quarta-feira, setembro 04, 2013
Em Observação: "Sapphire & Steel" (1979-1982)
quarta-feira, setembro 04, 2013
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Imagine uma série como "Dr. Who" misturada com alquimia e ocultismo. Foi a antiga série televisiva britânica chamada "Sapphire & Steel". Com baixo orçamento e filmado quase totalmente em cenários interiores, criou uma abordagem totalmente diferente sobre os problemas metafísicos que envolvem o Tempo. Ao contrário da abordagem tradicional que o cinema faz baseada nos paradigmas da Física (relatividade, continuum tempo-espaço, universos alternativos etc.), essa antiga série cult abordava o tema a partir de referenciais alquímicos e ocultistas. Telecinese e Psicometria convivem com transmutações e seres elementais que são, na verdade, guardiões do Tempo que assumem formas humanas. Elementais que parecem ter saído de uma Tabela Periódica de química e que lutam contra entidades malignas que querem explorar os pontos fracos dos corredores do Tempo.
sábado, agosto 31, 2013
Guia prático de destruição do capitalismo
sábado, agosto 31, 2013
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Vamos dar uma pequena contribuição à
escalada de manifestações no Brasil no mundo com um pequeno “Guia Prático de
Destruição do Capitalismo” mostrando que o verdadeiro inimigo não está nas
vidraças de agências bancárias ou nas lanchonetes símbolos da globalização, sempre alvos de depredações. Está
na financeirização e liquidez do capital, símbolos da força e, paradoxalmente,
também da fraqueza de um sistema baseado apenas na credibilidade através da
nossa participação a cada compra a prazo ou quando pagamos através da
socialização dos prejuízos das explosões das bolhas financeiras. E a única
forma de libertação existente é através daquilo que o filósofo francês Jean Baudrillard chamava de "aprofundamento irônico e proposital
das condições negativas".
And when we kiss we speak as one
With a single breath this world is gone
(Everyone Everywhere, New Order)
With a single breath this world is gone
(Everyone Everywhere, New Order)
Desde
o crash da Bolsa de Nova York em 1929 quando quase tudo derreteu e foi para o
ralo, o capitalismo aprendeu que a força do capital não estava na exploração
local da força de trabalho, mas na industrialização e mercantilização como
modelo de vida social para ser expandido de forma sistêmica e planetária. Isso
foi conseguido por meio da publicidade, mídia e financeirização do capital.
Isso não evitou as crises, que se tornaram cada vez mais periódicas (longos
ciclos de prosperidade acompanhados por crises e explosões de bolhas
especulativas).
quarta-feira, agosto 28, 2013
O demônio é um anjo caído em "O Advogado do Diabo"
quarta-feira, agosto 28, 2013
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Apesar
de flertar com temas místicos e espirituais não ortodoxos, Hollywood ainda precisa
manter as convenções dos gêneros cinematográficos. Um dos exemplos dessa
dualidade vivida pelo cinema comercial é o filme “O Advogado do Diabo” (Devil’s
Advocate, 1997) onde o diretor Taylor Hackford tenta inserir uma visão mais
matizada e ambígua da figura do Diabo em meio aos tradicionais clichês
satânicos reforçados por efeitos de computação gráfica. Através da inesquecível
performance de Al Pacino, o filme nos apresenta uma sutil visão do Diabo como uma figura prometeica, um anjo caído e condenado pelo
Criador por ter apresentado ao homem o fruto do conhecimento.
O ano é 1997. Na segunda metade dessa década Hollywood
vive uma espécie de guinada metafísica. Desde “Dead Man” (1995) do diretor Jim
Jarmusch, um western místico onde as religiões institucionalizadas são ridicularizadas,
roteiristas e produtores começam a flertar com temas e abordagens místicas ou
espirituais não ortodoxas, tal como o gnosticismo. Nesse ano estão em produção
“Show de Truman” e “Cidade das Sombras” (que serão lançados no ano seguinte) e o
filme “Matrix” está sendo gestado pelos irmãos Waschowski. Esses filmes
fazem parte de uma tendência cinematográfica da época repletas de temas,
arquétipos e simbolismos religiosos, mas com uma abordagem mística e gnóstica.
