativa” faz um BO na
delegacia. Além do episódio ser mais uma contribuição à pesada atmosfera
política atual (a pauta era sobre uma suposta festa infantil de 200 mil reais
pagos em dinheiro vivo pelo ex-presidente Lula), há algo mais: curiosamente o
repórter é um dublê de jornalista e DJ de festas privadas no Lago Sul de
Brasília e clubes que fervem na noite daquela cidade. Está para ser feita uma
pesquisa etnográfica dos novos tipos-ideais do atual neoconservadorismo. Alguns
já podem ser detectados: “coxinhas”, “coxinhas 2.0” e “simples descolados”. E o
intrépido repórter da “Veja” pertence a um novo tipo-ideal: os “novos
tradicionalistas”.
Tudo
começou com uma nota da revista Veja
Brasília redigida por um repórter chamado Ulisses Campbell sobre festa em buffet
infantil na cidade, de um suposto sobrinho do ex-presidente Lula. O custo da
festa teria sido de 200 mil reais pagos em dinheiro pelo ex-presidente. Com os
desmentidos feitos pelo Instituto Lula e comprovada a mentira, o repórter foi
para São Paulo disposto a produzir provas que sustentassem sua bizarra pauta.
Usando
nomes falsos passou a assediar a família de “Frei Chico”, como é conhecido o irmão
de Lula, através de ligações telefônicas como representante do buffet de
Brasília ou como estudante da USP fazendo uma suposta pesquisa. Após ameaças de
que “publicaria o que quisesse”, invadiu o condomínio da família passando-se
por um entregador de livro para obter de uma babá informações sobre horários de
chegada dos moradores, além de obter RG e CPF dela.
sábado, fevereiro 28, 2015
Morsas e ostras mataram John Lennon?
sábado, fevereiro 28, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A música mais
enigmática dos Beatles aparece no maior fracasso comercial do grupo, o filme
“Magical Mystery Tour” de 1967, hoje reavaliado como obra de arte ao nível do
humor do grupo Monty Python ou do surrealismo de Buñuel. Inspirado no poema “A
Morsa e o Carpinteiro” de Lewis Carroll, a música “I’m The Walrus” composta por
John Lennon apresenta uma letra sombria, obscura e misteriosa com referências a
genocídios, drogas e jovens que seriam seduzidos por uma “Morsa” que estaria
levando-os para a destruição – no poema de Carroll aparecem “jovens ostras” . Será
que a música foi alguma espécie de acerto de contas de Lennon com a culpa e o
remorso de saber ter feito parte de uma gigantesca estratégia de engenharia
social por trás da cultura pop? Em declarações dadas em uma entrevista em 1980,
ele indica evidências, falando de “artesãos” que estiveram por trás dos Beatles
e a ligação entre CIA e a droga LSD. Alguns meses depois, Lennon seria
assassinado.
O
grande e misterioso fracasso dos Beatles: o filme Magical Mystery Tour de 1967. “Beatles Mystery Tour desconcerta os
espectadores”, estampava em uma manchete na primeira página do jornal Mirror da Inglaterra, dizendo que
milhares de espectadores protestaram quando foi exibido na TV pela BBC.
“Bobagem
sem sentido”, “lixo flagrante” e “ultrajante” foram as críticas mais leves
sobre um filme que não se importava com qualquer sentido narrativo: mostrava um
grupo de turistas em um ônibus que iniciava um “misterioso tour” pela Inglaterra
em um ônibus panorâmico, onde “coisas estranhas começam a acontecer”, ao
capricho de quatro magos performados pelos próprios Beatles que tudo observam,
manipulando os acontecimentos.
segunda-feira, fevereiro 23, 2015
Oscar para "Birdman" revela secreta coerência de Hollywood
segunda-feira, fevereiro 23, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O blog
“Cinegnose” acertou: o favoritismo de “Birdman” confirmou-se com o prêmio de
Melhor Filme no Oscar 2015. O prêmio era aguardado pela recorrência temática
dos filmes premiados pela Academia de Cinema nos últimos anos: metalinguagem,
auto-referência, glamourização da “guerra anti-terror”, conflitos
étnicos e liberdade, temas recorrentes desde a explosão da bolha imobiliária
dos EUA em 2008 e a crise da Zona do Euro. Hollywood mais uma vez demonstra que
é um braço armado do complexo bélico-militar norte-americano. E a indústria do
entretenimento sabe premiar os seus: o diretor mexicano Alejandro Iñárritu (e a
nacionalidade foi um fator ideológico importante) fez uma verdadeira homenagem à indústria
do entretenimento – mostrou uma Broadway que
não mais existe, reforçando a mitologia que ainda dá algum verniz “artístico” a
Hollywood: atores autopiedosos, divas narcisistas que se entregam ao “Método” e
críticos implacáveis que transformam artistas em “gênios incompreendidos”.
