Para a grande mídia brasileira as eleições dos EUA são “eletrizantes”, o sistema eleitoral daquele país “complexo” e as bravatas de Trump “polêmicas”. Na sua síndrome de vira-lata tenta salvaguardar o mito da América como a maior democracia do mundo, enquanto dão às costas para um evento histórico que está sendo transmitido ao vivo: assim como foi a queda do Muro de Berlim, vemos agora a derrocada da democracia liberal, transformada em pleito plebiscitário – seja qual for o resultado, a extrema-direita “alt-right” já venceu: como é do seu “modus operandi”, tensionou os pontos fracos de um sistema eleitoral elitista criado por proprietários de terras e de escravos. Implodiu o sistema por dentro ao criar polarizações baseadas na pauta identitária e de costumes, impedindo a opinião pública criar algum consenso a partir de um debate racional. Tal como o Coringa em “The Dark Knight” de Christopher Nolan, poderíamos considerar Trump o “agente do caos” que explora as fraquezas do sistema? Assim como o Coringa que explorou os pontos fracos da moralidade de Gotham City?