Também, nesse ano é lançado o filme “O Advogado do
Diabo” dirigido por Taylor Hackford, adaptação do livro de Andrew Neiderman. Se
no livro há uma ambiguidade fundamental em relação ao personagem principal (não
sabemos se ele é um louco ou a própria encarnação do Diabo, ambiguidade resolvida
no monólogo final), no filme percebe-se uma ambiguidade de outra natureza: o
conflito entre as convenções do gênero terror/suspense imposta pelos produtores
em apresentar o Diabo na tradicional visão judaico-cristã e a adaptação ao
livro que procura apresentar esse personagem de uma forma mais matizada –
uma visão alternativa
do Diabo, própria da literatura do Romantismo que o via como uma figura
prometeica, um anjo caído e condenado pelo Criador por ter apresentado ao homem
o fruto do conhecimento.
domingo, agosto 25, 2013
O gnosticismo cult de "Donnie Darko"
domingo, agosto 25, 2013
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Desde o seu lançamento
em 2001, o filme “Donnie Darko” do diretor Richard Kelly tornou-se um fenômeno cult:
é um dos filmes mais pesquisados e acessados na Internet (atualmente ocupa a 185°
do Top 250 do IMDB), em geral espectadores que buscam uma explicação para
enigmática narrativa sobre um adolescente problemático com misteriosas visões
de um coelho de dois metros de altura chamado Frank que faz uma espécie de
contagem regressiva para o fim do mundo. “Donnie Darko” é um exemplo de filme
que se tornou atemporal por amarrar em um inteligente roteiro arquétipos
contemporâneos e milenares sobre o tempo, destino e redenção.
As primeiras cenas parecem ter
todos os ícones dos filmes convencionais sobre adolescentes que moram em
subúrbios com problemas existenciais na high school envolvendo namoradas e
jovens valentões. Mas aos poucos vamos descobrindo que estamos diante de um
filme incomum: uma parábola em humor negro da angústia da Geração X? Um drama
sobre um adolescente psicopata? Um filme de ficção científica e fantasia ao
estilo da série “Além da Imaginação”? Alguma coisa entre David Lynch e Arquivo
X? Nenhuma dessas alternativas consegue dar o tom exato à estranha narrativa.
Mas uma coisa é certa: “Donnie Darko” é um desses filmes com inteligentes
linhas de diálogo e personagens realistas imersos em uma narrativa com uma
atmosfera fantástica que nos compele a ver o filme mais de uma vez.
sexta-feira, agosto 23, 2013
Dez patentes sobre controle subliminar da mente
sexta-feira, agosto 23, 2013
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Embora questionada por
estudos em neurociências e psicologia cognitiva e proibida por leis e códigos
de comunicação e consumo, as formas subliminares de controle da mente e do
comportamento se expandem. Pelo menos é o que demonstram o crescimento do
número de patentes registradas no The United States Patent and Trademark Office
sobre técnicas, sistemas e dispositivos subliminares de indução e monitoramento
da mente. Isso sem falar da expansão do “neuromarketing” onde novas empresas
surgem para explorar as potencialidades subliminares e comerciais de músicas,
sons e aromas, como uma nova e ainda imprecisa ciência. O crescimento das
patentes confidenciam a ascensão de uma nova forma de controle social, cada vez
mais abusiva e invasiva.
Na maioria dos países o uso de
mensagens ou publicidade subliminar é proibido por lei e por códigos
deontológicos dos profissionais de comunicação. Embora estudos recentes da
psicologia cognitiva demonstrem que a possível influência e poder de
manipulação dessas estratégias subliminares sejam muito inferiores à
expectativa criada, o fato é que na atualidade vendem-se técnicas que são agora
nomeadas como “neuromarketing”: “arquitetura de áudio” para estimular vendas em
lojas, aromas subliminares vendidos por empresas para criar estados emocionais
em consumidores, vídeos subliminares com programas terapêuticos do gênero como
emagrecer ou como parar de fumar etc.
Existe pouca literatura
confiável sobre o tema, onde se misturam teorias conspiratórias com repetitivos
exercícios de psicologia gestalt, como o caso de Wilson Bryan Key que teria
descoberto inúmeras mensagens ocultas em anúncios publicitários de uísque
associados a sexo e morte em cubos de gelo (CHEN, Adam. Expert discusses
the effects of subliminal advertising In: The Tech – on line edition).
Na Internet, sites e blogs
sobre o assunto mostram intermináveis exemplos de imagens ocultas em anúncios e
desenhos animados que mais se assemelham ao teste projetivo de Rorschach –
pranchas com manchas de tinta cuja interpretação revelaria projeções de
aspectos da personalidade.
quarta-feira, agosto 21, 2013
A morte é uma mercadoria na animação "A Pequena Loja de Suicídios"
quarta-feira, agosto 21, 2013
Wilson Roberto Vieira Ferreira
De forma despretensiosa através de muito humor negro e cinismo, a animação francesa “A Pequena Loja de Suicídio” (Le Magasin des Suicides, 2012) de Patrice Laconte nos faz pensar em uma questão fundamental para a História da Cultura: por que o suicídio foi sempre objeto de tabus religiosos e repressão ao longo da História? Talvez porque nesse momento derradeiro da vida do indivíduo se exponha de forma dramática as mazelas da sociedade. Na animação de Laconte é a crise europeia e a forma como a ideologia dos negócios consegue ver a infelicidade e o desespero como mais uma oportunidade de mercado.
