quinta-feira, dezembro 22, 2022

Ironias, guerra cultural e cultura do cancelamento em 'A Caçada"


Em tempos de guerra cultural que gera profunda polarização política, está cada vez mais difícil entender ironias, porque espíritos armados vê tudo na literalidade. O filme “A Caçada” (The Hunt, 2020, disponível na Netflix) foi uma das vítimas dessa polarização – um filme que dispara ironias contra teorias da conspiração e cultura do cancelamento: elites liberais que se reúnem em uma mansão remota para caçar humanos por esporte. “A Caçada” ironiza coisas como o “Pizzagate” (no filme temos o “Manorgate”). Seu lançamento sofreu sucessivos adiamentos. "A Caçada" zomba das elites liberais politicamente corretas, a cultura do cancelamento e a histeria conspiratória de extrema-direita. E, assim como em produções posteriores como “Não Olhe Para Cima”, joga com a histeria online que muitas vezes parece ao mesmo tempo presciente e redundante – como as teorias conspiratórias, de tão caricatas, poderiam virar profecias autorrealizáveis.

quarta-feira, dezembro 21, 2022

Filme 'France': quando o jornalista vira o protagonista da notícia


“France” (2021, disponível na HBO Max), do cineasta francês Bruno Dumont, foi recebido com um coral de vaias no Festival de Cannes no ano passado. Parece que a plateia formada principalmente pela imprensa especializada não recebeu muito bem a sátira de um cineasta sobre fama e celebridade no jornalismo – jornalistas não costumam receber muito bem críticas de alguém que não pertença ao próprio campo jornalístico. O filme acompanha uma jornalista-celebridade chamada France de Meurs e o fenômeno tautista em que jornalistas deixam de ser testemunhas da história para se transformarem em protagonistas da própria notícia. Regularmente abordada nas ruas para selfies e autógrafos, France parece confortável no interior de uma bolha tautista social/profissional protetora. Até o sentimento de alienação e depressão assombrá-la depois de atropelar um motoboy e começar a colocar em xeque sua profissão. Mas como encontrar a realidade para além do estúdio e da ilha de edição?

sábado, dezembro 17, 2022

Live do domingo: o pós-rock do Trans Am; Jung e os mortos; o fim da Internet com Splinternet e Crítica Midiática da semana



A Copa acabou, mas a Live Cinegnose 360 não! Continua nesse domingo (18/12/2022), com a edição #86, às 18h, no YouTube. Na sessão dos CDs piratas do humilde blogueiro, vamos discutir o “pós-rock” de final de século da banda “Trans Am”. Na sessão do Cinema e Audiovisual temos dois filmes: “Um Outro Mundo” (amor, família e luta de classes na ética do novo capitalismo); e vamos revisitar o novo clássico “Os Outros” (Jung tinha razão sobre mortos e fantasmas). A Internet está acabando. Vamos discutir o seu futuro: a “Splinternet”. E na Crítica Midiática da semana: grande mídia quer desgastar ainda mais capital político de Lula; Efeito Heisenberg derrubou Seleção pela segunda vez; Identitarismo na cobertura da Copa oculta exploração, escravidão no Catar e “sportwashing”; Elon Musk bloqueia perfis de jornalistas no Twitter: despolitização de um debate; Globo vai à luta: Brasil deve se tornar uma neocolônia digital; Por que, diferente da Alemanha, a mídia brasileira não investiga organizações terroristas golpistas? Venha conspirar nesse domingo!

quinta-feira, dezembro 15, 2022

Revendo 'Os Outros': Jung tinha razão sobre mortos e fantasmas


Num evento sincromístico, depois de rever o filme “Os Outros” (The Others, 2001), de Alejandro Almenábar, pouco depois, remexendo antigos exemplares da velha revista “Planeta”, esse humilde blogueiro deparou-se com um pequeno texto de C.G. Jung chamado “A Vida Depois da Morte”. Tanto Almenábar quanto o psicanalista austríaco invertem todo senso-comum que temos sobre o após-morte: acreditamos que, chegando lá, teremos todas as repostas das perguntas que nos atormentam. Porém, tudo o que os espíritos sabem é o que sabiam no momento da morte. E nada mais. Na verdade, eles não nos assombram. Porque tanto em “Os Outros” quanto em Jung, todos, vivos e mortos, são fantasmas em busca de respostas.

