quinta-feira, julho 26, 2018
Assassinato da estudante brasileira na Nicarágua revela timing da guerra híbrida
quinta-feira, julho 26, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O assassinato da estudante brasileira de medicina na Nicarágua, em meio
à violência nas manifestações contra o governo Daniel Ortega, é mais uma
evidência de que a crise naquele país segue o roteiro já visto das guerras
híbridas no Brasil e no mundo. Timing perfeito: no momento em que a grande
mídia internacional já está retratando a “Revolução Popular Híbrida”
nicaraguense como “espontânea” ou “o novo” que veio substituir a velha política
carcomida pela corrupção, surge a necessidade de uma vítima feminina exemplar.
Assim como no Brasil, quando vítimas femininas anônimas foram repercutidas pela grande mídia e redes sociais durante os
protestos de 2013 a 2016. E como foi a execução de Marielle Franco. É sempre a
deixa para a grande imprensa entrar em ação com um discurso único: “protestos
pacíficos” que são violentamente reprimidos por um governo corrupto. Como
sempre, a cobertura dos eventos descontextualiza o cenário geopolítico por trás
de uma crise nicaraguense que surge (como em toda Guerra Híbrida) após uma reeleição democrática: a parceria
multipolar da Nicarágua com China e Rússia para a construção do Canal
Transoceânico para fazer frente ao Canal do Panamá, controlado pelos EUA.
segunda-feira, julho 23, 2018
Na série "Strange Angel" a ciência dos foguetes se confunde com o Ocultismo
segunda-feira, julho 23, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Seu nome foi proscrito
da história da Ciência. Embora suas descobertas tenham sido uma das bases das
viagens espaciais e de ser co-fundador do Laboratório de Propulsão a Jato da
NASA, seu nome também foi riscado da história da agência espacial. Ele é Jack Parsons
(1914-1952), jovem projetista de foguetes e químico, criador dos combustíveis
sólidos. Mas viveu em um fina linha que separa a genialidade da loucura: de dia
exercia a ciência experimental. E à noite era o líder da O.T.O (Ordo Templi
Orientis) da Califórnia, organização ocultista dominada por Aleister Crowley.
Até o momento em que Ciência e Ocultismo se misturaram a tal ponto em que para
ele a tecnologia dos foguetes era não apenas uma forma do homem chegar ao
espaço. Mas também a oportunidade para abrir portais para seres
extradimensionais. A série “Strange Angel” (2018-) produzido pela rede CBS dos
EUA pretende mergulhar na vida desse controverso cientista que, ironicamente,
possui uma cratera no lado oculto da Lua batizada com o seu nome.
sábado, julho 21, 2018
Pós-verdade e Fake News são notícias falsas para colocar jornalistas hipsters "na linha"
sábado, julho 21, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Diretores, presidentes
e executivos da grande imprensa e associações jornalísticas, historicamente
sempre avessos às “teorizações” da área acadêmica, de repente passaram a
participar ativamente de congressos e simpósios sobre jornalismo investigativo,
ciberjornalismo e jornalismo online. Para repercutirem não só junto a
pesquisadores, mas também clientes, profissionais e líderes de opinião a já
extensa lista de livros e artigos sobre o fenômeno da “pós-verdade” e das “fake
news”. Para provar como a supremacia da verdade deixou de existir no debate
público atual. E os vilões: Internet, blogs, redes sociais. Por que esse
repentino esforço profissional-acadêmico para dar um ar de novidade a um
fenômeno tão velho quanto a própria história do Jornalismo? A necessidade em
dar verniz científico para noções retóricas de “pós-verdade” e “fake news”
através de um velho macete de engenharia de opinião pública: publicação de
artigos científicos e livros. Conferir verossimilhança a uma agenda que traz
lucros para a grande mídia: transformar jornalismo investigativo em “checagem”,
colocar os jornalistas hipsters “na linha”, sentados, sem ir a campo. E com
desdobramentos mercadológicos: monopólio e censura da concorrência no mercado
de notícias.