sábado, agosto 17, 2013
As 10 técnicas do kit semiótico de manipulação das multidões
sábado, agosto 17, 2013
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Chamado de “século das
multidões”, o século XX nos deixou como legado um verdadeiro kit semiótico completo
de ferramentas de gestão do comportamento de grupos e multidões. Esse kit composto por 10 ferramentas é
aplicado na sua totalidade ou em fragmentos por políticos, agências
governamentais, líderes de seitas, jornalistas e publicitários. Desde as
manifestações de rua anti-globalização de Seattle em 1999, observa-se uma
crescente importância na manipulação das multidões. A sequência atual de
manifestações em diversos países como Brasil, Egito e Turquia nos faria
questionar se estariam sendo aplicados nestes eventos ferramentas desse kit.
Por isso, vamos entender cada uma dessas dez ferramentas para que possamos
reconhecê-las nas ruas ou nas mídias.
O poder das multidões para
determinar mudanças políticas é um dos temas mais significativos da História.
Mas certamente as manifestações anti-globalização em Seattle em 1999 e em
Londres em 2001 foram o ponto de viragem na maneira como os poderes
estabelecidos viam os protestos. Os manifestantes utilizaram novas tecnologias
de comunicação como laptops, Internet e mensagens em SMS por dispositivos
móveis. A partir de então as agências governamentais responderam com suas
próprias tecnologia invasivas: redes de monitoramento através de câmeras e
sistemas de gestão das multidões.
Quando vemos a sequências de
manifestações como na Turquia, Egito e Brasil, passamos a discutir sobre a
espontaneidade ou não desses eventos, principalmente quando nos deparamos com o
livro Killing Hope: U.S. Military and CIA
Intervention Since World War II de William Blum (ex-funcionário do
Departamento de Estado dos EUA) onde faz um relato das intervenções
norte-americanas em diversos países através de ações de agências governamentais
por meio de ONGs como National Endowment for Democracy (NED) ou Freedom House. Segundo
Blum (mais um da já longa lista de dissidentes como Snowden, o ex-agente Philip
Agee e o soldado Bradley Manning), há uma verdadeira estratégia “cavalo de
troia” ao não só financiar instituições civis com fundos, computadores, carros,
mas também treinamentos para passar o know-how de manipulação de multidões.
terça-feira, agosto 13, 2013
A distopia AstroGnóstica da animação "Planeta Fantástico"
terça-feira, agosto 13, 2013
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Ao contrário de muitos filmes anti-autoritários da década de 1970 que
com o passar do tempo se tornaram datados e ingênuos, a estranheza da animação
francesa “Planeta Fantástico” (La Planèt Sauvage, 1973) garantiu a ela um caráter
a-temporal. A estranha, e muitas vezes cruel, história da animação sugere uma
atmosfera resultante do cruzamento do surrealismo de Salvador Dali com a
narrativa de Gulliver de Jonathan Swift. “Planeta Fantástico” se insere em um
subgênero que cresceu nessa década desde o sucesso do filme “Planeta dos
Macacos” (1968), o filme AstroGnóstico - narrativas onde aliens caem na Terra e
se tornam prisioneiros da crueldade humana, ou o inverso: o homem dominado por
aliens cujo conhecimento superior tecnológico e espiritual não é garantia de
que sejam bondosos e tolerantes .
Um pai e sua filha passeiam pelo
campo até se depararem com uma minúscula criatura órfã. A mãe da pequena
criatura morreu pelas mãos de um cruel grupo de crianças. Após ouvir uma prelação
do pai sobre a importância da responsabilidade, a menina convence-o a deixá-la
levar a pequena criatura para casa. Lá brinca com o novo animal de estimação.
Ela escolhe roupas para ele, como fosse uma boneca, embora a pequena criatura
demonstre não gostar muito disso. Esse parece ser uma narrativa familiar sobre
filmes de animais de estimação, mas não se engane. No estranho universo criado
pelo francês René Laloux na clássica e cult animação “Planeta Fantástico”
(1973), a pequena criatura é um bebê humano (chamados de Oms) e a menina e seus
familiares enormes membros de pele azul da espécie Draag em um estranho
planeta.
Essa
bizarra e muitas vezes cruel história parece o resultado do cruzamento do
surrealismo de Salvador Dali e a história de Gulliver de Jonathan Swift, usando
a técnica de animação cutout, comum na atualidade em series como South Park.
