terça-feira, junho 27, 2017
O hit "Despacito", Woody Allen e a espiral do silêncio
terça-feira, junho 27, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O que tem a ver
o cineasta Woody Allen com o estrondoso sucesso do ritmo reggaeton com o hit
“Despacito”, nesse momento tocando em nove em cada dez festas juninas
brasileiras? Muito, desde a reação de Woody diante de uma banda de punk rock no
filme “Hanna e suas Irmãs” (1986) até o niilista aforismo do diretor de que a
vida poderia ser resumida a três eventos: nascimento, sexo e morte. É
recorrente como as músicas de sucesso sempre giram em torno desses três temas.
No caso de “Despacito”, um longo monólogo masculino “gangsta” de ostentação,
sedução e poder. Um “case” exemplar dos mecanismo circulares e tautológicos da
indústria do entretenimento fazer sucesso com um produto que se promove como
tal antes mesmo de ser distribuído e executado. E que, como sempre, conta com a dinâmica da
chamada “espiral do silêncio”.
domingo, junho 25, 2017
Curta da Semana: "Robot & Scarecrow" - somos robôs e espantalhos em um amor impossível
domingo, junho 25, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Um drama de
Romeo e Julieta pós-moderno. Um amor impossível entre um espantalho e um robô
em meio a um festival de música eletrônica em uma zona rural qualquer. Esse é o
curta “Robot and Scarecrow”, 2017) de Kibwe Tavares, conhecido por produções
onde os efeitos digitais se fundem organicamente com “live action” – um robô
programado para performar um show musical se apaixona por um espantalho
despertado pelas bicadas dos corvos. Se misturam na multidão e tentam viver uma
improvável história de amor. O curta é um dos exemplos mais diretos de como o
fascínio pelos simulacros humanos (androides, robôs, fantoches, bonecos etc.)
no cinema funcionaria como um espelho da própria condição humana. Naquele
festival de música a condição tanto das estrelas pop quanto do público -
controlados pela indústria do entretenimento, programados como um robô ou
espetados em um mastro como um espantalho.
sexta-feira, junho 23, 2017
Revisitando Os Wachowskis: a Semiótica da Matrix
sexta-feira, junho 23, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O filme
“Matrix” (1999) dos Wachowskis já foi
dissecado e virado do avesso pela filosofia, misticisismo, esoterismo,
religião, inspirando até a Física sobre a possibilidade de o Universo ser,
afinal, uma gigantesca simulação computadorizada finita. Mas muito pouco ainda
se falou sobre o ponto de vista da Semiótica. O que é surpreendente, já que
Matrix parte de um pressuposto da ciência dos signos: não percebemos o real,
mas signos mentais da realidade. “Matrix” foi muito mais do que mais uma ficção
científica distópica. Na verdade os Wachowskis propuseram aos espectadores um
enigma, uma “narrativa em abismo”: a emoção e empatia do
público com o drama da Resistência na luta contra as máquinas é tirada da
própria experiência do espectador com o seu mundo atual: já vivemos situações
análogas, quando olhamos para o mundo real e o avaliamos não a partir dele
mesmo, mas a partir dos signos que já foram feitos anteriormente desse próprio
mundo. “Speed Racer” (2008), produção posterior à Trilogia Matrix, apenas confirmou
esse propósito da dupla de diretores.
quarta-feira, junho 21, 2017
Réquiem ao Jornalismo na redação-cenário do "novo" Jornal Nacional
quarta-feira, junho 21, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Todos os
jornalistas da Globo de pé assistindo ao discurso do patrão, Roberto Irineu Marinho, na redação-cenário da
“nova casa” do Jornal Nacional inaugurada com toda pompa e circunstância. Todos atentos como se ouvissem a convocação do seu general arregimentado a tropa
para uma nova guerra. Um discurso que revela o conflito de interesses
da Globo entre manter a “saúde da empresa” e a missão de buscar um “jornalismo independente”. Esse
foi o constrangedor réquiem ao jornalismo em um visual que superou a
tradicional “space opera” de Hans Donner para ingressar na estética holográfica
do filme “Tron: O Legado”. O JN lança seu novo cenário high tech e robótico
como mais uma resposta tautista à crise de credibilidade e do negócio da TV aberta - vender espaço comercial em troca de entretenimento. A inauguração da "nova casa" do JN com todo estardalhaço metalinguístico é mais uma reação da emissora ao seu declínio. Agora o JN apresenta cenários com superfícies transparentes e
translúcidas para esconder a opacidade do próprio jornalismo.
