quinta-feira, agosto 10, 2023

Em 'Paraíso' a agenda tecnognóstica se encontra com a luta de classes


Tempo é dinheiro. Essa frase deixou de ser um mero provérbio motivacional para contos sobre empreendedorismo. Realizou-se na própria literalidade na financeirização: tempo é monetizado através dos juros e especulações no mercado financeiro. Mas e se o próprio tempo de vida de todos nós for monetizado e se transformar em bem para garantia em transações financeiras? Esse é o ponto de partida da produção Netflix alemã “Paraíso” (2023), trazendo a agenda tecnognóstica (a imortalidade através da tecnociência) para o campo da luta de classes. uma gigante farmacêutica descobriu uma maneira de reverter o processo de envelhecimento - alguém precisa sacrificar anos da sua própria vida para doá-la” ao receptor. Em troca de dinheiro, excluídos, refugiados e migrantes ilegais “doam” décadas das suas vidas, enquanto os super ricos têm a eventual imortalidade.

Dois temas interligados atravessam a produção original Netflix alemã Paraíso (2023): a busca da imortalidade pela elite da sociedade e a monetização do tempo.

Escrito por Simon Amberger, Peter Koclya e Boris Kunz (que também dirigiu), Paraíso gira em torno de uma gigante farmacêutica chamada Aeon (a referência gnóstica às entidades divinas não é casual, como veremos) que descobriu uma maneira de reverter o processo de envelhecimento. Porém, como acompanhamos na cinematografia recente, desde Parasita, nada condescendente com os super ricos, no filme a nova descoberta em manipulação genética não vem sem o elemento da luta de classes: alguém precisa sacrificar anos da sua própria vida para doá-la ao receptor – doadores e receptores precisam ter DNA correspondente.

Por exemplo, um indivíduo na casa dos 80 anos pode querer viver mais, e por uma quantia incrivelmente grande de dinheiro, poderia pedir a uma pessoa de 18 anos com um padrão genético semelhante que tivesse de 50 a 60 anos tirados de sua vida, permitindo que a pessoa de 80 anos retornasse aos 30 anos e a de 18 anos envelhecesse dramaticamente até os 70 anos dentro de alguns dias.

Mas quem se disponibilizaria a entregar para alguém os anos da própria vida? Claro, alguém que esteja desesperado, necessitando de uma soma de dinheiro que ajude a vida de seus familiares – refugiados, migrantes ilegais e excluídos da própria sociedade.

O marketing promocional da empresa fala em liberdade de escolha e livre-arbítrio: dispor parcela da própria vida em troca de dinheiro para dispor da liberdade de aproveitar o restante da existência como quiser. 



Em Paraíso, ageísmo e classismo se encontram – os ricos podem essencialmente viver para sempre se continuarem com o processo, mas são as classes subalternas que mais devem pagar o preço, sacrificando décadas das suas vidas por uma soma de dinheiro suficiente para resolver seus problemas financeiros.

Em muitos aspectos, Paradise lembra o filme de 2011, O Preço do Amanhã (In Time), no qual a imortalidade de poucos significava a mortalidade de muitos ao transformar o Tempo em moeda acumulável e estocável – o Tempo como moeda de especulação, reprodução da desigualdade e controle do crescimento populacional. 

Que a elite sempre almejou a imortalidade para perpetuar o poder, isso não é novidade. Veja o exemplo das pirâmides, nas quais faraós eram mumificados junto com seus bens e riquezas almejando a vida eterna. 

A diferença é que se no passado a imortalidade era buscada pelas vias metafísicas ou religiosas, hoje, através da tecnociência (manipulação genética, neociências, nanotecnologias e ciências computacionais), vislumbra-se a possibilidade da imortalidade ainda nesse mundo. Como, por exemplo, a agenda tecnognóstica do Vale do Silício: digitalizar a consciência e fazer um upload final para o céu da informação, superando as limitações da corporalidade – finitude, temporalidade e senso de fragilidade corporal.

Mas tudo isso confirma a máxima do Capitalismo: Tempo é dinheiro. Principalmente nesse momento da financeirização do Capitalismo – o controle do tempo através da velocidade em tempo real da manipulação de títulos, ações, fundos de investimentos, pregões das bolsas de valores conectadas em tempo real através do planeta. A produções de riqueza especulativa através da manipulação do tempo em si mesmo.