Mas para a época não era muito habitual, a não ser em vinhetas da série de
humor do grupo Monty Python na TV inglesa.
domingo, agosto 11, 2013
Em "Revólver" o homem encontra seu pior inimigo: o Ego
domingo, agosto 11, 2013
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Um dos filmes recentes
mais subestimados, desprezado pela crítica e pouco visto pelo público. “Revólver”
(2005) de Guy Ritchie é uma espécie de cavalo de troia: sob uma embalagem que
comercialmente lembra seus sucessos passados como “Snatch” (2000), na verdade o
diretor nos oferece uma complexa e instigante jornada interior de um protagonista
imerso em um jogo de trapaças e violência. Ele terá que descobrir que o maior
inimigo se esconderá no último lugar que você procuraria: no interior do próprio
Ego. Por isso a narrativa será sempre pontuada com a famosa exortação gnóstica - "Acorde!".
Depois de filmes como “Jogos,
Trapaças e Dois Canos Fumegantes” (1998) e “Snatch – Porcos e Diamantes”
(2000), o diretor Guy Ritchie teve uma ascensão meteórica: de cineasta
independente a um dos queridinhos de Hollywood. Passou a ser rotulado como o
“Tarantino britânico”. Mas depois do fracasso com “Destino Insólito” (2002), a
mesma indústria que o celebrou passou a esquecê-lo, principalmente depois que
ganhou o “prêmio” Framboesa de Ouro de Pior Diretor. Durante seu autoexílio em
se país natal planejou por três anos uma resposta. E não poderia ter sido mais
brilhante com o filme “Revolver”.
domingo, agosto 04, 2013
Filme "Laranja Mecânica" é explicado pela "Trilogia Star Child"
domingo, agosto 04, 2013
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Quarenta e dois anos
depois, “Laranja Mecânica” (1971) do diretor Stanley Kubrick continua urgente e
moderno. Como todos os filmes do diretor, “Laranja Mecânica” que transmitir
muito mais do que conta a narrativa: uma história sobre uma sociedade
distópica aterrorizada por gangues
juvenis sob um Estado que planeja resolver seus problemas políticos através de
uma técnica de lavagem cerebral. O verdadeiro núcleo simbólico do filme somente
poderia ser compreendido através da chamada “Trilogia Star Child” sugerida pelo
cineasta e escritor canadense J. F. Martel, composta por “Dr Fantástico”, “2001:
Uma Odisséia no Espaço” e “Laranja Mecânica”. Esse núcleo espiritual e místico
da trilogia é que manteria esses filmes atemporais como verdadeiros arquétipos
contemporâneos.
Certa vez Kubrick disse para o
ator Jack Nicholson: “Nós não estamos interessados em fotografar a realidade.
Nós estamos interessados em fotografar a fotografia da realidade”. Talvez isso
explique porque, quarenta e dois anos depois, o filme “Laranja Mecânica” continue
atual e com um mesmo caráter de urgência: o filme possui uma estranha atmosfera
atemporal como se a sua narrativa ocorresse em um mundo alternativo, análogo ao
nosso. A cenografia sugere um futuro ao mesmo tempo familiar e estranho, onde
os detalhes banais do cotidiano são distorcidos.
Foi lançado em 1971, com linhas
de diálogos que seguem à risca a linguagem do livro original de Burguess de
1962 (mistura de gírias, inglês shakespeariano e expressões comuns), mas com um
visual que parece de 2013. A pontuação musical é variada, indo da Nona Sinfonia
de Beethoven à canção “Singin’ in the Rain”. Em outras palavras, a
atemporalidade de “Laranja Mecânica” vem da sua deliberada hiper-realidade. Seu
centro parece ser místico, como se Kubrick quisesse capturar algo de
arquetípico, gnóstico, que transcende o tempo e o espaço: a própria
configuração psíquica.
sexta-feira, agosto 02, 2013
Em Observação: "Planeta Fantástico" (1973)
sexta-feira, agosto 02, 2013
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Os anos 1970 foram uma década onde a indústria do entrenimento ainda permitia estranhas experimentações temáticas e visuais. Nessa época temos o crescimento de filmes com temática gnóstica com um tratamento "cult" ou "de arte", bem antes do atual gnosticismo pop cujo filme "Matrix" é o paradigma. A animação francesa "Planeta Fantástico" se insere nessa tendência dos anos 70 onde aliens e misticismo estavam em alta, porém com um tratamento bem mais sombrio e gnóstico que o fez ser comparado ao filme "Planeta dos Macacos" de 1968.
domingo, julho 28, 2013
Jornal Nacional e o sorriso do gato de Alice
domingo, julho 28, 2013
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Dando prosseguimento à
nossa perigosa aventura de localização e desmontagem de bombas semióticas, nos
defrontamos com um novo e mais letal tipo porque detentor de um efeito tóxico e
de longo prazo: a comunicação não verbal do Jornal Nacional da TV Globo. A
melhor analogia para entender essa bomba é o sorriso do gato de “Alice no País
das Maravilhas” – o seu sorriso permanecia no ar, mesmo quando o gato
desaparecia lentamente. O principal telejornal da emissora possui um complexo
sistema semiológico para simular espontaneidade de gestos, sobrancelhas
levantadas, mãos agitadas, locuções carregadas de vogais e pausas etc. Uma
estratégia linguística para, assim como o sorriso do gato de Alice, os signos
verbais permanecerem na memória mesmo depois que a notícia for esquecida ou, talvez, nem
assimilada. O propósito? Disseminar signos não verbais que sinalizem uma difusa
atmosfera de caos, anomia e instabilidade.
