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quinta-feira, janeiro 10, 2019

Quando a realidade supera a comédia na série "Who is America?"

Como fazer uma sátira política de um país que parece imitar os estereótipos que a própria mídia faz da América? Como fazer humor de um país que já teve um ex-ator de Hollywood como presidente e, o atual, um dublê de empresário e ex-apresentador de reality show de TV? Esse é o desafio do comediante Sacha Baron Cohen na série “Who is America?” (2018-): como satirizar um país no qual a realidade parece superar a comédia. Cohen interpreta cinco hilários personagens que entrevistam e fazem “pegadinhas” em norte-americanos que vão desde desconhecidos até senadores, deputados e juízes dos EUA, através de todo espectro político e cultural. Cada episódio consegue persuadir os entrevistados (seja de esquerda ou direita) a colocar para fora seus extremismos, preconceitos e qualquer coisa bizarra sugerida pelas ainda mais bizarras caricaturas de Sacha Cohen. “Who is America?” mostra que, na atualidade, estar diante de uma câmera é a nova hipnose: ajuda a revelar o pior de nós mesmos.

segunda-feira, dezembro 24, 2018

"Cinegnose" faz nove anos, na direção da primeira década

Em dezembro, o “Cinegnose” completa nove anos de existência, aproximando-se da primeira década de intensas atividades – postagens, cursos e palestras. Em todo esse tempo, o “Cinegnose” passou por dois momentos de mudança: no terceiro aniversário (2012), quando deixamos de ser um site “sobre Gnosticismo” para se tornar “Gnóstico” – a criação de um olhar gnóstico (ontológico, sincromístico, irônico e sintomático) mais amplo para Cinema, Cultura e Sociedade. E agora no seu nono aniversário: esse “olhar gnóstico” coverte-se num pressuposto metodológico para a Teoria da Comunicação, Semiótica e Crítica Ideológica. Por quê?  Porque a realidade é uma ilusão. Mas não uma ilusão qualquer, como “mentira” ou “falsa consciência”. Mas porque a realidade cada vez mais imita roteiros cinematográficos e narrativas ficcionais. Cada vez mais se aproxima do Cinema, a moderna Caverna de Platão.

quinta-feira, novembro 22, 2018

Arte, Política e Guerra Antimídia em "Art of The Prank"... mas não conte prá esquerda!

“Jornalistas são perigosamente ingênuos... não se interessam pela verdade, mas apenas por uma boa história”, afirma Joey Skaggs no documentário “Art Of The Prank” (2015). Joey Skaggs é um artista plástico que iniciou nos movimentos contraculturais de protestos nos EUA. Quando percebeu que o maior inimigo não era o Governo, mas a grande mídia que o sustenta. A partir dos anos 1970 tornou-se o principal criador de “Media Prank” e “Culture Jamming” – estratégias de guerrilhas semióticas antimídia. Skaggs passou então a criar uma série de personagens e histórias fictícias (pegadinhas) para enganar os jornalistas, revelando como a opinião pública é formada sobre mentiras: o “Bordel para Cachorros”, o “Banco de Esperma de Celebridades”, a “Pílula que cura tudo” produzida a partir de enzimas das baratas etc. CNN, ABC, CBS, todos caíram nas pegadinhas de Skaggs. Até o jornalista Pedro Bial mostrando na Globo a “revolucionária Terapia do Leão” do “célebre” Baba Wa Simba... “Art Of The Prank” mostra didaticamente como se faz uma guerra semiótica: fazer a mídia sentir o gosto do próprio veneno da mentira que ela produz... mas não conte para a esquerda! Dificilmente entenderá...

domingo, novembro 11, 2018

A "rinocerontite" se alastra entre nós em "Rinocerontes"

Era mais uma manhã de um domingo qualquer. Dois amigos conversam em um restaurante. De repente o chão estremece e ouvem-se urros do lado de fora. Um rinoceronte desce a rua em disparada destruindo portas e vitrines dos bares. Mais tarde, outros rinocerontes aparecem e um deles é reconhecido como um ex-colega de trabalho. Um bizarro contágio de “rinocerontite” se alastra, transformando humanos em ferozes paquidermes. Mas estranhamente as pessoas aceitam tudo como um “fato da vida”, e até começam a achar belo esse retorno da humanidade à “pureza” da natureza. Menos Stanley (Gene Wilder) que lutará para salvar das manadas enfurecidas o que restou da racionalidade humana. Esse é o filme “Rinocerontes” (Rhinoceros, 1974), adaptação da peça do Teatro do Absurdo do romeno Eugène Ionesco. Uma parábola sobre a ascensão do fascismo na pátria do dramaturgo. Mas ao revisitarmos esse filme de 1974, notamos que a “rinocerontite” continua ainda bem atual. 

terça-feira, setembro 18, 2018

Por que teledramaturgia da Globo está assombrada com o Tempo e a História?


