quinta-feira, novembro 24, 2016

Por que Wall Street investe na deficitária indústria de Hollywood?


Franquias hollywoodianas como “Jurassic World”, “Star Wars” e “Velozes e Furiosos” são celebradas pela grande mídia como responsáveis por supostos recordes históricos na indústria do cinema dos EUA. Porém, essa é a superfície de uma auto-imagem que Hollywood faz questão de criar, girando em torno do glamour do Red Carpet e mansões de atores-celebridades nas colinas de Beverly Hills. Porém, a realidade é outra: apenas 5% dos filmes a cada ano são rentáveis. O restantes fica entre pesadas perdas e a falência. Mas desde os anos 1980 cresce o investimento dos fundos de Wall Street nos grandes estúdios e independentes, apesar do negócio ser incerto e com lucros decrescentes diante de filmes com orçamentos e retorno imprevisíveis. Por que os ricos fundos de investimento de Wall Street continuam a financiar produções do cinema, quando poderiam investir em negócios mais seguros? É a pergunta que faz o artigo “The Hollywood Economics” de Sophie Leech, do site “The Market Mogul”. Afinal, qual é o tipo de lucro procurado por Wall Street? Financeiro ou ideológico e político?

quarta-feira, novembro 23, 2016

Em "As Filhas do Fogo" o mundo dos mortos encontra os vivos em plena ditadura militar



Muitas vezes acusado de fazer filmes “vazios” ou “sem brasilidade”, em pleno processo da abertura política na ditadura militar o cineasta Walter Hugo Khouri escreveu e dirigiu o filme “As Filhas do Fogo” (1978) com um casal lésbico como protagonista em uma clássica trama gótica na qual os universos dos vivos e dos mortos se encontram, sob a trilha musical sombria e hipnótica do maestro Rogério Duprat. Um momento onde a abertura a temas espiritualistas, místicos e parapsíquicos andou ao lado da abertura política brasileira. Um filme que vale à pena ser revisto, principalmente pela forma como Khouri constrói uma trama que aspira à universalidade nas locações de Gramado e Canela/RS – objetos, personagens e a natureza circundante que parecem encarnar arquétipos tanto freudianos quanto gnósticos. Tudo isso no momento em que a ditadura militar desmontava o cinema brasileiro por meio da Embrafilmes.

segunda-feira, novembro 21, 2016

Vídeo revela surto semiótico-esquizofrênico que se espalha pelo País


Compenetrada e em tom de grave denúncia, um dos manifestantes que invadiram a plenária da Câmara dos Deputados na semana da passada, pedindo “intervenção militar institucional” no País, gravou um vídeo no qual aponta para um painel dos 100 anos da imigração japonesa dizendo: “cena nojenta, a nossa bandeira com o símbolo vermelho...”, numa alusão a um suposto complô comunista para alterar a bandeira nacional. Na verdade a bandeira era do Japão. E o círculo vermelho, o simbólico Sol Nascente. O vídeo da manifestante viralizou nas redes sociais como uma insólita gafe que, no máximo, provocaria apenas vergonha alheia. Porém, é mais do que isso: é um sintoma de um País doente, um surto semiótico-esquizofrênico. Patologia que, recentemente, acometeu até uma emérita professora de Semiótica que viu nas ciclofaixas pintadas de vermelho uma cilada subliminar do Comunismo em São Paulo. Originado no próprio cotidiano esquizoide das classes médias (submetidas a mensagens contraditórias da sociedade de consumo), e após ser açodada pela grande mídia para apoiar o recente golpe político, hoje a patologia espalha-se endemicamente na sociedade expondo três sintomas principais: paranoia, hebefrenia e catatonia.

