terça-feira, fevereiro 13, 2024

Na Live Extra: o carnaval da ocupação; Bolsonaro não pode ser preso! Tem que ser esquecido; os lobos da Faria Lima


Em meio às cinzas de um Carnaval marcado pela estratégia da guerra cultural de ocupação do Agronejo e do Gospel, acontece a Live Extra Cinegnose 360 #37, nessa quarta-feira, às 18h, no YouTube e Facebook. Depois dos controversos e trepidantes Comentários Aleatórios, a Crítica Midiática do meio da semana: “Bolsonaro não pode ser preso, ele deve ser esquecido!”, crava este Cinegnose... o humilde blogueiro vai explicar; por que para a Globo o Carnaval deixou de ser evento jornalístico para se tornar entretenimento esportivo? Carnaval 2024 virou campo de ocupação da guerra cultural do Agronejo e Gospel; após entrevista de Tucker Carlson com Putin, Trump diz que vai deixar “Rússia fazer o que bem entender”; XP Investimentos e as vítimas do financeirização brasileira: os lobos da Faria Limae outras bombinhas semióticas que eventualmente sejam detonadas até as 18h.

sábado, fevereiro 10, 2024

Phil Collins e o 'Psicopata Americano' Tinha Orcrim no golpe de Estado? Se for preso, Bolsonaro também pode virar uma ideia?


Uma organização criminosa pode dar um golpe de Estado? Forças Armadas foram vítimas de uma Orcrim? É com essas dúvidas existenciais em um Carnaval que acontece a Live Cinegnose 360 #143, nesse domingo (11/02), às 18h, no YouTube e Facebook. Como o Cinegnose é indiferente ao Carnaval, vamos começar com Phil Collins, aquele que melhor encarnou o Pop dos 80s: por que o assassino serial Patrick Bateman gostava de Phil Collins em “Psicopata Americano”? Depois, a filosofia e a geopolítica da inteligência artificial no filme “Resistência”; e na série GloboPlay “Fim”: a morte e o fim em Albert Camus. Será que realmente nos comunicamos? Esse é o tema da sessão dos livros do humilde blogueiro. E na Crítica Midiática da semana: Grande mídia quer transformar golpe de Estado em “Organização Criminosa”; um estudo do “react” dos apresentadores e repórteres no dia das prisões da PF; esquerda Pavlov saliva... e Forças Armadas se safam; Se for preso, Bolsonaro também pode virar uma “ideia”? XP Investimentos e “O Lobo de Wall Street”; a entrevista de Putin para Tucker Carlson: por que Ocidente está tendo chiliques?

sexta-feira, fevereiro 09, 2024

A filosofia e geopolítica da inteligência artificial em 'Resistência'


Narrativas sobre inteligência artificial, robôs e replicantes nunca terminam bem no cinema. Principalmente com o discurso do Capitalismo High Tech Distópico de Elon Musk que inspira nove em cada dez roteiros sci-fi atuais. Mas “Resistência” (The Creator, 2023) é essa exceção, indo para além do maniqueísmo homem X máquina. O olhar do filme é tanto filosófico quanto geopolítico. Um soldado é recrutado para localizar e matar o Criador - misterioso arquiteto responsável por desenvolver uma arma capaz de acabar com um confronto mundial em que o Ocidente declarou guerra a toda forma de IA. Principalmente a IA da “Nova Ásia”: diferente do pensamento dualista ocidental, a nova IA oriental quer ser livre ao lado dos humanos. Entrando num embate militar com os EUA, um império decadente em 2070. “Resistência” ecoa o atual conflito EUA vs. China.

terça-feira, fevereiro 06, 2024

Aedes Aegypti é bioarma? Câmera revela porque SP não quer câmeras corporais; dissonância cognitiva da Transparência Internacional