segunda-feira, junho 19, 2017
Globo prende o Brasil de 2017 na realidade alternativa do "Brazil" de 1984, por Manoel de Souza Neto
segunda-feira, junho 19, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
No livro “1984”
George Orwell declarou: “quem controla o passado controla o futuro. Quem
controla o presente, controla o passado”. Na série “Os Dias Eram Assim”, sobre
os anos da ditadura militar brasileira, a Globo altera o passado, misturando
ficção e realidade, para criar a imagem de que a emissora supostamente apoiou
as manifestações pelas “Diretas Já” em 1984. A série foi "coincidentemente" produzida num momento
em que retornam as manifestações pelas eleições diretas à presidência. A Globo
quer criar uma realidade alternativa sobre o passado no delicado momento
político atual – a pauta “Fora Temer”, atiçada pela poderosa emissora, foge ao
controle nas ruas e evolui para “Diretas já!”. Diante dessa ameaça, a Globo
reage com estratégia sincromística e tautista. Quem nos explica é Manoel de
Souza Neto.
sábado, junho 17, 2017
"Einstein's God Model": Relatividade Quântica contra Deus e a morte
sábado, junho 17, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Imagine um
thriller tecnocientífico que contasse com a consultoria de cientistas como
Einstein, Thomas Edison, Niels Bohr e Nikola Tesla. Mas não há colisores de
partículas ou fórmulas matemáticas. Há avançados experimentos na busca pela vida pós-morte.
Esse é o curioso filme indie “Einstein’s God Model” (2016) do diretor Philip
Johnson: como a busca de existências após a morte por meio de um Spectrographic
EMF Receiver construído por Edison nos anos 1920 revive o velho conflito entre
o modelo divino de Einstein contra o modelo ateu quântico de Bohr. Um grupo
bizarro de “cientistas” (um físico renegado, um anestesista e um médium cego)
irá confrontar Relatividade, Mecânica Quântica e Teoria das Cordas para buscar
o mito da “segunda chance” (corrigir em mundos paralelos erros cometidos nesse
mundo) e uma interpretação gnóstica da
Física que empurra os modelos teóricos para além da maior falha da Criação: a
seta do Tempo. Filme sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende.
quinta-feira, junho 15, 2017
Miriam Leitão, capas de revistas e a teratopolítica
quinta-feira, junho 15, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A denúncia
tardia da jornalista Miriam Leitão de que supostamente teria sido vítima do
ódio de petistas num voo entre Brasília-Rio tem um timing preciso: o momento no
qual Lula e Lava Jato estão em segundo plano diante da guerra entre os canhões
da Globo e a resistência do desinterino Michel Temer em se agarrar à presidência. Além da palavra de ordem “Fora Temer!” ter evoluído nas ruas para o lema
“Diretas Já!”. Miriam Leitão coloca mais uma vez em funcionamento os mecanismos
da “teratopolítica” – a estratégia semiótica da criação de inimigos monstruosos
(o morfologicamente disforme, o monstro ou o simulacro humano) na política. Por
contraste, as recentes capas das revistas informativas nacionais sobre a atual
crise política demonstram isso: enquanto as representações de Dilma e Lula
derivam entre a deformidade e um simulacro humano que se quebra ou derrete, com
Temer é diferente: é o enxadrista e o estrategista que mantém a morfologia
humana. Diferentes planos semânticos, sintomas do atual racha na grande mídia e
uma guerra fratricida entre aqueles que articularam o golpe político de 2016.
terça-feira, junho 13, 2017
Curta da Semana: "Cream" - a estrada da história das invenções está coberta de cadáveres
terça-feira, junho 13, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O que
aconteceria se um cientista descobrisse um creme capaz não só de tirar manchas
do rosto em questão de segundos, mas que também fosse capaz de produzir mágicos
efeitos colaterais? - curar doenças, acabar com a fome, a pobreza, a morte, a
tristeza e até fazer crescer florestas em desertos e despoluir o ar e rios.