No capítulo 6 do livro Alice no País das Maravilhas de Lewis Carroll, Alice
encontra o gato de Chershire e pergunta para ele se há algum lugar onde não
exista gente louca e como chegar lá. O sorridente gato responde que todos são
loucos, inclusive ele e Alice e desaparece lentamente deixando apenas o seu
sorriso. O gato é o único personagem na fábula que Alice se refere como
“amigo”: o seu sorriso se destaca e se autonomiza da cabeça felina. Muitos
significados e simbolismos foram atribuídos a esse personagem (sorriso lunar,
autoconsciência de Alice de que tudo se tratava de um sonho etc.), mas uma
coisa fica evidente: o poder da comunicação não verbal do gato – pouco importa
o que ele dizia, seu sorriso enigmático que permanecia no ar era o mais
importante.
Pois todas as noites, em rede
nacional pela TV, repete-se essa cena surrealista narrada por Carroll: sobrancelhas,
olhos, testas franzidas e mãos sobre uma bancada ganham tanta poder que
se tornam mais importantes que a própria notícia – são índices de um “contínuo
midiático atmosférico”, de um clima do estado da Nação. Por isso, enquadram-se em
uma metódica e recorrente “bomba semiótica” que, principalmente desde as
manifestações de rua de junho, vem sendo detonada de segunda a sábado no Jornal
Nacional da TV Globo.
terça-feira, julho 23, 2013
Monstros e crianças se encontram em uma exposição
terça-feira, julho 23, 2013
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Por que o imaginário
infantil sempre esteve às voltas com monstros? Por que esses seres fantásticos
presentes em todas as culturas, mitologias e lendas ao mesmo tempo assustam e fascinam
crianças há gerações? A exposição “Monstros” do artista multimídia Térsio
Greguol ajuda a responder essas questões porque expressam o passado e presente
desses assustadores seres: a importância do arquétipo do monstro para a criança
enfrentar psicologicamente esse mundo e a nova sensibilidade infantil com esses
seres, dessas vez paródica e metalinguística.
Desde que Sigmund Freud descobriu
que as crianças não eram exatamente anjinhos barrocos, mas detentoras de uma
vida psíquica tão ou mais complexa que os adultos, a maneira como encaramos o
imaginário infantil com suas fábulas, lendas e cantigas de ninar mudou. Desde a
mais tenra idade as crianças estão familiarizadas com emoções perturbadoras
como o medo e a angústia. São experiências que fazem parte do cotidiano. Elas
têm que lidar constantemente com frustrações, angústia de perda e abandono, o
medo da escuridão e do isolamento.
Diferente dos outros animais, a
Natureza nos colocou nesse mundo, totalmente desprotegidos e dependentes – nascemos
carecas, sem pelos e sem dentes, desajeitados e sem coordenação motora. E como
a criança lida com essa situação? Através da imaginação e da fantasia, a melhor
maneira de lidar com os monstros, arquétipos de seres fantásticos que
simbolizam as ameaças dessa deplorável condição que viemos ao mundo.
domingo, julho 21, 2013
Globo faz programa tautista sobre "Honestidade"
domingo, julho 21, 2013
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em meio ao debate do
programa “Na Moral” Antônio Fagundes cita a fábula de Platão do anel da
invisibilidade de Gyges para discutir ética e honestidade. Risos amarelos de Pedro
Bial e da cantora convidada Gaby Amarantos diante de um momento de dissonância. Segundos de indecisão do
surpreendido Bial, que toca o programa pra frente, sem comentários. “Na Moral”
detona mais uma bomba semiótica na opinião pública (criar uma relação
metonímica entre o impeachment de Collor em 1992 e as manifestações atuais),
porém essa explosão parece que saiu pela culatra: esse momento de dissonância criado por Fagundes demonstrou o progressivo
autismo da emissora que teimosamente tenta interpretar a realidade através da
tautologia, auto-referência e metalinguagem. Seriam sintomas do “tautismo”,
espectro que ronda a Globo que, para especialistas em comunicação e linguagem,
são sinais de entropia de sistemas que adquiriram tamanha complexidade que não
mais se sustentam.