Conforme
previsto por esse blog, Birdman
confirmou o grande favoritismo para o Oscar de melhor filme, batendo outro
grande favorito: Boyhood – sobre a
análise do Cinegnose sobre Birdman clique
aqui.
Em
tempos bicudos de crise econômica global pós-explosão da bolha especulativa
imobiliária dos EUA em 2008, o “derretimento” da Zona do Euro e escalada da
propaganda anti-terror pela mídia internacional, Hollywood mais uma vez se
mostra porque é o braço armado da política externa norte-americana. E sua
grande arma é glamourização da própria natureza bélico-militar dos EUA e a
homenagem metalinguística da sua própria indústria do entretenimento.
sábado, fevereiro 21, 2015
Em "O Destino de Júpiter" os Wachowski esquecem a pílula vermelha do Gnosticismo Pop
sábado, fevereiro 21, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Com o filme “O
Destino de Júpiter”, mais uma vez os irmãos Wachowski criam uma fábula gnóstica
pop. E dessa vez sincronizando um evento astronômico (a ascensão do planeta
Júpiter nos céus em fevereiro) com uma releitura do mito gnóstico da Criação,
Queda e Ascensão do “Apócrifo de João” escrito em 150 DC. Tal como na “Trilogia
Matrix”, a humanidade é prisioneira dos Demiurgos para ter sua energia drenada.
Lá em Matrix presos em incubadoras. Aqui
em “O Destino de Júpiter” para serem semeados e colhidos por uma casta real
alienígena em uma espécie de gigantesco latifúndio cósmico. Porém, dessa vez os
Wachowski fizeram grandes concessões à Hollywood: a pílula vermelha da gnose
que despertava para a Verdade da Matrix desapareceu para ser substituída pelo obediente
retorno do espectador à ordem.
Originalmente
O Destino de Júpiter (Jupiter Ascending, 2015) tinha
lançamento previsto para junho do ano passado. Foi adiado e, “coincidentemente”,
só entrou em cartaz em fevereiro desse ano, no momento em que o planeta Júpiter
ascendeu à posição oposta ao Sol – Júpiter sobe no céu no momento em que o Sol
se põe, brilha mais alto à meia-noite e se põe em torno do nascer do Sol.
Júpiter nesse momento está mais próximo da Terra, aparecendo maior e mais
brilhante.
Em se tratando dos irmãos Wachowski e pelo emaranhado de
simbologias gnósticas e esotéricas que o filme explora, tudo NÃO é mera
coincidência. Andy e Lana Wachowski sabem o que estão fazendo: com essa
sincronia entre os eventos cinematográfico e astronômico, reforçam ainda mais a
mitologia por trás do verdadeiro delírio visual de um filme que parece que
fundiu Matrix, Star Wars e Flash Gordon
dentro de uma gigantesca space opera.
quarta-feira, fevereiro 18, 2015
Vídeos de execuções do Estado Islâmico apontam para a "Hipótese Fox Mulder"
quarta-feira, fevereiro 18, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Certa vez o
agente especial do FBI Fox Mulder, da série televisiva “Arquivo X”, criou uma
instigante hipótese: Hollywood propositalmente encenaria nos plots de seus
filmes conspirações políticas para que as críticas contra essas mesmas
conspirações, dessa vez na realidade, fossem desmoralizadas como meras
“ficções”. A série recente de vídeos do Estado Islâmico sobre supostas
decapitações de reféns estaria repetindo como farsa os vídeos fakes mostrados
em filmes como “Mera Coincidência” (1997) e Homem de Ferro 3 (2013)? Diferente de
antigos vídeos jihadistas de execuções, os atuais apresentam estranhas
“anomalias” para vídeos supostamente realistas do estilo de antigos vídeos VHS
como “Faces da Morte” – ao contrário, possuem superproduções análogas a
blockbusters hollywoodianos com Dolby Digital Surround e suspeitas de uso de
Chroma Key 3 D.