Vamos trocar a dívida externa com os investimentos gringos do Inspetor Bugiganga OMS na Saúde brasileira? Gringo é tão bonzinho! Então vamos falar deles na Live Extra Cinegnose 360 #36, nessa quarta-feira (07/02), às 18h, no YouTube e Facebook. Depois dos Comentários Aleatórios com os olhos no futuro e no passado, a Crítica Midiática do meio da semana: jornalismo comparado: mídia brasileira mais-realista-que-o-rei: mídia europeia mostra outra realidade sobre protestos massivos de agricultores na Europa; “Aedes Aegypti” é uma antiga bioarma do Pentágono? União Europeia dobra a aposta: promete “muito sofrimento” para ajudar Ucrânia. Documentos revelam; Síndrome de Estocolmo: super-ricos ajudando Haddad a atingir meta do déficit zero? Por que grande mídia não fala sobre motivo da perseguição ao Padre Júlio Lancellotti? Jornalismo corporativo vira advogado da Transparência Internacional... e se a TI for realmente honesta?... seria tudo mais um lance de dissonância cognitiva? Câmera corporal de policial assassinado mostra porque Tarcisão não quer câmeras corporais... Venha participar!

sábado, fevereiro 03, 2024

Synthpop anos 80: o Brasil esquecido; cortina de fumaça com softwares na Abin; corrupção tautista; tem mais templos que escolas e hospitais



Na velocidade da luz do tempo midiático em um mês de janeiro que demorou para passar, com tanta coisa que aconteceu. Certamente os “Spy Vs Spy” têm muito a dizer sobre o porquê. Então venha ver a contribuição deles, diretamente da clássica revista “Mad”, na Live Cinegnose 360 #142, nesse domingo (04/02), às 18h, no YouTube e Facebook. Começando com as bandas paulistanas dos anos 1980 “Azul-29” e “Tek Noir”: aventuras em um Brasil que foi esquecido. Também vamos discutir os filmes “Paisagem com Mão Invisível: o Capitalismo veio de outro planeta; e “Red Rooms”: Marques de Sade e Dark Web. E na sessão dos livros, vamos sair voando por aí com Projeciologia. E Na Crítica Midiática da semana: como crise da Abin foi fabricada para ocultar a guerra interna das Forças Armadas; o ardil de Lula no túnel Santos-Guarujá; o simbolismo do trajeto de Lula Santos-ABC-São Paulo, para refilar Marta Suplicy; por que a pesquisa da Transparência Internacional é tautista? Síndrome de Estocolmo: super-ricos vão custear o déficit zero do Governo? Por que no Brasil tem mais templos religiosos do que hospitais e escolas juntos? Venha conspirar também!

sexta-feira, fevereiro 02, 2024

Filme 'Red Rooms', Marques de Sade e Dark Web: "o Mal deve ser praticado sem paixão"


Se nos anos 1970 tínhamos a lenda urbana dos “snuff movies” (vídeos comercializados com sexo abusivo, violento, sadomasoquista e sempre terminando na morte da vítima), na Dark Web temos o roax das “Red Rooms” - transmissões ao vivo de estupro, torturas e assassinatos de vítimas sequestradas para um público disposto a pagar pelo entretenimento voyeurista. O filme canadense “Red Rooms” (Les Chambres Rouges, 2023), de Pascal Plante, começa com o julgamento de um pedófilo que sequestrou menores para seus shows nas Red Rooms. Mas o foco não é o julgamento, mas duas mulheres obcecadas pelo caso. Uma, uma groupie apaixonada pelo réu que virou uma celebridade. E outra fria e enigmática. Figura incômoda  para o espectador, porque nunca sabemos qual o seu real interesse no caso. Uma personagem está no passado (a cultura das celebridades no século XX) e outra no futuro: o interesse insalubre e amoral pelo mal na Internet. Revivendo em pleno século XXI a máxima do velho Marques de Sade: “Para o libertino o Mal deve ser praticado sem paixão”.

