quinta-feira, março 04, 2021

Uma sátira às boas intenções ambientalistas no filme 'Pequena Grande Vida'


A emissão de gases intensifica o efeito estufa? Os recursos naturais estão se esgotando?  O lixo doméstico ameaça a saúde do planeta? Da Noruega surge a solução: reduzir o tamanho das pessoas a doze centímetros, espalhando cidades miniaturizadas sustentáveis que reduziriam o impacto humano no planeta. Além de isenção de impostos e proporcionar uma vida de milionário. Esse é o filme “Pequena Grande Vida” (“Downsizing”, 2017), uma sátira ao discurso ambientalista, sempre cheio de boas intenções, mas cujas soluções  acabam reproduzindo os velhos problemas da ecologia humana: a reprodução da desigualdade e a concentração de riqueza. 

terça-feira, março 02, 2021

'Bolsocaro': a bomba semiótica lambe-lambe anticíclica


Desde a antessala da fase aguda da guerra híbrida (as “Jornadas de Junho” de 2013) este Cinegnose vem insistindo na necessidade de a esquerda também jogar no mesmo campo simbólico através de uma guerrilha anti-mídia através de bombas semióticas que criem acontecimentos comunicacionais que vão além das simples sinalização ou informação. Um exemplo de que ainda há esperança no front é a campanha “Bolsocaro”, iniciada por ativistas anônimos: neste domingo surgiram em diversos pontos cartazes lambe-lambe, emulando aquelas placas de ofertas de supermercados. Porém, pedestres e motoristas são informados das altas dos preços dos combustíveis, alimentos e gás. Ativistas deixam a Internet para buscar forma direta de comunicação, criando tática anticíclica: ir contra a pauta cultural e de costumes da grande mídia e extrema direita, descendo para o “chão da fábrica”: a luta de classes.

sábado, fevereiro 27, 2021

Nos abismos metalinguísticos e gnósticos da série 'WandaVision'


Não fosse a vinheta que abre cada episódio, com o logotipo da Marvel Studios e o desfile da galeria de super-heróis acompanhado de uma orquestração épica, acharíamos que estamos assistindo à série errada – saem super-heróis esculpidos de forma épica, violência bombástica e música enfática sinalizando alguma reviravolta catastrófica, e temos agora elementos gnósticos e psicanalíticos para narrar os traumas interiores de um super-herói. A série “WandaVision” (2021- ) coloca, dessa vez, dois super-heróis do Universo Marvel (a  Feiticeira Escarlate e Visão) nos abismos metalinguísticos de um pastiche das sitcoms dos anos 1950 e 1960, explorando altos conceitos já vistos em produções como “A Vida em Preto e Branco” (“Pleasantville”) e “Show de Truman”.

quinta-feira, fevereiro 25, 2021

'Wokexploitation' e tautismo são ciladas do BBB21 na guerra semiótica

Poucos lembram que o reality show “Big Brother” foi inspirado num experimento científico mal sucedido de 1992 chamado Biosfera 2: oito “tripulantes” confinados numa estrutura isolada do exterior monitorados 24 horas por câmeras, tendo que retirar ar e alimentos dos animais e vegetais daquele meio ambiente simulado. Porém, baratas (muitas baratas!) e ervas daninhas acabaram com tudo. Mas o que foi fracasso vira oportunidade na versão midiática do experimento: a “ecologia maléfica” vira “wokexploitation”: saem baratas e entram as mazelas sociais e humanas como show. Todos os lados do espectro político tentam tirar alguma lição das eliminações (como a rejeição recorde de Karol Konká). Porém o BBB é mais bem sucedido do que foi o Biosfera 2: criou um sistema tautista (tautologia + autismo midiático) onde nenhuma máscara cai ou lição moral é ensinada, tornando-se apenas um dispositivo de sequestro de pauta para, principalmente, a esquerda cair. A única coisa real no BBB é a ecologia maléfica colocada a serviço da guerra semiótica.

segunda-feira, fevereiro 22, 2021

Mitologia brasileira alcança a maioridade na série 'Cidade Invisível'