quinta-feira, julho 19, 2018
Na série "Colony" uma invasão alienígena demasiado humana
quinta-feira, julho 19, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Disponível no Netflix,
a série “Colony” (2016-) subverte de diversas maneiras a típica história de
invasão alienígena: os humanos podem ser tão amorais e cruéis quanto os aliens
e também não há uma metrópole distópica, sombria e em ruínas, mas uma Los
Angeles ensolarada sob um persistente céu azul. Mas principalmente, os
invasores não criam guerras de extermínio com suas naves ou máquinas
monstruosas, como em clássicos do gênero. Apenas exploram as principais
fraquezas humanas por meio de ferramentas que a própria humanidade criou para
subjugar as fraquezas de outros seres humanos: meios de comunicação, religião,
ensino e propaganda que arrancam o pior de nós – ambição, traição, ganância,
egoísmo e desejo por poder. Eles não são mais “aliens”: agora são “RAPs” ou
“hospedeiros”. Invasores “low profile” que apenas jogam os homens uns contra os
outros, tirando seu lucro disso. Uma invasão “demasiado humana”, assim como nas
atuais Guerra Híbridas nas quais o poder global invade países conquistando
corações e mentes.
domingo, julho 15, 2018
Por que agora a Globo apoia movimentos identitários? Brizola explica.
domingo, julho 15, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em toda sua história, a Rede Globo foi acusada de sexismo e racismo: uma teledramaturgia com um cast de atores que mais parecia ter saído de algum país nórdico, enquanto os poucos negros ocupavam papéis subalternos; as mulheres eram objetificadas em programas de entretenimento e o machismo sempre figurado como uma prova do verdadeiro amor. Ao mesmo tempo, o seu diretor de Jornalismo dizia que o Brasil nunca foi racista e que isso não passava de uma invenção da esquerda para dividir o País. Mas de repente, a emissora começou a apoiar e dar visibilidade a movimentos identitários e culturais (movimentos de gênero, étnico-raciais, geracionais que postulam a diversidade, alteridade e reivindicação de direitos sociais) como nunca antes. Política de “controle de danos” para tentar descolar a sua imagem do Golpe de 2016 e dar alguma credibilidade ao telejornalismo? Ou há algo além? De natureza estratégica em um ano eleitoral decisivo. “Se a Globo é a favor, somos contra!”, alertava o velho Brizola. E se nesse momento a emissora estiver pondo em prática outra velha máxima: “dividir para conquistar”? A Globo estaria desempenhando o seu derradeiro papel? Ser o para-raio do ódio tanto da esquerda quanto da direita?
quinta-feira, julho 12, 2018
Frankenstein, Inteligência Artificial e pós-feminismo em "Desejos Virtuais"
quinta-feira, julho 12, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Esse é outro filme para cinéfilos que adoram se aventurar por filmes
estranhos. Dessa vez, para aqueles que acreditam que por trás do senso de humor
trash de filmes que aparentemente não se levam à sério há importantes temas para
serem discutidos. “Desejos Virtuais” (“Teknolust”, 2002) é um filme que reflete
todo o ciber-imaginário pós-humanista (com motivações místicas) e do velho
conceito de Inteligência Artificial (que ainda tentava emular a inteligência
humana) por trás da antiga Web 1.0. Uma bio-geneticista clona seu próprio DNA
em três mulheres “Autômatos Auto Replicantes” (SARs) que habitam um site da
Internet. Porém, necessitam de constantes quantidades de cromossomo Y presente
no sêmen humano. Uma delas deve se aventurar no mundo real para, através de
sexo casual em bares locais, obter preservativos usados que servirão de sachês
que serão consumidos pelas SARs. Frankenstein de Mary Sheeley se encontra com o
psicodelismo de Timothy Leary e o pós-feminismo de Camile Paglia.