Todos ficariam felizes... menos algumas pessoas cujo poder depende da
deliberada fabricação da escassez para a criação de valor e lucro – e por isso
a estrada da história das invenções seria coberta por cadáveres. Esse é o tema
dessa pequena fábula contemporânea, o curta “Cream” (2017) David Firth,
conhecido pela série de animação de humor negro e terror psicológico “Salad
Fingers”. Com surrealismo e um humor politicamente incorreto que lembra “South
Park”, Firth introduz o espectador às principais teses do ativismo-conspiratório:
as descobertas científicas filtradas ou censuradas pelas necessidades
mercadológicas e a grande mídia como a principal ferramenta de engenharia de
opinião pública.
domingo, junho 11, 2017
Os deuses estão mortos e as mulheres empoderadas em "Alien: Covenant"
domingo, junho 11, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Como sempre, um filme da franquia "Alien" se promove colocando em destaque a figura do monstruoso predador
xenomorfo. Mas em “Alien: Covenant”(2017) o monstro é apenas uma isca para atrair
o sadismo do público. No filme a figura do predador foi colocada em segundo plano para o
diretor Ridley Scott fazer um acerto de contas com a mitologia que começou com
“Alien” de 1979 através da figura do androide David. Assim como em “Blade
Runner” com o replicante Roy, David rouba a cena simbolizando o nosso fascínio
por frankensteins e golens. Mas também terror: e se a criatura ganhar inteligência e alma e também nos considerar como
deuses e tentar fazer, da mesma maneira, o caminho de retorno aos seus
criadores? E se ele se decepcionar conosco, assim como nós que matamos nossos próprios deuses?
Ao mesmo tempo, as recorrentes mulheres empoderadas de Scott (Ripley, Shaw e,
agora, Daniels) tomam as rédeas de uma ordem masculina amoral e decadente,
ironicamente derrotada por um predador que mais parece um símbolo fálico
hiperbólico. E o pano de fundo preferido de Scott: um Universo sem propósito ou
sentido que observa a tudo indiferente.
sexta-feira, junho 09, 2017
CNN flagrada fabricando notícia falsa nas ruas de Londres
sexta-feira, junho 09, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Repercute nas
redes sociais um vídeo no qual uma equipe de reportagem da CNN é pega com a mão
na massa fabricando uma manifestação numa rua de Londres contra o Estado
Islâmico. Supostamente são mulheres muçulmanas, com destaque para uma criança
orientada a segurar um cartaz de papelão. A repórter se transforma em diretora
de cena e até policiais colaboram com a produção da CNN, ajudando nas marcações
de cena dos “atores”. Desde o “Royal Wedding”, o casamento de Lady Di e
príncipe Charles em 1981, cada vez mais a mídia avança sobre a realidade
produzindo “eventos-encenação”: roteirizados, dirigidos e produzidos como
fossem “notícias” e o jornalista uma “testemunha ocular da História”.
Essa pequena amostra de como se constrói a atual matrix de notícias dá o que
pensar: imagine a construção de manifestações em larga escala como as
sucessivas “primaveras” que varreram o mundo com seus black blocs e máscaras do
Anonymous – a árabe, ucraniana, turca, brasileira...
quarta-feira, junho 07, 2017
Em "AfterDeath" o Inferno é a própria Criação
quarta-feira, junho 07, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
“AfterDeath”
(2015) é uma grata surpresa dentro da onda “recente” (já dura quase três
décadas) de representações da existência pós-morte no cinema. Inspirado na peça
teatral “Entre Quatro Paredes” (1944) do filósofo existencialista Jean-Paul Sartre,
“AfterDeath” consegue derivar do existencialismo (“o Inferno são os outros”,
frase que encerra a peça sartriana) para o Gnosticismo (o Inferno é a própria
Criação). Cinco jovens despertam em uma praia desolada trazidos pela maré. Só
existe um farol e uma cabana, além de uma entidade ameaçadora, uma fumaça
negra. Lá descobrirão que estão mortos e num lugar que é mais do que uma
antessala para o Céu ou Inferno. Um filme sobre como a culpa e pecado podem fazer
parte de um jogo perverso criado por alguém que não nos ama. Filme sugerido
pelo nosso leitor Felipe Resende.