Estamos acostumados a ver a mitologia brasileira representada por simpáticos personagens infantilizados em HQs e animações ao ponto de que a assustadora Cuca vira uma cantiga para ninar bebês. Porém, a série brasileira da Netlix “Cidade Invisível” (2021- ) quer mudar essa visão amenizada e fofa ao misturar thriller policial, o drama arquetípico do detetive noir e o fantástico (a mitologia brasileira de Cuca, Saci-Pererê, Curupira etc.). Investigando as circunstâncias da morte da sua esposa, um policial ambiental cai pelo buraco da toca do coelho e descobre um underground mítico que sobrevive no centro urbano brasileiro: entidades da mitologia brasileira escondendo-se em outras identidades para resistirem a uma maldição que quer exterminá-los. Além da Modernidade que desencanta o mundo, “Cidade Invisível” constrói uma metáfora política: a modernidade periférica que não quer apenas amealhar mais lucro, mas também destruir a mitologia e identidade nos quais se funda uma nação.

sábado, fevereiro 20, 2021

Tática híbrida de 'dispersuasão' cria bomba semiótica da prisão do deputado Rambonaro


O ministro Fachin responde às revelações do general Villas Bôas que irrita o “rambonaro” deputado Daniel Silveira que, por sua vez, pilha o ministro Alexandre Moraes que o manda prender e faz tocar o alarme da grande mídia que leva o presidente da Câmara dos Deputados falar em “momento delicado das instituições”, cuja repercussão midiática retroalimenta esse sistema de irritações, pilhas e, por que não dizer, hormônios. Uma cadeia de ação e reação tão sincronizada que até parece que foi planejada dentro de alguma sala secreta de conspirações. Esse é o gênio da guerra híbrida: criado o tabuleiro, todos começam a fazer lances no piloto automático dentro de um sistema autopoiético de bombas semióticas de causa/efeito – um sistema aparentemente caótico,  porém com um sentido, a “dispersuasão”: quando o consórcio STF-Mídia-Mercado entra no modo alarme, as peças do tabuleiro são provocadas, agindo e reagindo, em retroalimentação, criando um aparente caos capaz de dispersar as oposições e opinião pública.

quarta-feira, fevereiro 17, 2021

Jornalismo sentado (e deitado) e a bomba semiótica do livro do general Villas Bôas



O livro do general Villas Bôas é muito mais uma bomba semiótica de contrainformação do que uma ameaça real, como teme a grande mídia: três anos depois repercute o tuite do general fazendo ameaças veladas ao STF no julgamento do habeas corpus de Lula. Analistas temem “tensões” e “rupturas institucionais”. Porém, são imaginárias porque elas já aconteceram: o golpe militar já houve e não foi noticiado, golpe híbrido (operação psicológica) iniciado em 2008 com a “cabeça de ponte” da questão indígena de Raposa Terra do Sol. Um livro laudatório, orgulhoso pelo sucesso da operação e, ao mesmo tempo, destinado aos jornalistas sentados (e deitados) como revela o ato falho da chamada do programa “Cobertura Especial de Domingo” da Globo News – a hegemonia dos jornalistas que trabalham sentados (e deitados, como mostra a chamada) diante de telas e que perderam o faro investigativo dos que trabalhavam em pé, em campo. Jornalistas que mordem qualquer isca. Até mesmo um Programa de Imunização, sem cronograma ou vacinas. 

domingo, fevereiro 14, 2021

Editor do Cinegnose discutirá bombas semióticas na guerra híbrida no curso 'inFormação'


Este editor do Cinegnose participará de uma das aulas do curso on line “inFormação”, curso livre promovido pelo coletivo Transaberes do Rio de Janeiro. Este editor apresentará o tema “Bombas Semióticas na Guerra Híbrida Brasileira” como “acontecimento comunicacional”: como as atuais estratégias híbridas de comunicação política convergem vetores semióticos, cognitivos, fenomenológicos, que resultam em “contínuos atmosféricos” – climas, ondas de choque, sensação de tendências e percepções de unanimidades. O curso contará com aulas de março a novembro – dois encontros por mês, sempre aos sábados abordando o espectro transdisciplinar do conhecimento e de práticas experimentais de campos diversos como Filosofia, Conhecimento Esotérico, Meditação, Psicologia, Física, Cosmologia, Arte e Estética, História e Ciências da Comunicação.