Como didaticamente o filme Os Imorais (The Grifters, 1990) nos explica como uma transferência rápida de informações entre o fechamento da Bolsa de Tóquio e a abertura da Bolsa de Nova York pode render fortunas: receber informações de Tóquio antes da Bolsa americana abrir, com uma vantagem de sete segundos, significaria ganhos milionários. 

Portanto o tema da monetização do tempo em filmes como O Preço do Amanhã e Paraíso, combinado com a utópica (ou distópica, dependendo do ponto de vista de classe social) imortalidade da classe dominante é um reflexo do atual espírito do tempo. 

O Tempo como dinheiro deixou de ser um mero provérbio motivacional para contos sobre empreendedorismo. Realizou-se na própria literalidade.

O Filme

Em Paraíso acompanhamos Max Toma, um corretor de vendas da Aeon altamente bem-sucedido, cujo trabalho é conversar com jovens pobres para que aceitem dinheiro em troca dos anos de suas vidas. 

Nas primeiras sequências encontramos Max convencendo um imigrante de 18 anos a “doar” 15 de seus anos por uma quantia fixa de 700.000 euros. Isso é dinheiro suficiente para tirar seus pais da pobreza e contratar um advogado de imigração para ajudar a garantir o visto de seu pai. Tudo isso em um miserável cenário decadente de um bairro repleto de refugiados e migrantes ilegais.

O marketing da farmacêutica Aeon é, como sempre, otimista e repleto de nobres intenções: imagine doar mais anos para gênios ganhadores de prêmios Nobel. A morte não mais interromperá suas pesquisas, revertendo suas descobertas para o benefício de toda sociedade – certamente não para os “doadores” de tempo de vida.



Apesar da aparência publicitária, o sistema criado pela Aeon é controverso e repleto de possibilidades de corrupção e potenciais abusos – há inclusive um crescente mercado negro de doação de tempo, obviamente através de máfias do Leste europeu. 

Há também um grupo terrorista chamado Adam Organisation que denuncia a imoralidade dessa reprodução da desigualdade mediante a limitação do tempo de vida dos pobres – seus militantes invadem clínicas da Aeon para matar os milionários receptores das “doações”.

No centro de tudo está Max, uma estrela em ascensão na empresa e com uma boa vida. Max não só recebeu um reconhecimento de funcionário do ano e um tapinha nas costas da CEO da AEON, Sophie Theissen, mas ele e sua esposa, Elena, acabaram de financiar um apartamento de luxo e estão tentando ter um bebê. Mas tudo desmorona quando o apartamento do casal sofre um não totalmente elucidado incêndio. O seguro deles não pagará um centavo e o banco cobrará deles a única garantia dada ao empréstimo residencial: 40 anos de vida de Elena – lembre-se, o tempo de vida tornou-se não só uma moeda como um bem que pode ser colocado como garantia em qualquer transação financeira.

Elena é levada por coerção policial e judicial à Aeon para entregar à força suas décadas de vida. Max está furioso, exigindo justiça. E a vida de sua esposa de volta. Isso imediatamente o coloca em rota de colisão com a CEO da Aeon, Sophie Theissen. Principalmente quando ele planeja sequestrá-la para reverter o processo de doação, ao descobrir que ela foi a receptora dos 40 anos de vida Elena.  Reverter o processo, obviamente, através da ajuda do mercado negro no Leste europeu.

É quando Paraíso se transforma: vira num thriller genérico de perseguição, abandonando a inteligente premissa inicial – espere tiros, explosões e loucas perseguições motorizadas na terra e asfalto.



Agenda tecnognóstica

A agenda tecnognóstica da imortalidade marcou bastante os filmes das primeiras décadas deste século, desde Vanilla Sky (2003), o pós-humano em The Machine (2013), a fábula de tecnologia e poder em Transcendence (2014) ou o pesadelo tecnognóstico na série Altered Carbon (2018).

Mas agora essa agenda parece transformada com a tendência recente do cinema infernizar a vida daquele 1% da população obscenamente rica: Parasita, O Cardápio, Glass Onion ou Triângulo da Tristeza. Das reflexões metafísicas e gnósticas sobre o pós-humano, passamos para o tema da imortalidade tecnognóstica ser colocada no campo da luta de classes.

