terça-feira, janeiro 22, 2013
Wilson Roberto Vieira Ferreira
No momento em que estamos em mais uma edição do reality show "Big Brother Brasil" na TV Globo é sempre oportuno rever o filme "A Noite dos Desesperados" como um contraponto crítico que mostra o início em que a indústria do entretenimento explorará "in natura" os dramas pessoais de desespero e dor. Mas será que a visão crítica do filme ainda se aplica ao atual mercado de celebridades em que virou os "reality Show"?O blog "Cinema Secreto: Cinegnose" vai conferir. E também na sessão "Em Observação" a comédia francesa "Perdido em Dois Mundos". Leve e despretensiosa, mas que parece que pode render mais com temas potenciais como universos paralelos e mundos espelhados e/ou invertidos, tema recorrente na cinematografia atual.
"A Noites dos Desesperados" (They Shoot Horses, Don't They?, 1969)
Diretor- Sydney Pollack
Plot -Baseado no romance de Horace McCoy passado era da Depressão norte-americana, a narrativa retrata os angustiantes seis dias da maratona de um concurso de dança, destacando as fantasias, ilusões e loucura dos jovens na Chicago dos anos 1930. A história começa com Robert Syverton (Michael Saeeazin) em um julgamento por um assassinato cujos detalhes permanecem vagos.
Saga então muda para o Salão de Danças de Chicago onde uma maratona de dança está prestes a começar. O protagonista é Gloria Beatty (Jane Fonda), um resistente aspirante a atriz, que substitui logo no início o seu parceiro original por Robert. Solitária e desajustada, Gloria é uma mulher forte e que parece gostar de mostrar seus argumentos para os outros participantes.
Durante a narrativa testemunhamos mortes, a auto-destruição, depressão profunda e manifestações de comportamento animalesco brutal. Por que eles estão fazendo isso ? A motivação parece ser a mesma: três refeições por dia e uma chance de ganhar um prêmio em dinheiro de US $ 1.500 em um momento em que o país sofre com o gave desempregom e altas taxas de crime e suicídio.
Por que está "Em Observação"? - Assistir a esse filme parece ser oportuno em um momento em que o Reality Show Big Brother da TV Globo passa a monopolizar a pauta das sessões de variedade e sites sobre os mexericos de famosos da TV. E, mais do que isso, torna-se pauta das conversas do dia-a-dia da audiência (infelizmente ainda grande) desse gênero de programa.
O romance de Horace McCoy de 1935 tornou-se um dos prediletos dos escritores e filósofos existencialistas franceses que viam na obra não só uma alusão ao pior que o capitalismo americano poderia produzir, mas também um mergulho nas motivações humanas para frazer frente a momentos de dor e desespero. Até Charles Chaplin, que havia comprado os direitos do livro, pensava fazer um filme sobre a obra.
Filmes como "A Noite dos Desesperados" são interessantes por tematizar uma fase da indústria de entretenimento onde concurso e quizz shows começam a tornar o sofrimento humano em matéria-prima para o entretenimento de massas. O momento em que a Grande Depressão americana foi um ótimo ponto de partida ao oferecer in natura histórias pessoais de muitos dramas, conflitos e lutas pela sobrevivência.
Qual a semelhanças e diferenças entre esse período e os atuais reality show onde os participantes não só lutam por um grande prêmio em dinheiro mas, também, como porta de entrada paa o mercado de celebridades? Já abordamos o tema "Reality Show" em duas oportunidades (Do projeto Biosfera 2 ao reality show "Big Brother" e Em "Dead Set" o Reality Show ri de si mesmo) onde relacionamos o a inspiração para o surgimento do gênero televisivo ao projeto científico "Biosfera 2" onde em 1991 cientistas foram confinados em uma gigantesca redoma que reproduzia os principais biomas do planeta. Tudo sob a vigilância de milhares de sensores eletrônicos.
Por isso, "A Noite dos Desesperados" pode trazer subsídios para levar o tema para um outro campo: a cultura das celebridades baseada na exploração do lado mais sobrio da natureza humana - egoísmo, amoralidade e agressividade.
O Que Promete? - À época o filme recebeu indicações de melhor atriz (Jane Fonda), melhor atriz coadjuvante (Susannah York), direção de arte, figurino, edição, trilha sonora e roteiro adptado, ganhando apenas o de melhor ator coadjuvante (Gig Young). As performances dos atores são igualmente fortes não só de Jane Fonda (seu primeiro papel drmático fazendo uma mulher auto destrutiva e amarga até então conhecido pelo seu papel no filme "Barbarella") mas da anfitriã de cerimônias do concurso carismática e malciosa, mas fora dos holofotes apresenta uma melancolia amarga para o mundo. Para o crítico Mitchell Beaupre "a direção de Sydney Pollack dá ao filme a sensação da própria maratona. Podemos sentir os dias e as semanas passando e como os participantes tornam-se cada vez mais fracos, cansados e sem esperanças" ( Letterboxd).