A
hipótese Fox Mulder: em um dos episódios da série Arquivo X vemos o agente
especial do FBI, Fox William Mulder, participando como convidado de um
congresso de ufólogos. A certa altura alguém lhe pergunta o motivo de ao mesmo
tempo em que o governo dos EUA tenta esconder o fenômeno UFO, permite que
Hollywood produza tantos filmes sobre contatos com aliens. E Mulder responde:
“para que todos pensem que os contatos com UFOs e aliens são do mundo da
ficção, coisas de cinema. Por isso, quando surgem notícias verdadeiras, ninguém
acredita”.
Nas
últimas décadas, Cinema e Guerra estão se tornando uma espécie de sala de espelhos que se refletem mutuamente, até não sabermos distinguir o
reflexo daquilo que é refletido. No Oscar 2013
Michelle Obama aparece em link ao vivo direto da Casa Branca abrindo o
envelope do prêmio de Melhor Filme para Argo,
cujo plot narra uma estratégia militar norte-americana de simulação de produção
de um filme para libertar reféns do Irã nos anos 70;
domingo, fevereiro 15, 2015
Por que "Birdman" é o favorito ao Oscar?
domingo, fevereiro 15, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Não é por acaso
que “Birdman” é o grande favorito ao Oscar. O filme promete discussões
profundas sobre a importância de se sentir amado nesse mundo. Mas tudo o que o
diretor mexicano Alejandro Iñárritu nos entrega é uma agradecida homenagem à
indústria de entretenimento dos EUA que lhe abriu as portas: um filme
supersaturado de metalinguagem e colagens de auto-referências que acabou
resultando em uma produção complacente, auto-indulgente e subserviente. Iñarritu
faz homenagem a uma Broadway que não mais existe, reforçando a mitologia que
ainda dá algum verniz “artístico” a Hollywood: atores autopiedosos, divas
narcisistas que se entregam ao “Método” e críticos implacáveis que transformam
artistas em “gênios incompreendidos”. Com isso, o diretor mexicano parece ter um
grande futuro na noite do Oscar.
Alejandro
Gonzáles Iñárritu é um diretor mexicano que já conta com uma sólida e bem
sucedida carreira em Hollywood (21
Gramas, Babel, Biutiful). Por isso, é chegado o momento de Iñárritu prestar
uma homenagem à indústria do entretenimento que lhe abriu às portas para aquele
país. E como sempre, a melhor forma é através da metalinguagem, alusões e
paráfrases.
Birdman é um filme supersaturado que obriga o
espectador a caminhar por um desfile interminável de colagens e referencias que
acaba se tornando tão claustrofóbico quanto os corredores dos bastidores de uma
peça da Broadway onde a maior parte da trama acontece. O filme engata longos planos-sequências
que simulam um filme totalmente sem montagem, mas com sutis cortes que separam
os atos.
quinta-feira, fevereiro 12, 2015
Dez filmes arruinados pelas novas tecnologias
quinta-feira, fevereiro 12, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Com as novas tecnologias cada vez mais intrusivas e onipresentes, o Cinema vive um paradoxo: os filmes não têm o menor problema para fazer o público acreditar em fantasmas, gremlins, maníacos sobrenaturais, feiticeiros, vampiros, poltergeists ou extraterrestres. Mas está cada vez mais difícil fazê-los aceitarem que o herói de um filme não esteja munido com a tecnologia necessária (smartphones, Ipads, GPS etc.) para frustrar as intenções do Mal. O avanço tecnológico está criando um impasse entre roteiristas e diretores: muitos plots de filmes do passado, hoje seriam impossíveis de serem realizados como “Esqueceram de Mim”, “Psicose” etc. Internet e dispositivos móveis estão cada vez mais inviabilizando os arquétipos clássicos do cinema que tornavam dramática a jornada do herói. Por isso, os roteiristas ou se voltam para filmes ambientados em décadas passadas ou fazem de tudo para anular esses dispositivos – perda de sinal etc., o que pode tornar o roteiro inverossímil. Vamos analisar uma lista de dez filmes cujos plots hoje seriam impossíveis de serem filmados.