quinta-feira, fevereiro 01, 2024

Mídia no modo Alarme: pesquisa tautista dá folego ao lavajatismo



O jornalismo corporativo bate bumbo sobre o relatório “Índice da Percepção da Corrupção” da pouco transparente ONG Transparência Internacional – de relações promíscuas passadas com a Operação Lava Jato. Segundo a pesquisa, o Brasil caiu dois pontos no primeiro ano do governo Lula. É a grande mídia de volta ao modo alarme com a pauta da corrupção. Enquanto Moro é sacrificado como um anti-herói que, em seu último ato, deve morrer para salvar o seu legado: o lavajatismo. Por enquanto, corrupção ainda é vista como ameaça futura. A pedra angular da pesquisa é o conceito de “percepção”, confundida com “opinião”.  A questão é que a percepção não é um juízo pessoal, mas uma “ignorância pluralista” moldada pela consonância, acumulação e onipresença da pauta midiática.  Por isso, o índice da pesquisa é “tautista” (tautologia + autismo midiático): reflete apenas o ecossistema midiático - espelha o modus operandi da grande mídia na guerra híbrida.

terça-feira, janeiro 30, 2024

Sobre pescarias,"super lives" e operações da PF; flagrante da esquerda pavloviana na Secom; quem ganha com crise na Abin?


E a espuma midiática continua... com requintes semióticos bizarros como “Super Live” e camiseta de Israel, além Bolsonaro falando em peixes pescados em piscina... depois de ter saído para pescar antes da ação da PF. Vamos decodificar esse caos semiótico na Live Extra Cinegnose 360 #35, nessa quarta-feira (31/01), às 18h, no YouTube e Facebook. Depois dos costumeiros e trepidantes Comentários Aleatórios, vamos à Crítica Midiática do meio da semana:  a coreografia combinada da “Super Live” de Bolsonaro com operação da PF contra seu filho; “Toc,Toc,Toc” e “Grande Dia”: a reação da esquerda pavloviana;  um flagrante de como Secom e governo são reféns da pauta midiática; Vale, Mantega e a estratégia semiótica do “rocambole informativo”; a ironia da condecoração de Lula na USP; armas restritas para policiais: com agrojornalismo, Exército cria o problema para depois se apresentar como solução. E outras bombinhas semióticas.

sábado, janeiro 27, 2024

Rolling Stones; Carlos Jordy, Marielle Franco, Abin... crítica da espuma midiática semanal; drag queen comunista prevê fim do mundo!


Corram! Mudança climáticas e desenvolvimentismo estão chegando! Enquanto isso, Milei chama presidente da Colômbia de “comunista assassino” e uma drag queen comunista diz que o mundo só tem mais três anos antes de uma catástrofe climática final... Tá puxado entender as informações da mídia? Então venha participar da Live Cinegnose 360 #141, nesse domingo (28/01), às 18h, no YouTube e Facebook. Começando com os Rolling Stones na sessão dos vinis do humilde blogueiro: Rolling Stones, um sismógrafo da cultura pop. Também vamos discutir o filme com onze indicações ao Oscar: “Poor Things” de Yorgos Lanthimos, líder da “onda estranha” do cinema grego. E o filme “O Homem dos Sonhos”: quando as redes sociais se transformam no inconsciente coletivo. E na Crítica Midiática: dois flagrantes da cismogênese da retórica das mudanças climáticas: um doc sobre o Vale do Ribeira e as profecias de uma drag queen comunista; Carlos Jordy, Marielle Franco, Abin... a espuma midiática semanal; "Steadfast Defender 2024": a maior manobra militar da OTAN desde a Guerra Fria; um comparativo de jornalismo de guerra Folha/Estadão/Globo; Casas de apostas dominam mídia e futebol: o que isso significa? E mais algumas bombinhas semióticas... venha participar!

sexta-feira, janeiro 26, 2024

Um manifesto ciborgue e a reconfiguração do feminismo em 'Pobres Criaturas'