Dois temas parecem assombrar a atual teledramaturgia da Globo: o Tempo (viagem no tempo, déjà vus, vidas passadas, reencarnações etc.) e a História (pastiches da Idade Média, releituras do Brasil do Império etc.). Algo que se distingue das tradicionais “novelas de época” que marcaram a história do gênero na TV brasileira. Nunca se verificou essa recorrência temática em tantas telenovelas, apresentadas simultaneamente ou em sequência nos diferentes horários. Sabe-se que em ano eleitoral o laboratório de feitiçarias semióticas da emissora funciona em tempo integral. O que essa recorrência pode significar dentro desse contexto? Nova bomba semiótica? Ou o sintoma do temor de uma emissora hegemônica que sabe da importância do atual cenário eleitoral? – é matar ou morrer. É o momento de entendermos a célebre afirmação de George Orwell: “Quem controla o passado, controla o futuro. Quem controla o presente, controla o passado”.

domingo, setembro 09, 2018

Em "O Futuro" o maior inimigo da geração dos "millennials" é o tempo


Numa época em que o trabalho, a cultura e a tecnologia liquefazem e precarizam nossas vidas na fluidez e instabilidade, os “millennials” tentam se agarrar nos destroços de uma suposta sabedoria do passado e nos gadgets, aplicativos e plataformas digitais do presente. Um presente que se torna eterno, pelo medo e ansiedade em relação ao futuro, porque nada parece durar por muito tempo. Mas um jovem casal decide adotar um gato, e acredita que tudo vai mudar. “O Futuro” (“The Future”, 2011) é uma fábula pós-moderna sobre tecnologia e o futuro da geração mais tecnologizada da História. Mas o medo do futuro e de compromissos, representado agora por um gato necessitando de intensivos cuidados veterinários, é tão paralisante que ameaça dissolver a vida conjugal pela mentalidade “líquida” da sua geração. Filme sugerido pelo nosso incansável leitor Felipe Resende.

domingo, julho 08, 2018

Curta da Semana: "Craig's Pathetic Freakout" - quando "Show de Truman" se aproxima da maconha


E se ao invés de cerveja, o amigo Marlon desse a Truman um cigarro de maconha para tentar acalmar suas crises paranoicas sobre as suspeitas de que sua vida era um programa de TV? Será que Truman ficaria “anestesiado” ou chegaria mais rapidamente à verdade no filme “Show de Truman?”. O curta “Craig’s Pathetic Freakout” (2018), de Graham Parkes, levanta essa curiosa questão de cinéfilo – Craig é um cara orgulhoso demais para aceitar que não pode lidar bem com drogas. Fuma uma erva e começa a ficar paranoico, acreditando estar dentro de um filme. Ficção e realidade se misturam num curioso exercício metalinguístico e de narrativa em abismo – um filme dentro de um filme. E, como toda metalinguagem no cinema e audiovisual, trás um sabor gnóstico: e se a realidade for também um filme dirigido por alguém muito louco? 

quinta-feira, junho 28, 2018

O Mal está na crueldade cotidiana no filme "Experimentos"


A velha questão permanece: como são possíveis holocaustos e genocídios, sistemática e profissionalmente organizados seja na guerra ou em sistemas metódicos cotidianos? Quem são essas pessoas que executam as ordens? Burocratas que apenas obedecem superiores ou monstros frios e maus? No filme “Experimentos” (“Experimenter”, 2016), sobre os célebres experimentos sobre autoridade e obediência realizados pelo psicólogo social Stanley Milgram em 1961, a resposta é paradoxal: nem uma coisa e nem outra, intuiu Milgram. Para entender o jogo da autoridade que cria ilusões, somente criando uma outra ilusão: uma experiência de simulação no qual o voluntário era colocado em um dilema moral – é possível obedecer ordens mesmo que confrontem convicções íntimas? “Experimentos” mostra como o insight gnóstico muitas vezes está presente na Ciência: a ilusão pode definir um cenário no qual a verdade pode ser revelada – a “banalidade do mal”, que é mais cotidiana do que podemos imaginar.