terça-feira, dezembro 13, 2022

Amor, família e luta de classes no filme 'Um Outro Mundo'


“Bem-vinda ao clube... Isso acontece quando você faz as coisas certas. Talvez esteja chegando a hora da promoção”, dizia Nigel para a esgotada Andy vendo sua vida amorosa ficar arruinada de tanto trabalhar em “O Diabo Veste Prada”. O filme francês “Um Outro Mundo” (Un Autre Monde, 2021) repete essa intuição de Nigel ao mostrar a vida familiar e amorosa de um gerente executivo de uma transnacional irremediavelmente danificada pelas pressões do trabalho. Mas não é apenas “trabalho”, mas a ingerência das cadeias produtivas globais e seus acionistas – a necessidade de o gerente montar um plano de demissões e trair a confiança de seus subordinados do chão de fábrica. Ele tentará lutar contra os CEOs da matriz, revelando como a ética flexível do novo capitalismo (politicamente correto e cheio de eufemismos como “valores”, visão” etc.) é mais um dispositivo para ocultar a velha luta de classes.

sábado, dezembro 10, 2022

Banda Devo; marxista anteviu crise na Física; comercial da Copa explica derrota da Seleção + crítica midiática. É nesse domingo


O Brasil perdeu, mas o mundo não acabou! Por isso, nesse domingo (11/12), às 18h, no YouTube, vamos para a edição #85 da invencível Live Cinegnose 360. Nessa edição, os CDs piratas do humilde blogueiro com a banda DEVO: a mitologia pop da involução humana. Na sessão do cinema e audiovisual, vamos explicar o terror gnóstico “Skinamarink” e a desconstrução AstroGnóstica do filme “Nr. 10”. Christopher Caudwell: um marxista que na década de 1930 anteviu a crise na Matrix da Física. E na Crítica Midiática da semana: defesa midiática das dancinhas atualiza a retórica da ditadura militar sobre a Seleção; comercial de patrocinador da Copa e nome sincromístico do estádio explicam por que a Seleção perdeu; América do Sul em transe: tentativa de golpe no Peru assanha “patriotas” da grande mídia; “Efeito Pinball” já encurrala Governo de Transição; análise de “colonista” da CNN é prova da função do Exército Psíquico de Reserva. E mais!... tudo nesse domingo.

Do demasiado humano ao AstroGnosticismo no filme 'Nr. 10'

O diretor holandês Alex van Warmerdam é conhecido por esse humilde blogueiro principalmente pelo filme “Borgman” (2013) sobre como uma família burguesa é capaz de se autodestruir pelo demasiado humano que nos habita. Mas, dessa vez, seu espírito desconstrutivista foi mais além: do demasiado humano para uma narrativa AstroGnóstica no filme “Nr. 10” (2021). Uma verdadeira montanha-russa, com guinadas secas no tom, como se quisesse brincar com o espectador: de uma simples comédia de erros, passando para um drama sobre pecados até dar uma guinada AstroGnóstica. “Nr. 10” começa no mundo profano do cotidiano (a rotina de trabalho, traições e mentiras numa companhia teatral) para convergir para o Sagrado: a busca de si mesmo pelas mãos de um estranho homem sussurrante que conduz o protagonista a um excêntrico Monsenhor que parece ter negócios muito além desse mundo.

quinta-feira, dezembro 08, 2022

Defesa midiática das "dancinhas" reatualiza a velha retórica da ditadura militar sobre a Seleção


Toda a polêmica em torno das “dancinhas” dos jogadores da Seleção fez esse humilde blogueiro lembrar de uma outra polêmica: a desse blogueiro com o artigo “Justiça Social e Felicidade” do editorialista do “Estadão” Gilberto de Mello Kujawski, há 40 anos. Para ele, felicidade e justiça social nada teriam a ver, já que o brasileiro supostamente sempre foi feliz com o bolso vazio. A cada Copa, esse discurso da ditadura militar é reatualizado: a Seleção como um espelho da alma do brasileiro. Portanto, a criatividade coreográfica dos brasileiros refletiria essa alegria indômita, representada em vídeos publicitários mostrando jogadores amadores em favelas também dançando e fazendo acrobacias com a bola. Porém, esse discurso está entrando em choque com a “neymarização” da Seleção: esportistas que agora almejam ser jogador-celebridade, voltando seus atos à produção de conteúdo de ostentação para as redes: das “dancinhas” estilo tik tok ao consumo de bifes folheados a ouro. Não jogam mais para as arquibancadas, mas para as redes sociais. Mas eles não são os culpados. Culpada é a grande mídia e indústria publicitária, sempre reatualizando a tese daquele velho editorialista na ditadura militar.