Yorgos Lanthimos, o diretor líder daquilo que os cinéfilos chamam de “onda estranha grega”, mais uma vez em “Pobres Criaturas” (Poor Things, 2023, com onze indicações ao Oscar) lança mão da estranheza. Com um tema obsessivo na sua obra, desde “Dente Canino” (2009): personagens totalmente incongruentes entre si no qual violência, amor, culpa, erotismo, misticismo e horror se misturam em espaços claustrofóbicos ou famílias que se transformam em prisões. Dessa vez, Lanthimos foca sua lente estranha nas questões de identidade e gênero numa espécie de releitura feminista do Frankenstein de Mary Shelley, adaptando o livro “Poor Things” de Alasdair Gray. Livro que certamente se inspirou no “Manifesto Ciborgue” que reconfigurou o feminismo ao se apropriar da figura hipermasculinizada do Ciborgue na cultura pop - a mulher como ser híbrido, parte biológica e que precisa se recompor com a parte técnica, para encontrar a si mesma.

terça-feira, janeiro 23, 2024

Na Live Extra: OMS, Davos e a "Doença X"; droga zumbi e protestos na Europa; existe burguesia industrial no Brasil?


O avô desse humilde blogueiro, português, dizia: “Nessa terra, em se plantando, tudo dá”... então pra quê indústria, essa reminiscência nostálgica getulista? Então, entre a utopia e a nostalgia, acontece a Live Extra Cinegnose 360 #34, nessa quarta-feira (24/01), às 18h, no YouTube e Facebook. Depois dos costumeiramente controversos Comentários Aleatórios, a Crítica Midiática do meio da semana com: OMS em Davos alerta para uma hipotética pandemia global da “Doença X”; não existe pecado abaixo do equador: mais delícias do capitalismo brasileiro sem risco; porque grande mídia brasileira esconde duas coisas: “epidemia zumbi” nos EUA e protestos dos agricultores na Europa; Casas de apostas e futebol: empresa francesa afirma estar “99% convencida” de possibilidade do Brasileirão 2023 ter sido manipulado; Programa Nova Indústria Brasil: Burguesia industrial brasileira vai mesmo se descolar da burguesia financeira? Aeronáutica não quer salvar Yanomâmis... mais vai salvar turistas ricos em Israel. Venha conspirar com os cinegnósticos nessa quarta-feira! 

sábado, janeiro 20, 2024

Jazz e Guerra Fria; mídia no modo freak out: Refinaria Alberto Lima e Enem dos concursos públicos; dengue será próxima pandemia global?


Lula chamou o pai de careca e a mãe de bicicleta! Grande mídia em modo freak out! Obras da refinaria Abreu Lima são retomadas, Lula fala em autossuficiência brasileira do diesel e aponta digitais dos EUA na Lava Jato! Lula sobe no trapézio e anda no arame. Vamos discutir esses e outros temas na Live Cinegnose 360 #140, nesse domingo (21/01), às 18h, no YouTube e Facebook. Começando com o jazz alemão do Fritz Pauer Trio: como o jazz foi utilizado como operação psicológica na Guerra Fria. Depois dos trepidantes Comentários Aleatórios, discutiremos o filme clássico “A Montanha dos 7 Abutres” (o jornalismo sujo, podre e canalha) e o amor em tempos de inteligência artificial com o filme “Intruso”. Na sessão dos livros, vamos nos deliciar com alguns aforismos. E na Crítica Midiática da semana: Bioimperialismo: a morte do Zé Gotinha; para OMS dengue é candidata a nova pandemia global; o trabalho de Sísifo de Haddad; Lula “acena” para militares: o efeito transmídia do 8/1; Carlos Jordy: mais um spin off do 8/1; o não acontecimento do imposto dos evangélicos; Freak out na grande mídia: Enem dos concursos públicos e refinaria Abreu Lima; a chantagem das companhias aéreas: capitalismo sem risco; por que grande mídia repete os clichês do “fazer a diferença” e da “empatia”? E outras bombinhas semióticas.