sexta-feira, novembro 18, 2016

Em "Sid & Nancy" lixo e fúria no drama gnóstico do Punk Rock


Poucos meses depois da suspeita de ter matado a própria namorada, Nancy Spungen, o baixista da banda punk Sex Pistols, Sid Vicious, morreu numa overdose de heroína aos 21 anos. O que lhe valeu um lugar no panteão dos ícones trágicos, ao lado de James Dean, Marilyn Monroe e Elvis Presley. Nele, lixo e fúria se encontraram em um drama muito maior do que a história de um menino que não estava preparado para a fama. “Sid & Nancy – O Amor Mata” (1986), de Alex Cox, mais do que um Romeu e Julieta entre cuspes e palavrões, expõe um drama arquetípico para todas as sociedades: o drama gnóstico do último grito de revolta do jovem antes de ser sacrificado nos rituais de passagem para a vida adulta sem esperança. E como a Luz espiritual do jovem (alegria, confiança, boa fé, fúria e revolta) é roubada como combustível que dá vida a uma indústria de entretenimento vazia, assim como mostrado em filmes gnósticos como “Show de Truman” e “Matrix” – protagonistas prisioneiros para servirem de estoque de energia para manter funcionando seja um reality show ou um mundo virtual.

quarta-feira, novembro 16, 2016

"Doutor Estranho" submete elementos místico-gnósticos ao clichê da quebra e retorno à ordem


Por um lado, “Doutor Estranho” é uma evolução no universo Marvel: no lugar de super-soldados e playboys tecnológicos, a magia e a inteligência. Mas do outro, a magia (com referencias gnósticas e budistas) não é libertária mas destinada a manter a “ordem natural”: a seta do Tempo, a entropia e a morte – justamente as falhas cósmicas que o Gnosticismo de produções como “Matrix” ou “Sense8” e o budismo tibetano (uma fonte de inspiração do personagem) denunciam como prisões na “Roda do Samsara” – ciclo vicioso da morte/reencarnação. Em "Doutor Estranho" quem pretende romper com a ilusão são os vilões (a “Dimensão Negra” ) e os heróis são aqueles que punem quem pretende quebrar a Ordem. "Doutor Estranho" explicita o clichê narrativo hollywoodiano que é o cerne ideológico do entretenimento comercial: "quebra-da-ordem-e-retorno-à-ordem" – a luta para que a ordem seja mantida. Mas o que realmente fascina o público no filme é o show da possibilidade de que a ordem será toda mandada pelos ares. Até a magia colocar tudo no lugar.

segunda-feira, novembro 14, 2016

"Enter The Void", drogas e o Livro Tibetano dos Mortos


Um cineasta ateu que não crê em reencarnação faz um filme inspirado no “Livro Tibetano dos Mortos”. Essa é a principal virtude de “Viagem Alucinante” (“Enter The Void”, 2009) do diretor argentino Gaspar Noé. Dessa maneira, o diretor consegue demarcar a diferença entre filmes religiosos e doutrinários daqueles que nos desafiam a pensar. “Enter The Void” é tão extremo, sincero e desafiador como a produção anterior “Irreversível” (2002): as visões flutuantes sobre Tóquio a partir da alma do protagonista que foi mortalmente baleado sob efeito da droga DMT, acompanhando os três níveis de consciência pós-morte tais como descritas no livro tibetano. Neon e profusão de luzes de uma Tóquio que mais parece uma máquina de pinball vão acompanhar uma jornada espiritual de autoconhecimento em meio a sexo e violência.

domingo, novembro 13, 2016

Curta da Semana: "Are You Lost In The World Like Me?" - o espelho negro do smartphone


Mais um protesto antissistema que parte do interior do próprio mainstream musical. É o vídeo-clip “Are You Lost In The World Like Me?” do DJ norte-americano Moby. Uma animação onde Disney parece se encontrar com Aldous Huxley. Um mundo distópico de tecno-fatalismo no qual todos são escravos dos verdadeiros espelhos negros narcísicos atuais representados pelas telas dos smartphones. Como todo produto industrializado que quer ser anti-establishment, forma e conteúdo estão em conflito – invoca o arquétipo do Estrangeiro (alienação e estranhamento) mas, ao mesmo tempo, cria um melancólico conformismo com a previsível estética da animação vintage e o retrô musical dos anos 1980. É a “Adgnose” na Publicidade atual.

sábado, novembro 12, 2016

Tautismo e Sincromisticismo na profecia de "Os Simpsons"