sexta-feira, fevereiro 12, 2021

A solidão do Universo simulado no documentário 'A Glitch in the Matrix'



Muitos antes do filósofo Jean Baudrillard denunciar que o mundo estava dominado pela hiper-realidade dos simulacros, as irmãs Wachowski fazerem a “Trilogia Matrix” e o filósofo e matemático Nick Bostron lançar a suspeita de que o Universo poderia ser uma simulação (fazendo físicos e astrofísicos correrem atrás de provas), o lendário escritor Philip K. Dick defendia para uma audiência atônita, em 1977, que vivemos numa realidade programada por computador. Na verdade, apenas um dos diversos mundos simulados. Baseado na filmagem dessa palestra de PKD em Metz, França, o diretor Rodney Ascher (“Room 237”) lançou o documentário “A Glitch in the Matrix” (“Uma Falha na Matrix”, 2021) no qual entrevista cientistas, artistas digitais e pesquisadores. Ascher não quer tanto entender a lógica da teoria, mas entender o que leva as pessoas a acreditarem na hipótese da simulação: solipsismo? Solidão? Algum mal-estar espiritual entre o Céu e a Terra? 

terça-feira, fevereiro 09, 2021

A recorrência da teoria do universo como game de computador em 'Bliss: Em Busca da Felicidade'


O cineasta Mike Cahill (“Another Earth” e “I Origins”) é obcecado em discutir as linhas que separam a ilusão da realidade. E a produção da Amazon Prime “Bliss: Em Busca da Felicidade” (2021) não é diferente: recém-divorciado e após receber o comunicado de demissão do seu chefe, Greg se vê num abismo emocional até conhecer uma misteriosa mulher sem-teto que tenta convencê-lo de que o mundo ao seu redor não passa de uma simulação computacional. Ao lado de “Wanda Vision” e do documentário “A Glitch in The Matrix”, é o terceiro lançamento nesse início de ano sobre o tema do universo como um game de computador. Qual sintoma cultural pode representar essa recorrência temática em tão poucas semanas?

domingo, fevereiro 07, 2021

Vós que aqui entrais, abandonai toda a esperança em 'Todos os Meus Amigos Estão Mortos'


“Vós que aqui entrais, abandonai toda a esperança”, estava escrito no portal de entrada no Inferno na “Divina Comédia” de Dante Alighieri. E deveria ser a epígrafe de qualquer “slasher movie”: Por que ritos de sacrifício têm que ser repetidos a cada filme do gênero? Por que jovens que fazem sexo e se divertem sempre morrem com requintes sádicos? Por que os jovens e adolescentes são as vítimas principais de um filme “slasher”? “Por que vocês são jovens!”, respondia Sigourney Weaver em “O Segredo da Cabana”. Da mesma forma, com muito humor negro, responde a produção polonesa Netflix “Todos os Meus Amigos Estão Mortos” (2020). No final de uma festa de reveillon, policiais e paramédicos encontram o resultado de um verdadeiro banho de sangue, com apenas uma sobrevivente. O que aconteceu naquela celebração de jovens e adolescentes? O filme brinca com todos os lugares comuns do gênero, principalmente o seu clichê essencial: a “quebra-da-ordem-e-retorno-à-ordem”, rito de passagem para colocar os adolescentes sempre na linha. 

quinta-feira, fevereiro 04, 2021

Drogas sintéticas análogas e a persistente ilusão do tempo no filme 'Synchronic'


Drogas sintéticas análogas são uma febre no EUA nesse momento de isolamento social, com números recordes de overdose – são análogas às drogas ilegais, mas com uma ligeira modificação molecular que permite a “legalidade”, podendo causar efeitos imprevisíveis. E se um desses efeitos for um estado alterado de consciência que permita ao usuário viajar brevemente no tempo? Junte essa experiência com a teoria do “Bloco Universal” de Bradford Skow, professor do MIT (a coabitação do passado, presente e futuro no mesmo contínuo tempo-espaço), e teremos o filme “Synchronic” (2019): dois paramédicos encontram estranhas mortes no turno da noite, todas envolvendo uma nova droga chamada “Synchronic”. Seus efeitos trarão efeitos devastadores em suas vidas: a ruptura da ilusão do tempo.

