Indicado aos Oscars de melhor ator e atriz/ator coadjuvantes "O Mestre" está "Em Observação" pelo Blog pelo fato de a crítica especializada observar que o filme não só faz uma alusão à Cientologia (seita popular entre atores de Hollywood) mas por fazer um mergulho nas origens de como a cultura popular americana foi construída por um estranho mix entre a chamada "religião americana" (Mormismo, sulismo Batista, Pentencostalismo e autodivinização) com seitas e literatura de autoajuda. Junta-se a tudo isso a crença no "pensamento positivo" como um místico encontro do homem com o divino.
O Mestre (The Master, 2012)
Direção: Paul Thomas Anderson
Plot: drama sobre a fundação de “A
Causa”, uma organização religiosa criada por Lancaster Dodd (Philip Seymour
Hoffman) nos anos 50, depois que ele testemunha o horror na Segunda Guerra
Mundial. A trama enfoca principalmente Freddie Sutton (Joaquin Phoenix),
ex-alcoólatra que se torna aprendiz de Lancaster Dodd, mas começa a
questioná-lo quando o culto ganha proporções de fervor cego.Estrelando Philip Seymour
Hoffman (Oscar de melhor ator por “Capote”, 2005), Joaquin Phoenix
(indicado ao Oscar de melhor ator por “Johnny e June”, 2005), Amy Adams
(indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante por “O Vencedor”, 2010), Laura Dern (Globo de Ouro de melhor atriz
no seriado “Enlightened”, 2011), Rami Malek, entre outros.
Por que está “Em Observação”?: vejamos esse trecho da
crítica do jornal “The Guardian” sobre o filme: “(...) é sobre as origens da
modernidade americana, a pré-história de um certo tipo de autoajuda e autocrença,
empresarial e evangélica. Neste caso, é o ano zero de um sistema de crença que
ainda não teve tempo suficiente para demonstrar sua irracionalidade. “O Mestre”
é sobre espiritualidade e filosofia “gimcrack” caseira, um vendedor de óleo de
cobra da religião oferecendo automedicação para a mente e o corpo, atraindo pessoas
desesperadamente solitárias e vulneráveis ao seu novo culto. Tudo acontece em
uma América pós-guerra meticulosamente detalhada, como algo de páginas de
Steinbeck ou DeLillo, mas com sequências bizarras e uma estranheza
extra-terrestre muito própria.”
Só
por esse trecho da crítica já coloca “O Mestre” em observação para o blog. Essa
crítica de Peter Bradshaw apresenta as bases da cultura norte-americana,
irradiada para todo o planeta através da sua indústria do entretenimento,
centrada em valores da livre iniciativa misturados com que Harold Bloom chamou
de “religião americana”: uma gnóstica
tensão originada na combinação entre sulismo Batista, Pentencostalismo e
Mormismo que preconiza uma espécie de “auto-divinização” através de um encontro
pessoal com o Sagrado. Em outras palavras, um amálgama entre o religioso e o
místico, a possibilidade do encontro de Deus a partir de uma busca pessoal. O
que acabou resultando na cultura popular no surgimento do misticismo do
pensamento positivo, na força da vontade ou do pensamento, ou seja, as bases da
cultura da autoajuda.
O filme “O Mestre” parece retratar esse “ano zero” do
surgimento de um sistema de crenças na cultura popular americana quando a “religião
americana” vai transforma-se em manuais de autoajuda e cultos de líderes
fanáticos.
O que promete?: Nas entrelinhas o filme “O Mestre” promete
uma crítica específica à Cientologia, sistema de crenças criada pelo autor de
sci fi L. Ron Hubbard na década de 1950 que mistura budismo, hinduísmo,
psicologia e a crença de vidas anteriores em outros planetas... A “Dianética”
(a técnica de “cura” da Cientologia) tornou-se popular em Hollywood onde o ator
Tom Cruise tornou-se o mais conhecido porta-voz.
Indicações ao Oscar de ator
coadjuvante (Philip Seymour-Hoffman), atriz coadjuvante (Amy Adams), Ator
(Joaquin Phoenix).