O tema do tecnognosticismo está lá, no próprio nome da gigante farmacêutica: “Aeon”. Na tradição gnóstica simboliza simultaneamente o aspecto feminino de Deus e a alma humana, emanação divina proveniente do Pleroma para manter a conexão entre a Luz interior e esse plano fora do cosmos no qual vivemos aprisionados.

Foi um Aeon (Sophia) que foi responsável pela transição do imaterial para o material, do numenal ao sensível, causado por uma falha – uma paixão que produziu um filho (o Demiurgo, Yaldabaoth, o “filho do caos”). Sophia decai no mundo material conseguindo infundir alguma fagulha espiritual no cosmos físico produzido pelo Demiurgo. Tanto Sophia quanto a humanidade tornam-se prisioneiros desse cosmos. Embora tenha conseguido retornar ao Pleroma (o plano da plenitude espiritual e cósmica), ela observa a humanidade, tentando ajudá-la a alcançar a gnose e retornar à antiga morada, o Pleroma.

Como farsa, a empresa chama-se “Aeon”. Numa sociedade fraturada em classes, a reinterpretação dessa mitologia gnóstica pelo Capital somente pode ser através da imortalidade da elite, cuja missão é manter em funcionamento esse cosmos que aprisiona a todos.


 

Ficha Técnica

 

Título: Paradise

Diretor: Boris Kunz, Tomas Jonsgården, Indre Juskute

Roteiro:  Simon Amberger Peter Kocyla Boris Kunz

Elenco:  Lisa-Marie Koroll, Kostija Ullman, Marlene Tanzcik

Produção: Neuesuper

Distribuição: Netflix

Ano: 2023

País: Alemanha

   

 

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terça-feira, agosto 08, 2023

Live Extra: a bomba semiótica da secessão brasileira, telecatchs e a estratégia "Nem-Nem" na crítica à ozonioterapia


Os Nordestinos estão chegando! Mas cidadãos de bem como os governadores Zema e Eduardo Leite estoicamente nos unirão em torno do Mito, que o jornalismo corporativo não quer esquecer. Esses e outros temas vão ser discutidos na Live Extra Cinegnose 360 #13, nessa quarta-feira (09/08), às 18h, no YouTube. Depois dos Comentários Aleatórios, a Crítica Midiática do meio da semana: mais um capítulo da estratégia semiótica “Nem-Nem”: a crise da sanção de Lula a ozonioterapia; Brasil é o país que mais aposta em sites esportivos no mundo: o que tem a grande mídia a ver com isso? Rodando o sistema operacional das FA: os telecatchs Mauro Cid e Anderson Torres na CPI; jornalismo corporativo hipernormaliza secessão brasileira: fim dos livros didáticos nas escolas de São Paulo e fala de Zema torna-se relevante; estudante de medicina brasileiro morre na guerra na Ucrânia: jornalismo corporativo descontextualiza a notícia.  

sábado, agosto 05, 2023

Jimi Hendrix; Chacina no Guarujá: false flag Rota/PCC? Mídia não quer esquecer de Bolsonaro e se incomoda com "Gilmarpalooza"


QAP! QAP! Cinegnósticos... Jesus e meganhagem estão dominando os Aparelhos Ideológicos de Estado. Mas não precisa avisar a esquerda... ela não vai entender mesmo! Esse é o tema central da Live Cinegnose 360 #119, desse domingo (06/08), às 18h, no YouTube. Live que começa com uma questão: quem matou Jimi Hendrix? CIA? Máfia? Ou ele mesmo? Dúvidas justificadas de quando a guitarra ganhou status experimental. Depois, dois filmes: “LOLA” (o mais engenhoso filme sobre o tempo das últimas décadas) e “O Congresso Futurista” (Dez anos atrás o filme anteviu impactos da IA no cinema e audiovisual). Na sessão dos livros do humilde blogueiro: PCC e vida digital. E na Crítica Midiática da Semana: Chacina no Guarujá e “PMs de Cristo”: Aparelhos Ideológicos de Estado e porque a extrema-direita virou “revolucionária”; Mauro Cid ou como mídia não quer esquecer de Bolsonaro; O que tem a ver a delação premiada do Caso Merielle e a Lava Jato? Por que só agora o “Gilmarpalooza” incomoda os “colonistas”; Putin cerca Europa: os golpes militares anti-Ocidente na África.