terça-feira, julho 10, 2018
Moro e Neymar: a vaidade é o pecado favorito do Diabo
terça-feira, julho 10, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em 72 horas os maiores investimentos semiótico-ideológicos da grande
mídia foram desconstruídos: Sérgio Moro e Neymar Jr. O primeiro caiu na
armadilha do habeas corpus que supostamente iria soltar Lula. E o segundo, na
arapuca tautista midiática que fez o jogador acreditar que era intocável, até a
viralização do mote “cai-cai” em vídeos pelo mundo eliminá-lo junto com a Seleção. Duas
bombas semióticas: uma intencional (o objetivo não era soltar Lula, mas criar
um fato político para o mundo) e outra involuntária (efeito da blindagem
tautista da mídia e mercado publicitário). Al Pacino fazendo o papel do próprio demônio em “O Advogado
do Diabo” tinha razão: “a vaidade é meu pecado favorito...”. A vaidade dos juízes e do
jogador deixou-os cegos. A mídia sentiu o golpe: enquanto o Fantástico teve
que se desfazer de Neymar (“hoje não se tolera mais ludibriar o juiz”, fuzilou Tadeu Schmidt), Globo News começou a falar em “instabilidade jurídica” e
“politização do Judiciário”. Bombas semióticas perfeitas que produzem efeitos
fatais: detonação, letalidade, impasse midiático e dissonância cognitiva.
domingo, julho 08, 2018
Curta da Semana: "Craig's Pathetic Freakout" - quando "Show de Truman" se aproxima da maconha
domingo, julho 08, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
E se ao invés de cerveja, o amigo Marlon desse a Truman um cigarro de
maconha para tentar acalmar suas crises paranoicas sobre as
suspeitas de que sua vida era um programa de TV? Será que Truman ficaria
“anestesiado” ou chegaria mais rapidamente à verdade no filme “Show de Truman?”. O curta “Craig’s Pathetic Freakout” (2018), de Graham Parkes, levanta essa
curiosa questão de cinéfilo – Craig é um cara orgulhoso demais para aceitar que
não pode lidar bem com drogas. Fuma uma erva e começa a ficar paranoico,
acreditando estar dentro de um filme. Ficção e realidade se misturam num
curioso exercício metalinguístico e de narrativa em abismo – um filme dentro de
um filme. E, como toda metalinguagem no cinema e audiovisual, trás um sabor
gnóstico: e se a realidade for também um filme dirigido por alguém muito louco?
sábado, julho 07, 2018
Por que o Brasil não podia ser campeão?
sábado, julho 07, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A máquina semiótica da Guerra Híbrida faz nesse momento um pesado
investimento ideológico para justificar os efeitos do atual modelo neoliberal
imposto ao Brasil: crise, desemprego e precarização do trabalho, no qual
milhões de desempregados foram promovidos repentinamente a “empreendedores”. E no rescaldo da
eliminação do Brasil diante da Bélgica na Copa da Rússia está
sendo mobilizado uma operação de emergência para salvar o alto investimento
semiótico-ideológico feito no futebol pela grande mídia e mercado publicitário:
salvar Tite e Neymar e colocar em ação o tradicional sacrifício do bode
expiatório – o volante Fernandinho. Por que? Ao contrário do “pão e circo” que
cercava o futebol nos anos da ditadura militar, hoje a função é mais
sofisticada: a de “cimento ideológico” através de um discurso
mérito-empreendedor no qual Tite é o maior garoto-propaganda. Enquanto isso,
Neymar é o reflexo da “commoditização” do futebol brasileiro: jogadores
exportados com baixo grau de transformação para, nos clubes europeus, se
transformarem em “craques-commodities” de alto valor agregado. Mas cronicamente
disfuncionais em suas seleções de origem.
sexta-feira, julho 06, 2018
O pesadelo tecnognóstico na série "Altered Carbon"
sexta-feira, julho 06, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O sonho tecnognóstico por séculos, desde a Teurgia e Alquimia, foi
transcender a matéria – abandonar os nossos corpos como condição para a
verdadeira evolução espiritual. Mas como Santo Irineu de Lyon alertou no século
II, “O que não é assumido não pode ser redimido”. E o sonho milenar pode se
transformar em pesadelo com uma tecnologia que promete a imortalidade: a
consciência digitalizada em “pilhas cervicais” que podem, a qualquer momento,
serem transferidas para qualquer corpo (ou “capa”). Mas isso acabou provocando
uma sociedade tremendamente desigual e violenta. Essa é a série Netflix
“Altered Carbon” (2018-), um cyberpunk-noir que suscita profundas reflexões
teológicas: se pudermos ser ressuscitados após a morte em uma nova “capa”, a
alma persistirá entre os códigos que transcreveram nossa consciência e
memórias? Ou nos transformaremos em “capas” ocas manipuladas por uma elite
amoral? Uma elite que alcançou a verdadeira imortalidade – fazer backups da
própria consciência via satélite.
quarta-feira, julho 04, 2018
Globo cria "crocodilo napolitano" na Copa da Rússia
quarta-feira, julho 04, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em 2009 o jornal inglês “The Telegraph” contou a pitoresca história de
um mafioso napolitano que ameaçava comerciante locais com um imenso crocodilo.
