sábado, dezembro 29, 2018
Esquerda desarmada diante das operações psicológicas "alt-right"
sábado, dezembro 29, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Fotos de Bolsonaro e do futuro ministro da Casa Civi, Onix Lorenzoni, cuja angulação e recorte sugerem ao fundo expressões como “anta” ou “traição governa”; vídeo do capitão reformado lavando roupas no tanque; outro vídeo do presidente eleito com a faca na mão em um churrasco debochando do próprio atentado que sofreu. Tudo material distribuído pela assessoria do presidente, pautando a grande mídia e a indignação da esquerda, como matéria-prima para os protestos que acabam virando apenas “metamemes”. Continua em ação uma estratégia muito mais de comunicação do que de propaganda. Uma operação psicológica baseada nos mecanismos de dissonância e ambiguidade diante da qual a esquerda está paralisada e desarmada, incapaz de compreender a linguagem “alt-right”, a ultradireita alternativa, surgida diretamente de sites como o “4chan” (EUA) ou do “Corrupção Brasileira Memes”(CBM, Brasil). Uma linguagem cuja mão de obra criadora é farta: a geração NEET (Not currently engaged in Employment, Education or Training) ou “Nem-Nem”, cuja desesperança e niilismo ganharam expressão política depois de anos de animações politicamente incorretas como Os Simpsons, Beavis and Butt-head, South Park, American Dad e o Rei do Pedaço.
quinta-feira, dezembro 27, 2018
Algoritmos, novos aliens e psicologia reversa por trás do filme "Bird Box"
quinta-feira, dezembro 27, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Há algum algoritmo do Netflix por trás do filme “Bird Box”? – pergunta-se a crítica especializada. Se algum tipo de Inteligência Artificial elaborou a narrativa do filme baseado em livro homônimo de Josh Malerman, certamente seus algoritmos devem estar bem atualizados com a nova tendência do subgênero “apocalipse alien”: Agora esses seres surgem furtivamente, com estratégias ambíguas que exploram, principalmente, as fraquezas humanas – medo, desconfiança, traição, ambição etc. Dessa vez, o gênio maligno alienígena veio explorar o maior ponto fraco sensorial humano na atual sociedade das imagens, do espetáculo e das mídias: a visão. Como se salvar anulando a visão numa sociedade que nos exalta a ver? “Bird Box” apresenta o ponto fraco da psicologia humana: a psicologia reversa – quando o aviso “não olhe!” torna-se uma persuasiva arma alienígena.
segunda-feira, dezembro 24, 2018
"Cinegnose" faz nove anos, na direção da primeira década
segunda-feira, dezembro 24, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em dezembro, o “Cinegnose” completa nove anos de existência, aproximando-se da primeira década de intensas atividades – postagens, cursos e palestras. Em todo esse tempo, o “Cinegnose” passou por dois momentos de mudança: no terceiro aniversário (2012), quando deixamos de ser um site “sobre Gnosticismo” para se tornar “Gnóstico” – a criação de um olhar gnóstico (ontológico, sincromístico, irônico e sintomático) mais amplo para Cinema, Cultura e Sociedade. E agora no seu nono aniversário: esse “olhar gnóstico” coverte-se num pressuposto metodológico para a Teoria da Comunicação, Semiótica e Crítica Ideológica. Por quê? Porque a realidade é uma ilusão. Mas não uma ilusão qualquer, como “mentira” ou “falsa consciência”. Mas porque a realidade cada vez mais imita roteiros cinematográficos e narrativas ficcionais. Cada vez mais se aproxima do Cinema, a moderna Caverna de Platão.
sábado, dezembro 22, 2018
A ilusão das festas de Ano Novo no filme "Goodbye, 20th Century"
sábado, dezembro 22, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Sombrio, artístico, apocalíptico e surreal. Essas palavras sintetizam “Goodbye, 20th Century” (Zbogum na dvaesetiot vek, 1998), definitivamente um filme para cinéfilos aventureiros. Dirigido por dois diretores macedônios, Darko Mitrevski e Aleksandar Popovski, começa num deserto pós-apocalíptico ao estilo Mad Max para terminar num velório que se degenera em sangue e violência ao som de “My Way”, na versão punk rock de Sid Vicious. Um filme cujo pôster promocional da época resumia o filme da seguinte maneira: “como o Papai Noel, em fúria, destruiu o nosso mundo”. Uma reflexão para as festas de final de ano de que, na verdade, tanto o Tempo como a “passagem de ano” não existem. São uma persistente ilusão que escondem um eterno retorno. E como esquecemos do principal simbolismo das festas de Ano Novo: a dupla face do deus Janus – uma que olha esperançoso para o futuro; e a outra que procura entender os erros do passado. Assista ao filme aqui no “Cinegnose”.
