quinta-feira, fevereiro 01, 2024

Mídia no modo Alarme: pesquisa tautista dá folego ao lavajatismo



O jornalismo corporativo bate bumbo sobre o relatório “Índice da Percepção da Corrupção” da pouco transparente ONG Transparência Internacional – de relações promíscuas passadas com a Operação Lava Jato. Segundo a pesquisa, o Brasil caiu dois pontos no primeiro ano do governo Lula. É a grande mídia de volta ao modo alarme com a pauta da corrupção. Enquanto Moro é sacrificado como um anti-herói que, em seu último ato, deve morrer para salvar o seu legado: o lavajatismo. Por enquanto, corrupção ainda é vista como ameaça futura. A pedra angular da pesquisa é o conceito de “percepção”, confundida com “opinião”.  A questão é que a percepção não é um juízo pessoal, mas uma “ignorância pluralista” moldada pela consonância, acumulação e onipresença da pauta midiática.  Por isso, o índice da pesquisa é “tautista” (tautologia + autismo midiático): reflete apenas o ecossistema midiático - espelha o modus operandi da grande mídia na guerra híbrida.

terça-feira, janeiro 30, 2024

Sobre pescarias,"super lives" e operações da PF; flagrante da esquerda pavloviana na Secom; quem ganha com crise na Abin?


E a espuma midiática continua... com requintes semióticos bizarros como “Super Live” e camiseta de Israel, além Bolsonaro falando em peixes pescados em piscina... depois de ter saído para pescar antes da ação da PF. Vamos decodificar esse caos semiótico na Live Extra Cinegnose 360 #35, nessa quarta-feira (31/01), às 18h, no YouTube e Facebook. Depois dos costumeiros e trepidantes Comentários Aleatórios, vamos à Crítica Midiática do meio da semana:  a coreografia combinada da “Super Live” de Bolsonaro com operação da PF contra seu filho; “Toc,Toc,Toc” e “Grande Dia”: a reação da esquerda pavloviana;  um flagrante de como Secom e governo são reféns da pauta midiática; Vale, Mantega e a estratégia semiótica do “rocambole informativo”; a ironia da condecoração de Lula na USP; armas restritas para policiais: com agrojornalismo, Exército cria o problema para depois se apresentar como solução. E outras bombinhas semióticas.

sábado, janeiro 27, 2024

Rolling Stones; Carlos Jordy, Marielle Franco, Abin... crítica da espuma midiática semanal; drag queen comunista prevê fim do mundo!


Corram! Mudança climáticas e desenvolvimentismo estão chegando! Enquanto isso, Milei chama presidente da Colômbia de “comunista assassino” e uma drag queen comunista diz que o mundo só tem mais três anos antes de uma catástrofe climática final... Tá puxado entender as informações da mídia? Então venha participar da Live Cinegnose 360 #141, nesse domingo (28/01), às 18h, no YouTube e Facebook. Começando com os Rolling Stones na sessão dos vinis do humilde blogueiro: Rolling Stones, um sismógrafo da cultura pop. Também vamos discutir o filme com onze indicações ao Oscar: “Poor Things” de Yorgos Lanthimos, líder da “onda estranha” do cinema grego. E o filme “O Homem dos Sonhos”: quando as redes sociais se transformam no inconsciente coletivo. E na Crítica Midiática: dois flagrantes da cismogênese da retórica das mudanças climáticas: um doc sobre o Vale do Ribeira e as profecias de uma drag queen comunista; Carlos Jordy, Marielle Franco, Abin... a espuma midiática semanal; "Steadfast Defender 2024": a maior manobra militar da OTAN desde a Guerra Fria; um comparativo de jornalismo de guerra Folha/Estadão/Globo; Casas de apostas dominam mídia e futebol: o que isso significa? E mais algumas bombinhas semióticas... venha participar!

sexta-feira, janeiro 26, 2024

Um manifesto ciborgue e a reconfiguração do feminismo em 'Pobres Criaturas'