Em 2000, o cenário com Donald Trump presidente era o mais insano e ridículo que os criadores de “Os Simpsons” poderiam imaginar. Para o criador Matt Groening “estava além da sátira”. O episódio “Bart To The Future”, há 16 anos, mostrando uma Lisa Simpson adulta eleita presidenta para tentar consertar o país após um catastrófico governo Trump, viralizou nos últimos dias como uma estranha profecia. A lembrança desse episódio fez parte de uma série de reações tautistas (autismo + tautologia) ao inesperado terremoto Trump que parece ter desligado alguma espécie de Matrix: depois de toda uma geração viver no interior de um “efeito-bolha” liberal, globalizado e cosmopolita criado pelos algoritmos da Internet e grande mídia (cujos centro espiritual são as startups do Vale do Silício), de repente descobriu uma América profunda vivendo no deserto do real – “hillbillies”, “rednecks”, “Hicks” e toda sorte de “white trash”. E, como sempre, a grande mídia brasileira tautista tenta enxergar nos EUA a repetição da crise política brasileira que ela própria ajudou a criar.

quinta-feira, novembro 10, 2016

Por que "O Aprendiz" está por trás das vitórias de Trump e Doria Jr.?


Depois da vitória de Doria Jr. nas eleições à prefeitura em São Paulo, o reality show “O Aprendiz” faz mais um vitorioso: Donald Trump, eleito presidente dos EUA para surpresa da grande mídia. Mera coincidência? Principalmente em política, não há causalidades, mas sincronismos. Há um gênio por trás desse evento sincrônico: o britânico Mark Burnett, atualmente a figura mais poderosa no mercado global dos reality shows televisivos, idealizador e produtor de franquias como “No Limite” (“Survivor”), “O Aprendiz” (“The Apprentice”) e “The Voice”. Mas é na trajetória de Burnett que podemos encontrar sincronismos entre a vida pessoal, a narrativa desses reality shows e os seus subprodutos famosos: Dória Jr. e Donald Trump. O gênio de Burnett foi expressar sua experiência de vida nos shows televisivos que ele idealizou e produziu.

quarta-feira, novembro 09, 2016

O drama sobrenatural de uma perda inexplicável em "Absentia"


A cada ano milhares de pessoas simplesmente desaparecem no mundo sem deixar pistas. Misture esse dado estatístico real à influência do horror fantástico de H.P. Lovecraft com a simbologia arquetípica dos túneis. O diretor independente Mike Flanagan fez isso e resultou no filme “Absentia” (2011), um “terror silencioso” que pode causar estranheza aos espectadores incautos acostumados ao “gore” da violência e sangue. Como a dor psicológica da perda inexplicável evolui para o medo do sobrenatural, em uma narrativa que mistura dramas familiares e conjugais  com o sobrenatural que jaz em um túnel para pedestres no final da rua de um subúrbio de Los Angeles. Filme sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende.

segunda-feira, novembro 07, 2016

Tautismo da Globo "prevê" resultado de sorteio de mando da final da Copa do Brasil


Repercutido nas redes sociais e dando a oportunidade para toda sorte de especulações, na semana passada o noticioso da Globo “Hora 1” "previu" o mando da partida final da Copa do Brasil, mais de 24 horas antes do sorteio público realizado na sede da CBF no Rio de Janeiro. E a Globo “acertou” o resultado – a finalíssima será em Porto Alegre. De jornalismo “de hipóteses”, a emissora passou para o jornalismo “de previsões”? Parajornalismo? Ou o tautismo (autismo + tautologia) da Globo, que atualmente contamina o jornalismo, telenovelas e esporte da emissora, banalizou-se? Ao ponto de ficção e realidade se confundirem com a própria descrição que a emissora faz de si mesma, levando a apresentadora Monalisa Perrone a espontaneamente externar o que já era corrente nos bastidores do jornalismo global. Seria para a Globo (dona do futebol brasileiro) a “previsão” mais conveniente a seus interesses políticos e comerciais? Principalmente depois do resultado das eleições em Belo Horizonte?

sábado, novembro 05, 2016

Neon e maquiagem mascaram a morte em "Demônio de Neon"