quinta-feira, dezembro 20, 2018
Em "Uma Noite de Crime 2: Anarquia" o Capitalismo quer eliminar o "excremento social"
quinta-feira, dezembro 20, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
São
as raras as sequências que superam o filme original. “Uma Noite de Crime 2:
Anarquia” (“The Purge: Anarchy”, 2014) é um desses raros casos. Não pela
estética que, como no original, emula uma produção B. Mas porque é um perfeito
documento do espírito de época atual, pós-globalização, no qual o
hiper-capitalismo financeiro procura criar uma nova ordem a partir do rescaldo
da crise de 2008: o aumento do "excremento populacional" (idosos, aposentados, inválidos, imigrantes,
excluídos, miseráveis, refugiados etc.) que nem mais para serem explorados
servem. Se o primeiro filme refletia as reações da ultra-direita contra o
“Obama Care”, nessa sequência o roteiro de James DeMonaco reflete a nova ordem
pós-globalização: formas invisíveis de controle populacional com o objetivo de
exterminar o “excedente humano”. DeMonaco dá ao espectador nessa sequência uma
noção mais ampla dos efeitos e propósitos da “Purgação” – a noite anual em que
todas as formas de crime são permitidas, sob o pretexto de servir de válvula de
escape para a besta interior presente em cada um de nós, garantindo a ordem
social. Mas os propósitos de controle social são mais sombrios.
domingo, dezembro 16, 2018
Como envenenar psiquicamente um povo no filme "Os Demônios"
domingo, dezembro 16, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
“Os Demônios” (“The Devils”), de Ken Russel, é um filme tão blasfemo, obsceno e relevante hoje quanto foi em 1971. Um terror religioso épico e uma contundente crítica do abuso do poder político. Um filme sobre fatos históricos ocorrido no século XVII (um padre condenado à fogueira acusado de bruxaria), filmado no século XX, mas que continua atual no século XXI: os tribunais eclesiásticos da Inquisição foram muito mais do que produtos do fanatismo religioso. Foram instrumentos de “lawfare” para a dominação política da Igreja. Em “Os Demônios” a Inquisição é um instrumento de uma estratégia mais ampla que hoje chamamos de “Guerra Híbrida”: como envenenar psiquicamente uma cidade através da sua maior vulnerabilidade: um Convento de freiras dominadas pela histeria de massa é o pretexto para derrubar a liderança do padre Urbain Grandier, opositor à monarquia absolutista de Luís XIII e do Cardeal Richelieu.
quinta-feira, dezembro 13, 2018
Satanás é o último dos humanistas em "Últimos Dias no Deserto"
quinta-feira, dezembro 13, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A
maior história AstroGnóstica de todos os tempos. De “Jesus Cristo Superstar” a “A
Última Tentação de Cristo”, Jesus já foi humanizado de todas as maneiras:
dúvidas, tentações, medos etc. Mas nada igual ao despretensioso filme “Ultimos
Dias no Deserto” (2015) de Rodrigo Garcia. Nos 40 dias que Jesus passou no
deserto orando, jejuando e pedido orientação do seu Pai, a única voz que ouviu
foi a de Satanás. Logicamente, o demônio no início vai explorar as fraquezas de
uma divindade prisioneira em um corpo humano. Mas Satanás fará (e se revelará)
muito mais do que isso. Enquanto Jesus tenta minimizar os conflitos da relação
pai e filho de uma família que lhe deu água e abrigo, Satanás mostrará que está
sempre um passo à frente. Como se antecipasse todos os pequenos detalhes de uma
história que parece já conhecer de antemão. Como se a Criação fosse uma
repetição na qual, curioso, Satanás tenta entender o propósito de tudo.
Olhando pelo ponto de vista da humanidade prisioneira em uma repetição cósmica.