Qualquer um deles poderia ser a próxima refeição do bicho se não lhe pagasse
proteção. É melhor ser temido do que amado, como afirmava Maquiavel? Depois de
pouca mais de uma década de pauta diária com Mensalão e Lava jato, intimidação
virou um “modus operandi” tautista da Globo. Traquejo tão natural que até invadiu outras editorias. Assim como a hábito do cachimbo entorta a boca. Até
na cobertura da Copa da Rússia. Às vésperas do jogo das oitavas do Brasil contra
o México, a Globo colocou sob suspeita o árbitro italiano em possíveis
conspirações no VAR (árbitro de vídeo) e, de quebra, requentou notícia antiga
sobre suposto envolvimento de jogador mexicano com cartéis de drogas. A Globo
apresentou o juiz e o jogador para o seu “crocodilo napolitano” intimidando-os
caso se intrometessem em seus interesses? Na verdade a mensagem da Globo não
foi para nenhum dos dois. Foi para os seus potenciais inimigos internos.
Principalmente porque, ao contrário da Copa de 2014, agora o sucesso da Seleção
é estratégico para Globo e mercado publicitário.
segunda-feira, julho 02, 2018
Perdido no labirinto da Inteligência Artificial em "Lunar"
segunda-feira, julho 02, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
No filme “2001” de Kubrick o computador HAL 9000 queria matar toda a
tripulação da nave Discovery a caminho de Júpiter. Já no filme de estreia do
diretor Duncan Jones, “Lunar” (“Moon”, 2009), o computador Gerty de uma estação
lunar automatizada é mais amigável, sempre com um “smile” no monitor. Mas não
menos perigoso: ele representa o atual estágio algorítmico da inteligência
artificial – sempre com uma voz amigável, é como se jogasse migalhas de pão em
um labirinto para que o sigamos. Até nos perder de nós mesmos e esquecermos do
que foi um dia a noção de “inteligência humana”, envolvidos que somos em bolhas virtuais
que acreditamos ser a realidade. É o que acontece com Sam Bell em “Lunar” - um
solitário astronauta em uma estação lunar de mineração que, após três anos na
Lua, espera o final do contrato de trabalho com uma empresa, para retornar à
Terra. Mas seu único companheiro, o computador Gerty, criou o seu próprio
labirinto para Sam se perder.
quinta-feira, junho 28, 2018
O Mal está na crueldade cotidiana no filme "Experimentos"
quinta-feira, junho 28, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A velha questão permanece: como são possíveis holocaustos e genocídios,
sistemática e profissionalmente organizados seja na guerra ou em sistemas
metódicos cotidianos? Quem são essas pessoas que executam as ordens? Burocratas
que apenas obedecem superiores ou monstros frios e maus? No filme
“Experimentos” (“Experimenter”, 2016), sobre os célebres experimentos sobre
autoridade e obediência realizados pelo psicólogo social Stanley Milgram em
1961, a resposta é paradoxal: nem uma coisa e nem outra, intuiu Milgram. Para
entender o jogo da autoridade que cria ilusões, somente criando uma outra
ilusão: uma experiência de simulação no qual o voluntário era colocado em um
dilema moral – é possível obedecer ordens mesmo que confrontem convicções
íntimas? “Experimentos” mostra como o insight gnóstico muitas vezes está
presente na Ciência: a ilusão pode definir um cenário no qual a verdade pode
ser revelada – a “banalidade do mal”, que é mais cotidiana do que podemos
imaginar.