quarta-feira, dezembro 07, 2022

Para entender o terror gnóstico de 'Skinamarink'



Os mais assustadores filmes de terror são aqueles cujas imagens e narrativas deixam lacunas para que nossa imaginação tente preenchê-las. E a nossa imaginação pode ser mais assustadora do que o próprio filme. “Skinamarink” (2022) nos mostra duas crianças que acordam no meio da noite e descobrem que os pais desapareceram, assim como todas as portas e janelas. Filmada em filme analógico, o resultado são imagens escuras e muito granuladas: o que faz o espectador imaginar as coisas mais diabólicas que possam emergir dos grãos da imagem. Há um plot gnóstico por trás do drama daquelas crianças: realidade, fantasia, o onírico e o lúdico se misturam numa casa que repentinamente perdeu portas e janelas. Abuso infantil, morte e monstros da nossa infância são a superfície de um drama gnóstico que tem a ver com a nossa condição existencial da solidão: nascemos sós e morremos sós.

sábado, dezembro 03, 2022

'Renaissance', futebol e sociedade, mundos em colisão, crítica midiática e passaralhos na grande mídia. É nesse domingo!


Neste domingo uma Live realmente em 360 graus, pra fazer jus ao nome... Música, vinis, teorias conspiratórias, paranoia, Física e Gnosticismo, além da crítica midiática. É a edição #84 da Live Cinegnose 360 desse domingo (04/12), às 18h, no YouTube. Dessa vez o humilde blogueiro encontrou um vinil de uma banda de rock progressivo esquecida: “Renaissance” – a única que conseguiu combinar rock com orquestração sinfônica. Depois, vamos discutir os filmes “Something in the Dirt” (a paranoia pop do século XXI) e a produção brasileira “Eike, Tudo ou Nada” (Netflix recicla mais uma vez um refugo midiático). E, num momento de Copa do Mundo, é oportuno revisitar a produção franco-luso-brasileira “Diamantino” (estrelas do futebol são espelhos de uma sociedade que se auto-destrói). Uma variação da teoria do Universo como simulação: a Teoria dos “Mundos em Colisão”. E na crítica midiática: o jornalismo metonímico ataca outra vez; Lula sitiado pelo terror do teto fiscal e o espantalho do golpe militar; agora mercado publicitário fala em “união”; o “passaralho” da CNN: como grande mídia atira no próprio pé; para jornalismo corporativo, Bolsonaro é apenas “desorganizado”. Venha conspirar e ser paranoico nesse domingo!

sexta-feira, dezembro 02, 2022

Uma sátira da paranoia pop customizada do século XXI no filme 'Something in the Dirt'


O século XX foi um século paranoico: Guerra Fria, conspirações nucleares, agências de espionagem etc. E quem eram os sujeitos das conspirações? Ou era o Capitalismo ou o Comunismo. “A verdade está lá fora”, pôster icônico da série Arquivo X, foi a preparação para um novo tipo de paranoia que invadiria o século XXI: a paranoia pop, sem um sujeito determinado: podem ser sociedades secretas, grays, globalistas, satanistas ou qualquer coisa oculta – Sequência Fibonacci, Código da Vinci, números pitagóricos etc. Conspirações customizadas, inclusive para fins de extremismo político de direita. O filme indie “Something in the Dirt” (2022) é uma parodia dessa paranoia pop: uma dupla pretende explicar “racionalmente” os estranhos acontecimentos telecinéticos que ocorrem em um pequeno apartamento. E decidem transformar essa busca em vídeos na internet. Ganhar algum dinheiro ou fama, enquanto tentam encontrar conexões entre, por exemplo, um cristal que levita, a Sequência Fibonacci e o mapa da cidade de Los Angeles. Mas será que serão inteligentes o suficiente para criar sua própria toca de coelho?

