terça-feira, junho 06, 2017

Ataques em Londres consolidam a tática do "meta-terrorismo"


Depois de quase duas décadas de “false flags” e “inside jobs”, desde os ataques de 2001 nos EUA, para justificar a agenda geopolítica norte-americana, esses não-acontecimentos se tornaram autoconscientes. O mesmo roteiro repetido “ad nauseam” se tornou cada vez mais evidente até para veículos de grande mídia com CNN cujos analistas e repórteres vem soltando termos como “psy ops” e “false flags”. Por isso, desde os ataques ao Charlie Hebdo em Paris começamos a acompanhar elementos da tática diversionista do “meta-terrorismo” cujo ápice foi alcançado nesses ataques a London Bridge e Borough Market: policiais flagrados trocando rapidamente de roupa por trás de vans, como estivessem mudando de figurino para desempenhar novos papéis, ou tatuagens nos braços de um dos terroristas mortos (proibidas pela religião muçulmana) parecem indícios plantados propositalmente para simular uma produção mal feita, feitos para atrair câmeras e celulares e repercutirem em redes sociais, desmoralizando críticas sérias como “teorias conspiratórias”. Mais camadas de simulações para tornar ainda mais opaco para a opinião pública os não-acontecimentos.

Certa vez esse humilde blogueiro discutia com alunos os conceitos de simulacro e simulação do pensador francês Jean Baudrillard (1929-2007). Sugeri para a classe um episódio hipotético para análise: uma quadrilha vai assaltar um banco usando um engenhoso ardil – o grupo de criminosos iria se passar por uma equipe de filmagem, com atores, câmeras, rebatedores de luz, spots e toda a parafernália de um set de filmagem.

Entrariam no banco, em plena luz do dia e repleto de clientes, combinaria a logística com o gerente e montaria o equipamento diante dos curiosos funcionários e correntistas. E mais: a imprensa seria convidada para assistir a um “ensaio aberto” no qual jornalistas e câmeras de TV poderiam fazer a cobertura.

Ninguém desconfiaria: entrariam e sairiam do banco sob camadas de simulacros e simulações – temos, portanto, (a) o ardil dos criminosos; (b) criminosos que fingem ser atores; (c) "atores" que fingem ser criminosos; e (d) imagens da TV que cobre um evento como fosse “real”.

Os criminosos teriam que simular que estavam simulando um assalto (live action). Mas não poderiam se portar com assaltantes reais: simulariam que eram atores simulando um crime. Enquanto as câmeras de TV mostrariam imagens de uma suposta realidade, os criminoso teriam que propositalmente estereotipar suas linhas de diálogo e atitudes para criar um curioso efeito de realidade: o show de um crime real que se esconde sob a hiper-realidade de supostos atores que encenam um assalto real.


 Confuso? Pois é essa a essência do meta-terrorismo: a false flag ou não-acontecimento autoconsciente cujo estado da arte parece que foi alcançado nesses supostos atentados terroristas na London Bridge e Burough Market.

O objeto do assalto (o dinheiro do banco) no caso é o sequestro da opinião pública pelo medo e terror. Enquanto o atentado que simula ser real (não-acontecimento) paradoxalmente simula a si mesmo como não-acontecimento ou false flag, ao deixar propositalmente pelo caminho das ações dos supostos terroristas linhas soltas, ambiguidades e anomalias como fosse uma encenação mal produzida.

O mesmo script


O novo atentado de Londres, duas semanas depois do ataque à Arena Manchester, como sempre apresenta a mesma narrativa de Estocolmo, Paris, Nice, Berlim, etc.: os terroristas sempre morrem no final (mortos não falam); são conhecidos pelos serviços de inteligência (o que não impede de cometerem ataques e andarem livremente pelo Reino Unido);

Exercícios de simulação antiterror foram realizadas no local um pouco antes dos ataques (uma unidade de elite SAS, conhecida como “Blue Thunder Squad” performou exercício de simulação em 19 de março no mesmo local), repetindo os antecedentes dos ataques de 2001 nos EUA, Boston (2013), Paris (2015) , Nice (2016) , Berlim (2016)  e Bruxelas (2016) etc.;

E a óbvia resposta à pergunta “quem ganha?” com os ataques:  a primeira-ministra Thereza May está apenas um por cento à frente do candidato de oposição do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn. Os ataques em Londres são muito convenientes num momento em que pesquisas apontam uma reviravolta até as eleições de 8 de junho, com o candidato da oposição ultrapassando a outrora favorita Thereza May. Como sempre, busca-se a famosa “bala de prata” a poucos dias que antecedem as eleições gerais.