segunda-feira, fevereiro 01, 2021

Necropolítica e Necrocapitalismo: editor do 'Cinegnose' duplamente marcado para morrer

Esse humilde blogueiro é aposentado e está desempregado. Portanto, duplamente marcado para morrer. Pode parecer uma afirmação retórica, mas pesquisa divulgada pela jornalista Eliane Brum no “El País” revelou a existência de uma estratégia institucional de propagação do vírus, promovida pelo Governo brasileiro sob a liderança da Presidência da República. A Reportagem é um ponto fora da curva do atual script midiático que descreve a gestão da pandemia como “incompetente” e “negligente”. Não, é intencional e eficiente! Segue a agenda da convergência da pandemia com o “Grande Reset do Capitalismo” planejado pelo Fórum Econômico Mundial - estratégias de “Necropolítica” (Mbembe) e “Necrocapitalismo” (Tyner) de eliminação calculada do excedente populacional “redundante”. Acharam Bolsonaro, o homem certo no lugar certo: em 2003, na Câmara dos Deputados, defendia a eliminação dos pobres através do controle de natalidade. Agora, tem em mãos arma mais eficiente: a disseminação institucional de um vírus. Manter-se simplesmente vivo virou um ato de resistência.

terça-feira, janeiro 26, 2021

A fé é uma bomba semiótica da guerra híbrida na série "Messiah"


Certamente a série “Messiah” (2020), produção original da Netflix, é uma das produções audiovisuais recentes que melhor detalha o fenômeno de psicologia de massas de como fé, religião e propaganda podem intencionalmente convergir numa bomba semiótica capaz de aglutinar as dores individuais em um denominador comum, criando um sentido coletivo: o acontecimento comunicacional. Surge um homem misterioso em pleno ataque do Estado Islâmico na Síria, que a pessoas acreditam ser o verdadeiro Messias. Ganha as manchetes internacionais para reaparecer nos EUA e provocar comoção cultural e política. Uma farsa? Um terrorista cultural? Mas se for verdade, é um Messias do quê? Católicos, Evangélicos, Muçulmanos, Judeus, CIA, FBI, governos de Israel, EUA, Estado Islâmico, Hamas, cada qual cria interpretações numa espiral alucinante. Provocando polarização, confusão e caos político e social. Os reais objetivos de uma Guerra Híbrida. Mas de quem? Da Rússia? De algum trabalho interno do próprio governo norte-americano? Ou será mesmo o final dos tempos?

sábado, janeiro 23, 2021

Iconografia da posse de Biden revela símbolos do Deep State X simulacros midiáticos


Eram visíveis os rostos aliviados de apresentadores e analistas do jornalismo corporativo ao cobrir a cerimônia de posse de Joe Biden e Kamala Harris. Eles tinham um script pronto para a cobertura: narrar o retorno da “maior democracia do mundo” à normalidade, os EUA como reserva moral e exemplo para o planeta com a “agenda progressista” do novo governo que enxotou Trump: uma administração que supostamente preza pela inclusão, diversidade, atenta às mudanças climáticas e sustentabilidade. Tudo muito bonito! Porém, uma análise iconográfica e semiótica revela contradições entre esse script e as imagens e símbolos de um evento criado exclusivamente para a TV – já que Washington DC estava sitiada com mais militares do que Iraque e Afeganistão juntos. Enquanto o discurso era “progressista”, as imagens mostravam a onipresença de símbolos fálicos, patriarcais, marciais e imperiais confirmando aquilo que sempre foi: o abismo entre o “Deep State” e o simulacro da Democracia nas telas de TV.

quinta-feira, janeiro 21, 2021

'Cowboys & Aliens': a mitologia gnóstica renova gênero Western

Este século tem mostrado tentativas de renovar o gênero Western, com caubóis sensíveis e mulheres determinadas. “Cowboys & Aliens” (2011) vai mais além, chegando ao excêntrico: em 1873 encontramos caubóis raivosos e embrutecidos, como nos velhos tempos, em busca de ouro. Mas encontramos alienígenas, também em busca de ouro: no planeta deles o ouro é tão escasso quanto aqui. Não, não é uma sátira e, muito menos, uma comédia que pretenda desconstruir o gênero como Mel Brooks fez em “Banzé no Oeste” (1974). “Cowboys & Aliens” renova o gênero através de elementos da mitologia gnóstica (o Demiurgo, o Divino Feminino, o Salvador) mostrando como é possível uma narrativa que fuja da clássica Jornada do Herói, estrutura mítica popularizada pelo “Paradigma Disney” da Pixar. “Cowboys & Aliens" nos apresenta a alternativa da jornada do herói gnóstico numa inesperada fusão de gêneros.