quinta-feira, dezembro 01, 2022

'Eike, Tudo ou Nada' recicla pela segunda vez refugo midiático


O brasileiro que chegou ao oitavo lugar na lista Forbes dos mais ricos do planeta. Saudado pela grande mídia brasileira como o “empreendedor genuíno” que “compete honestamente” e que “não tem vergonha da riqueza”. Em pouco tempo, estava exposto ao vivo na TV, cabeça raspada, sendo conduzido ao presídio após mais uma operação da Lava Jato. A produção brasileira Netflix “Eike, Tudo ou Nada” (2022) pretende descrever a vida do mito decaído Eike Batista. Mas tudo o que entrega é uma confortável fábula empresarial: Eike como uma espécie de “Prometeu acorrentado” que ousou desafiar o destino de um país condenado ao fracasso. Seu erro: como nos informa o pôster promocional, repetir o mesmo gesto icônico de Getúlio Vargas e Lula. “Eike, Tudo ou Nada” recicla pela segunda vez o refugo midiático em que se tornou: a primeira vez, um condenado para ser jogado no colo de Lula e Dilma; e agora, como um suposto empresário idealista num país que teima em não dar certo.

domingo, novembro 27, 2022

The Smiths; cinco vidência de que Universo é uma simulação; Copa do Mundo recupera símbolos nacionais? É na Live de domingo


O fim está próximo!... Da espera pela dição #83 da Live Cinegnose 360, nesse domingo (27/11), às 18h no YouTube. No meio dos vinis do sótão desse humilde blogueiro, dessa vez escolhemos The Smiths e Morrissey: de vegano e anti-Thatcherista a nacionalista de direita – Por que roqueiros dos anos 80 se tornaram reacionários? Depois vamos discutir os filmes “Cadáver” (como a Inteligência Artificial do Netflix está produzindo roteiros de cinema) e a produção japonesa “Sexual Drive” (Nattô, Mapo Tofu, macarrão Lamen e autoconhecimento erótico). Em seguida, continuamos com as conexões entre Física e Gnosticismo: cinco indícios de que o Universo é uma simulação computacional. E na crítica midiática: grande mídia não quer recuperar símbolos nacionais apropriados pela extrema-direita; a quem interessa rotular bolsomínios como “doentes mentais”; Ataques em Aracruz: o empirismo grosseiro do jornalismo corporativo; o papel das ONGs e Think Tanks nos golpes civis brasileiros; Alexandre Frota no Gabinete de Transição: Governo Lula emparedado? O cinegnóstico não perde por esperar esse domingo! 

sábado, novembro 26, 2022

Mídia preguiçosa não quer recuperar símbolos nacionais roubados pela extrema-direita



Nesse momento de Copa do Mundo no Catar, grande mídia e mercado publicitário estão fazendo a cobertura esportiva e veiculando comerciais na TV dentro do espírito “o verde-amarelo é de todos”. Supostamente tentando recuperar as cores e símbolos nacionais apropriados pela estratégia de comunicação “alt-right”. Que veste grupos que agora bloqueiam e fazem atentados em estradas. Mas será que tentam recuperar mesmo? Para eles, a torcida brasileira unida na Copa por si só resolveria tudo: uma simples transposição dos símbolos nacionais do extremismo político para o esporte, apenas com os sinais trocados. Porém, essa preguiçosa contraofensiva semiótica é insuficiente frente à sofisticada estratégia de dessimbolização da extrema-direita internacional. Como demonstrado na Finlândia quando o extremismo se apoderou do símbolo nacional do leão e da cruz. Ou será que grande mídia não quer mesmo é se livrar do ativo sociopolítico que representa o “Exército Psíquico de Reserva”. Que poderá ser útil no futuro?

quinta-feira, novembro 24, 2022

Natto, mapo tofu, macarrão lamen e autoconhecimento erótico no filme 'Sexual Drive'



O que iguarias da culinária japonesa como natto, mapo tofu e um macarrão lamen com gordura extra têm a ver com sexo? Tudo, principalmente numa sociedade de consumo que promove os alimentos como forma fetichista e regressiva de realização compulsiva e ilusória de desejos: comemos demais e fazemos sexo de menos. Porém, a comédia de humor negro “Sexual Drive” (2021), exibido na MUBI, vai no sentido contrário: transforma esses três produtos da cozinha japonesa em formas de autoconhecimento psíquico e erótico. São três contos centrados em cada uma dessas iguarias que se tornam objetos de excitação. Estórias sobre sexo, mas sem nunca o mostrar.

terça-feira, novembro 22, 2022

Filme 'Cadáver': luzes, câmera... e Inteligência Artificial!