Seria Satanás o último dos humanistas em “Últimos Dias no Deserto”? Filme sugerido pelo nosso leitor Matheus de Alcântara.
quarta-feira, dezembro 12, 2018
Com João de Deus, Manchinha e bonapartismo de Bolsonaro, Globo aperta os nós para 2019
quarta-feira, dezembro 12, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Depois de décadas de controvérsias, acusações de assassinato, pedofilia e abusos sexuais, repentinamente “a verdade bateu à porta”, como disse Pedro Bial, e seu programa deu a partida para a caça ao médium-celebridade João de Deus, com atualizações diárias que já rivalizam com a meganhagem também diária das prisões da PF nas telas. Sabemos que para o jornalismo da Globo não basta apenas a verdade “bater a porta” – é necessário a “verdade” ter timing e oportunismo dentro das estratégias políticas da emissora. Soma-se a isso a também repentina indignação e atualizações diárias sobre o espancamento e morte do cão “Manchinha” em um hipermercado em Osasco/SP, uma notícia que na paginação tradicional dos telejornais seria colocada no bloco das notícias diversas. Tudo na semana do vazamento de movimentação atípica de dinheiro na conta de assessor de Flávio Bolsonaro, pressão da grande mídia por explicações e a resposta “bonapartista digital” de Jair Bolsonaro na sua diplomação no TSE: “o poder popular não precisa de intermediação”, apostando nas novas tecnologias para governar o País sem a grande mídia. Fala-se que a Globo “não dá ponto sem nó”: quais nós a TV Globo está apertando para 2019 com essas “anomalias” jornalísticas no final do ano?
domingo, dezembro 09, 2018
A civilização se enxerga no abismo no filme "Cold Skin"
domingo, dezembro 09, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Nietzsche nos alertava que quanto mais olharmos para o abismo, mais ele se parecerá conosco. A co-produção Espanha/França “Cold Skin” (2017), do diretor Xavier Gens, vai desenvolver esse insight do filósofo alemão em um mix de Nietzsche (o abismo da não-razão que espelha a razão humana), Charles Darwin (monstros de uma ilha que parecem negar as leis da evolução) e o horror ao estilo de H. P. Lovecraft com elementos do fantástico. Um meteorologista vai trabalhar em uma ilha nos confins da Terra para lá encontrar o operador de um farol em uma guerra particular com criaturas humanoides que parecem negar toda a racionalidade humana representada nas leis evolucionistas. O simbolismo das luzes do farol que tenta iluminar as trevas é o das luzes da razão humana. Mas, como sempre, o homem esquece que essas mesmas luzes também produzem sombras.
sábado, dezembro 08, 2018
"Coletes Amarelos" na França: a revolução não será televisionada!
sábado, dezembro 08, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Até aqui a grande mídia passa batida para “o déjà vu” dos protestos dos “coletes amarelos” na França: em 2013 as chamadas “Jornadas de Junho” no Brasil foram narradas da mesma maneira como hoje noticiam os protestos franceses – “espontâneos”, “apartidários” e que “começam de forma pacífica, mas que acabam tendo atos de vandalismo...”. Também como em 2013, surgem analistas que veem “o novo” na Política ou “quebra do monopólio da narrativa midiática”. Aqui no Brasil vimos no que deram as Revoluções Populares Híbridas. Na Europa estão sincronicamente conectadas com o tour de Steve Bannon (ex-assessor da campanha de Trump) pelo continente para unificar a direita num “movimento internacional de nacionalistas”. Os “coletes amarelos” são icônicos e as câmeras os amam, saturando de significados suas fotografias e vídeos. A revolução não será televisionada: a mídia não está relatando o que as pessoas fazem; relatam apenas o que as pessoas fazem para obter a atenção da mídia para o Capitalismo dar um novo salto – o populismo de direita.
domingo, dezembro 02, 2018
Alarme do Ciberespaço! Tempo Real destruirá a Democracia
domingo, dezembro 02, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Einstein teria falado sobre a “segunda bomba”: A bomba eletrônica, depois da atômica. Uma bomba na qual o que o tempo real é para a informação corresponderia ao que a radioatividade é para a energia. Em artigo de 1995, publicado na “Le Monde Diplomatique”, intitulado “Vitesse et Information: Alerte Dans le Cyberespace!”, o urbanista e pensador francês Paul Virilio alertava para o “grande evento que dominará o século XXI”: a corrosão da Democracia pelo tempo real das redes digitais. Um novo complexo militar que o Pentágono iniciava naquele ano – uma “revolução no exército junto com uma guerra do conhecimento que substituirá a guerra de campo”. Eram os esboços cibernéticos que hoje se transformaram em engenharia política. A vitória de Bolsonaro foi um dos laboratórios da corrosão da representação política pelo tempo real. E agora, os protestos dos “coletes amarelos” na França promete que essa engenharia será global.