terça-feira, junho 06, 2017
Ataques em Londres consolidam a tática do "meta-terrorismo"
terça-feira, junho 06, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Depois de quase
duas décadas de “false flags” e “inside jobs”, desde os ataques de 2001 nos EUA,
para justificar a agenda geopolítica norte-americana, esses não-acontecimentos
se tornaram autoconscientes. O mesmo roteiro repetido “ad nauseam” se tornou
cada vez mais evidente até para veículos de grande mídia com CNN cujos
analistas e repórteres vem soltando termos como “psy ops” e “false flags”. Por
isso, desde os ataques ao Charlie Hebdo em Paris começamos a acompanhar
elementos da tática diversionista do “meta-terrorismo” cujo ápice foi alcançado nesses
ataques a London Bridge e Borough Market: policiais flagrados trocando
rapidamente de roupa por trás de vans, como estivessem mudando de figurino para
desempenhar novos papéis, ou tatuagens nos braços de um dos terroristas mortos
(proibidas pela religião muçulmana) parecem indícios plantados propositalmente
para simular uma produção mal feita, feitos para atrair câmeras e celulares e
repercutirem em redes sociais, desmoralizando críticas sérias como “teorias
conspiratórias”. Mais camadas de simulações para tornar ainda mais opaco para a
opinião pública os não-acontecimentos.
domingo, junho 04, 2017
Doria Jr. é vanguarda de um experimento e São Paulo o laboratório
domingo, junho 04, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Subir numa
escavadeira para posar para as câmeras em demolições na Cracolândia, qualificar
como “bobagem” quando questionado sobre as ameaças de agressão física do
secretario André Sturm contra agentes culturais, o humilhante vídeo demitindo
uma secretária de governo análogo à estética visual dos vídeos do ISIS,
qualificar as ruas de São Paulo como “lixo humano” e pulverizar e despachar a
Virada Cultural para lugares distantes entre si. Arrogante? “João Noia?” O
gênio do prefeito João Doria Jr. é saber que foi eleito pela e para a mídia
corporativa e que “opinião pública” resume-se a câmera e teleprompter. Sabe que
nada deve ao respeitado público já que é uma experiência de vanguarda de um
projeto no qual São Paulo é o laboratório. Por isso, de forma atávica, repete
como farsa o roteiro do assalto nazifascista ao poder e guerra contra a
sociedade: começa pelo banimento da “arte degenerada”, passando pela
desautorização e humilhação das opiniões contrárias, terminando com a “Nova
Berlim” paulistana na Cracolândia e “sacar revólveres” quando ouve falar em
cultura.
quinta-feira, junho 01, 2017
O horror e a patologia humana no filme "A Cura"
quinta-feira, junho 01, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
À primeira
vista parece um gigantesco pastiche de duas horas e meia de referencias a
filmes como “Ilha do Medo”, “O Iluminado”, “Drácula” e filmes B de terror. Mas
tudo isso é uma superfície narrativa. “A Cura” (“A Cure for Wellness”, 2016)
trata de como o homem tirou Deus do seu altar de adoração e pôs no lugar a
Ambição, gerando a patologia do homem moderno. O que garantirá uma inesgotável
matéria-prima para um experimento que mistura geneticismo e horror. Um jovem
agressivo e ambicioso corretor do mundo financeiro vai resgatar um CEO da sua
empresa em um spa nos Alpes suíços famoso pelas suas águas terapêuticas. Para ali encontrar uma jornada pelo horror
e o fantástico que exigirá a verdadeira cura: a transformação interior. Filme sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende.
terça-feira, maio 30, 2017
Curta da Semana: "High Chaparral" - refugiados sírios perdidos na hiper-realidade
terça-feira, maio 30, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O que tem a ver
os filmes de faroeste de Hollywood com um parque temático no interior gelado da
Suécia chamado “High Chaparral” e refugiados sírios? Muitos vezes a ironia faz
a realidade superar a própria ficção. Dois documentários curta-metragem, “High
Chaparral” (2016) e “Return to High Chaparral” (2017) mostram como um parque
temático sobre o Velho Oeste dos filmes hollywoodianos se transformou em abrigo
para 500 refugiados sírios no inverno sueco. Vítimas do mundo real encontrando
abrigo na hiper-realidade criada pelo “soft power” norte-americano. Um parque
temático, que encena histórias de heróis com grandes armas derrotando vilões,
dá abrigo a vítimas dessas mesmas armas, só que no mundo real. Refugiados de um
país distante pouco familiarizados com filmes de faroeste, mas que, mesmo assim,
ficam fascinados ao verem atores suecos repetindo narrativas hollywoodianas
semelhantes àquelas deixadas em seus países destruídos.