Yorgos Lanthimos, o diretor líder daquilo que os cinéfilos chamam de “onda estranha grega”, mais uma vez em “Pobres Criaturas” (Poor Things, 2023, com onze indicações ao Oscar) lança mão da estranheza. Com um tema obsessivo na sua obra, desde “Dente Canino” (2009): personagens totalmente incongruentes entre si no qual violência, amor, culpa, erotismo, misticismo e horror se misturam em espaços claustrofóbicos ou famílias que se transformam em prisões. Dessa vez, Lanthimos foca sua lente estranha nas questões de identidade e gênero numa espécie de releitura feminista do Frankenstein de Mary Shelley, adaptando o livro “Poor Things” de Alasdair Gray. Livro que certamente se inspirou no “Manifesto Ciborgue” que reconfigurou o feminismo ao se apropriar da figura hipermasculinizada do Ciborgue na cultura pop - a mulher como ser híbrido, parte biológica e que precisa se recompor com a parte técnica, para encontrar a si mesma.

terça-feira, janeiro 23, 2024

Na Live Extra: OMS, Davos e a "Doença X"; droga zumbi e protestos na Europa; existe burguesia industrial no Brasil?


O avô desse humilde blogueiro, português, dizia: “Nessa terra, em se plantando, tudo dá”... então pra quê indústria, essa reminiscência nostálgica getulista? Então, entre a utopia e a nostalgia, acontece a Live Extra Cinegnose 360 #34, nessa quarta-feira (24/01), às 18h, no YouTube e Facebook. Depois dos costumeiramente controversos Comentários Aleatórios, a Crítica Midiática do meio da semana com: OMS em Davos alerta para uma hipotética pandemia global da “Doença X”; não existe pecado abaixo do equador: mais delícias do capitalismo brasileiro sem risco; porque grande mídia brasileira esconde duas coisas: “epidemia zumbi” nos EUA e protestos dos agricultores na Europa; Casas de apostas e futebol: empresa francesa afirma estar “99% convencida” de possibilidade do Brasileirão 2023 ter sido manipulado; Programa Nova Indústria Brasil: Burguesia industrial brasileira vai mesmo se descolar da burguesia financeira? Aeronáutica não quer salvar Yanomâmis... mais vai salvar turistas ricos em Israel. Venha conspirar com os cinegnósticos nessa quarta-feira! 

sábado, janeiro 20, 2024

Jazz e Guerra Fria; mídia no modo freak out: Refinaria Alberto Lima e Enem dos concursos públicos; dengue será próxima pandemia global?


Lula chamou o pai de careca e a mãe de bicicleta! Grande mídia em modo freak out! Obras da refinaria Abreu Lima são retomadas, Lula fala em autossuficiência brasileira do diesel e aponta digitais dos EUA na Lava Jato! Lula sobe no trapézio e anda no arame. Vamos discutir esses e outros temas na Live Cinegnose 360 #140, nesse domingo (21/01), às 18h, no YouTube e Facebook. Começando com o jazz alemão do Fritz Pauer Trio: como o jazz foi utilizado como operação psicológica na Guerra Fria. Depois dos trepidantes Comentários Aleatórios, discutiremos o filme clássico “A Montanha dos 7 Abutres” (o jornalismo sujo, podre e canalha) e o amor em tempos de inteligência artificial com o filme “Intruso”. Na sessão dos livros, vamos nos deliciar com alguns aforismos. E na Crítica Midiática da semana: Bioimperialismo: a morte do Zé Gotinha; para OMS dengue é candidata a nova pandemia global; o trabalho de Sísifo de Haddad; Lula “acena” para militares: o efeito transmídia do 8/1; Carlos Jordy: mais um spin off do 8/1; o não acontecimento do imposto dos evangélicos; Freak out na grande mídia: Enem dos concursos públicos e refinaria Abreu Lima; a chantagem das companhias aéreas: capitalismo sem risco; por que grande mídia repete os clichês do “fazer a diferença” e da “empatia”? E outras bombinhas semióticas.