segunda-feira, janeiro 18, 2021

CNN promove 'barriga' jornalística na corrida maluca pela vacina



“Olha aí! Vai partir o avião da esperança! Tô quase chorando... vamos bater uma salva de palmas! Clap! Clap! Clap! Imagem histórica...”. Essa cena de causar vergonha alheia tomou conta do “CNN 360” (14/01) no momento em que víamos imagens do Airbus da Azul decolando de Viracopos para, supostamente, ir buscar dois milhões de doses da vacina na Índia. Jornalismo torna-se propaganda para, depois, virar numa barriga jornalística. Desde o início do ano já se sabia que a Índia iria barrar a exportação da vacina AstraZeneca. Por que, então a CNN embarcou na corrida maluca de Pazuello pela vacina em meio ao caos da crise do oxigênio em Manaus? Para além das suspeitas da CNN Brasil fazer parceira de Bolsonaro (em janeiro de 2019, os sócios da então futura rede televisiva no Brasil tiveram um encontro fora da agenda com Bolsonaro para apresentar o projeto de criação do canal), há uma lógica intrínseca à grande mídia que acaba criando situações tão constrangedoras como essa: o duplo vínculo Alarme/Tranquilização e o chamado “Efeito Heisenberg” do jornalismo corporativo.

sábado, janeiro 16, 2021

Ford, Matrix ou como a esquerda está se tornando reacionária


Ford anuncia sua saída do País. “Eles querem subsídios!”, criticou Bolsonaro. Ferida em seus brios, a esquerda reage gritando que há 20 anos Olívio Dutra (PT), então governador do RS, teria previsto isso ao recusar as imposições draconianas para a montadora se instalar no Estado. Uma convergência crítica da extrema direita com a esquerda? Por que a “Trilogia Matrix” tornou-se um símbolo anti-sistema para a extrema direita, sob protesto da co-criadora Lily Wachowski? A direita alternativa põe em ação a mesma tática usada pela “Nouvelle Droite” (“Nova Direita”) francesa no final dos anos 1960: apropriar-se de temas e linguagem da esquerda para aprisionar o oponente numa “matrix semiótica”. Sem saída, torna-se gradativamente reacionária: renuncia aos próprios temas que foram abduzidos pelo oponente político com medo de ser confundida com as “teorias da conspiração” alucinadas da direita: QAnon, Pizzagate, Ursal etc. – na verdade, psy ops para que a esquerda caia na cilada da crítica “nem-nem” da grande mídia: o ardil da negação dos “extremos”.

terça-feira, janeiro 12, 2021

'Palm Springs': o loop temporal é déjà-vu do nosso isolamento social na pandemia

Para além dos aspectos econômicos, os reflexos da pandemia e isolamento social no cinema e audiovisual também se apresentam nos picos temáticos dos roteiros: além da “covid exploitation” e do tema da “viagem no tempo”, há uma alta do subgênero “time loop” – personagens tornam-se prisioneiros de um período de tempo que se repete. A produção indie “Palm Springs” (2020) é mais um loop temporal entre as produções desse período: um protagonista preso desde sempre no dia de uma festa de casamento. Ele mal se recorda da vida anterior e está adaptado ao seu destino vivendo todos os prazeres que uma vida amoral e hedonista pode proporcionar. Até uma das convidadas cair sem querer em seu loop, quebrando a sua confortável rotina. Por que tantos loops no cinema e audiovisual em 2020? Será um “déjà-vu” dos espectadores na pandemia? Ou seria também um sintoma do chamado “presente extenso”, consequência das nossas vidas agora hipermediadas por dispositivos tecnológicos?