Theresa May ganha: unificação pelo terror e medo

Elementos do meta-terrorismo em Londres


Mas esses novos ataques confirmam uma hipótese já sugerida pelo Cinegnose desde os ataques ao Charlie Hebdo em Paris: sobre a narrativa desses não-acontecimentos, está sendo criada uma outra narrativa, por assim dizer, polissêmica – ambiguidades são plantadas para dar margens a várias interpretações, sendo a principal de que tudo não passa de false flag.

Tal como os assaltantes do banco do exemplo acima, temos uma false flag (o roubo do banco da opinião pública) que procura simular ser de fato uma false flag, para que qualquer suspeita séria sobre uma verdadeira false flag seja ridicularizada como “conspiratória”.

Se não, vejamos:

(a) Atores trocando de figurino?


Há diversas vídeos mostrando homens trocando de roupa por trás das vans da polícia. Vemos um deles, um suposto policial com barba, tirando as calças do uniforme policial e colocando calças cargo militar de camuflagem, semelhantes as de um dos terroristas mortos pela ação policial.

Há algo de Show de Truman nessas imagens, como a cena do filme na qual do protagonista Truman inadvertidamente flagra os bastidores do gigantesco reality show em que vivia. Pronto! Tornou-se uma das pistas de uma false flag em ação: policiais que na verdade seriam atores mudando o vestuário para desempenhar novos papéis.

Mas há algo ainda mais estranho: no vídeo completo, vemos num plano mais aberto a rua e repórteres e cinegrafistas que param para registrar a insólita cena.

Como assim? Um segredo de bastidores, que se revelado seria a prova cabal da simulação de todo o atentado, exposto para jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas? Numa rua aberta, escondidos apenas por duas vans da polícia? 

Cena propositalmente plantada para incendiar a imaginação das “teorias da conspiração”?

(b) O colete falso de explosivos


O terrorista morto por policiais usava um colete com explosivos falsos, na verdade latas vazias para emular um homem-bomba. Primeira suspeita: o colete é idêntico aos usados em treinamentos antiterror.

Segundo:  qual a função desse colete para a logística da ação? - saltar da van em Borough Market e entrar e sair de bares e pubs esfaqueando quem cruzasse o caminho.

Somado ao suposto grito de um dos atacantes (“Isso é por Alá!”), estamos diante de uma flagrante estereotipagem do personagem do terrorista.

(c) Grande mídia começa a falar em “False Flag” e “Psy Op”


No ataque anterior na  Manchester Arena, o analista do canal CNN, Paul Cruickshank, considerou que nos últimos meses estaria acontecendo na Europa “uma série de false flags”.

Agora, ao vivo, um repórter da CNN fala em evidência dos ataques serem um “Psy Op” (Operação Psicológica) coordenado pela SIOP (Strategic Inteligence Operations Center) de Nova York – assista ao vídeo acima.

Grande mídia começa a usar terminologia própria dos teóricos da conspiração? Estaria a mídia corporativa dando a mão à palmatória para as evidências? Lisonjas para as teorias de conspirações?

(d) Tatuagens


Um dos atacantes mortos pela polícia apresenta braços cheios de tatuagens. Mas isso é terminantemente proibido na religião muçulmana: tatuar o corpo é um pecado porque desconfigura a criação de Deus. Nada que seja permanente, que tente modificar a criação de Deus, é permitido.

Erro de produção propositalmente plantado?

(e) O homem andando com um copo de cerveja


Um vídeo flagrou um homem com um copo de cerveja caminhando pela calçada enquanto ao seu redor passam outras pessoas correndo, desesperadas, após os ataques nos bares e pubs na Burough Market .