sexta-feira, janeiro 19, 2024

'A Montanha dos 7 Abutres': sujo, canalha, podre


“Eu posso lidar com notícias grandes e pequenas. Se não houver notícia, saio na rua e mordo um cachorro”, diz cinicamente Kirk Douglas, numa performance de gelar o sangue do espectador. Mais de meio século depois, “A Montanha dos 7 Abutres” (Ace in the Hole, 1951) continua afiado como um punhal. Um documento histórico de um momento em que o mercado de notícias estava transformando a face da sociedade, rivalizando com a própria indústria do entretenimento. O momento em que o jornalismo corporativo deixava de ser mera testemunha ocular dos fatos para ser a dona ou até criadora dos fatos. Kirk Douglas é um jornalista amargurado, expulso dos grandes centros e que vê num acidente em uma mina perdida no meio do deserto a chance de reavivar a carreira. Rapidamente a situação se torna um circo midiático sujo, podre e canalha, antecipando em décadas aquilo que apenas seria potencializado pelas novas tecnologias e redes sociais.

terça-feira, janeiro 16, 2024

Taylor Swift pra ministra da Economia! Uma semiótica da visita de Boulos à Marta Suplicy. Globo e o prato da vingança que se come quente



O ex “fazendeiro de bundas”, Luciano Huck, faz mediação de painel em Davos; mídia comemora a “revolução” do PIX; e jornalões dizem que Taylor Swift salvou economia brasileira em novembro. Esse é o patafísico início de ano que a Live Extra Cinegnose 360 #33 vai decodificar. Nessa quarta-feira (17/01/2024), às 18h, no YouTube e Facebook. Depois das ironias e paradoxos dos Comentários Aleatórios, a Crítica Midiática do meio da semana: os cinco maiores bilionários do planeta dobraram suas fortunas... e para grande mídia o problema é que são todos homens; Hipocrisia, Equador e narcotráfico; Taylor Swift para ministra da Economia do Brasil! Por que a pauta do jornalismo corporativo é “eleições municipais polarizadas”? Uma semiótica da visitaTaylor  de Boulos à residência de Marta Suplicy; Globo joga de uma vez Moro ao mar para salvar a si mesma; Modus operandi midiático é vingança é um prato que se come... quente: José Dirceu e Lava Jato.

sábado, janeiro 13, 2024

Live está de volta! Com bombas semióticas: polarização nem-nem, metonímicas, dos spin-offs do 8/1, da vaidade, da empatia...


O humilde blogueiro está de volta! Live Cinegnose 360 #139, nesse domingo (14/01), às 18h, no YouTube e Facebook. Como este Cinegnose estava de férias, mas sem deixar de acompanhar a distopia que nos cerca, teremos uma enxurrada de assuntos. Começamos com os vinis do humilde blogueiro: Diana Washington, jazz e uma vida autêntica abreviada. Na sessão do Cinema e audiovisual vamos de três filmes: “Saltburn” (a “rich exploitation”), o brasileiro “Retratos Fantasmas (memórias em ruínas) e “A Sociedade da Neve” (canibalismo e horror cósmico). Na sessão dos livros, vamos discutir o conceito de castas. E na Crítica Midiática: o ano começa com jornalismo metonímico e contaminações semióticas... e o ano na Globo começa com o Japão como reserva moral dos brasileiros; Haddad: a vaidade é o pecado predileto do diabo; a bomba semiótica transmídia do 8/1 com mais spin-offs; violência no Equador... e Globo News preocupa-se com EUA; Eleições municipais: a polarização semiótica “nem-nem”; as bombas semióticas da “Empatia” e do “fazer a diferença”; a retórica da distopia high tech de Musk... e, como sempre, outras bombinhas semióticas. 