sábado, dezembro 01, 2018
Cartografias AstroGnósticas do Além em "Destino Especial"
sábado, dezembro 01, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Um filme que ecoa John Carpenter, Spielberg e Stephen King. “Destino Especial” (Midnight Special, 2016) é muito mais do que um filme AstroGnóstico – categoria de filme gnóstico no qual nossa empatia se volta para aliens exilados nesse mundo tentando retornar para sua casa, como uma metáfora da própria condição humana. Um menino dotado de poderes especiais tenta retornar para seu lar, fora desse mundo, enquanto uma seita religiosa e o Governo tentam capturá-lo. Mas, diferente de muitos outros filmes Astro Gnósticos, o lar distante não está nas estrelas, planetas ou universos alternativos. Mas muito mais perto do que possamos imaginar numa espécie de nova "cartografia do além": se estamos exilados nesse mundo, de onde viemos?
domingo, novembro 25, 2018
Curta da Semana: "Big Data - L1ZY" - os fantasmas que assombram a Internet
domingo, novembro 25, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Uma típica família de classe média suburbana passa a ser assombrada por um novo dispositivo de Inteligência Artificial. “Big Data – L1zy” é um curta sombriamente satírico ao melhor estilo “Black Mirror”, mas emulando um “infomercial” típico das TVs norte-americanas. “L1zy” é uma paródia de assistentes pessoais inteligentes como Alexa ou Siri – como sob a aparência amigável de vozes sexies, nossas vidas são hackeadas pela mineração de Big Data e algoritmos que probabilisticamente preveem nossas desejos e comportamentos. “Big Data – L1zy” propõe uma amarga reflexão: como a Internet, da utopia da “biblioteca universal” e da “rede de inteligência coletiva” se transformou em um conjunto de plataformas que em segredo sequestra nossos dados pessoais com objetivos mercadológicos e políticos.
quinta-feira, novembro 22, 2018
Arte, Política e Guerra Antimídia em "Art of The Prank"... mas não conte prá esquerda!
quinta-feira, novembro 22, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
“Jornalistas são perigosamente ingênuos... não se interessam pela verdade, mas apenas por uma boa história”, afirma Joey Skaggs no documentário “Art Of The Prank” (2015). Joey Skaggs é um artista plástico que iniciou nos movimentos contraculturais de protestos nos EUA. Quando percebeu que o maior inimigo não era o Governo, mas a grande mídia que o sustenta. A partir dos anos 1970 tornou-se o principal criador de “Media Prank” e “Culture Jamming” – estratégias de guerrilhas semióticas antimídia. Skaggs passou então a criar uma série de personagens e histórias fictícias (pegadinhas) para enganar os jornalistas, revelando como a opinião pública é formada sobre mentiras: o “Bordel para Cachorros”, o “Banco de Esperma de Celebridades”, a “Pílula que cura tudo” produzida a partir de enzimas das baratas etc. CNN, ABC, CBS, todos caíram nas pegadinhas de Skaggs. Até o jornalista Pedro Bial mostrando na Globo a “revolucionária Terapia do Leão” do “célebre” Baba Wa Simba... “Art Of The Prank” mostra didaticamente como se faz uma guerra semiótica: fazer a mídia sentir o gosto do próprio veneno da mentira que ela produz... mas não conte para a esquerda! Dificilmente entenderá...
segunda-feira, novembro 19, 2018
Cultura, prostituição e barbárie no filme "Bibliothèque Pascal"
segunda-feira, novembro 19, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Uma mulher desesperada em recuperar a guarda da sua filha. Uma mãe que foi vítima de uma rede europeia de prostituição de mulheres e crianças que realiza sequestros no Leste Europeu para o mercado sexual da elite intelectual e corporativa inglesa. Para ter sua filha de volta, deve relatar onde esteve nos últimos dois anos. Ela descreve o cabaré-bordel chamado “Bibliotheque Pascal”, em Liverpool, repleto de estantes com livros e quartos que recriam em tons futuristas e sadomasoquistas cenas literárias das obras de Shakespeare, Nabokov, Wilde, Shaw entre outros. O filme húngaro “Bibliothèque Pascal” (2010) dança nas bordas entre fantasia e realidade, civilização e barbárie. É impossível não lembrar do pensador alemão Walter Benjamin, principalmente nas sequências do cabaré-prostíbulo. Lá a barbárie não parece ser o avesso da civilização, mas um pressuposto dela. O impulso bárbaro parece não estar fora, mas no interior do movimento de criação e transmissão cultural.