Com a atmosfera política cada
vez mais carregada, sucedem-se explosões das bombas semióticas midiáticas . Mas
dessa vez, testemunhamos uma espécie de “fogo amigo”, isto é, a explosão de uma
bomba que se reverte contra o seu próprio autor e seus aliados. Estamos falando
sobre o programa “Na Moral” da TV Globo apresentado no dia 19/07. Apresentado
pelo jornalista Pedro Bial, o tema era “Honestidade” e os convidados que
debateriam com a plateia o tema foram o ator Antônio Fagundes e a cantora Gaby
Amarantos.
Como toda bomba semiótica que se
camufla de informação para construir significações arbitrárias que visam criar
ondas de choque na opinião pública, o propósito latente dessa particular edição
do “Na Moral” era fazer uma aproximação metonímica entre as manifestações do
impeachment do presidente Collor de Melo em 1992 com a atual escalada de
manifestações pelas ruas do País – e politicamente fazer “sangrar” o governo
até as eleições do próximo ano. Para articular essa operação linguística, Bial
invocou um episódio do antigo programa “Você Decide” também de 1992 onde se
definia se um homem desempregado, que encontrou uma mala cheia de dinheiro,
deveria ou não entregar aquele valor ao seu dono. Quem apresentava aquele
programa? Claro, Antônio Fagundes.
sábado, julho 20, 2013
O metrô é o microcosmo da comédia humana em "Kontroll"
sábado, julho 20, 2013
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Um homem corre pela sua vida através de um túnel entre dois trens; uma
figura encapuzada emerge de fissuras na parede para empurrar incautos
passageiros nos trilhos do metrô; uma enigmática jovem fantasiada de urso
assombra as paisagens labirínticas do metrô. A rede ferroviária do metrô de Budapeste
se transforma em um fac-símile da comédia humana no filme “Kontroll” (2003),
estreia do diretor Nimród Antal (“Temos Vagas”, 2007; “Predadores”, 2010) e
sugerido pelo nosso leitor Joari Carvalho. Antal retoma o arquétipo platônico
da caverna, representado no cinema por metrôs, porões, subsolos,
estacionamentos subterrâneos, becos etc., para descrevê-lo como um microcosmo onde
o protagonista é prisioneiro e uma enigmática jovem tenta resgatá-lo. A
integração de drama, suspense, comédia e sátira resulta numa experiência visual
única e alternativa.
Antes
de dirigir típicos filmes com todas as convenções de gênero hollywoodianas como
“Temos Vagas”(Vacancy, 2007) e “Predadores” (Predators, 2010), Nimród Antal
(filhos de pais húngaros, nascido em Los Angeles e que iniciou sua carreira
cinematográfica na Hungria), dirigiu e escreveu uma pequena pérola
cinematográfica: “Kontroll” (o primeiro filme húngaro em vinte anos a ser
exibido e premiado em Cannes – Prêmio da Juventude em 2004), um estranho e
fascinante conto que mistura a crítica social ambientada nos túneis do segundo
mais antigo metrô do mundo (Budapeste) e um mundo subterrâneo repleto de
analogias místicas e gnósticas.
A
estreia de Antal como diretor não poderia ser mais promissora: o filme está
repleto de referências de outros diretores como Andrey Tarkovsky (longas
sequências com misteriosos cenários em ruínas e desolação lembrando o filme
“Stalker”), Stanley Kubrick (cenas elegantemente iluminadas com ângulos agudos,
simetrias e pontos de fugas e gangues urbanas que lembram os “Drugs” de “Laranja
Mecânica”), e o humor negro de Terry Gilliam.
quarta-feira, julho 17, 2013
Sincromisticismo, parapolítica e matrix na série "Nosso Lar"
quarta-feira, julho 17, 2013
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Clássico da literatura espírita, a série “Nosso Lar”, psicografada por Chico
Xavier, é tradicionalmente interpretada pelo viés moral e religioso da “reforma
íntima” do protagonista. Mas olhando detidamente em seu conjunto, a série
oferece muito mais: a possibilidade da existência de um campo unificado entre
ciências “materialistas” como a Política e Comunicação e o místico e o oculto. As
descrições das influências do pensamento dos encarnados no Umbral e como “exércitos
sombrios” espirituais próximos da Terra visam o domínio de corações e mentes do
planeta para roubar “energia anímica” da humanidade (o que lembra o filme “Matrix”)
forneceriam subsídios para duas abordagens heterodoxas: o Sincromisticismo e a
Parapolítica.
Desde
que li a primeira vez a série “Nosso Lar”, psicografada pelo médium Chico
Xavier e atribuída ao espírito de André Luiz, impressionou-me a descrição da
dinâmica dos mundos espirituais repleta de conceitos teosóficos como
“formas-pensamento”, pluralidade de mundos que se interpenetram, as
inter-relações entre os centros corporais de energia (chakras) e as energias
presentes no “plano astral”, projeções astrais realizadas pelo espírito no sono
etc.