Em 'LOLA' o lado prometeico e sombrio de cada progresso tecnocientífico


Desde o cultuado “Primer” (2004) não se viu um filme tão engenhoso sobre viagem no tempo quanto “LOLA” (2022). Não exatamente uma viagem no tempo, mas sobre duas irmãs que na década de 1930 inventaram um dispositivo que captava ondas de rádio vindas do futuro. Em 2021 foi encontrada a filmagem sobre a invenção e a história das irmãs que no início apenas queriam estudar o Tempo – apaixonaram-se por David Bowie e Stanley Kubrick antes mesmo deles nascerem. Mas da pior maneira possível descobriram que a tecnociência é prometeica: tal como o titã que foi acorrentado por roubar o fogo dos deuses, elas foram cegadas pelo brilho da própria invenção. Viram-se prisioneiras dos dilemas éticos e morais em conhecerem o futuro no meio da Segunda Guerra Mundial e o dispositivo do tempo virar arma contra os nazistas. No entanto, como em qualquer grande poder, há um potencial lado sombrio. 

sexta-feira, agosto 04, 2023

Operação Escudo, PMs de Cristo e fim dos livros nas escolas: a conquista política do imaginário


Três eventos simultâneos em São Paulo: a Operação Escudo na Baixada Santista vingando a morte de um policial militar (com anomalias que sugerem false flag), blindado pela grande mídia; a associação “PMs de Cristo" (vendendo bíblias com logo da PM-SP); e a abolição de livros didáticos nas escolas paulistas pelo governo do Estado – no lugar, equipamentos eletrônicos. “O Rio é o laboratório para o Brasil”, disse o interventor general Braga Netto em 2018. E agora, São Paulo é a bola da vez como laboratório de um projeto nacional do consórcio Forças Armadas/extrema-direita: a conquista do imaginário através do controle dos Aparelhos Ideológicos de Estado (AIE): Mídia, Escola e Igreja. Enquanto o governo Lula tem no neodesenvolvimentismo 2.0 (picanha e cerveja para todos) o seu único projeto ideológico, a conquista do imaginário através dos AIE no cotidiano faz a cabeça daqueles que comem picanha e bebem cerveja.

terça-feira, agosto 01, 2023

PsyOp na Baixada Santista entre apito de cachorro e blindagem midiática; porque vídeo 'Heil Zelensky' é lição para esquerda


Grande mídia no modo jornalismo de guerra faz o Cinegnose 360 reforçar as trincheiras semióticas na Live Extra Cinegnose 360 #12, nessa quarta-feira (02/08), às 18h, no YouTube. Depois do caso Pochmann, jornalismo corporativo blinda o bandeirante-frankenstein Tarcisão na chacina do Guarujá; Baixada Santista é PsyOp de meganhagem? “Colonista” Eliane Catanhêde dá um apito de cachorro para extrema-direita, o “Plano B” da grande mídia; Façam suas apostas: jornalismo corporativo transforma Selic em cassino; jornalismo corporativo faz campanha “Presidencialismo é uma m**da!”. Porque o vídeo satírico “Heil Zelensky!” é uma lição de guerra semiótica para a esquerda brasileira. Tudo isso, e outras bombinhas semióticas, depois dos Comentários Aleatórios.

sábado, julho 29, 2023

'Freezepop' e cultura nerd e geek; jornalismo de guerra voltou; assista ao vídeo satírico que deixou mídia em pânico na Alemanha


O Jornalismo de Guerra voltou! E, mais uma vez, o humilde blogueiro vai fazer a engenharia reversa das novas bombas semióticas. Na Live Cinegnose 360 #118, nesse domingo (30/07), às 18h, no YouTube. Vamos começar com a conexão games e música com a banda “Freezepop”: a cultura nerd e geek. Depois, vamos discutir mais profundamente o fenômeno “Barbieheimer”: Filme “Oppenheimer”: Guerra Total e amoralidade; “Barbie”: a gnose de Barbie. E na sessão dos livros do humilde blogueiro, a zona cinza entre jornalismo, marketing e publicidade. Na Crítica Midiática da Semana: Caso Pochmann, IBGE e a volta dos “rolezinhos”: Jornalismo de Guerra 2.0; Jornalismo de Guerra: Mídia volta-se contra STF; simulacros na delação do caso Marielle; Globo apoiou as milícias no Rio; Jornalismo adversativo toma conta da grande mídia; Vídeo satírico “Heil Zelensky!” deixa mídia e autoridades alemãs em pânico – uma lição para a esquerda brasileira: assista.