segunda-feira, janeiro 11, 2021

Nietzsche, Gnosticismo e Teocídio no filme 'Matando Deus'


O que você faria se Deus aparecesse? E se Ele não fosse como Morgan Freeman em “O Todo Poderoso” (2003), uma divindade bondosa que pacientemente dá lições morais para Jim Carrey. Não, e se Deus aparecesse como um anão sem-teto, alcoólatra, desbocado e de saco cheio da própria Criação? Pior, com um plano de exterminar a humanidade. Essa é a comédia de humor negro “Matando Deus” (“Matar a Dios”, 2017): o Todo-Poderoso invade a noite de Ano Novo de uma família disfuncional que é o microcosmo de todas as mazelas do demasiado humano. Depois de muitos dilemas morais, o grupo chega a uma conclusão: eles precisam matar Deus. Uma narrativa que combina humor negro com o melhor do slasher dos filmes B. E suscitando leituras tanto nietzschianas como gnósticas.

sábado, janeiro 09, 2021

'Equinox' e a paranoia moderna: por que milhares de pessoas somem diariamente no mundo?

A narrativa gira em torno do desaparecimento de uma classe inteira de formandos do ensino médio de 1999, com exceção de três alunos. Vinte anos depois, a irmã de uma das alunas desaparecidas recebe uma ligação misteriosa e reacende seu desejo de investigar este mistério. A série dinamarquesa da Netflix, “Equinox” (2020) é mais uma produção audiovisual inspirada num fenômeno de escala mundial: o desaparecimento de milhares de pessoas sem motivos identificáveis – abduções extraterrestres? Organizações criminosas? Tráfico de órgãos? Acidentes interdimensionais? Até se tornou matéria-prima para a paranoia política-conspiratória de extrema-direita com a teoria QAnon. Em “Equinox” vemos como paranoia moderna cria o personagem gnóstico-noir do Detetive como o espírito do nosso tempo: o mistério policial que se torna existencial, virando de ponta-cabeça o mundo do Detetive. A paranoia conspiratória vulgar evolui para a paranoia espiritual no subgênero "scandi-noir" ou "noir nórdico".

quinta-feira, janeiro 07, 2021

Invasão do Capitólio foi um não-acontecimento?

Chocados e bestificados, jornalistas da grande mídia viam o mito da democracia americana se transformar numa república bananeira, ao vivo, no cerco e invasão do Capitólio por um “white riot” trumpista. Diante de tudo, jornalistas buscaram criar uma narrativa com happy end – afinal, essa é a função do jornalismo corporativo: alarmar e, depois, tranquilizar. Porém, as coisas não são bem assim. Assim como o auge dos atentados terroristas “não acontecimentos” na Europa (psy ops, false flags e inside jobs), também o cerco e invasão do Capitólio suscitam algumas questões que, como sempre, a grande mídia passa longe. Como em todo não-acontecimento (repleto de paus de self e ativistas digitais fazendo lives), o ataque ao Capitólio possui em seu núcleo uma ambiguidade fundamental e implica numa pergunta: “quem ganha?”.

terça-feira, janeiro 05, 2021

Cobertura midiática da pandemia oculta cálculo do Necrocapitalismo e Capitalismo Gore


Zygmunt Bauman falava em “vidas desperdiçadas”. Aquiles Mbembe, fala “Necropolítica”. E Sayak Triana denuncia a ascensão do “Capitalismo Gore”, ou “Slasher Capitalism”. O eufemismo corporativo para tudo isso é “Quarta Revolução Industrial”. Todos esses conceitos convergem para o novo salto mortal do capitalismo: do controle populacional centrado na gestão da fertilidade para o novo foco na gestão da morte. Esse novo “reset” do capitalismo é o que a grande mídia tenta ocultar na cobertura da pandemia, interpretando as políticas sanitárias errantes e o desdém de Bolsonaro com a crise sanitária como “negacionismo” da “ala ideológica” do Governo. Oculta uma política calculada e proposital sincronizada com a “ala técnica” de Paulo Guedes para atender à urgência da Banca representada pelo Big Money e Big Pharma: mitigar através da pandemia o crash que ocorreria em 2020 e transformar isso numa janela de oportunidades – o mundo está cheio e o refugo humano deve ser eliminado! 

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