terça-feira, fevereiro 10, 2015
Tecnologias de comunicação escondem o isolamento no filme "Bird People"
terça-feira, fevereiro 10, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
No meio do caminho entre o realismo documental e o sobrenatural, o filme “Bird People” (2014) do francês Pascale Ferran nos mostra os dilemas dos momentos da vida em que precisamos assumir riscos e dar saltos no vazio. Pessoas que transitam em espaços impessoais como aeroportos e hotéis e que tentam mascarar o isolamento por meio de tecnologias de comunicação como dispositivos móveis e computadores. Ferran nos mostra a contradição de como pessoas cercadas de interfaces de comunicação podem, ao mesmo tempo, sofrerem do mal da incomunicabilidade. Escondem o isolamento, mas sofrem os sintomas da claustrofobia e alienação. E sentem a necessidade de darem um salto nas suas vidas, assim como os pássaros e aviões.
"Garota Exemplar" e a tragédia como delineadora da vida, por Sonielson de Sousa
terça-feira, fevereiro 10, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Grande favorito
ao Oscar (provavelmente nas categorias Melhor Filme, Melhor Ator/Atriz, Melhor
Roteiro e Melhor Diretor, dentre outros) “Garota Exemplar” (Gone Girl, 2014) é um suspense de
aproximadamente duas horas e meia que tem a habilidade de mostrar a tênue linha
entre a normalidade e a face nebulosa das pessoas - a “Sombra” de que fala Jung.
"O Homem é o lobo do homem, em guerra de todos contra todos" (Thomas Hobbes)
Baseado no livro homônimo escrito por Gillian
Flynn, o filme trata da estória de Amy Dunne (Rosamund Pike), que na infância é
tratada pelos pais e por todos à sua volta com extrema excepcionalidade e que,
depois de casada, é obrigada a ter uma vida mediana e a morar no interior para
acompanhar o marido. Dunne desaparece no dia do seu quinto aniversário de
casamento, deixando o esposo Nick (Ben Affleck) em apuros. Neste ínterim, Nick torna-se
o principal suspeito do desaparecimento, e conta com a ajuda da irmã para tentar
provar sua inocência.
O diretor David Fincher (de Millennium – Os Homens Que Não Amavam as
Mulheres) transpôs para as telas, dentre outras coisas, o chamado “fruto
tardio do romantismo”, traduzido essencialmente como o que alguns intelectuais chamam
de “fracasso afetivo”, tema amplamente debatido pelos filósofos Luiz Felipe
Pondé (PUC-SP) e Daniel Omar Perez (Unicamp), e pelo pensador Michael Foley, só
para citar alguns. Neste processo, o amante é “incompleto e errante” e, no
fundo, procura “um encontro consigo mesmo sem ter a menor ideia do que procura
de si no outro” (PEREZ, 2014). No percurso, pode-se descobrir de forma dolorosa
que não é nada fácil (re)conhecer o outro (e, de quebra, a si mesmo).
domingo, fevereiro 08, 2015
Ligações perigosas nas séries "Felizes Para Sempre?" e "Questão de Família"
domingo, fevereiro 08, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
As séries televisivas “Felizes Para Sempre?” e “Questão de
Família” (Globo e GNT) apresentam sincronismos e insólitas coincidências
envolvendo autor, diretor e o timing dos episódios que parecem espelhar na
teledramaturgia notícias e imagens do telejornalismo da grande mídia . Estaria
a todo vapor funcionando uma correia de transmissão entre os núcleos de novelas
e o jornalismo da emissora? O sincronismo seria favorecido pelo vazamento
antecipado de informações das investigações do Judiciário? Por outro lado
poderia ser um sintoma do tautismo da TV Globo que, em crise, injeta realismo
na teledramaturgia para recuperar a relevância perdida? Ou são apenas eventos
sincromísticos?
Em 1982 ia ao ar na TV Globo a minissérie Quem Ama Não Mata, escrita por Euclydes
Marinho. Eram épocas de abertura política na ditadura militar. O título fazia
alusão a pichações nos muros de Belo Horizonte por conta do julgamento do
playboy Doca Street, acusado de ter matado a mulher Ângela Diniz. A minissérie
foi polêmica e contribuiu para o debate sobre os direitos da mulher numa
sociedade que procurava o caminho para a democracia.