sexta-feira, janeiro 19, 2024

'A Montanha dos 7 Abutres': sujo, canalha, podre


“Eu posso lidar com notícias grandes e pequenas. Se não houver notícia, saio na rua e mordo um cachorro”, diz cinicamente Kirk Douglas, numa performance de gelar o sangue do espectador. Mais de meio século depois, “A Montanha dos 7 Abutres” (Ace in the Hole, 1951) continua afiado como um punhal. Um documento histórico de um momento em que o mercado de notícias estava transformando a face da sociedade, rivalizando com a própria indústria do entretenimento. O momento em que o jornalismo corporativo deixava de ser mera testemunha ocular dos fatos para ser a dona ou até criadora dos fatos. Kirk Douglas é um jornalista amargurado, expulso dos grandes centros e que vê num acidente em uma mina perdida no meio do deserto a chance de reavivar a carreira. Rapidamente a situação se torna um circo midiático sujo, podre e canalha, antecipando em décadas aquilo que apenas seria potencializado pelas novas tecnologias e redes sociais.

terça-feira, janeiro 16, 2024

Taylor Swift pra ministra da Economia! Uma semiótica da visita de Boulos à Marta Suplicy. Globo e o prato da vingança que se come quente



O ex “fazendeiro de bundas”, Luciano Huck, faz mediação de painel em Davos; mídia comemora a “revolução” do PIX; e jornalões dizem que Taylor Swift salvou economia brasileira em novembro. Esse é o patafísico início de ano que a Live Extra Cinegnose 360 #33 vai decodificar. Nessa quarta-feira (17/01/2024), às 18h, no YouTube e Facebook. Depois das ironias e paradoxos dos Comentários Aleatórios, a Crítica Midiática do meio da semana: os cinco maiores bilionários do planeta dobraram suas fortunas... e para grande mídia o problema é que são todos homens; Hipocrisia, Equador e narcotráfico; Taylor Swift para ministra da Economia do Brasil! Por que a pauta do jornalismo corporativo é “eleições municipais polarizadas”? Uma semiótica da visitaTaylor  de Boulos à residência de Marta Suplicy; Globo joga de uma vez Moro ao mar para salvar a si mesma; Modus operandi midiático é vingança é um prato que se come... quente: José Dirceu e Lava Jato.

sábado, janeiro 13, 2024

Live está de volta! Com bombas semióticas: polarização nem-nem, metonímicas, dos spin-offs do 8/1, da vaidade, da empatia...


O humilde blogueiro está de volta! Live Cinegnose 360 #139, nesse domingo (14/01), às 18h, no YouTube e Facebook. Como este Cinegnose estava de férias, mas sem deixar de acompanhar a distopia que nos cerca, teremos uma enxurrada de assuntos. Começamos com os vinis do humilde blogueiro: Diana Washington, jazz e uma vida autêntica abreviada. Na sessão do Cinema e audiovisual vamos de três filmes: “Saltburn” (a “rich exploitation”), o brasileiro “Retratos Fantasmas (memórias em ruínas) e “A Sociedade da Neve” (canibalismo e horror cósmico). Na sessão dos livros, vamos discutir o conceito de castas. E na Crítica Midiática: o ano começa com jornalismo metonímico e contaminações semióticas... e o ano na Globo começa com o Japão como reserva moral dos brasileiros; Haddad: a vaidade é o pecado predileto do diabo; a bomba semiótica transmídia do 8/1 com mais spin-offs; violência no Equador... e Globo News preocupa-se com EUA; Eleições municipais: a polarização semiótica “nem-nem”; as bombas semióticas da “Empatia” e do “fazer a diferença”; a retórica da distopia high tech de Musk... e, como sempre, outras bombinhas semióticas. 

Canibalismo e horror cósmico em 'A Sociedade da Neve'


A história dos sobreviventes dos Andes (o acidente aéreo de 1972 com dezesseis sobreviventes entre 45 pessoas a bordo) já foi contada e recontada na literatura e cinema – sempre com o toque sensacionalista do canibalismo. Mas em “A Sociedade da Neve” (2023), do diretor espanhol J.A. Bayona, a questão do canibalismo é colocada num cenário mais amplo: o do horror metafísico ou cósmico, com forte traço gnóstico. Os planos grandiosos dos Andes os infinitos campos de neve contrastando com fragilidade dos sobreviventes diante da escala do cenário acentuam a absoluta indiferença da Natureza diante da presença humana. Ali não há Deus, propósitos divinos, sentido ou sequer destino. Apenas a fúria dos elementos. Diante da “morte de Deus” resta o pós-humano: o homem tornar-se uma máquina de sobrevivência tão furiosa quanto a Natureza – e o canibalismo é apenas um elemento nesse quadro mais geral.