sábado, março 31, 2018

Em "Infinity Chamber" o homem enfrenta a versão mais diabólica de HAL-9000


Desde o duelo mortal entre o astronauta Dave Bowman e o computador HAL-9000 no filme “2001” de Kubrick, o cinema não havia conseguido repetir uma luta tão icônica entre a inteligência humana e a artificial. Isso até o filme “Inifinity Chamber” (2016), na qual o homem enfrenta a nova geração da IA: os aplicativos e algoritmos capazes de aprender até o ponto em que poderiam saber mais sobre nós do que nós mesmos. Um homem é raptado em uma cafeteria, para acordar em uma cela high tech observado por uma câmera de teto: é o olho artificial de um computador chamado Howard. Sua função: mantê-lo vivo, para escanear suas memórias e fazê-lo repetir mentalmente em infinitas vezes o mesmo dia em que foi raptado, para tentar achar a evidência da sua ligação com um grupo terrorista. Um filme sobre tecnologia, sonhos e memória. Uma metáfora de como atuais aplicativos que fazem a mediação dos nossos relacionamentos são apenas pretextos para escanear nossos sonhos e pensamentos.

sábado, março 24, 2018

"La Antena", um filme sobre como o monopólio midiático nos rouba a voz e as palavras


Um filme obrigatório para estudantes de graduação em Comunicação. Influenciado pelo cinema “noir” e pelo expressionismo alemão do clássico “Metrópolis”, o diretor argentino Esteban Sapir fez o filme “La Antena” (2007): uma curiosa estética inspirada no cinema mudo e metalinguagem das histórias em quadrinhos. Um filme crítico sobre os meios de comunicação, a imaginação e as palavras. Em uma cidade escura e invernal todos ficaram sem voz. O Sr. TV, dono de um monopólio televisivo (o Canal 9) tem um malévolo plano para dominar todos os cidadãos: sequestrar A Voz, a única pessoa que conservou o dom da fala. Para transformá-la na atração principal da sua emissora enquanto ele arquiteta outro plano ainda mais sinistro: roubar as palavras, para completar o seu regime de Telecracia. “La Antena” é uma provocativa metáfora dos monopólios latino-americanos de comunicação e de como a mídia é usada como arma para sustentar regimes totalitários.

domingo, março 18, 2018

Sapos verdes e a execução de Marielle: sobe o grau da guerra semiótica brasileira


Em um dia o industrial sem indústria e rentista Paulo Skaf lançava a campanha “Chega de engolir sapo” (ironicamente contra os juros altos) em frente ao prédio da Fiesp diante de um enorme batráquio verde inflado. E no dia seguinte a vereadora do PSOL/RJ Marielle Franco era executada com quatro tiros certeiros na cabeça. Intensifica-se a guerra semiótica com a ocupação do campo simbólico da sociedade pela direita. No primeiro caso, principalmente pela ironia dos autores da campanha, uma mensagem prá lá de ambígua que ainda tenta surfar na onda anti-PT/Lula, pela proximidade do “grand finale” da sua prisão. E no trágico episódio do Rio, uma vítima exemplar, escolhida a dedo, para detonar a “bomba identitária”, ato inaugural (assim como o “laboratório” da intervenção no Rio) para “melar” a eleição desse ano através do discurso da ameaça de um inimigo interno: o crime organizado. Fator até aqui ignorado pelos analistas políticos, mas que tem parte importante na guerra semiótica brasileira, desde os ataques de 2006.

domingo, dezembro 10, 2017

Curta da Semana: "Where Are They Now?" - uma cilada destruiu Roger e Jessica Rabbit


Onde estão os ícones da animação dos anos 1980 como He-Man, Roger e Jéssica Rabbit (do filme "Uma Cilada Para Roger Rabbit"), o Esqueleto, Garfield, Popeye, Mumm-Rá, muito tempo depois do auge? Como seria a realidade das suas vidas atuais? O animador inglês Steve Cutts (conhecido por narrativas críticas sobre a vida moderna) os imagina viciados, obesos, compulsivos, desempregados ou subempregados em call-centers e caixas de supermercados. Esse é o argumento do pequeno curta “Where Are They Now?” (2014): heróis que perderam a batalha final contra inimigos mais poderosos do que vilões desse ou do outro mundo: o mundo corporativo, o trabalho precarizado e o desemprego crônico. E terminaram esquecidos porque acabaram ficando parecidos demais com os espectadores.