domingo, maio 28, 2017
A Cracolândia e o documentário "Arquitetura da Destruição"
domingo, maio 28, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
No filme “Ele
Está de Volta” (2015) Hitler aparece no século XXI e vê os neonazistas na
Alemanha. Irritado, chama-os de “fracotes!”. Para ele, não passavam de
imitadores. Mas aqueles que realmente entenderam o seu legado não estão nas
ruas: são os gestores em governos e corporações. Chamada pela mídia corporativa
de “megaoperação de combate às drogas”, a ação na Cracolândia no Centro de São
Paulo, comandada pelos “gestores” prefeito João Dória Jr. e o governador
Alckmin é uma irônica confirmação daquele filme. Escavadeiras, demolições e a
internação obrigatória de dependentes químicos são evidências de como dois
princípios do legado nazifascista inspiram esse século: o “embelezamento do
mundo” e o “princípio das ruínas”. Um dos melhores estudos do fenômeno nazi, o
documentário “Arquitetura da Destruição” (1989) descreve que projetos
nazistas como a “Nova Berlim” acreditavam que o embelezamento somente seria
possível através da destruição e higienização social. Projetos atuais como “Nova Luz” e o Programa “Cidade
Linda” em São Paulo parecem confirmar a maior fé de Hitler: as ruínas da
arquitetura monumental nazi de uma Alemanha derrotada inspirariam as gerações
futuras.
sábado, maio 27, 2017
Alguém manipula nossas identidades no filme "Los Parecidos"
sábado, maio 27, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Imagine um
diretor fascinado pelos filmes e séries sci-fi e de terror B dos anos 1950 como
“Além da Imaginação” que produz um filme com mix da atmosfera dos filmes noir e
do hotel Overloock de “O Iluminado”. O resultado é um filme estranho, fora da
curva dos atuais thrillers de horror. É o filme “Los Parecidos” do diretor
mexicano Isaac Ezban que vem conquistando prêmios no circuito internacional de
festivais do fantástico e do horror. Em uma noite de forte tempestade, em 1968
no México, um grupo fica preso em uma pequena e remota estação rodoviária, à
espera de um ônibus que nunca chega. Estranhas notícias pelo rádio dão conta
que aquele temporal não é comum: o que cai do céu junto com a chuva provoca
estranhas mudanças comportamentais, e suspeita-se de um fenômeno global. O
filme utiliza elementos do fantástico para discutir um tema muito sério: se a
nossa identidade é o resultado do jogo da percepção (o olhar de um para o
outro), como isso pode ser moldado por influências externas? Mídia? Uma
inteligência alienígena? Ou apenas o resultado da paranoia mútua?
quinta-feira, maio 25, 2017
Ataque em Manchester cria dissidências e armadilha do "meta-terrorismo"
quinta-feira, maio 25, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Paris,
Bruxelas, Nice, Berlim, Estocolmo, Londres, e agora Manchester. Sempre a recorrências dos
mesmos elementos de um roteiro: o terrorista sempre morre no final, um
homem-bomba que leva cartão de banco, o inexplicável relaxamento da segurança
em uma arena com 21 mil pessoas etc. e etc. Mas dessa vez, as “coincidências”
ficaram tão evidentes que opiniões dissidentes começam a surgir dentro da
própria mídia corporativa (como a CNN) e no mainstream político britânico:
agora temos opiniões “sérias” de que tudo poderia ser mais uma “false flag” –
ou “não-acontecimento”, no jargão acadêmico. Como todo não-acontecimento, o
ataque deixa uma proposital “assinatura” que os “teóricos da conspiração”
chamam nesse ataque de Manchester de “22-22-22”: terrorista de 22 anos mata 22
pessoas no dia 22. Isca meta-terrorista para analistas independentes morderem e
verem em tudo uma “cabala maçônica”, para então caírem nos estereótipos
conspiratórios que a própria mídia noticiosa e o cinema criaram. Como, por
exemplo, os livros/filmes de Dan Brown.