Todos conhecem o papel da Inteligência Artificial (“machine learning”) de plataformas como Netflix que “aprende” com as escolhas e comportamento do usuário, customizando sua “experiência”. Mas hoje a IA faz mais do que isso: analisa e prevê as avaliações dos filmes, interferindo nos estágios iniciais da fase da produção criativa, ajudando decisivamente na produção de roteiros. Economizando tempo e dinheiro. Reversibilidade irônica: uma plataforma de comunicação que não mais comunica. Apenas sinaliza e informa, retroalimentando o repertório do usuário. Um exemplo é o filme de terror norueguês “Cadáver” (Kadaver, 2020): num mundo pós-apocalíptico, uma peça de teatro num hotel com jantar incluído atrai uma multidão faminta. Que descobrirá da pior maneira possível que o preço do ingresso é uma cilada mortal. Um pastiche de “tropos” do gênero que torna tudo previsível e inverossímil – feedback tautista. Porém, para usuários que conheceram o cinema a partir do streaming, essa incomunicabilidade talvez não seja perceptível.

sábado, novembro 19, 2022

Live #82: Siouxsie and The Banshees; Universo é uma simulação?; Baudrillard e Marx explicam freak out do 'mercado'


O Mercado mostra suas garras. Mas a Live Cinegnose 360 segue em frente com a edição #82, nesse domingo (20/11), às 18h, no YouTube. Nos vinis do humilde blogueiro foi encontrada a banda Siouxsie and The Banshees: a releitura dark do psicodelismo. Também vamos discutir a série “The Peripheral” (a colonização ciberpunk do Tempo pelo Capitalismo) e o filme “Dois Minutos Além do Infinito” (a onda japonesa dos filmes “nagamawashi”). Cada vez mais Física e Cosmologia estão levando a sério a hipótese do Universo como uma gigantesca simulação computacional. E na crítica midiática: Grau Zero da Política e Grande Reset do Capitalismo explicam o nervosismo do mercado com Lula; jornalismo metonímico na COP-27; Andrew Korybko: EUA vão usar cavalo de troia para implodir governo Lula; Janja para Evita Perón?; Grande Mídia em pânico com tamanho do Gabinete de Transição; Apertem os cintos... Bolsonaro sumiu!; Para jornalismo corporativo, Lula faz “promessas”; é possível o resgate semiótico do verde-amarelo? É nesse domingo! 

sexta-feira, novembro 18, 2022

Grau Zero da Política e Reset do Capitalismo mostram as garras para Lula


Bolsa derrete! Dólar sobe! De onde vai sair o dinheiro da PEC da Transição?”. Grande mídia mostra as garras e repete um velho script, vinte anos depois da primeira posse de Lula. Afinal, por que todo “freak out” depois de Lula ter sido arrastado para o segundo turno para que sua vitória tivesse um alto custo semiótico (como acompanhamos nesse momento)? Não deu tudo certo? Depois de dois mandatos, ele não seria o presidente mais previsível dos últimos anos? A verdade está em outra cena, muito além da espuma midiática. “Teto de Gastos”, “Responsabilidade Fiscal” ou as pragas do Egito das bolsas derretendo, dólar e inflação subindo são apenas racionalizações de algum imperativo mais estrutural. Imperativo que envolve a sinergia de dois fatores: o “Grau Zero da Política” e o chamado “Grande Reset do Capitalismo”.

quinta-feira, novembro 17, 2022

Somos escravos do futuro em 'Dois Minutos Além do Infinito'

Filmado apenas com um Iphone em um único plano sequência, ambientado em um café real da cidade de Kyoto, o filme japonês “Dois Minutos Além do Infinito” (Dorosute no Hate de Bokura, 2020 – disponível na HBO Max) é uma das experiências cinematográficas mais inovadoras dos últimos anos. Kato, o proprietário do café, descobre que na tela do computador em seu apartamento no andar de cima está sendo transmitido, via Zoom, diretamente do café abaixo, sua versão dois minutos à frente no futuro. O filme explora um dos aspectos mais interessantes da viagem no tempo: os loops temporais e seus paradoxos. Principalmente, a dicotomia filosófica entre livre-arbítrio e necessidade. Afinal, seríamos escravos do futuro? Essa seria uma séria questão quando acrescentamos ao tema o tempo recursivo e a profecia autorrealizável.

quarta-feira, novembro 16, 2022

Depois do espaço, o capitalismo quer colonizar o tempo na série 'The Peripheral'