Trinta e três anos depois, Euclydes Marinho escreve a minissérie Felizes Para Sempre?, retornando ao tema
dos dramas de relacionamentos de vários casais de uma mesma família da série de
1982. Somente que agora num contexto bem diferente: numa TV Globo que tenta
reverter a sua crise de audiência e que simultaneamente assumiu o papel de
oposição ao Governo Federal.
sexta-feira, fevereiro 06, 2015
Uma crítica irônica ao racismo europeu em "Charleston Parade"
sexta-feira, fevereiro 06, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Estamos em 2028. A Europa foi arrasada por uma guerra mundial e
Paris está em ruínas com poucos sobreviventes. Um explorador desce numa esfera
voadora e descobre um dos sobreviventes. Ela é uma mulher selvagem que, com seu gorila de estimação, dança nas ruas um ritmo estranho chamado Charleston. Esse explorador é negro e
vem da África que se tornou o centro da civilização, enquanto a Europa branca
tornou-se arruinada e selvagem. Estamos falando de algum filme distópico atual?
Não, esse é um estranho e irônico curta de ficção científica francês de 1927
“Charleston Parade” (Sur Un Air De Charleston) de Jean Renoir, filho do famoso pintor impressionista. O
curta é uma engraçada crítica politicamente incorreta ao racismo e colonialismo europeu. A produção tornou-se obscura e esquecida pelas diversas coletâneas do diretor. Mas
o “Cinegnose” descobriu e mostra para os leitores.
Filho do pintor impressionista francês
Pierre-Auguste Renoir, Jean Renoir foi um dos menos conhecidos pioneiros do
cinema. A carreira dele resultaria mais tarde em filmes realistas convencionais
como A Grande Ilusão (1935) e Regras do Jogo (1937). Mas a sua
primeira fase composta por filmes mudos foi subestimada e incompreendida no seu
tempo, obrigando Renoir a vender quadros do pai famoso para financiar seus
filmes.
Essa primeira fase composta de nove filmes mudos é marcada pelo
experimentalismo e temas engraçados e bizarros. Uma amostra dessa fase é o
surpreendente curta de ficção científica Charleston
Parade (1927) realizado em uma tacada só em três dias.
quinta-feira, fevereiro 05, 2015
O enigma da calma estoica de Alckmin
quinta-feira, fevereiro 05, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Enquanto a crise hídrica é anexada à energética pela grande mídia,
nacionalizando a pauta e sobrando as medidas impopulares para a presidenta
Dilma, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, passa incólume pela
crise. Alckmin tira vantagem de uma
blindagem midiática? A resposta não é assim tão simples, onde a grande mídia
supostamente teria poderes para operar uma lavagem cerebral em um Estado
inteiro. Uma pista talvez esteja no impagável apelido dado pelo colunista José
Simão ao governador em 2001: “picolé de chuchu diet”. O colunista foi profético
– pressentiu o papel que Alckmin desempenharia no futuro onde essa imagem “diet”
junto à opinião pública seria fundamental: o papel de líder de um Estado que,
de locomotiva da Nação, se transformaria em laboratório sócio-econômico de
dolorosas experiências neoliberais. Com sua “calma estoica”, Alckmin reflete um
novo conservadorismo baseado num mecanismo de defesa psíquico para os tempos
difíceis anunciados diariamente pela mídia.
Quando em 2001 o então vice Geraldo Alckmin
assumiu interinamente o cargo de governador de São Paulo em decorrência do
agravamento de saúde e posterior morte de Mário Covas, o colunista da Folha
José Simão o apelidou de “picolé de chuchu diet”.
Mal sabia o colunista que esse apelido seria profético:
Simão conseguiu sintetizar nessa impagável analogia a physic du rôle necessária a um político para o papel que
desempenharia no futuro – o de líder de um Estado que, de locomotiva da Nação,
se transformaria em laboratório social e econômico das experiências
neoliberais.
terça-feira, fevereiro 03, 2015
A mecânica quântica nas relações humanas no filme "Coherence"
terça-feira, fevereiro 03, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em uma noite amigos se reúnem para um jantar regado a vinho. Um cometa cruza o céu. O físico austríaco Schrödinger em 1935 imaginou a famosa experiência do gato preso em uma caixa para ilustrar os paradoxos da mecânica quântica. O filme "indie" “Coherence” (2013) junta esses três elementos para criar um dos mais inventivos roteiros dos últimos anos. Complexos conceitos da física quântica como “sobreposição”, “entrelaçamento” e “decoerência” são transferidos do mundo subatômico para as tensões das relações humanas. E se todos naquele noite estiverem na mesma situação angustiante do gato de Schrödinger? Mas também pode ser a oportunidade de realizar o sonho da segunda chance e corrigir as escolhas erradas de uma vida.