Canibalismo e horror cósmico em 'A Sociedade da Neve'


A história dos sobreviventes dos Andes (o acidente aéreo de 1972 com dezesseis sobreviventes entre 45 pessoas a bordo) já foi contada e recontada na literatura e cinema – sempre com o toque sensacionalista do canibalismo. Mas em “A Sociedade da Neve” (2023), do diretor espanhol J.A. Bayona, a questão do canibalismo é colocada num cenário mais amplo: o do horror metafísico ou cósmico, com forte traço gnóstico. Os planos grandiosos dos Andes os infinitos campos de neve contrastando com fragilidade dos sobreviventes diante da escala do cenário acentuam a absoluta indiferença da Natureza diante da presença humana. Ali não há Deus, propósitos divinos, sentido ou sequer destino. Apenas a fúria dos elementos. Diante da “morte de Deus” resta o pós-humano: o homem tornar-se uma máquina de sobrevivência tão furiosa quanto a Natureza – e o canibalismo é apenas um elemento nesse quadro mais geral.

quinta-feira, janeiro 11, 2024

Filme 'Intruso' e o amor na era da inteligência artificial


A premissa de “Intruso” (Foe, 2023) soa familiar, sobre a ideia de robôs e androides se tornarem tão reais que percamos as fronteiras entre simulação e realidade. Mas, lembre-se! Não estamos mais diante de replicantes sencientes e autônomos. Mas agora lidamos com inteligência artificial machine learning – algoritmos que “aprendem” conosco e não mais emulam, mas imitam. Num futuro em que o planeta está ambientalmente agonizante e a saída é o espaço sideral, um casal que mora em uma fazenda remota no Centro-oeste americano recebe a visita de um representante do governo convocando o marido para uma missão em uma colônia em outro planeta. Para dar continuidade ao casamento, no lugar ficará um clone com o qual a esposa nem perceberá a diferença. Para garantir isso, um pesquisador deverá passar um tempo com o casal para recolher o máximo de informações para que o clone seja o mais real possível. Em “Intruso” acompanhamos o que poderá ser o amor em tempos de inteligência artificial. 

sábado, janeiro 06, 2024

Culpa e fúria nos 40 anos da série 'Chaves' no Brasil



Está fazendo 40 anos da estreia da série mexicana “Chaves” (El Chavo Del Ocho) aqui no Brasil Criado por Roberto Gómez Bolaños, falecido em 2014, era apelidado de Chespirito - “Pequeno Shakespeare”. Mas ele sempre esteve muito mais próximo de Stephen King e do escritor francês Camus. Se King dizia que o inferno era a repetição e Camus via no homem moderno atualização do mito de Sísifo, Bolaños vai mixar esses insights em uma pequena vila de pobres e remediados em algum lugar no Distrito Federal do México. Uma galeria de personagens que parecem condenados a repetir seus pecados na eternidade, assim como Sísifo rolava uma pedra montanha acima numa tragédia sem fim. Mas se fosse apenas isso, “Chaves” não seria tão cultuado por tantas gerações. Há algo mais: se por um lado a série revela um sentido auto moralizante onde cada personagem repete "ad aeternum" seus pecados mortais, do outro ninguém demonstra o menor respeito pela Ordem, seja a de Deus ou a do Diabo. A receita de um cult: a ambígua da mistura da culpa com a fúria.

quinta-feira, janeiro 04, 2024

Filme 'Saltburn' e a "rich exploitation' de uma aristocracia que perdeu seus predadores naturais


A produção original Amazon “Saltburn”, de Emerald Fennell (“Bela Vingança”) é uma combinação explosiva de sexo com luta de classes. Mais uma produção de uma tendência dos últimos anos que poderíamos definir como subgênero “rich exploitation”: obscenamente ricos que se autodestroem. Mas “Saltburn” explora uma faceta do topo da pirâmide social: os aristocratas, aqueles que apenas herdam a riqueza com um senso quase ingênuo de nobreza – sem predadores naturais, basta apenas um pequeno empurrão para que tudo desabe. Um jovem proveniente da classe trabalhadora chega à exclusiva universidade de Oxford para conviver com jovens herdeiros que não têm a menor necessidade de estarem ali. A não ser justificar para a sociedade a sua absurda riqueza. “Saltburn” é uma espécie de remix de “O Talentoso Ripley”, porém transitando entre o thriller sexual e o humor sombrio.