quinta-feira, janeiro 11, 2024

Filme 'Intruso' e o amor na era da inteligência artificial


A premissa de “Intruso” (Foe, 2023) soa familiar, sobre a ideia de robôs e androides se tornarem tão reais que percamos as fronteiras entre simulação e realidade. Mas, lembre-se! Não estamos mais diante de replicantes sencientes e autônomos. Mas agora lidamos com inteligência artificial machine learning – algoritmos que “aprendem” conosco e não mais emulam, mas imitam. Num futuro em que o planeta está ambientalmente agonizante e a saída é o espaço sideral, um casal que mora em uma fazenda remota no Centro-oeste americano recebe a visita de um representante do governo convocando o marido para uma missão em uma colônia em outro planeta. Para dar continuidade ao casamento, no lugar ficará um clone com o qual a esposa nem perceberá a diferença. Para garantir isso, um pesquisador deverá passar um tempo com o casal para recolher o máximo de informações para que o clone seja o mais real possível. Em “Intruso” acompanhamos o que poderá ser o amor em tempos de inteligência artificial. 

sábado, janeiro 06, 2024

Culpa e fúria nos 40 anos da série 'Chaves' no Brasil



Está fazendo 40 anos da estreia da série mexicana “Chaves” (El Chavo Del Ocho) aqui no Brasil Criado por Roberto Gómez Bolaños, falecido em 2014, era apelidado de Chespirito - “Pequeno Shakespeare”. Mas ele sempre esteve muito mais próximo de Stephen King e do escritor francês Camus. Se King dizia que o inferno era a repetição e Camus via no homem moderno atualização do mito de Sísifo, Bolaños vai mixar esses insights em uma pequena vila de pobres e remediados em algum lugar no Distrito Federal do México. Uma galeria de personagens que parecem condenados a repetir seus pecados na eternidade, assim como Sísifo rolava uma pedra montanha acima numa tragédia sem fim. Mas se fosse apenas isso, “Chaves” não seria tão cultuado por tantas gerações. Há algo mais: se por um lado a série revela um sentido auto moralizante onde cada personagem repete "ad aeternum" seus pecados mortais, do outro ninguém demonstra o menor respeito pela Ordem, seja a de Deus ou a do Diabo. A receita de um cult: a ambígua da mistura da culpa com a fúria.

quinta-feira, janeiro 04, 2024

Filme 'Saltburn' e a "rich exploitation' de uma aristocracia que perdeu seus predadores naturais


A produção original Amazon “Saltburn”, de Emerald Fennell (“Bela Vingança”) é uma combinação explosiva de sexo com luta de classes. Mais uma produção de uma tendência dos últimos anos que poderíamos definir como subgênero “rich exploitation”: obscenamente ricos que se autodestroem. Mas “Saltburn” explora uma faceta do topo da pirâmide social: os aristocratas, aqueles que apenas herdam a riqueza com um senso quase ingênuo de nobreza – sem predadores naturais, basta apenas um pequeno empurrão para que tudo desabe. Um jovem proveniente da classe trabalhadora chega à exclusiva universidade de Oxford para conviver com jovens herdeiros que não têm a menor necessidade de estarem ali. A não ser justificar para a sociedade a sua absurda riqueza. “Saltburn” é uma espécie de remix de “O Talentoso Ripley”, porém transitando entre o thriller sexual e o humor sombrio.

quarta-feira, janeiro 03, 2024

Memórias em ruínas no filme 'Retratos Fantasmas'