segunda-feira, maio 22, 2017
Luciano Huck e o jornalismo que perdeu o faro na classe média midiatizada
segunda-feira, maio 22, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A corrida de celebridades como Luciano Huck
para apagar fotos nas redes sociais com o, agora, radioativo senador Aécio
Neves, é a face mais visível de um novo fenômeno: o surgimento uma classe média
midiatizada: jornalistas, artistas, celebridades esportivas entre outros da
fauna midiática que, por respirarem e viverem em uma bolha que os isola das ameaças
do deserto do real, começam a criar relações promíscuas e comprometedoras com personagens
empresarias e políticos que habitam no entorno do poder. Como sintoma “tautista”
(tautologia + autismo) desses ambientes midiatizados, confundem câmeras,
teleprompter e claque de aplausos em auditório com a própria realidade, chegando
alguns a acreditar que de fato ocupam “espaço de poder”. Casadas
com políticos e empresários além de manter amizades com centros de poder corporativos e
governamentais fazem muitos jornalistas acreditar que também pertencem à classe dominante, criando
um tipo de jornalismo e entretenimento marcado por relações promíscuas e
conflitos de interesses.
domingo, maio 21, 2017
O terror racial do filme "Corra!"
domingo, maio 21, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A jovem branca vai apresentar o seu namorado
negro para os seus pais, num evidente prenúncio de tensões raciais. Diversos
filmes já exploraram esse tema. Mas nenhum como “Corra!” (Get Out, 2017) –
afinal, estamos no século XXI e a crítica ao racismo e intolerância está no
centro dos debates culturais. Agora, o jovem negro conhecerá pais liberais,
esclarecidos e que votaram em Obama. Mas ainda assim há algo de errado e
perturbador naquela família de típicos liberais democratas. “Corra!” é a grande
novidade dentro do subgênero do terror racial: a combinação de elementos
gnósticos (o controle da mente e o esquecimento induzidos pelas tecnologias do
espírito) com a crítica social – aqueles que supostamente defendem a
democracia racial, são os mesmos que cinicamente reproduzem a desigualdade.
sexta-feira, maio 19, 2017
Jogo Baleia Azul e suicídio: a morte é mais um produto à venda?, por Marcelo Gusmão
sexta-feira, maio 19, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
“Torne a
mentira grande, simplifique-a, continue afirmando-a, e eventualmente todos
acreditarão nela”. Essa frase de Adolf Hitler descreve bem esse ‘e-fenômeno’
que se tornou o Jogo da Baleia Azul nos últimos meses. O que aconteceu foi algo semelhante à frase
do ditador, ou seja, o jogo é a mentira que se tornou grande, e por isso foi
curtida, comentada e compartilhada tantas vezes mundo afora que, eventualmente,
muitos acreditaram nela. Sabe-se agora, após investigações de sites
especializados, que o Jogo da Baleia Azul é um “fake news” (notícia falsa),
fruto do velho e conhecido telefone sem fio. Mas também a vida imita a arte:
o suposto jogo Baleia Azul foi
explicitamente inspirado no filme “Nerve: Jogo sem Regras” (2016). E
vice-e-versa, a arte imita a vida: a série "Os 13 Porquês” surge no momento em
que a ONU divulga números de que ocorre um suicídio a cada 40 segundos:
coincidências? sincronismos? Ou também a morte transforma-se em mais um produto
à venda?
quinta-feira, maio 18, 2017
Delações da JBS deixam nu o jornalismo da Globo
quinta-feira, maio 18, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Ao vivo repórteres e apresentadores nervosos,
consternados, engolindo seco em uma profusão exponencial de gafes e atos falhos
poucas vezes vista. Os jornalistas da Globo parece que foram pegos de surpresa:
depois de diariamente martelar a narrativa da governabilidade e do “ruim com
ele, pior sem ele”, de repente (como se fosse virada alguma chavinha seletora)
o discurso mudou radicalmente. Tudo após a explosão nuclear das delações
premiadas dos donos da JBS (terceiro maior anunciante da Globo) reveladas em suposto
“furo” do jornal “O Globo”. E ainda com direito a cobertura com imagens estilo
“black bloc” mostrando rolos de fumaça subindo diante do Palácio do Planalto em
noite de protestos. Por que a surpresa consternada dos jornalistas globais,
tidos como os mais bem informados e conhecedores dos bastidores do País, como diz marketing da emissora? Mais do que
provocar um terremoto político, as delações da JBS deixaram nu o jornalismo
global: revelou profissionais alheios à realidade e que apenas repetem
discursos ao sabor da mudança dos interesses corporativos da Globo. Mas isso
traz um custo psíquico aos incautos jornalistas da emissora.
quarta-feira, maio 17, 2017
A obsessão pela felicidade: em defesa da melancolia
quarta-feira, maio 17, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
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