domingo, junho 24, 2018
Neymar + efeito Heisenberg = outro ovo da serpente chocado
domingo, junho 24, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Observe leitor a fotografia que abre essa postagem. Ela poderá explicar
bastante o futuro que talvez esteja reservado para a Seleção brasileira nessa
Copa. A imagem mostra Neymar Jr. correspondendo às câmeras em um flagrante do
chamado “efeito Heisenberg” midiático – o jogador tenta criar algum tipo de empatia
após desfilar, nos minutos anteriores ao achar que estava tudo perdido,
arrogância e xingamentos que sobraram até mesmo para o próprio capitão do time,
Thiago Silva. O mesmo efeito Heisenberg (no qual a mídia transmite nada mais do
que os próprios efeitos que ela cria ao cobrir eventos) que levou o Brasil às
cordas frente à Alemanha em 2014 (choros, hinos a capela, etc.), agora leva
sincronicamente o dublê de técnico e pastor motivacional Tite e o astro Neymar
Jr. ao chão: um tropeço e logo depois o choro como marcas publicitárias. Assim
como muitos outros ovos de serpente chocados nos anos de neodesenvolvimentismo
dos governos petistas, Neymar Jr. é mais um. Com a leniência da grande mídia e
do mercado publicitário.
sexta-feira, junho 22, 2018
Em "Rebirth" a liquefação das seitas no marketing e nas empresas
sexta-feira, junho 22, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A produção Netflix “Rebirth” (2016) é mais uma dentro da recente onda
de filmes sobre seitas ou cultos. Aos fazer constantes alusões a clássicos como
“Vidas Jogo”, “Clube da Luta” e à série “Black Mirror”, o filme em alguns momentos
torna-se previsível. Mas a grande virtude de “Rebirth” é mostrar como na
atualidade as seitas estão se “liquefazendo” – deixam de serem exclusivas a
grupos sectários místicos ou religiosos para se tornarem ferramentas
motivacionais nas empresas, marketing e estratégia de vendas. Técnicas de
manipulação como “breaking sessions”, “temor e intimidação”, “controle do
tempo”, “love bombing” etc. integram-se ao cotidiano de empresas e marketing de
rede. Enquanto assistimos na TV notícias sobre líderes malucos que levam grupos
ao suicídio, sem sabermos podemos estar trabalhando agora mesmo em uma seita.
domingo, junho 17, 2018
Terço abençoado pelo Papa faz agência de checagem Lupa exigir "Deus ex-machina"
domingo, junho 17, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Parido pela guerra híbrida (que em uma das suas etapas criou a base
etnográfica de jovens neoconservadores através da confluência entre mídia e
universidades privadas), o jornalismo hipster costuma reciclar velhas ideias
por meio de eufemismos embalados em high tech. Agora é o “hip” das fake news e “agências
checadoras”, com nítidos conflitos de interesses, sob o frisson de algo tão
antigo quanto o jornalismo: as notícias falsas. A polêmica criada pela Agência
Lupa em torno de um prosaico terço benzido pelo Papa Francisco para ser
entregue a Lula revelou o quanto são arbitrárias as “etiquetas de checagem”
supostamente técnicas e objetivas. Quando colocadas em xeque por desmentido de
um site de notícias do Vaticano, a Lupa recorreu a um quase literal “Deus ex-machina”
(velho truque de roteiros de cinema mal feitos): “então, que o Vaticano ou o
próprio Papa façam um “posicionamento oficial” para que a agência ponha a
etiqueta “Verdade!”, exigiu a agência em
esclarecimento. Mesmo preso, Lula ainda não sai da cabeça da Direita. Porque
algo falhou na narrativa imposta pós-impeachment: não foi entregue o
crescimento econômico prometido. Resta à grande mídia requentar um prato frio: mais uma vez bater em Lula.