quarta-feira, janeiro 03, 2024

Memórias em ruínas no filme 'Retratos Fantasmas'


As ruínas nos fascinam. Desde o início da arqueologia moderna, influenciou a sensibilidade artística criando um imaginário associado a memórias, fantasmas e desaparecimento até chegar, no século XX, ao “princípio das ruínas” como propaganda e estética política nazista: ruínas como inspirações para as gerações futuras. Kleber Mendonça Filho consegue representar esse imaginário em “Retratos Fantasmas” (2023) através de uma jornada pessoal e sociopolítica pelas memórias trazidas pelas ruínas urbanas: da casa vizinha ao edifício em que mora aos cinemas de rua abandonados do Centro do Recife. Como a modernidade cria incessantemente ruínas. E como nos relacionamos com elas através das memórias. Além de as ruínas apontarem para o futuro quando salas de projeção viram templos religiosos.

sábado, dezembro 30, 2023

A morte é a única coisa que nos une na série 'Fim'


A única certeza que nos acompanha por toda vida é que um dia vamos morrer. É aquilo que nos separa (nossos amores e amigos vão morrendo, deixando buracos em nossas vidas), mas ao mesmo tempo nos une: diante da morte somos todos iguais. Nessa trajetória em direção do fim, duas questões emergem: por que uma coisa tão boa como o amor, de repente não funciona mais? E por que, a certa altura, tudo de bom que a vida nos deu começa a ser retirado? Esses são alguns temas que ecoam na série original Globoplay “Fim” (2023). Tudo começa no velório com um grupo de amigos de longa data. Suas vivências, memórias, desilusões e, principalmente, a fugacidade do amor, da felicidade e a incomunicabilidade das relações humanas marcam a série. Fazendo lembrar a interpretação de Albert Camus ao Mito de Sísifo.

sexta-feira, dezembro 29, 2023

Robô "ataca" engenheiro na Tesla: a retórica do capitalismo high tech distópico de Elon Musk


“Revolução das máquinas!”. “Homens X Máquinas!”. “Robô ataca engenheiro!”. Foi com essas manchetes sensacionalistas que a mídia noticiou um acidente ("ataque" para a mídia) ocorrido na fábrica da Tesla em Austin, EUA, envolvendo um robô da linha de montagem. Matérias híbridas de jornalismo e marketing, que se alinham a uma paradoxal retórica de Elon Musk que poderíamos chamar de “capitalismo high tech distópico”. O bilionário já falou que estamos presos na Matrix e devemos fugir. Depois falou da necessidade da colonização de Marte para escaparmos da guerra nuclear. E agora alerta que a inteligência artificial ameaça extinguir a humanidade. A Mídia adora essa retórica de Musk: é sensacionalista e garante click baits. Mas também possui uma mais valia ideológica: por trás desse fetichismo distópico de máquinas que supostamente poderiam se tornar sencientes, ocultar o velho capitalismo tão bem apresentado por “Tempos Modernos” de Chaplin – das linhas de montagem aos algoritmos, a inovação tecnocientífica nada mais é do que a codificação das intenções, opiniões e predisposições econômicas e ideológicas codificadas pelos seus criadores: a elite tecnológica à serviço da burguesia. 

terça-feira, dezembro 26, 2023

Contra as bombas semióticas da "Empatia" e do "Faça a diferença"