Cena polissêmica: para a mídia corporativa, um símbolo do “bom humor” e da “determinação dos moradores da cidade”.

Para analistas independentes, alguém que não fazia parte do cast da encenação de mais um não-acontecimento, alheio ao roteiro e seus personagens.

Anomalias e vítima conveniente


Também como sempre, algumas anomalias e coincidências significativas:

(a) Eles estão rindo do quê?


Em vários momentos foram flagrados policiais em cenas supostamente tensas, rindo ou conversando alguma coisa engraçada com seus companheiros policiais... até ser alertado pelo seu amigo para presença das câmeras, se recompor e voltar a ficar sério e alerta.

Aliás, há comportamentos estranhamente bipolares: de um lado, policiais gritando e correndo histéricos, e do outro policiais relaxados e sorridentes.

Essas mesmas anomalias foram verificadas no ataque à feira de Natal de Berlim.
Um dos exemplo nos ataques em London Bridge e Borough Market está nesse vídeo acima aos 2 minutos e 20 segundos.


(b) A vítima conveniente


Entre as sete vítimas fatais e 22 feridos nos ataques em Londres, a canadense Christine Archibaldi mereceu um grande destaque pela mídia corporativa por um irônico elemento que certamente alimenta a agenda conservadora mobilizada pela escalada do terrorismo muçulmano: trabalhava como voluntária em um abrigo para moradores de rua em seu país.

“Morta nos braços do seu noivo”, como salientam as narrativas sensacionalistas sobre a tragédia. Uma pessoa com “grade apreço pelo próximo” e “acreditava firmemente que cada pessoa deveria ser valorizada”, é vítima de alguém com grande ódio por todos nós. Certamente, mais vento para os moinhos da xenofobia, medo e intolerância contra o outro (principalmente estrangeiros), combustível da atual agenda da luta contra o terror internacional.

A dinâmica do meta-terrorismo


No quadro abaixo esse humilde blogueiro tenta esquematizar a dinâmica do meta-terrorismo, destacando as camadas de simulações desse novo fenômeno que envolve os não-acontecimentos.


Depois de duas décadas de não-acontecimentos de supostos ataques do radicalismo islâmico, reforçando a geopolítica norte-americana no Oriente Médio, a repetição do mesmo script levanta cada vez mais suspeitas e denúncias sobre eventos que à distância cheiram a false flags.

A estratégia meta-terrorista é a reposta diversionista das operações psicológicas: propositalmente deixar no caminho erros e falhas, como fossem erros de uma produção mal feita.

O exemplo de policiais rapidamente trocando de roupas, escondidos apenas por vans e expostos a câmaras ou celulares de quem passasse por ali, é a típica isca jogada para incendiar a imaginação dos “conspiratórios”, desmoralizando qualquer análise crítica independente.

Na base do diagrama acima temos a “infraestrutura”: a agenda política (p.ex., a “bala de prata” para Thereza May) e econômica (a geopolítica do petróleo dos EUA).

Logo acima, a superestrutura ideológica no sentido clássico: discursos que justificam o sistema político-econômico.

Nos níveis acima, saímos da ideologia e entramos no campo subliminar da engenharia das percepções: as “psy ops” dos não-acontecimentos e a novidade do meta-terrorismo que alimentam com false flags e inside jobs a pauta dos telejornais da grande mídia e as percepções nas redes sociais.

O meta-terrorismo, como fosse assaltantes de um banco que simulam serem atores que, por suas vez, simulam serem assaltantes filmados por câmaras que simula que tudo seja real.

               A crescente sofisticação das operações psicológicas comprova esse paradoxo da atual sociedade da informação: nunca tivemos na História uma sociedade tão midiatizada na qual em tempo real acompanhamos acontecimentos e notícias. Mas, paradoxalmente, nunca tivemos relações sociais tão opacas e fetichizadas por camadas de ideologias e simulações.

Com informações de Daily Mail, Live Leak, CNN, O Globo, Aangirfan, Veterans Today, 21st Century Wired. 

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