Surpreendeu-me
porque até então a abordagem que tinha sobre o conjunto dessa obra era
concentrada na necessidade do que os espíritas chamam de “reforma íntima” (a necessidade
da mudança interior moral, espiritual e ética no sentido evolutivo) concentrada
no exemplo da trajetória espiritual do médico André Luiz. Palestras, preleções,
e lições baseadas principalmente nos princípios do Evangelho cristão e a
compreensão da Lei da Ação e Reação à qual todos os espíritos estariam
submetidos.
segunda-feira, julho 15, 2013
Encerrada a elaboração da lista do "Cinegnose" dos melhores filmes gnósticos
segunda-feira, julho 15, 2013
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Está encerrado o prazo do envio das sugestões de filmes para a lista do "Cinegnose" sobre os melhores Filmes Gnósticos da História do Cinema.
Em breve divulgaremos a lista e as três melhores indicações e justificativas dos leitores que ganharão um exemplar do livro "Cinegnose - a recorrência de elementos gnósticos na recente produção cinematográfica norte-americana" da editora Livrus.
domingo, julho 14, 2013
A bomba semiótica da Polícia Federal
domingo, julho 14, 2013
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Novamente a Semiótica é convocada para desmontar outra “bomba
semiótica” que detonou na mídia nesses últimos dias. E dessa vez uma bomba
plantada pela própria Polícia Federal: investigações do órgão concluíram que o boato que
levou ao pânico beneficiários do “Bolsa Família” em 12 estados foi
“espontâneo”, não havendo, portanto, causa intencional. Conclusão tão irracional, retoricamente saturada e
cientificamente sem sentido que entra na categoria das “bombas semióticas”:
artifícios letais camuflados de informação, mas que escondem construções de
sentido arbitrárias e, nesse caso, com uma novidade: se o fenômeno aconteceu porque
aconteceu, então os fenômenos da comunicação entram no terreno da tautologia e da magia.
A
Polícia Federal deu uma histórica contribuição científica que será o divisor de
águas dos estudos no campo da Comunicação. O relatório final das investigações
sobre o boato que provocou grandes filas e tumultos em agências da Caixa
Econômica Federal e casas lotéricas em 12 estados em um final de semana de maio
encerrou o caso da seguinte maneira: “foi espontâneo, não havendo como afirmar
que apenas uma pessoa ou grupo tenha causado. Conclui-se, assim, pela
inexistência de elementos que possam configurar crime ou contravenção penal”.
Essa
conclusão de “investigação de campo” é “revolucionária” por que: (a) insere na
Comunicação um elemento tautológico (o boato aconteceu porque aconteceu!). Em
outras palavras, a Polícia Federal insere um elemento animista e mágico nos
fenômenos de comunicação: o mundo é animado por forças que estabelecem bizarras
contiguidades entre fatos aparentemente aleatórios; (b) rompe com um princípio
básico da ontologia da Comunicação: a intencionalidade.
O que define o fenômeno comunicacional é a intencionalidade
do emissor (por que ele comunica? Qual sua intenção ou finalidade?) e a decisão do receptor - aceitar ou não o
“jogo” proposto pelo emissor.
sexta-feira, julho 12, 2013
Os mortos são a comunidade que nos espera no filme "Les Revenants"
sexta-feira, julho 12, 2013
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Décadas de corpos de decompondo, sustos e canibalismo no gênero
cinematográfico dos mortos-vivos ajudaram a nos fazer esquecer do verdadeiro
centro crítico do personagem do zumbi: a crítica social e metafísica por meio
do arquétipo contemporâneo do personagem do “Estrangeiro”. O filme francês “Les
Revenants” (2004) renova o gênero ao apresentar esse tenebroso personagem
na própria acepção da palavra “zumbi”: “espectro”, “fantasma”. Mortos retornam
inexplicavelmente do além-túmulo em uma pequena cidade. Eles não querem comer
cérebros e nem matar. Voltam calados, como memórias vivas e indesejáveis, mas escondem um propósito.
quinta-feira, julho 11, 2013
Opinião: "Os cátaros, Paulo Coelho e o turismo esotérico" e "Drogas, discoteca e 3D"
quinta-feira, julho 11, 2013
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Dentro da nossa sessão “Opinião” uma contribuição do nosso leitor “Anônimo”
à postagem crítica sobre um texto de Paulo Coelho sobre os Cátaros: a história
de Jules Doinel, arquivista francês e criador da primeira igreja gnóstica
neocátara dos tempos modernos, a partir de uma carta encontrada de um chanceler
epicospial chamado Etienne, que fora queimado por heresia em 1022. Essa carta
mudou a vida de Doinel. E também um comentário sobre a conexão entre drogas
lisérgicase a experiência mística da vivência da “teologia negativa”.
terça-feira, julho 09, 2013
O documentário "Pax Americana" e o caso Edward Snowden
terça-feira, julho 09, 2013
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Nesse momento
em que vemos em pleno horário nobre das emissoras o vazamento de documentos da
NSA (Agência de Segurança nacional dos EUA) por Edward Snowden dando conta de que
a privacidade das comunicações de indivíduos e nações pode ser a qualquer
momento devassada por dispositivos eletrônicos, é oportuno assistir ao
documentário “Pax Americana e a Militarização do Espaço” (2009) do francês Denis Delestrac.