E ensaiar uma nova forma de censura à mídia independente.
quinta-feira, junho 14, 2018
Copa do Mundo na Rússia enfia grande mídia em dupla saia justa
quinta-feira, junho 14, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Definitivamente essa é uma Copa
do Mundo curiosa: a grande mídia está nesse momento lidando com uma dupla saia
justa. De um lado, o risco de humanizar demais os russos. Afinal, tanto o
cinema como o jornalismo os celebrizaram como “RAVs” (Russos, Árabes e Vilões
em geral) – terra dos soviéticos, comunas, terroristas e hackers que mudam
resultados eleitorais de outros países. Como cobrir a Copa, evitando que eles
pareçam gente como a gente? E do outro lado, o recorde de desinteresse dos brasileiros
com o evento, divulgado pelas últimas pesquisas. Ainda o rescaldo do tiro no pé
do “Não vai ter Copa!” de 2014 e numa situação em que os brasileiros estão
pensando muito mais na própria sobrevivência. Por isso, assistimos ao esforço em
vinhetas e chamadas na TV para didaticamente tentar ensinar ao brasileiro que ele
é torcedor! E promover os jogadores (tão “alienígenas” quanto os russos) a
modelos mérito-empreendedores de sucesso para motivar a massa deprimida a sair
do buraco.
quarta-feira, junho 13, 2018
Cinegnose discute bombas semióticas e guerra híbrida na FACIP/Universidade de Uberlândia
quarta-feira, junho 13, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Na noite da última quinta-feira, 07/06, no Anfiteatro I do Bloco B da Faculdade
de Ciências Integradas do Pontal/UFU – Universidade de Uberlândia – este humilde
editor do “Cinegnose” ministrou a palestra de abertura do Curso “O Golpe de
2016 e o futuro da democracia”. “Guerra Híbrida e Bombas Semióticas” foi o tema
discutido depois que esse blogueiro estoicamente enfrentou o pânico de avião. A
contribuição que a Semiótica e as ciências da comunicação podem dar como
ferramenta para dissecar a ação da grande mídia na guerra híbrida e as
detonações das chamadas “bombas semióticas” que transformam opinião pública em “clima
de opinião”. E também como referência para ações anárquicas anti-mídia, tendo
em vista a centralidade da grande mídia e da judicialização da vida pública
brasileira.
domingo, junho 10, 2018
Mulheres com testosterona demais para fazer Ciência em "Aniquilação"
domingo, junho 10, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O que de imediato é notável em “Aniquilação” (“Annihilation”, 2018) é o
elenco de protagonistas totalmente feminino e alusão à ficção científica
soviética de “Stalker” do mestre Andrei Tarkovsky. Mas estamos numa produção
hollywoodiana de um estúdio traumatizado com o fracasso do filme “Mãe!” no ano
passado – uma reflexão gnóstica e metafísica fora da curva. Por isso, o que era para seguir uma reflexão
metafísica (a queda de um meteoro cria uma área de distorção magnética e
biológica que se expande), resultou em um sci-fi com mais armas e militares do
que Ciência e Filosofia. Um grupo de cientistas forma uma expedição para tentar
desvendar o enigma da “Cintilação”. Mas elas passam a maior parte do tempo
dando tiros. Mulheres com testosterona demais para fazer Ciência.
quarta-feira, junho 06, 2018
Editor do Cinegnose abre curso sobre "Golpe de 2016" na Universidade Federal de Uberlândia
quarta-feira, junho 06, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Este
humilde blogueiro fará nessa quinta-feira, 07/06, a palestra de abertura do
curso “O Golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil” na Universidade
Federal de Uberlândia (UFU), Campus Pontal, em Ituiutaba, Minas Gerais.
O tema será “ “Guerras Híbridas e
Bombas Semióticas midiáticas: por que aquilo deu nisso?". O evento começa às
19 horas no Anfiteatro I, Bloco B, FACIP/UFU.
O evento não será
transmitido ao vivo. Porém, será gravado e disponibilizado posteriormente on line. Tão logo seja disponibilizado,
o Cinegnose divulgará o vídeo para os
leitores.
A palestra
A palestra pretende descrever como foi possível uma ação midiática organizada ter não só
desestabilizado um governo para jogar o País numa surreal crise política, mas
também ter envenenado psiquicamente a esfera pública de opinião, travando o
debate político racional pelo ódio e intolerância.
Através da articulação dos conceitos de “Bomba Semiótica” e
“Guerra Híbrida” podemos entender os momentos em que a grande mídia nacional
interveio politicamente, desde o golpe militar de 1964 até os atuais movimentos
táticos da Guerra Híbrida. Como se forma uma engenharia de opinião pública e as
possíveis táticas de “guerrilha antimídia”.