“Eu anexaria os planetas, se pudesse”, queixava-se o homem de negócios colonialista britânico Cecil Rhodes na década de 1930: o mundo já estava todo parcelado e colonizado. Portanto, onde o Capitalismo encontraria novos mundos para colonizar. A guerra sempre foi uma solução paliativa. Se os espaços de conquista acabaram, resta o Tempo. Se hoje a microinformática é a ferramenta para as negociações em tempo real do financismo global, a imaginação do escritor sci-fi William Gibson pensou na mecânica quântica como um novo salto: a colonização das realidades paralelas nas diversas linhas do tempo. A série Amazon Prime “The Peripheral” (2022-), baseada no romance de 2014 de William Gibson, traz para a ficção científica esse realismo capitalista. Uma jogadora de games em RV testa uma versão Beta de um novo jogo que na verdade transfere seus dados de consciência para um futuro alternativo na qual um Instituto de Pesquisas oferece uma solução político-econômica inédita: a colonização do Tempo.

sábado, novembro 12, 2022

Live Cinegnose 360: Os Mulheres Negras e vamos arriscar a vida desmontando uma bomba semiótica ao vivo!


Mesmo com mercados nervosos, Bolsa caindo e dólar subindo, nesse domingo (13/11) acontece a edição #81 da Live Cinegnose 360, às 18h, no YouTube. Depois da sessão dos comentários aleatórios, entraremos na sessão híbrida CDs/Vinil com “Os Mulheres Negras”: o underground pós Vanguarda Paulista e movimento Diretas Já. Também vamos discutir dois títulos da Netflix: “O Enfermeiro da Noite” (o Mal como efeito colateral de um sistema de saúde privatizado) e a minissérie “Inside Man” (a simbólica jornada de Ulisses com humor negro). Depois, esse humilde blogueiro vai colocar a vida em risco: ao vivo, vamos desmontar e fazer a engenharia reversa de um artefato bélico semiótico recolhido, com muito cuidado, de uma manifestação golpista e isolado no estúdio da Live Cinegnose 360. E na crítica midiática da semana, como o PMiG está colocando em modo de espera seu Exército Psíquico de Reserva para futuras guerras híbridas e Lula demarca território e acaba com a lua de mel com a grande mídia. Venha conspirar também na Live Cinegnose 360!  

sexta-feira, novembro 11, 2022

Paralelo ao Governo de Transição, PMiG deixa no modo de espera Exército Psíquico de Reserva


Todos sabem que não haverá golpe. Para o PMiG (Partido Militar Golpista) já é página virada e para a grande mídia foi a “festa da democracia”. Todos sabem... menos os fanáticos enrolados na bandeira nacional chorando e orando em voz alta diante de quartéis pelo país. Outros, tentam bloquear estradas, como fanáticos milenaristas à espera da salvação. Porém os “apitos de cachorro” dizem o contrário, elevando o moral da patuleia. Porque eles têm que ser mantidos em “stand by”: é o Exército Psíquico de Reserva. No passado, estava na Deep Web. Agora, dá as caras à luz do dia, com apoio logístico empresarial. Entrarão em “hibernação”, no modo de espera. Para serem novamente acionados por cripto-comandos em futuras guerras híbridas. Que parecem não estar muito distantes, depois do fim da lua de mel após o inflamado discurso de Lula no Governo de Transição.

quinta-feira, novembro 10, 2022

Minissérie 'Inside Man': ciência e religião na jornada simbólica de Ulisses


Um prisioneiro (um brilhante ex-professor de Criminologia) no corredor da morte numa prisão dos EUA e uma mulher algemada no porão da casa de um respeitável vigário em uma vila inglesa. Duas histórias distantes, mas que irão se entrelaçar das formas mais inesperadas, lembrando os ardis de Hannibal Lecter e a cadeia de equívocos catastróficos como no filme “Fargo”. Essa é a minissérie de suspense e humor negro da Netflix “Inside Man” (2022) que oferece interessantes metáforas: o representante da Ciência, com sua lógica dedutiva e precisa, prisioneiro; e um vigário (a Religião) livre, porém preso à compulsão de se tornar um mártir. Afinal, representa “a única religião em que Deus morre no final”.  Ciência e Religião: as duas encarnações da Razão na jornada da civilização ocidental. Jornada semelhante à de Ulisses, na “Odisseia” de Homero.

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