sexta-feira, julho 28, 2023

'Barbie' ou 'Barbieheimer'? Da bomba da informação à gnose de Barbie



Por que “Barbieheimer”? Porque é um fenômeno cultural previsto por Einstein: “o século XX criou três bombas: a informação, a populacional e a atômica”, disse o célebre físico. A boneca Barbie correspondeu às duas primeiras – através do marketing operou o controle populacional necessário para o futuro capitalismo financeiro. Mas estamos no século XXI e Barbie precisa ser reposicionada diante da opinião pública sensível às questões identitárias e de gênero. Assim como a franquia Lego no cinema, “Barbie” (2023) é um esforço mercadológico da Mattel para tentar criar uma feliz combinação entre a crítica de gênero da Barbie com o Capitalismo que a concebeu. Mas a diretora Greta Gerwig criou um subtexto existencial e gnóstico: a gnose de Barbie - deixa de ser uma boneca plástica e transcender os tons pastéis de um cosmos fabricado.

terça-feira, julho 25, 2023

Marielle Franco: mídia vai seguir o dinheiro? Nasa e Amazônia: não existe almoço grátis! Mídia OTAN tá rachando


Será que a imprensa corporativa vai investigar? Será que vai seguir o dinheiro da residência de luxo da Barra da Tijuca de um ex-bombeiro que a PF bateu às portas para prendê-lo? Será que jornalistas vão continuar trabalhando sentados? Essas e outras perguntas serão discutidas na Live Extra Cinegnose 360 #11, nessas quarta-feira (26/07), às 18h, no YouTube. Depois dos Comentários Aleatórios (aleatoríssimos!), vamos para a Crítica Midiática do Meio da Semana: delações premiadas: porque Marielle Franco foi uma bomba semiótica identitária? Como a Band ajudou a blindar Bolsonaro no assassinato de Marielle Franco. Nasa vai ajudar Lula a vigiar a Amazônia: não existe almoço grátis! Doria Jr e Lira querem deixar imposto dos ricos “para depois”. Por que Kissinger, um homem de 100 anos, foi até a China? Mídia OTAN começa a rachar: dissidências já descrevem a real da guerra na Ucrânia. 

sábado, julho 22, 2023

'Dire Straits' e a Media Life; Globo tentou dar golpe no dia da prisão de Lula; 3ª Guerra Mundial começou e mídia não percebeu


O humilde blogueiro está em Santos, na praia. Mas chegará à tempo para a Live Cinegnose 360 #117, nesse domingo (23/07), às 18h, no YouTube. Vamos começar com Dire Straits e o álbum “Brothers in Arms”: “Money for Nothing” e a Media Life. Depois dos Comentários Aleatórios, vamos discutir os filmes “Dual” (Jung, clones e a morte do ego) e “The Artifice Girl” (como o marketing que nos convencer que a IA é “Inteligente”. Na Sessão dos Livros que o Humilde Blogueiro comprou dois clássicos: um sobre persuasão subliminar e outro sobre persuasão semiológica. E na Crítica Midiática da Semana: o que Senhora da Guerra, Victoria Nuland, veio fazer no Brasil? E como a Globo lambeu os saltos dos seus sapatos. A armadilha que a Globo News estava preparando no dia da prisão de Lula em 2018. Guerra na Ucrânia: Terceira Guerra Mundial começou e a grande mídia ainda não percebeu. Por que a PF fez busca e apreensão na casa dos agressores de Moraes? Presidente do PL passa uma tarde na Globo News: jornalismo corporativo tem seu Plano B. Boric é o novo queridinho da grande mídia.

'The Artifice Girl': o marketing quer nos fazer acreditar que a IA é "inteligente"


Nesse momento está sendo colocado em ação a mais gigantesca estratégia de marketing e propaganda para nos fazer acreditar que a Inteligência Artificial é, de fato, “inteligente” – seja por virtude ou ameaça de supostamente ameaçar a existência humana. “The Artifice Girl” (2022) é mais um filme dentro desse esforço de agendamento da opinião pública de que há algo de sobrenatural em torno da IA, assim como na imaginação mitológica e literária de narrativas como Pigmaleão ou Frankenstein. Agentes especiais desenvolveram um programa inovador como chamariz de predadores online. Mas, a IA evoluiu muito além do propósito original e começa a trazer problemas. Marketing que procura rebaixar a noção de inteligência ao não distinguir duas coisas completamente diferentes: enquanto as máquinas são apenas “Machine Learnings”, a inteligência humana baseia-se numa “Sintaxe Gerativa”. 