As ruínas nos fascinam. Desde o início da arqueologia moderna, influenciou a sensibilidade artística criando um imaginário associado a memórias, fantasmas e desaparecimento até chegar, no século XX, ao “princípio das ruínas” como propaganda e estética política nazista: ruínas como inspirações para as gerações futuras. Kleber Mendonça Filho consegue representar esse imaginário em “Retratos Fantasmas” (2023) através de uma jornada pessoal e sociopolítica pelas memórias trazidas pelas ruínas urbanas: da casa vizinha ao edifício em que mora aos cinemas de rua abandonados do Centro do Recife. Como a modernidade cria incessantemente ruínas. E como nos relacionamos com elas através das memórias. Além de as ruínas apontarem para o futuro quando salas de projeção viram templos religiosos.

sábado, dezembro 30, 2023

A morte é a única coisa que nos une na série 'Fim'


A única certeza que nos acompanha por toda vida é que um dia vamos morrer. É aquilo que nos separa (nossos amores e amigos vão morrendo, deixando buracos em nossas vidas), mas ao mesmo tempo nos une: diante da morte somos todos iguais. Nessa trajetória em direção do fim, duas questões emergem: por que uma coisa tão boa como o amor, de repente não funciona mais? E por que, a certa altura, tudo de bom que a vida nos deu começa a ser retirado? Esses são alguns temas que ecoam na série original Globoplay “Fim” (2023). Tudo começa no velório com um grupo de amigos de longa data. Suas vivências, memórias, desilusões e, principalmente, a fugacidade do amor, da felicidade e a incomunicabilidade das relações humanas marcam a série. Fazendo lembrar a interpretação de Albert Camus ao Mito de Sísifo.

sexta-feira, dezembro 29, 2023

Robô "ataca" engenheiro na Tesla: a retórica do capitalismo high tech distópico de Elon Musk


“Revolução das máquinas!”. “Homens X Máquinas!”. “Robô ataca engenheiro!”. Foi com essas manchetes sensacionalistas que a mídia noticiou um acidente ("ataque" para a mídia) ocorrido na fábrica da Tesla em Austin, EUA, envolvendo um robô da linha de montagem. Matérias híbridas de jornalismo e marketing, que se alinham a uma paradoxal retórica de Elon Musk que poderíamos chamar de “capitalismo high tech distópico”. O bilionário já falou que estamos presos na Matrix e devemos fugir. Depois falou da necessidade da colonização de Marte para escaparmos da guerra nuclear. E agora alerta que a inteligência artificial ameaça extinguir a humanidade. A Mídia adora essa retórica de Musk: é sensacionalista e garante click baits. Mas também possui uma mais valia ideológica: por trás desse fetichismo distópico de máquinas que supostamente poderiam se tornar sencientes, ocultar o velho capitalismo tão bem apresentado por “Tempos Modernos” de Chaplin – das linhas de montagem aos algoritmos, a inovação tecnocientífica nada mais é do que a codificação das intenções, opiniões e predisposições econômicas e ideológicas codificadas pelos seus criadores: a elite tecnológica à serviço da burguesia. 

terça-feira, dezembro 26, 2023

Contra as bombas semióticas da "Empatia" e do "Faça a diferença"

“Empatia” e “faça a diferença” são expressões que marcaram 2023. Apareceram em todos os lugares: no colunismo e editoriais da grande mídia, em vídeos publicitários das grandes marcas globais, nos discursos motivacionais corporativos, na literatura de autoajuda. Viraram palavras mágicas através das quais podemos supostamente fazer uma sociedade melhor e mudar o mundo! Há uma relação direta entre o aumento da polarização política e escalada midiática dessas palavras, consideradas antídotos para todas as mazelas do ódio e intolerância. O mais irônico, é que aqueles que lançam essas palavras mágicas como slogans ou hashtags foram os responsáveis pela doença que supostamente pretendem curar: o jornalismo de guerra que deu visibilidade ao extremismo político e fundações privadas educacionais de bilionários que financiaram a cismogênese brasileira. “Empatia” e “faça a diferença” viraram bombas semióticas do “Sim!” que retroalimentam aquilo que simulam querer sanar.

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