segunda-feira, fevereiro 11, 2013

Em Observação: "O Mestre" (2012)


Indicado aos Oscars de melhor ator e atriz/ator coadjuvantes "O Mestre" está "Em Observação" pelo Blog pelo fato de a crítica especializada observar que o filme não só faz uma alusão à Cientologia (seita popular entre atores de Hollywood) mas por fazer um mergulho nas origens de como a cultura popular americana foi construída por um estranho mix entre a chamada "religião americana" (Mormismo, sulismo Batista, Pentencostalismo e autodivinização) com seitas e literatura de autoajuda. Junta-se a tudo isso a crença no "pensamento positivo" como um místico encontro do homem com o divino. 




O Mestre (The Master, 2012)

Direção: Paul Thomas Anderson

Plot: drama sobre a fundação de “A Causa”, uma organização religiosa criada por Lancaster Dodd (Philip Seymour Hoffman) nos anos 50, depois que ele testemunha o horror na Segunda Guerra Mundial. A trama enfoca principalmente Freddie Sutton (Joaquin Phoenix), ex-alcoólatra que se torna aprendiz de Lancaster Dodd, mas começa a questioná-lo quando o culto ganha proporções de fervor cego.Estrelando Philip Seymour Hoffman (Oscar de melhor ator por “Capote”, 2005), Joaquin Phoenix (indicado ao Oscar de melhor ator por “Johnny e June”, 2005), Amy Adams (indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante por “O Vencedor”, 2010), Laura Dern (Globo de Ouro de melhor atriz no  seriado “Enlightened”, 2011), Rami Malek, entre outros.

Por que está “Em Observação”?: vejamos esse trecho da crítica do jornal “The Guardian” sobre o filme: “(...) é sobre as origens da modernidade americana, a pré-história de um certo tipo de autoajuda e autocrença, empresarial e evangélica. Neste caso, é o ano zero de um sistema de crença que ainda não teve tempo suficiente para demonstrar sua irracionalidade. “O Mestre” é sobre espiritualidade e filosofia “gimcrack” caseira, um vendedor de óleo de cobra da religião oferecendo automedicação para a mente e o corpo, atraindo pessoas desesperadamente solitárias e vulneráveis ao seu novo culto. Tudo acontece em uma América pós-guerra meticulosamente detalhada, como algo de páginas de Steinbeck ou DeLillo, mas com sequências bizarras e uma estranheza extra-terrestre muito própria.”

Só por esse trecho da crítica já coloca “O Mestre” em observação para o blog. Essa crítica de Peter Bradshaw apresenta as bases da cultura norte-americana, irradiada para todo o planeta através da sua indústria do entretenimento, centrada em valores da livre iniciativa misturados com que Harold Bloom chamou de “religião americana”: uma gnóstica tensão originada na combinação entre sulismo Batista, Pentencostalismo e Mormismo que preconiza uma espécie de “auto-divinização” através de um encontro pessoal com o Sagrado. Em outras palavras, um amálgama entre o religioso e o místico, a possibilidade do encontro de Deus a partir de uma busca pessoal. O que acabou resultando na cultura popular no surgimento do misticismo do pensamento positivo, na força da vontade ou do pensamento, ou seja, as bases da cultura da autoajuda. 

O filme “O Mestre” parece retratar esse “ano zero” do surgimento de um sistema de crenças na cultura popular americana quando a “religião americana” vai transforma-se em manuais de autoajuda e cultos de líderes fanáticos.

O que promete?: Nas entrelinhas o filme “O Mestre” promete uma crítica específica à Cientologia, sistema de crenças criada pelo autor de sci fi L. Ron Hubbard na década de 1950 que mistura budismo, hinduísmo, psicologia e a crença de vidas anteriores em outros planetas... A “Dianética” (a técnica de “cura” da Cientologia) tornou-se popular em Hollywood onde o ator Tom Cruise tornou-se o mais conhecido porta-voz.

Indicações ao Oscar de ator coadjuvante (Philip Seymour-Hoffman), atriz coadjuvante (Amy Adams), Ator (Joaquin Phoenix).


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