sábado, dezembro 09, 2017

A batalha humana de lembrar e esquecer em "Marjorie Prime"



O que é a memória? Um poço profundo no qual resgatamos lembranças? Ou apenas lembramos da últimas vez que lembramos? Cópias de cópias de lembranças cada vez mais inexatas. E se uma Inteligência Artificial fosse programada com nossas memórias? Seria um poço de lembranças ou uma máquina que cobre a lacuna das nossas memórias apenas com simulacros? Esse é o tema de “Marjorie Prime (2017) – num futuro indeterminado foi introduzido um serviço que permite “ressuscitar” a pessoa amada de forma holográfica, “primes” programados pelas memórias do usuário e familiares. Mas essas próteses de memórias não serão nem humanizadas e muito menos pretenderão nos subjugar. Serão apenas testemunhas passivas da nossa desumanização. Filme sugerido pelo nosso infalível leitor Felipe Resende.

domingo, novembro 12, 2017

Curta da Semana: "Working With Jigsaw" - Como se vingar do chefe com jogos mortais


A franquia “Jogos Mortais” acabou e o pequeno fantoche Jigsaw teve que se virar e arrumou um emprego em um escritório como qualquer mortal. Mas velhos hábitos são difíceis de esquecer. E Jigsaw inferniza os seus colegas de trabalho com mais jogos “mortais”, dessa vez com ameaçadores post-its, fitas adesivas, pop ups pornográficos saltando em telas de computadores e mouses com alfinetes... Esse é o impagável argumento do curta “Working With Jigsaw”(2016) no qual o sádico fantoche vinga-se dos seus chefes que acusam seus jogos de diminuir a “produtividade” e “sinergia” da empresa. Um curta que suscita uma interessante analogia: como os jogos das relações humanas corporativas muitas vezes podem ser tão sádicos e arbitrários quanto os do filme “Jogos Mortais”.

quinta-feira, setembro 21, 2017

Curta da Semana: "State of Emergency Motherfucker!" - distraídos venceremos!


Um fantasma ronda o Poder e o Estado. O fantasma da apatia e indiferença das massas para o quê quer eles façam ou planejem. Não por serem “alienadas”. Mas simplesmente porque as pessoas estão absorvidas pela absoluta banalidade da vida. Dois jovens muçulmanos comem kebab em uma lanchonete, concentrados num hilariante relato de uma aventura amorosa do Dia dos Namorados. Absolutamente distraídos e indiferentes à chegada de policiais que os abordam como os suspeitos de sempre, com ações cada vez mais invasivas e violentas. O que se segue é uma narrativa de humor surreal e absurdo: a contradição entre uma animada conversa sobre façanhas amorosas e a violência policial que não consegue quebrar a atenção daqueles jovens adolescentes. Esse é o curta State of Emergency Motherfucker! (Etat D’Alert Sa Mere!, 2017) do belga Sebastién Petretti.

terça-feira, setembro 05, 2017

Poder, Nietzsche e fast food no filme "Obediência"



O telefone toca e uma estressada gerente de uma lanchonete fast food ouve a voz de um policial avisando que uma atendente da loja roubou dinheiro de uma cliente que veio prestar queixa. Nas próximas horas ela cegamente obedecerá as ordens de um suposto policial ao telefone para além dos limites dos seus valores e consciência. Baseado num caso real absurdo e bizarro em uma lanchonete McDonald’s nos EUA, o filme “Obediência” (“Compliance”, 2012) narra como a tendência humana de ceder à autoridade leva a atitudes tão irracionais como os maiores crimes da História: nós apenas sempre “obedecemos ordens”. Se para Nietzsche a consciência é a principal fonte de enganos como o medo e o espírito gregário, “Obediência” politiza esse insight do pensador alemão: as organizações sociais e corporativas verticalizadas nos tornam ainda mais vulneráveis. Mais uma sugestão do nosso indefectível leitor Felipe Resende.  