domingo, novembro 18, 2018
O assombro cósmico e psíquico de aranhas e fantoches em "Possum"
domingo, novembro 18, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
“Possum” (2018) é terror silencioso e psicológico. E principalmente simbólico: consegue articular dois simbolismos cósmicos e psicológicos – a aranha e o fantoche, aglutinados num bizarro boneco com corpo e pernas de aranha e a cabeça rachada de uma boneca. Alguma coisa entre os brinquedos mutantes de Toy Story e as animações de Jan Svankmajer. Um estranho fantoche que exerce um poder sufocante sobre o seu titereiro. Depois de muitos anos, Philip retorna para a cidade da sua infância para confrontar o seu cruel padrasto e os segredos que torturaram sua vida inteira. Mas o bizarro fantoche aracnídeo continua assombrando-o, por mais que tente destruí-lo. Filme sugerido pelo nosso leitor... bem, você sabe quem...
sábado, novembro 17, 2018
Cinegnose e Coletivo Resistência discutem guerra semiótica e antimídia
sábado, novembro 17, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A convite do Coletivo Resistência, este editor do “Cinegnose” discutiu o tema “Guerra Híbrida e Guerra Semiótica” nessa última quarta-feira (14/11) no Sindicato dos Bancários no Centro de SP. Na pauta, o detalhamento das táticas de mineração de Big Data nas redes sociais nas campanhas de Trump e Bolsonaro, e a articulação entre mídias tradicionais e as redes – “frame set” + criação de “Co-Memes” (constelação de memes que se apoiam mutuamente). E a tríade de articulação de uma contra-comunicação: explorar o mesmo campo simbólico da direita, prospecção de líderes de opinião e estratégias de guerrilhas antimídia. Mas principalmente, como recuperar a aura antissistêmica do campo progressista – competentemente hackeada pelo discurso politicamente incorreto da direita. Como? Talvez a célebre e cínica revista de paródias incorretas underground “Mad” possa ser uma fonte de inspiração criativa.
sexta-feira, novembro 16, 2018
Gnosticismo e magia abrem estranhos portais em "A Dark Song"
sexta-feira, novembro 16, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Algumas
vezes não é a casa que está assombrada, mas as pessoas dentro dela. Inspirado
num “grimório”, uma coleção medieval de feitiços, rituais e encantamentos
mágicos cabalísticos chamado “O Livro de Abramelin” (escrito entre os séculos XIV e XV), A Dark Song (2016) é um conto sobre a aceitação da perda e da morte.
Duas pessoas em uma remota casa no interior do País de Gales ficarão trancados
por meses executando um intrincado ritual que os forçará aos limites físicos e
psicológicos. Ambos lidando com o luto – a perda de um filho e a perda do
interesse na própria vida. Um ritual gnóstico e herético: não se trata de lidar com o
divino, mas abrir portais para alguém ou algo totalmente desconhecido que pode
ser reflexo de nós mesmos ou de estranhas entidades. E sabermos reconhecer que,
sejam “bons” ou “maus”, todos não são filho de Deus, mas prisioneiros de uma
mesma Criação. Filme sugerido (insistentemente...) pelo nosso leitor Felipe Resende.
domingo, novembro 11, 2018
Cinegnose discute Guerra Híbrida e Guerra Semiótica nessa quarta em São Paulo
domingo, novembro 11, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A convite do Coletivo Resistência, de São Paulo, esse humilde blogueiro participará como palestrante da discussão “Guerra Híbrida e Guerra Semiótica” nessa quarta-feira (14/11). O evento acontecerá no Salão Azul do Sindicato dos Bancários de São Paulo, às 19h. Este “Cinegnose” vem nesse ano participando de uma série de palestras sobre o tema, como em Ituiutaba/MG e no Rio de Janeiro, recentemente no Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz. Agora, é a vez de São Paulo também discutir: por que, desde o século passado, a direita sempre esteve na vanguarda das estratégias de comunicação? Está prevista transmissão ao vivo pela Internet pelo Jornalistas Livres.