“Empatia” e “faça a diferença” são expressões que marcaram 2023. Apareceram em todos os lugares: no colunismo e editoriais da grande mídia, em vídeos publicitários das grandes marcas globais, nos discursos motivacionais corporativos, na literatura de autoajuda. Viraram palavras mágicas através das quais podemos supostamente fazer uma sociedade melhor e mudar o mundo! Há uma relação direta entre o aumento da polarização política e escalada midiática dessas palavras, consideradas antídotos para todas as mazelas do ódio e intolerância. O mais irônico, é que aqueles que lançam essas palavras mágicas como slogans ou hashtags foram os responsáveis pela doença que supostamente pretendem curar: o jornalismo de guerra que deu visibilidade ao extremismo político e fundações privadas educacionais de bilionários que financiaram a cismogênese brasileira. “Empatia” e “faça a diferença” viraram bombas semióticas do “Sim!” que retroalimentam aquilo que simulam querer sanar.

domingo, dezembro 24, 2023

Em 'Paisagem com Mão Invisível' o Capitalismo é extraterrestre



O filme “Paisagem com Mão Invisível” (Landscape with Invisible Hand, 2023, disponível na Amazon Prime Video), adaptação do livro homônimo de M.T. Anderson, é um curioso mix de Economia Política e ficção científica. Fazendo alusões a duas coisas bem atuais: exclusão e precarização do trabalho no novo salto tecnológico do capitalismo; e as teses de estudiosos do fenômeno Ovni de que governos e elites econômicas não só sabem da presença alien nesse planeta, como também o salto tecnológico das últimas décadas veio da colaboração dessas elites com extraterrestres. Uma conspiração entre a elite e aliens contra a maioria dos seres humanos tornados obsoletos por hologramas e Inteligência Artificial. O filme é uma sátira sombria de um contexto que o Fórum Econômico Mundial define como “Grande Reset Global do Capitalismo”.

sexta-feira, dezembro 22, 2023

'O Homem dos Sonhos': quando as redes sociais se transformam no inconsciente coletivo


Quando o psicanalista suíço Jung formulou a teoria dos arquétipos e do inconsciente coletivo, não pensava que um dia haveria uma tradução eletrônica desse campo onírico coletivo: a Internet e as redes sociais. Uma tradução tão irônica que o diretor e escritor norueguês Kristoffer Borgli (“Sick of Myself”) imaginou uma curiosa metáfora: sem fazer o menor esforço, um homem torna-se viral ao aparecer recorrentemente nos sonhos de um número crescente de pessoas, um estranho fenômeno análogo ao déjà vu ou uma espécie de “Efeito Mandela”. Transforma-se numa celebridade involuntária sem o menor controle sobre sua imagem. Até o momento em que os sonhos começam a se transformar em pesadelos. Este é o filme “O Homem dos Sonhos" (Dream Scenario, 2023), no qual mais uma vez Nicolas Cage cria meta camadas de si mesmo. As coisas se complicam quando agências de marketing digital e uma startup tecnológica começam a se interessar pelo fenômeno, criando cenários bizarros de uma comercialização selvagem.

terça-feira, dezembro 19, 2023

Na última Live do ano, saboreie o puro suco de Brasil: o bunker da elite; sequestro mal explicado; toxicomania de minorias e de massas etc.


Na última Live do ano, venha experimentar o sabor do puro suco de Brasil. É na Live Extra Cinegnose 360 #32, nessa quarta-feira (20/12), às 18h, no Facebook e YouTube. Depois da últimos e controversos Comentários Aleatórios do ano, vamos experimentar o suco de Brasil na Crítica Midiática do meio da semana: as facetas do Brasil profundo no caso da policial civil assassinada num bunker de elite no Jardim Paulistano e no mal explicado sequestro do ex-jogador Marcelinho Carioca; o caso do “Heisenberg” bolsonarista Renato Cariani: a diferença entre toxicomania de minorias e de massas; reforma tributária e moralismo econômico: o imposto do pecado; jornalismo clickbait: jogador do Flu John Kennedy faz alusão a traficante quando faz gol; como o caso Ana Hickman vira uma bomba semiótica de extrema direita; Itaú é feito do futuro... roubado de nós: Itaú e Bradesco ganham fortunas com dinheiro brasileiro investido nos EUA; pau que bate em Chico...: TCU vai fazer auditoria nos presentes de Lula; a nova estratégia de comunicação do governo: dialogar com bolsonaristas.

sábado, dezembro 16, 2023

Sete teses sobre Mídia e Política; para 'O Globo' gatos causam esquizofrenia e Dilma não é mulher; comunista no STF: Lula acertou?