Principalmente porque a descrição que o documentário faz do modus operandi da inteligência militar norte-americana e a
noção de “espaço” pensada por ela é bem diferente da tradicional noção
orwelliana de “espaço” que os analistas vem pensando o caso Snowden. Se os
conteúdos revelados pelos documentos há décadas são conhecidos e divulgados por
estudiosos de comunicação e teóricos da conspiração, por que só agora foram “vazados”
de forma generalizada por todas as mídias?
Em 12 de junho de 1982 houve uma grande
manifestação em Nova York. Quase um milhão protestaram contra as armas
nucleares e a corrida armamentista. Era então o auge da Guerra Fria. Na TV falava
o tenente-general Daniel Graham que era o chefe da Defesa Estratégica de Ronald
Reagan. Perguntaram-lhe se estava preocupado com uma manifestação de um milhão
de pessoas nas ruas protestando contra armas nucleares. Disse: “Parece-me
fantástico! Estão protestando contra mísseis balísticos intercontinentais,
enquanto nós vamos para o espaço. Eles não fazem ideia do que fazemos. Então,
que continuem assim”.
Esse episódio descrito por “Pax Americana e a
Militarização do Espaço” talvez seja o mais perturbador neste documentário
dirigido pelo francês Denis Delestrac. Sugere que todo movimento de protestos,
críticas ou denúncias estaria sempre aquém dos poderes que pretendem
desmascarar. Como um jogo de “resta um”, parece que sempre falta o conhecimento
de uma outra cena, de um outro passo que estaria sempre à frente do alvo das
manifestações.
segunda-feira, julho 08, 2013
Em Observação: Sob Você, A Cidade (2010)
segunda-feira, julho 08, 2013
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Dando continuidade ao Ciclo de Filmes Alemães no Clube Transatlântico
em São Paulo, nesta quarta-feira (10/07) às 20h será exibido “Sob Você, A Cidade”
(Unter Dir Die Stadt, 2010). Um filme oportuno em um momento de crise
financeira internacional cujo epicentro está na Zona do Euro. O diretor
Christoph Hochhäuser promete fazer um mergulho no vortex do capitalismo
financeiro onde poder e dinheiro se confunde com jogos de sedução na vida
afetiva e amorosa: jogos de aquisição e fusão de capitais na vida pública poderiam
se confundir com os jogos de sedução na vida privada?
domingo, julho 07, 2013
A semiótica das fotografias de casamento
domingo, julho 07, 2013
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Cresce o número de
divórcios no País, mas o mercado de casamentos é promissor com uma expectativa
de movimentar 16 bilhões de reais em 2013. Como explicar o paradoxo de uma
instituição que simbolicamente se esvazia diante de formas alternativas de
relacionamentos afetivos, mas que economicamente cresce como mercado de consumo
de bens e serviços? Talvez encontremos uma pista nas fotografias de casamento.
Com a ajuda da Semiótica, podemos descobrir no sistema de significados dessas
fotografias estratégias irônicas e de autodistanciamento que explicariam como
noivos e familiares perpetuam uma instituição cada vez mais psiquicamente
colocada em xeque.
Acompanhamos um curioso fenômeno
próprio de uma sociedade midiatizada como a que vivemos: a sobrevida de
instituições sociais tradicionais por meio de uma espécie de “autoconsciência
irônica”. Instituições que foram esvaziadas simbolicamente em sua autoridade,
legitimidade e significado (seja social, econômico, religioso, metafísico etc.)
pelas transformações sócio-históricas, mas que permanecem como “instituições
zumbis” que ganham uma sobrevida ao serem mercantilizadas e transformadas em
células de consumo dentro do sistema econômico.
A família seria uma dessas
instituições, como já vimos em postagens anteriores (veja links abaixo): a
perda da autoridade paterna tem uma relação direta com a idealização da família
perfeita presente nos comerciais de produtos matinais e de sabão em pó. Ao
mesmo tempo, acompanhamos o cultivo de um autodistanciamento irônico através da
crítica corrosiva em animações como “Os Simpsons” ou “The Family Guy” onde pais
e filhos riem de si mesmos.
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