sábado, janeiro 31, 2015
Série "Mundo da Lua" previu crise atual da água em 1991?
sábado, janeiro 31, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Assistir ao episódio “Esquadrão do Sabonete” da série de TV brasileira
“Mundo da Lua” apresentado em 1991 é a oportunidade de ter uma desconcertante experiência de "dèjá
vu": teria lá no passado o protagonista Lucas previsto a atual crise da água? O
episódio reserva estranhas conexões entre passado e futuro – coincidências ou
sincronicidades? Essas possíveis conexões trazem a discussão sobre as
fronteiras entre ficção e realidade tal como propostas por escritores como Charles Bukowski e Philip K. Dick: para o primeiro, a realidade consegue
superar a ficção em bizarrice, por isso a literatura deve ser mais estranha que
o real; para o segundo, a realidade é o futuro como profecia auto-realizável. É
a hipótese sincromística: haveria um subtexto com linhas sincrônicas que dariam
um sentido (natural ou conspiratório) a uma realidade aparentemente caótica? Pauta sugerida pelo nosso leitor Carlos Vinícius.
Certa vez o escritor underground e maldito
Charles Bukowski (1920-1994) foi questionado sobre o porquê do seu estilo bizarro e
exagerado de escrever, para começar os títulos que costumava a dar aos seus
contos (“A Máquina de Foder”, “Kid Foguete no Matadouro, “Doze Macacos Alados
não conseguem trepar sossegados” etc.): “em um mundo onde notícias e
acontecimentos são tão estranhos, somente uma ficção literária bizarra pode
tentar superar a realidade”.
Essa estranha percepção de Bukowsky sobre o limiar entre a ficção
e a realidade vai de encontro a atual hipótese do Sincromisticismo: a
onipresença do contínuo midiático e a forma como os meios de comunicação
exploram verdadeiras egrégoras de formas-pensamento e arquétipos, torna os
limites entre ficção e realidade cada vez mais tênues e confusos – a vida imita
a ficção ou vice-e-versa?
sexta-feira, janeiro 30, 2015
Conteudismo: a doença infantil da comunicação
sexta-feira, janeiro 30, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
As estruturas de comunicação de instituições públicas são lentas
para reagir a ambientes midiáticos negativos. Mas no caso atual do Governo
Federal o problema não é de “timing”, mas principalmente do paradigma que orienta suas estratégias: o Conteudismo, a doença
infantil da Comunicação. Da vulgarização da utilização de filmes
em sala de aula para ilustrar de maneira linear conteúdos curriculares à ordem da presidenta Dilma
para que os ministros sejam “claros e precisos” e “comuniquem iniciativas e
acertos” para enfrentar a “batalha da comunicação”, todos partilham de um mesmo
equívoco: de que a questão da Comunicação se trata unicamente de transmissão de
conteúdos. O cenário midiático atual não se identifica mais com uma “batalha da
comunicação”, mas com verdadeiras “guerrilhas semióticas” – recursos formais de
linguagem que visam muito mais corações do que mentes, muito mais construção de
percepções do que transmissão de conteúdos. Guerrilhas semióticas têm a ver com batalhas de percepções e não de informações.
Quando o videocassete surgiu no Brasil nos anos
1980, foi recebido com euforia pelos professores. A imediata disponibilidade de
filmes que até então somente era possível de serem assistidos no cinema,
vislumbrou a imediata aplicação em sala de aula.
Assim como os espectadores comuns, os
professores se fixaram no conteúdo temático dos filmes que poderia ser
associado linearmente aos conteúdos programáticos de cada disciplina: aula
sobre a independência do Brasil? Exiba Independência
ou Morte com Tarcísio Meira para os alunos; algo sobre a Idade Média? O Nome da Rosa; Ditadura Militar? O
filme O Que é Isso Companheiro? E
ainda teve professor que para ilustrar o porquê da queda do Império Romano
apresentou o controvertido filme Calígula
– com o previsível escândalo do diretores, coordenadores e pais de alunos.