O mundo da Moda como máquina que tritura a inocência e juventude de modelos é um tema nada novo no cinema. Mas ao contar a história de uma modelo iniciante que entra no universo de estilistas e fotógrafos de Los Angeles que mais parece um clube soturno relacionado com o ocultismo de Aleister Crowley ou o satanismo de Charles Manson, o filme “Demônio de Neon” (2016) aproxima-se da mitologia gnóstica – rostos robóticos e sorrisos frios de um mundo sem vida que necessita sugar vitalidade e inocência dos mais jovens. Um mundo que necessita do neon e maquiagem para criar a aparência de glamour e brilho, para atrair a juventude que ponha em funcionamento um mundo que aprisiona a todos. Filme sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende

quinta-feira, novembro 03, 2016

O que há em comum entre Cosme e Damião, Halloween e Finados?, por Claudio Siqueira


Festa importada dos Estados Unidos da América, muitos criticam o Halloween como um estrangeirismo desnecessário. Nos dias 26 (para os católicos) ou 27 de setembro (para o Candomblé e a Umbanda), comemora-se o dia de São Cosme e São Damião, mas, ao contrário do que acusam os críticos do sincretismo, o santo doppelgänger também é fruto de hibridismos gnósticos e representa um arquétipo astrológico. Quais as conexões entre o sincretismo católico de Cosme e Damião, Halloween e o Dia de Finados?

Anomalias semióticas no II Congresso do Movimento Brasil Livre


Há algo estranho no material de divulgação do II Congresso Nacional do Movimento Brasil Livre, a ser realizado esse mês em São Paulo. Um dos principais protagonistas no impeachment da presidenta Dilma Rousseff, o MBL divulga uma rodada de palestras encabeçada pela foto do ministro do STF Gilmar Mendes. Mas há anomalias semióticas: para começar, a foto com o rosto soturno e patibular do ministro emoldurado por uma composição gráfica de estilo visual vintage e retro-futurista que lembra alguma coisa entre os créditos de um filme sci-fi dos anos 1970, os bitmaps de um game Atari ou Nintendo ou capas de discos New Wave dos anos 1980. Para um movimento que vê a si mesmo como o “novo” e o “futuro”, o que representa esse irônico futuro retro-vintage? Ato falho? Ou há algo mais? A intenção de produzir uma comunicação visual deliberadamente pastiche e de mal gosto para ocultar alguma outra coisa?

segunda-feira, outubro 31, 2016

A Guerra Total de Donald Trump, UFOs e o hoax "Operação Firesign"


Aproveitando-se do impacto do dilúvio de e-mails liberados pelo “Wikileaks” em outubro (muitos dos quais associados ao tema UFO) e pelas declarações de Hillary Clinton de que o Governo liberaria informações sobre a questão ufológica, Donald Trump partiu para a típica estratégia Smart Power de guerra total: um documento intitulado “Programa de Salvamento” produzido por uma empresa de Inteligência e estratégia dos EUA, supostamente vazado pelos hacker ativistas “Anonymus” e viralizando na Internet,  prevê cenários de False Flag que permitiriam suspender as eleições. Um deles, seria a “Operação Firesign” criada pela NASA – por meio de hologramas 3D projetados na alta atmosfera simular uma invasão extraterrestre. Na verdade, plágio explícito de um episódio da série “Star Trek: A Nova Geração”. Tudo parece bizarro e risível, não fosse parte da tendência da “Smart Power” na Política atual – tornar crível ou ambíguo e viral estratégias políticas por meio de narrativas ficcionais da indústria do entretenimento. Por todos os lados vemos a chegada da estetização midiática da política. No Brasil, Doria Jr., Crivella, Temer etc., todos baseados em personagens e narrativas de entretenimento.

domingo, outubro 30, 2016

Curta da Semana: "How to Make A Nightmare" - De onde vêm os pesadelos?