sexta-feira, julho 21, 2023

Jung, clones e a morte literal do ego no filme 'Dual'



Gêmeos, duplos, clones, doppelgängers etc. não gozam de uma boa fama no cinema. Porque representam um evento arquetípico: em todas as culturas ver o próprio duplo é uma experiência tão terrível que às vezes pode ser o prenúncio da morte. “Dual” (2022) é mais um filme sobre o tema, mas com um toque a mais: o duplo como a Sombra, no sentido junguiano. Nesse humor negro, uma empresa oferece “substitutos” para pessoas em estado terminal – clones que substituirão o original após a sua morte, poupando os entes queridos da tristeza da perda. Mas o que aconteceria se ocorresse um erro? O original não morreu e o seu clone ameaça roubar a sua própria vida, ao se tornar uma versão melhorada em todos os sentidos. “Dual” apresenta na literalidade o evento mais importante para a psicologia junguiana: a morte do ego.

terça-feira, julho 18, 2023

Nessa quarta: como rechear o espantalho do golpe; o que a mídia desdenha na reunião Celac e União Europeia


Quer saber como se executa a operação psicológica da construção e manutenção do espantalho do golpe? Então venha participar da Live Extra Cinegnose 360, nessa quarta-feira (18/07), 18h, no YouTube. Depois dos Comentários Aleatórios (sobre emojis, pandemias de fungos e até “mexedores de café” e bikes que “mudam o mundo”), a Crítica Midiática do meio da semana: grande mídia,PF, as agressões ao Ministro Alexandre Moraes e a manutenção do espantalho do golpe; quem o espantalho do golpe quer assustar? Mauro Cid e a farda: a semiótica do espantalho do golpe; o que o jornalismo corporativo quer esconder na participação de Lula na cúpula Celac e União Europeia; análise do “Boletim Manchetômetro” da semana; “Efeito Escola Base” na cobertura da mídia sobre a morte da torcedora do Palmeiras. E tudo nessa quarta!

sábado, julho 15, 2023

'Yeah Yeah Yeahs'; economicismo do PT ignora risco da escola cívico-militar; Barroso, Xandão e o espantalho do golpe


O espantalho do golpe está por todos os lados. Mas o humilde blogueiro não tem medo. E nesse domingo (16/07) acontece a Live Cinegnose 360 #116, às 18h, no YouTube. Começando com o hype de início de século da banda “Yeah Yeah Yeahs”: o feminismo no rock pós atentado de 2001 em Nova York. Depois, vamos discutir a série “Silo” (a distopia gnóstica da memória e esquecimento) e o J-Horror “Uzumaki” (uma epidemia esotérica de espirais). Na sessão dos livros do humilde blogueiro, vamos conversar sobre mídia e o deus Pan(ico) e sobre o porquê de não conseguirmos desviar o olhar para o mórbido e o estranho. E na Crítica Midiática da Semana: Ministro Barroso na UNE: mídia critica a forma e não o conteúdo; Escolas cívico-militar: Economicismo de Lula comete enorme erro e para mídia é questão de concorrência; O espantalho do golpe: será que Mauro Cid está mesmo preso? Por que a crítica ao discurso das mudanças climáticas era pauta da esquerda? Cachaça e a nova etnografia da guerra híbrida. Tony “Montana” Garcia: limited hangout rises again? 

Uma epidemia esotérica de espirais no filme 'Uzumaki'


Esta é para os cinéfilos amantes dos filmes estranhos: a produção japonesa “Uzumaki” (“Espiral”, 2000), do diretor Akihiro Higuchi (aka Higuchinsky), baseada em uma série de mangá. No auge do J-Horror de final de século, “Uzumaki” é um exemplar estranho: não há um monstro definido ou qualquer tipo de vilão aterrorizante. Tudo o que temos é uma espécie de epidemia de espirais: como os habitantes vão do fascínio inexplicável pela forma até o ponto em que o próprio corpo começa a se retorcer em espiral ou pessoas desenvolvem conchas de caracol em suas costas, começando a subir paredes e prédios. “Uzumaki” segue uma longa tradição simbólica da espiral no cinema, desde “O Mágico de Oz” – um símbolo de ondulação com intrincado significado esotérico e ocultista.