quarta-feira, janeiro 28, 2015
Filme "Borgman" mostra como uma família burguesa se autodestrói
quarta-feira, janeiro 28, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Esqueça a maldade representada pela tradição hollywoodiana: serial killers, monstros, psicopatas, terroristas, russos, árabes e vilões em geral (RAVs). Para assistir ao filme “Borgman” (2013), do diretor holandês Alex Van Warmerdan, o espectador deve ter em mente que está entrando no terreno do Mal surrealista e metafísico. O Mal na tradição gnóstica que, no Ocidente, tem na obra de Marques de Sade um dos seus melhores representantes. Em um mix de thriller, sobrenatural e humor negro, “Borgman” narra como uma típica família burguesa é capaz de se autodestruir até o limite da insanidade – e Camiel Borgman, um presumível sem-teto que um dia bate à porta da família, seria o suposto responsável por tudo – hipótese mais tranquilizadora para nós. Mas Van Warmerdan não pensa assim: e se o Mal não estiver nos espreitando? E se ele já estiver dentro de nós? Filme insistentemente (ainda bem!) sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende.
segunda-feira, janeiro 26, 2015
O fantasma da adolescência no filme "Divergente"
segunda-feira, janeiro 26, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O fantasma da adolescência assombra o Capitalismo: como estender o
período da vida que conhecemos como “juventude”, com toda a sua ansiedade e
revolta, com a finalidade de adiar cada vez mais a entrada do jovem no mercado de
trabalho? Filmes como "Divergente" (Divergent, 2014) é um exemplo da solução
desse problema e, ao mesmo tempo, a descoberta de uma inesgotável fonte de
lucros. Em cada década a indústria do entretenimento explorou essa
“adolescência estendida”: rebeldes sem causa, punks, darks, góticos, emos. E
agora, rebeldes “teens distópicos” de filmes como “Jogos Vorazes” ou “Ender’s
Games”. Baseado em mais um indefectível romance infanto-juvenil, o filme
“Divergente” traz a ambígua mensagem desses novos tradicionalistas de início de
século: revoltem-se, sejam audaciosos, mas se abstenham de drogas e sexo e na
segunda-feira voltem para a escola.
Divergente (Divergent, 2014) é
mais um filme que se associa a outras franquias infanto-juvenis de sucesso como
Crepúsculo e Jogos Vorazes. Desde Harry
Potter (2001) Hollywood vem expandindo essa tendência em adaptar para as
telas best sellers para o público
jovem. Nesse início de século, a lista já é extensa, só para citar alguns: Eu Sou o Número 4 (2010), Cidade
das Sombras (2008), Jogos
Vorazes (2012), Instrumentos Mortais
(2013), Ender’s Game (2013), Percy Jackson (2010) entre outros.
A procura da própria identidade e a descoberta
do sexo e do amor são os temas universais da adolescência presentes nesses
filmes, cujo desenvolvimento é amarrado por uma fórmula que parece comum:
protagonistas que levavam uma vida aparentemente normal até um dia descobrirem
que possuem estranhos poderes e que, por isso, são vigiados por entidades
sombrias ou sistemas totalitários distópicos. E no transcorrer dessas sagas
cinematográficas descobrirão o sexo e o amor que, em geral, tendem ou para os
amores platônicos e impossíveis, ou então simplesmente para a abstinência
sexual como um valor positivo.
sexta-feira, janeiro 23, 2015
A Ponte Estaiada é uma bomba sincromística?
sexta-feira, janeiro 23, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Foto: André Nunez |
“Estilingão”, “X” da Xuxa”, “X” dos analfabetos foram alguns dos apelidos recebidos pela Ponte Estaiada Otávio Frias de Oliveira quando inaugurada em 2008 na cidade de São Paulo. Certamente sintomas da perplexidade de uma estrutura em “X” equivalente a um prédio de 46 andares de onde saem estais que sustentam pistas sobrepostas em curva. Para além da funcionalidade viária, a ponte nasceu para ser emblemática, midiática e símbolo global. Para atingir essas funções ideológicas do “Soft-capitalismo” (midiático-financeiro), tornou-se um evento sincromístico: além dos feixes de estais, ela representa um feixe de simbolismos herméticos, esotéricos e matemáticos como a espiral de Fibonacci e o Homem Vitruviano de Leonardo da Vinci. Simbolismos que transformam a ponte numa celebração ritual de um Neo-Renascimento onde o mundo do mercado e dos negócios teria descoberto a beleza e simetria em meio ao caos. Seria a ponte uma bomba semiótica sincromística para diariamente fazer a apologia da Nova Ordem?
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