A "rinocerontite" se alastra entre nós em "Rinocerontes"
domingo, novembro 11, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Era mais uma manhã de um domingo qualquer. Dois amigos conversam em um restaurante. De repente o chão estremece e ouvem-se urros do lado de fora. Um rinoceronte desce a rua em disparada destruindo portas e vitrines dos bares. Mais tarde, outros rinocerontes aparecem e um deles é reconhecido como um ex-colega de trabalho. Um bizarro contágio de “rinocerontite” se alastra, transformando humanos em ferozes paquidermes. Mas estranhamente as pessoas aceitam tudo como um “fato da vida”, e até começam a achar belo esse retorno da humanidade à “pureza” da natureza. Menos Stanley (Gene Wilder) que lutará para salvar das manadas enfurecidas o que restou da racionalidade humana. Esse é o filme “Rinocerontes” (Rhinoceros, 1974), adaptação da peça do Teatro do Absurdo do romeno Eugène Ionesco. Uma parábola sobre a ascensão do fascismo na pátria do dramaturgo. Mas ao revisitarmos esse filme de 1974, notamos que a “rinocerontite” continua ainda bem atual.
quarta-feira, novembro 07, 2018
Estamos todos à espera de algo que nunca chega em "Esperando Godot"
quarta-feira, novembro 07, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Obra-prima do Teatro do Absurdo de Samuel Beckett, “Esperando Godot” sempre esteve à espera de uma adaptação cinematográfica. A qual Beckett resistia por temer que o espírito de dissonância original da peça fosse perdido na linguagem fílmica. Mas o projeto “Beckett in Film” do diretor irlandês Michael Lindsay-Hogg certamente superou esses temores de Beckett. Em “Esperando Godot” (2001), a peça em dois atos em que nada acontece ganha novos tons, principalmente gnósticos: por que dois mendigos à espera do misterioso Godot que nunca aparece, simplesmente não viram as costas e vão embora? O que temem? O absurdo e surrealismo de "Esperando Godot" é apenas a superfície de um horror metafísico de Beckett que parece remeter ao trauma do Holocausto: como foi possível uma barbárie jamais vista na Segunda Guerra Mundial? Que cosmos é esse em que vivemos que cria condições para acontecer horrores que jamais deveriam acontecer?
domingo, novembro 04, 2018
Vinte e seis anos depois, Brasil se parece com "Bob Roberts"
domingo, novembro 04, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Num país onde a elaboração de um roteiro para o cinema e o planejamento do marketing político de um candidato são a mesma coisa, filmes como “Bob Roberts” (1992) não se limitam a fazer uma mera sátira da política. Vai mais além, misturando fatos reais da propaganda política com a ficção. Produzindo o paradoxal efeito “mockumentary” – acreditar na realidade por meio de um filme ficcional que simula ser um documentário sobre um candidato de extrema-direita ao Senado dos EUA. Um filme obrigatório, principalmente após o controvertido processo eleitoral brasileiro que levou outro candidato da extrema-direita ao poder, dessa vez à presidência. Após 26 anos da exibição de “Bob Roberts”, o filme continua assustadoramente atual, com surpreendentes semelhanças com as eleições brasileiras: manipular os fios da “política das emoções” (racismo, sexismo etc.) para esconder que por trás não existe nada.
sábado, novembro 03, 2018
Em "Await Further Instructions" a TV nos contamina com insanidade e obediência cega
sábado, novembro 03, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Uma família tenta se reconciliar na noite de Natal depois de anos de estranhamento. Mas em breve, encontram-se presos e incomunicáveis com o mundo exterior em sua casa suburbana. Há algum tipo de entidade não identificada que se comunica exclusivamente através da televisão, por meio de teletextos (que lembram os velhos videogames de 8 bits) com ordens ambíguas que progressivamente provocam discórdia, histeria e violência. Será que tudo não passa de algum reality show televisivo? Um ataque terrorista? Ou algo pior? Ao lado de “Videodrome” (1982) de David Cronemberg, “Await Further Instructions”(2018) é um filme que nos mostra que a TV há muito deixou de ser uma janela aberta para o mundo para se converter em tela que nos passa comandos. Nós não temos ideias, mas é as ideias que nos têm, nos transformando em hospedeiros virais para replicar a insanidade e a obediência cega. Filme sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende.
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