O Halloween está chegando, uma data festiva criada midiaticamente a partir da matéria-prima dos nossos pesadelos. E de onde eles vêm? Do inconsciente? Ou... alguém ou alguma coisa os produz para ao mesmo tempo se alimentar do nosso medo e nos manter “na linha” nesse mundo? O curta “How To Make A Nightmare” (2014) pretende abordar essa questão. O curta é mais uma evidência de como a sensibilidade gnóstica vem transformando gêneros como o terror e ficção-científica – se esses gêneros foram tributários do viés da psicanálise freudiana, nos últimos tempos tudo está mudando: sonhos e pesadelos não são mais produtos do inconsciente mas agora construções elaboradas por alguém que não nos ama.

sábado, outubro 29, 2016

Não há fronteiras entre vivos e mortos em "Cemetery of Splendour"


Soldados em uma pequena cidade na Tailândia sofrem de uma estranha doença do sono. Todos estão em uma enfermaria ligados a máquinas que ajudam a ter “bons sonhos” – máquinas supostamente usadas pelo exército dos EUA no Afeganistão. Voluntários e uma sensitiva tentam se comunicar com os soldados para compreender essa estranha narcolepsia. Enquanto uma empresa de cabeamento escava buracos no entorno do hospital, a sensitiva descobre que séculos atrás o local foi cenário de sangrentas batalhas que ainda não terminaram no mundo espiritual: se perpetuam e sugam a energia dos vivos. Esse é o filme “Cemetery of Splendour” (2015) do diretor tailandês Apichatpong Weerasethakul cuja filmografia é permeada pelos temas sobre vidas passadas, reencarnação e memórias. Passado e futuro se misturam até questionarmos as fronteiras entre os vivos e os mortos, seja no dia-a-dia, seja até na política.

sexta-feira, outubro 28, 2016

O bizarro show da abertura do túnel suíço: sintoma da cultura do narcisismo


A bizarra e polêmica cerimônia de inauguração do Gothard Base Tunnel (o maior túnel ferroviário do mundo ligando Suíça à Alemanha) está rendendo comentários aqui no blog. O “Cinegnose” interpretou o evento pelo viés do “Sincromisticismo” e do “ecumenismo pós-moderno”. Nosso leitor Wilton Cardoso propôs mais uma interpretação, dessa vez associando a um sintoma psíquico da atual sociedade de consumo: a chamada “Cultura do Narcisismo”, tese do norte-americano Christopher Lasch – haveria uma linha de continuidade entre o pastiche religioso-mítico-ocultista da cerimônia do túnel suíço e o pastiche de produtos como “Harry Potter”, “Senhor dos Anéis” etc.

quarta-feira, outubro 26, 2016

Bizarro show da abertura de túnel na Suíça: Satanismo? Illuminatis? Ou evento sincromístico?


Depois de 17 anos de construção do túnel ferroviário mais longo do planeta que atravessa a base dos Alpes suíços, ligando aquele país à Alemanha, foi inaugurado no dia 01 de junho desse ano o “Gotthard Base Tunnel”. A cerimônia foi transmitida ao vivo pela grande mídia europeia como um grande show teatral multi-mídia. E o que críticos e espectadores descreveram nas redes sociais como “a cerimônia mais bizarra e confusa da História”: “ritual ocultista bizarro”, “satânico”, “manifestação pós-cristã da Nova Ordem Mundial”, “celebração Illuminati” diante de espectadores formados pelos mais altos dignitários da elite política europeia . Não precisa dizer que o evento incendiou a imaginação dos teóricos da conspiração. O fato é que o espetáculo teatral pareceu alguma coisa entre o “Teatro da Crueldade” de Artaud e a performance do grupo catalão “La Fura dels Baus. E turbinado por uma massiva simbologia hermética, pagã e religiosa. Sabemos que não é a primeira que lemos notícias sobre membros da elite global assistindo a rituais ou cerimônias ocultistas. Como interpretar esse estranho evento midiático, sem cair em um conspiracionismo rasteiro? Algumas hipóteses do Cinegnose: Sincromisticismo e Ecumenismo Pós-Moderno. Pauta sugerida pelo nosso leitor Antonio Manuel da Silva Filho.

segunda-feira, outubro 24, 2016

Uma viagem no tempo quântica e noir em "Synchronicity"