quinta-feira, julho 13, 2023

Na série 'Silo' a verdade não está lá fora... foi esquecida



Baseado na trilogia literária "Wool", de Hugh Howey, a série Apple TV+ “Silo” (2023-) é uma ficção científica distópica que foge do clichê clássico “a verdade está lá fora” ao contar a história de um bunker de 144 andares abaixo da superfície com o que restou da humanidade num mundo pós-apocalíptico. A paranoia permeia todos os cantos do Silo e os habitantes estão sob constante vigilância. Todos perderam a memória da História: quem construiu o Silo, com qual propósito e como vieram parar ali. O esquecimento é incentivado e a curiosidade reprimida. Ninguém pode sair, a não ser condenados à morte, para morrerem envenenados pelo ar tóxico exterior. Mas, e se tudo for uma mentira totalitária? O problema é que a verdade em “Silo” não é aquilo que simplesmente se opõe à mentira.

terça-feira, julho 11, 2023

Por que Haddad tocou violão? Por que Mauro Cid estava fardado e condecorado? Por que para Folha Angela Davis é 'Woke'?


É inspirado pelos acordes de “Blackbird” dos Beatles, arriscados pelo ministro Haddad, bem relaxado por ter sido acolhido pela Faria Lima, que acontecerá mais uma Live Extra Cinegnose 360, edição 09, nessa quarta-feira (12/07), às 18h, no YouTube. Depois de mais Comentários Aleatórios, vem a Crítica Midiática do meio da semana: análise das capas dos jornalões e a novidade da análise dos dados do “Boletim Manchetômero”; por que Natuza Nery pediu para Haddad tocar o violão? A engenharia do caos na Cracolândia: gentrificação do Centro de SP na mídia; na Folha, Angela Davis é “woke”. Por que Mauro Cid apareceu fardado e condecorado na CPI? Etnografia da Guerra Híbrida 2.0; Zelensky e CNN no modo Propaganda.



sábado, julho 08, 2023

Live Cinegnose 360: 'Red Hot Chili Peppers'; Parapolítica; como a mídia constrói uma nova criatura política


É acompanhando ao vivo a gestação de uma nova criatura política que acontece a Live Cinegnose 360 #115, nesse domingo (09/07), às 18h, no YouTube. E será também um lusco-fusco e noite sobre parapolítica! Vamos começar com o Red Hot Chili Peppers e os 32 anos do álbum “Blood Sugar Sex Magik”: drogas e “Chaos Magick” no rock. E depois dos indefectíveis Comentários Aleatórios, vamos discutir o filme “Indiana Jones e a Relíquia do Destino (Parapolítica e Ocultismo Nazi) e a série “American Gods” (confronto dos deuses no Plano Astral da humanidade). Na sessão dos livros do humilde blogueiro, Astrologia e uma revista muito louca. E na Crítica Midiática da semana: nova criatura política sendo criada – o bandeirante-frankenstein Tarcisão; como são gestadas criaturas políticas desde o fim da ditadura militar; Bombas fragmentadas na Ucrânia? Brasil é o culpado! Contos de fadas geopolíticos: afegãos no aeroporto de Guarulhos e a entrevista de Zelensky na CNN; Etnografia da guerra híbrida: a cachaça com embalagem de diamante. É tudo nesse domingo! Venha participar!

sexta-feira, julho 07, 2023

'Indiana Jones e a Relíquia do Destino': parapolítica, arqueologia proibida e ocultismo nazi



O gênio de Spielberg com a franquia Indiana Jones foi mesclar a ficção (com o melhor que o cinema americano faz: filmes de perseguição) com um aspecto obscuro da História: a parapolítica (arqueologia proibida e ocultismo nazi). A corrida arqueológica por objetos sagrados com a promessa de adquirir poder mundano. Desde que, em 1939, arqueólogos da Waffen-SS chegaram na cidade sagrada de Lhasa, Tibet. Em “Indiana Jones e a Relíquia do Destino” (2023), James Mangold faz um respeitoso mix de todos os tropos da franquia. Porém, com uma novidade, um tema da arqueologia proibida: os “Artefatos Fora do Lugar”, relíquias descobertas que parecem estar fora do tempo, que acaba desafiando a cronologia da História convencional. Mas estamos em uma obra de puro entretenimento que evita temas espinhosos. Então, nada melhor do que a velha viagem no tempo e todos os seus clichês. 