Os efeitos socialmente letais daquilo das “bombas semióticas” dentro de
uma guerra geopolítica mais ampla – a “Guerra Híbrida”, nesse momento
impactando o contínuo midiático nacional e por trás das diversas “primaveras”
que rondaram o planeta nos últimos anos.
E também uma avaliação das oportunidades de contra-hegemonia perdidas e
a possibilidade de uma guerrilha semiótica anti-mídia. Mas, principalmente,
entender: afinal, por que aquilo deu nisso?
Para acessar a programação completa do curso, clique
aqui.
domingo, junho 03, 2018
Curta da semana: "The Cut-Ups" - o filme que fez pesoas fugirem desorientadas do cinema
domingo, junho 03, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Esse curta metragem é para cinéfilos aventureiros e corajosos. Numa
parceria entre o escritor norte-americano “beatnik” William Burroughs e o
distribuidor de filmes de terror B Anthony Balch, o curta “The Cut-Ups” (1966)
foi exibido por duas semanas em Londres naquele ano, causando uma
“desorientação de sentidos” na plateia pega de surpresa. Pessoas corriam da
sala de projeção largando seus pertences, com sensações de náusea, nojo e desorientação.
Burroughs conhecia a técnica dadaísta do “cut-up” (recorte) de justaposição
aleatória de recortes. Então, o escritor resolveu aplicar em outras mídias como
fitas de áudio e cinema. Para ele, a
técnica (muito usada depois por compositores do rock como David
Bowie) ajudaria a nos libertarmos das formas de controle da linguagem que nos
tranca em formas tradicionais de pensamento. Seria a saída para uma questão
semiótica: se o que chamamos de real é apenas o signo do real, o que existe lá
fora, para além dos signos?
sábado, junho 02, 2018
Toda a democracia que o dinheiro pode inventar em "Terra Prometida"
sábado, junho 02, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Era para ser mais uma operação comercial de rotina: convencer os
moradores de uma pequena cidade a venderam suas terras para uma grande
corporação extrair gás natural sob a cidade, por meio de uma técnica de alto
risco ambiental. Mas tudo se complica quando um professor mostra para os
moradores evidências de catástrofes ambientais ocorridas anteriormente: envenenamento do
gado e das águas. E para complicar, chega na cidade um ativista ambiental que
rastreia as atividades escusas da empresa. Além disso, a tensão cresce com a
proximidade do dia da eleição na qual os moradores devem decidir se aceitam a
oferta de compra. “Terra Prometida” (Promised Land, 2012) de Gus Van Sant
discute até que ponto a opinião pública se confunde com propaganda – as
modernas estratégias de engenharia de opinião pública na qual as grande
corporações têm gigantescos interesses financeiros. Muito dinheiro para ficarem
à mercê do imponderável dos resultados eleitorais. Quanto dinheiro é necessário
para simular uma discussão pública e democrática? Confrontado com a atual crise
política brasileira, fruto da guerra hibrida e geopolítica do petróleo, “Terra
Prometida” dá no quê pensar...
quinta-feira, maio 31, 2018
A "Nova Ordem" do bullying e intolerância no filme "Klass"
quinta-feira, maio 31, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A princípio, o filme estoniano “Klass”(2007) é mais um filme sobre
assassinatos seriais em escolas, na linha de “Elephant”, “Tiros em Columbine”
ou “Precisamos Falar Sobre Kevin”. Também baseado em um incidente real, “Klass”
se esforça em não ser mais um filme “sobre” violência escolar, mas procura
falar “da” violência, sem estilização tradicional do tema – fetichização das
armas e atiradores vestidos com trajes snipers negros. Formado por um cast de
atores amadores e não-atores, “Klass” arranca performances espontâneas e
brutais sobre a história de Joosep, vítima de bullying e desprezo de uma classe
que cria um mundo fechado. Incompreensível para adultos preocupados com seus
próprios afazeres. “Klass” vai ao fundo psicológico do nascimento do extremo desejo
de vingança: uma Nova Ordem na qual família e escola pouco significam ou
compreendem um movimento que está muito além da Razão: uma secreta aliança
entre Id e Superego – autoritarismo aliado ao prazer sadomasoquista. Filme sugerido pelo nosso onipresente leitor Felipe Resende.
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