sábado, setembro 02, 2017

Em "Herostratus" a subversão vira mais um produto à venda


Um filme esquecido por quase 50 anos e só recentemente lançado em DVD. E certamente o filme desconhecido mais influente na história do cinema. Só para começar, inspirou Kubrick a criar o atormentado personagem Alex do filme “Laranja Mecânica” de 1971. “Herostratus” (1967), o primeiro e único longa metragem do diretor Don Levy, conta estória de Max, um jovem poeta rebelde que num gesto para ele subversivo, vende seu próprio suicídio para uma empresa de marketing como um espetáculo midiático para as massas. Um retrato da revolta jovem na Grã-Bretanha do Pós-Guerra: jovens presos entre os extremos de riqueza e pobreza, enquanto eram bombardeados por efeitos psicológicos eroticamente carregados da publicidade e sociedade de consumo. E como o marketing e a publicidade são capazes de diluir qualquer rebelião e transformá-la em tendência de moda. Filme sugerido pelo nosso leitor Higor Camargo.

terça-feira, agosto 15, 2017

Como parar de fumar em cinco passos do vício ao Holocausto em "No Smoking"


O primeiro filme de Bollywood (a indústria cinematográfica da Índia) a fazer uma adaptação de uma obra de Stephen King. Definitivamente “No Smoking” (2007) é um filme para cinéfilos aventureiros e amantes do estranho. Parece até que David Lynch encontrou-se com Bollywood – um thriller neo-noir psicodélico, com muito humor negro, surrealismo, um guru irmão bastardo de Hitler e... cigarros. Um arrogante homem bem-sucedido e fumante obsessivo compulsivo é ameaçado pela sua esposa com o divórcio, depois de respirar tanta fumaça. Como largar o vício? “No Smoking” oferece um método de cinco passos: consiga ajuda profissional, envolva familiares e amigos, música, lembrar-se do Holocausto e, finalmente, morra para si mesmo. Além do tema do nazi-fascismo, controle e vigilância da mente e da alma, “No Smoking” faz também um curioso mergulho nas associações simbólicas do tabaco e fumaça associados à alma e consciência.

sábado, julho 29, 2017

Sexo e a nova sensibilidade da maldade em "Corrente do Mal"


Outrora símbolo da indústria automobilística dos EUA e agora abandonada e repleta de desempregados, Detroit tornou-se nesse século cenário de uma série de filmes que transitam entre o gótico, o terror e o mistério. “Corrente do Mal” (“It Follows”, 2014) é mais um filme que tem a cidade como cenário: fantasmas de pessoas mortas assombram não necessariamente pessoas da cidade, mas adolescentes do subúrbio que fazem sexo – podem ser “contaminados” pelo Mal transmissível sexualmente. Uma espécie de maldição no qual a vítima passa a ser perseguida por entidades assassinas. E a única forma de se livrar do Mal é fazendo sexo com outra pessoa para que a corrente continue. O diretor David Mitchell leva ao paroxismo a nova representação do Mal iniciada no cinema com a disseminação dos zumbis: o Mal não mais determinado ou centrado numa monstruosidade, mas agora indeterminado, mutante e que se dissemina de forma viral, exponencial e catastrófica. Há uma ironia em eleger Detroit como cenário dessa nova ontologia do Mal – os fatores socioeconômicos que levaram a decadência da cidade são os mesmos que fizeram emergir essa nova sensibilidade da maldade. Filme sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende.

terça-feira, julho 25, 2017

Luta simbólica da esquerda é vulnerável contra retórica da guerra híbrida midiática


O escritor e dirigente sindical Roberto Ponciano no seu artigo “Cultura, Violência e Direito à Insurreição” observa uma “docilidade cultural” que parece tomar as manifestações no Brasil e alerta: “Nesse ritmo de paz e amor em que estamos, embalados pelos showmícios de Caetano, ao menos nos tornaremos escravos mais alegres do mundo”. O editor do blog “O Cafezinho”, Miguel do Rosário, aponta que essa opinião revela “a inapetência da esquerda em fazer luta simbólica”, luta que corresponderia ao próprio campo da Comunicação”. Porém, essa “luta simbólica” confronta a chamada “Guerra Híbrida” cuja principal estratégia é a dessimbolização ou retórica da destruição. Diante disso, a criação de simbolismos de “luta e resistência” mais parece uma prescrição alopática de cura pelos opostos: se a mídia desinforma, vamos informar. Se a mídia dessimboliza, vamos então criar símbolos. Por que não a metodologia, por assim dizer, homeopática: a cura pelos semelhantes? Responder à simulação e mentira com ações diretas dentro do campo da comunicação também com simulações e mentiras, direcionadas ao próprio campo de dessimbolização da mídia corporativa. Táticas de “pegadinhas” e “trolagens” já existem – Cuture Jamming e Media Prank, por exemplo.

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