Nos últimos anos, os filmes sci-fi de baixo orçamento estão apresentando uma verdadeira revolução na abordagem do tema viagem no tempo: caros efeitos especiais digitais são substituídos por roteiros desafiadores e inteligentes; e a abordagem relativística (Einstein) do tempo é trocada pelos desafios e paradoxos do tempo quântico: dimensões paralelas com um número infinito de possibilidades coincidindo simultaneamente. O filme “Synchronicity” (2015) é mais um exemplo dessa tendência no gênero. O tema da viagem no tempo com referencias ao “sci-fi noir” do clássico “Blade Runner”, de Ridley Scott. Como nos filmes “noir” clássico, “Synchronicity” faz a narrativa girar em torno da mulher fatal, que é a encarnação cinematográfica do mito gnóstico de Sophia – uma mulher que serve de ponte para o protagonista atravessar os diversos mundos dimensionais em busca de si mesmo, enfrentando seus diversos “duplos”.

sexta-feira, outubro 21, 2016

"Computers for Everyone": houve uma falha na Matrix em 1965?


Em 1965, uma obscura revista de história em quadrinhos inglesa para crianças e jovens chamada “Eagle” publicou um artigo intitulado “Computers For Everyone”. O texto previa com assombrosa exatidão o surgimento dos motores de busca na Internet para os anos 1990 e serviços análogos aos atuais Netflix, Kindle e Skype. Isso, cinco anos antes da pré-história da moderna Internet, a Arpanet em 1969. O que espanta é que foram profecias bem diferentes daquelas famosas de escritores como Júlio Verne ou H.G. Wells: em pleno mundo analógico dos anos 1960, o artigo previa gadgets digitais como a Internet das Coisas. Apenas boa futurologia? Ou haveria uma outra narrativa para a história da ciência e tecnologia? Todas as invenções que irão estruturar o futuro já foram descobertas e patenteadas. Elas são “desovadas” aos poucos, de acordo com necessidades estratégicas de mercado, políticas ou militares. Poderiam assombrosas visões do futuro como essas publicadas em um comic book isolado ser uma falha na Matrix? Um verdadeiro déjà-vu?

quinta-feira, outubro 20, 2016

Netflix, Operação Lava Jato e o "Smart Power"


O Netflix anunciou para o ano que vem uma série baseada na atual Operação Lava Jato, em cartaz na grande mídia desde 2014, estrelada pelo protagonista Sergio Moro. Curioso sincronismo entre uma operação, cujas ações sempre foram pautadas por simbolismos e timing midiático, e uma série ficcional inspirada em evento real ainda em evolução. Desde “House of Cards”, o Netflix vem protagonizando recorrentes “coincidências significativas” – parece que suas produções pontuam e até interveem na atual crise política brasileira. Coincidência? Ou estamos testemunhando a nova política externa da chamada “Smart Power” (Hard Power + Soft Power) implementada por Hilary Clinton no Departamento de Estado dos EUA em 2009? Armas e bombas + indústria do entretenimento, produções midiáticas que estariam além da mera imposição ideológica. Agora, sofisticada engenharia de opinião pública onde eventos reais dialogam com narrativas ficcionais, até que paradoxalmente a realidade se torne verossímil por meio da ficção: se virou série, então é verdade!

terça-feira, outubro 18, 2016

O futuro já está entre nós no filme "Metropia"


Em um futuro não muito distante a Europa foi interligada por uma massiva rede de metro, o Estado sumiu e foi substituído por uma gigantesca corporação após o crash financeiro e a crise energética e climática. Enquanto isso, as pessoas isoladas nas suas casas se divertem vendo um game show televisivo com refugiados que disputam visto para legalizarem a situação na Europa. Quem perde é ejetado para o mar. Parece com algo familiar? Essa é a animação sueca “Metropia” (2009) uma paradoxal ficção científica na qual a sensação de futuro deixa de existir. “Metropia” é uma “hipo-utopia”: o futuro já está entre nós, no presente. Diferente das tradicionais distopias, essa animação é uma “hipo-utopia”, a exemplo de filmes como “Distrito 9”: o futuro nada mais é do que uma projeção hiperbólica das mazelas do presente – precarização do trabalho, deterioração urbana, lavagem cerebral midiática, racismo e xenofobia. 

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