O primeiro juiz comunista em uma corte suprema num país capitalista de uma neocolônia digital... Essa nem Lênin apostaria... Lula acertou? Vamos discutir isso dentro de uma semana de intensos ataques e contra-ataques semióticos, na Live Cinegnose 360 #138, nesse domingo (17/12), às 18h, no YouTube e Facebook. Começaremos com o som atmosférico sombrio da banda “Interpol”: o zeitgeist da virada de milênio preparou os atentados de 2001 nos EUA. E depois dos trepidantes Comentários Aleatórios, vamos discutir os filmes “O Mundo Depois de Nós” (o apocalipse da cismogênese e caos administrado) e “Esqueceram de Mim” (a quebra do elo geracional por trás do clássico natalino). Sessão especial dos livros do humilde blogueiro: As Sete Teses sobre Mídia e Política no Brasil. E na Crítica Midiática da Semana: do “comunista” Flávio Dino no STF à derrota acachapante do Governo na derrubada dos vetos de Lula: uma guerra semiótica; Gatos podem contaminar tutores com esquizofrenia: jornal O Globo e agenda setting biopolítica; ciclovias de Haddad em SP: o reconhecimento tardio do Estadão; Dilma na primeira classe: para O Globo Dilma não é mulher. Venha também ser comunista na Live Cinegnose 360.

'Esqueceram de Mim': quando as festas de final no ano viraram o alívio cômico da família


Com a proximidade das festas de final de ano, a grande mídia é tomada matérias jornalísticas, filmes e séries repletas de contos motivacionais e morais com histórias de reformas íntimas e promessas de Ano Novo em se tornar uma pessoa melhor, mais empática e otimista. Nessa onda de final de ano certamente se destacam as indefectíveis reprises do clássico “Esqueceram de Mim” (Home Alone, 1990), mostrando que o filme resiste ao tempo e a cada exibição parece se tornar melhor. O que fez “Esqueceram de Mim” virar um clássico de Natal? Desde o seu lançamento, o filme mostrou que era muito mais do que um filme infantil de Natal – além de revisitar os arquétipos do abandono e separação ainda vivos na infância, a narrativa da negligência dos pais de Kevin reflete o drama da quebra do elo geracional das famílias modernas. O clássico oferece o alívio cômico em humor negro para o mal-estar das famílias no final de ano: rir de si mesma.

quinta-feira, dezembro 14, 2023

O apocalipse da cismogênese e do caos administrado em 'O Mundo Depois de Nós'


A produção Netflix “O Mundo Depois de Nós” (Leave the World Behind, 2023) parece mais um filme sobre apocalipse: o que está acontecendo? Um ataque cibernético? Um apocalipse geomagnético? Um ataque terrorista? Pouco importa. Estamos diante de um curioso filme “alt-apocalipse – o fim do mundo como o conhecemos é um mero pretexto para discutir outra questão: como cada vez mais nos isolamos, nos dividimos e polarizamos num ecossistema midiático que nos deixa cada vez mais vulneráveis. Ninguém precisa empurrar as pessoas para um penhasco. Apenas as empurre na direção do penhasco que elas farão o resto por conta própria. Se “Não Olhe para Cima” discutia como as bolhas das redes sociais nos tornam cegos e solipsistas, “O Mundo Depois de Nós” vai além: como o atual ecossistema midiático (ou mesmo a ausência dele no fim do mundo) cria cismogêneses e caos administrado. 

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