"Perdido entre dois Mundos" (Le Deux Mondes, 2007)
Diretor - Daniel Cohen
Plot - Este filme francês conta a história de Rémy
Bassano (Benôit Poelvoorde), um restaurador de obras de arte, sem personalidade
e sem ambições. Ele tem mulher, Lucile (Natacha Lindinger) e dois filhos.Tudo se começa a descontrolar na sua vida - uma
inundação no seu atelier, a perda dos quadros, e para piorar a situação a sua
mulher quer divorciar-se dele e impingir-lhe o seu novo namorado na sua própria
casa.
Quando repentinamente ele é sugado para um
outro mundo - um mundo paralelo. A população de um lugar chamado Bégaméni pensa
que é ele quem vai salvá-los do tirano chamado Zotan que os escraviza.É a partir daí,
odiando cada vez mais o seu mundo em Paris, Rémy quer ficar mais tempo no outro,
pois se torna no líder dessa população. Rémy começa a ficar perdido entre dois
mundos.
Por que está "Em Observação?" - O filme é uma comédia leve e despretensiosa, porém possui alguns temas considerados de alto potencial de discussão para esse blog:
a) a realidade multifacetada - uma vida ordinária que esconde universos alternativos;
b) a conexão entre os dois mundos é estabelecida por um protagonista com experiências de vida invertidas: na vida "real" é fraco e impotente e na realidade alternativa um corajoso herói.
c) mundos espelhados ou/e invertidos parece ser um tema recorrente na cinematografia recente. Filmes como "Another Earth" (2011) e "Upside Down" (2012) - já analisados por esse blog - são exemplos recentes.
O Que Promete? - Para muitos críticos, apesar da despretensão e da risada fácil, o filme pode resultar em muito mais ao mostrar o protagonista como um exemplo de ser humano que quer fugir para um outro mundo para fugir dos seus problemas ao invés de enfrentá-los. Mas o blog suspeita que o filme contenha muito mais do que o tema do escapismo - o filme tem o potencial de tematizar a relatividade da noção de "realidade".
Cinegnose participa do programa Poros da Comunicação na FAPCOM
Este humilde blogueiro participou da edição de número seis do programa “Poros da Comunicação” no canal do YouTube TV FAPCOM, cujo tema foi “Tecnologia e o Sagrado: um novo obscurantismo?
Esse humilde blogueiro participou da 9a. Fatecnologia na Faculdade de Tecnologia de São Caetano do Sul (SP) em 11/05 onde discutiu os seguintes temas: cinema gnóstico; Gnosticismo nas ciências e nos jogos digitais; As mito-narrativas gnósticas e as transformações da Jornada do Herói nas HQs e no Cinema; As semióticas das narrativas como ferramentas de produção de roteiros.
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Domingo, 6 de Abril
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"Cinema Secreto: Cinegnose" é um Blog dedicado à divulgação e discussões sobre pesquisas e insights em torno das relações entre Gnosticismo, Sincromisticismo, Semiótica e Psicanálise com Cinema e cultura pop.
A lista atualizada dos filmes gnósticos do Blog
No Oitavo Aniversário o Cinegnose atualiza lista com 101 filmes: CosmoGnósticos, PsicoGnósticos, TecnoGnósticos, AstroGnósticos e CronoGnósticos.
Esse humilde blogueiro participou do Hangout Gnóstico da Sociedade Gnóstica Internacional de Curitiba (PR) em 03/03 desse ano onde pude descrever a trajetória do blog "Cinema Secreto: Cinegnose" e a sua contribuição no campo da pesquisa das conexões entre Cinema e Gnosticismo.
Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, organizado pelo Prof. Dr. Ciro Marcondes Filho e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.
Neste trabalho analiso a produção cinematográfica norte-americana (1995 a 2005) onde é marcante a recorrência de elementos temáticos inspirados nas narrativas míticas do Gnosticismo.>>> Leia mais>>>
"O Caos Semiótico"
Composto por seis capítulos, o livro é estruturado em duas partes distintas: a primeira parte a “Psicanálise da Comunicação” e, a segunda, “Da Semiótica ao Pós-Moderno >>>>> Leia mais>>>