quinta-feira, julho 06, 2023

Bolsonaro inelegível caiu para cima: cabo eleitoral da grande mídia... e do bandeirante-frankenstein


Para a grande mídia, Bolsonaro é uma figura tóxica: extrema-direita, golpista, autoritário, intolerante, negacionista... Mas não consegue esquecer dele! Por que não o condena à “Sibéria do esquecimento” (Brizola), como tentaram com Lula e fizeram com outros tantos personagens políticos na história recente? Inelegível e sem cargo, Bolsonaro não sai da ribalta. Porque, afinal, ele “caiu para cima”: virou cabo eleitoral da grande mídia, na busca até aqui fracassada de encontrar uma direita “limpinha” e de centro. Nem que seja através da psicologia reversa, como satiriza a capa do “Le Monde Diplomatique Brasil”: diretamente dos laboratórios do PMiG (o Partido Militar Golpista), uma nova criatura está sendo construída – um bandeirante-frankenstein. Tarcísio de Freitas ganha cada vez mais espaço na mídia como protagonista da reforma tributária e seu cabo eleitoral é... Bolsonaro. Em psicologia reversa.

terça-feira, julho 04, 2023

Live Extra: a nova criatura dos laboratórios do PMiG-Judiciário-Mídia; Bolsonaro cai para cima: cabo eleitoral da mídia


Enquanto se discute se a democracia é ou não relativa, a Live Extra Cinegnose 360 não é... é toda quarta-feira. Como a edição #08, nessa quarta (05/07), às 18h, no YouTube. Depois dos Comentários Aleatórios com a cara do “Black Mirror”, a Crítica Midiática do meio da semana: a profética capa do “Le Monde Diplomatique”: “Tarcisão” é a nova criatura dos laboratórios do consórcio PMiG-Judiciário-Grande Mídia; Bolsonaro inelegível “caiu pra cima”: cabo eleitoral da grande mídia; por que jornalistas corporativos migram para programas de entretenimento? Por que nos protestos na França está sendo depredada apenas a propriedade privada? Para grande mídia democracia não é relativa... assim como seu ódio ao Mercosul. E outras bombas semióticas detonadas até as 18h.

sábado, julho 01, 2023

No domingo: Missing Persons; Bolsonaro está nu! Grupo Wagner destrói geopolítica paralela da mídia; Cavalo de Troia nos BRICS



Enquanto a grande mídia (e TV OTAN) pensam nos seus Planos B, a Live Cinegnose 360 não os deixa em paz, na edição #114, nesse domingo (02/07), às 18, no YouTube. Começando com “Missing Persons”: Frank Zappa também tentou transformar a new wave numa psyOp? Depois vamos discutir duas séries: “Mrs. Davis” (a comédia mais niilista da temporada, com religião e algoritmos) e a nova temporada de “Black Mirror” (o que mais a série pode contar do futuro depois que suas profecias foram realizadas pela realidade?). Na sessão dos livros do humilde blogueiro, Pato Donald e como fazer uma notícia para o horário nobre. E na Crítica Midiática: grande mídia articula Plano B para bolsonarismo; Bolsonaro na cadeia? É tudo do que a lógica midiática do bolsonarismo precisa; mais um capítulo da nova etnografia do jornalismo de guerra: série “Succession” e o “luxo silencioso”; Live Cinegnose profética: Grupo Wagner está Belarus; Macron foge dos protestos na França virando Cavalo de Troia dos BRICS; Mídia e a desaceleração do crescimento populacional no Brasil... é tudo no domingo!

Sexta temporada de 'Black Mirror': o que resta à série dizer sobre nosso futuro?


Com três anos de atraso, chega a sexta temporada da série “Black Mirror” (2011-). Que enfrenta uma dúvida existencial: se o mundo real e a série atingiram um ponto tão elevado de convergência, o que resta à série dizer sobre o nosso futuro?  Parece que todos os dias vemos uma nova profecia de “Black Mirror” sendo realizada. Por isso, nessa sexta temporada há uma estranha atmosfera na maioria dos episódios: ao invés de imaginar futuros hipo-utópicos (futuros que projetam de forma exagerada mazelas já existentes no presente), vemos narrativas em uma espécie de futuro do passado ou histórias fora dos temas clássicos da série. O criador Charlie Brooker estaria encontrado seu limite: a estranheza do mundo parece superar a imaginação ficcional.

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