terça-feira, janeiro 29, 2013
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Nosso leitor Joari
Carvalho nos oferece mais uma indicação para a sessão “Em Observação”: o filme “Last Night” (1998). Só pelo fato de ser um filme canadense que trata de um tema
tão “blockbuster” e hollywoodiano já desperta o interesse pelo potencial de
oferecer ao espectador uma visão alternativa para o tema: o fator humano. Não
há pirotécnicas, efeitos especiais, Armagedon ou ônibus espaciais enfrentando asteroides.
Apenas pessoas comuns sem passado e futuro tentando realizar os últimos desejos
a seis foras do fim do planeta. “Last Night” entra na mira do “Cinema
Secreto: Cinegnose” por tratar desse tema tão recorrente na cinematografia que
podemos considerá-lo um sintoma coletivo de algum mal estar psíquico: por que
essa presunção da catástrofe em relação ao futuro? Por que o futuro é encarado
como uma contagem regressiva? Por que o futuro é sempre pensado como subtração
e não como adição, acumulação ou construção? O que torna ainda o filme mais
interessante é que à época do seu lançamento uma série de sinistras profecias
cercava o final de milênio, entre ela o chamado “bug do milênio”, uma espécie
de bomba relógio informática que prometia levar o mundo ao caos na virada para
o século XXI.
Last Night (1998)
Diretor: Don McKellar
Plot: O
filme começa às 18 horas do dia 31 de dezembro de 1999 – seis horas antes do
fim do mundo. A destruição do planeta é um pressuposto dado como inevitável e o
roteiro não se preocupa nos “como” e dos “porquês” do Armagedon. A narrativa
concentra-se no fator humano, suas questões existenciais: o que você, assim
como todo o planeta, faria se soubesse que só tem apenas seis horas de vida? As
pessoas parecem ter pouco senso de pânico. Parecem querer celebrar a última
noite sobre a Terra: Patrick sofre para organizar uma falsa celebração de Natal
com sua família; Sandra tenta atravessar a cidade para cometer suicídio com o
marido; um empregado de uma companhia de gás burocraticamente tentar manter a
excelência dos serviços até o ultimo instante; enquanto isso Craig tenta
alcançar a satisfação sexual a partir de uma lista de mulheres previamente
elaborada, e assim por diante.
Por que está “Em
Observação”?: A questão sobre o simbolismo do fim do mundo é uma tema
que vira e mexe o blog “Cinema Secreto: Cinegnose” está abordando: “O
fim do mundo não foi televisionado”, “Filme
2012: uma odisseia New Age”, “A
necrospectiva do fim do mundo”, só para citar os posts mais recentes.
Abordamos o tema principalmente pelo ponto de vista sociológico ou político
(por que a indústria de entretenimento, principalmente norte-americana, adora
destruir o país, principalmente a cidade de Nova York?) e a necessidade da
tendência ecumênica da ideologia da globalização buscar uma nova escatologia,
assim como a existente nas religiões tradicionais (o armagedon, messias,
profetas etc.), um novo fim do mundo dessa vez ecológico, climático ou
astronômico.
O filme parece oferecer uma dimensão ainda não abordada por esse
blog para o tema: a recorrência de filmes (sem falar livros, séries de TV,
revistas, telejornais etc.) sobre o fim do mundo não seria o sintoma do
niilismo e hedonismo como mal estar psíquico da sociedade de consumo?
Pelas
sinopses da crítica especializada, o filme mostra personagens sem passado e sem
futuro. Se o consumismo transforma a vida num eterno presente, a percepção do
futuro transforma-se em estranhamento. Presunção da catástrofe, contagens
regressivas, a promessa do “bug do milênio” (a ameaça de uma catástrofe
informática que levaria ao caos prevista na época do filme) seriam sintomas de
uma sociedade que simplesmente não conseguiria pensar o futuro com esperança e
capacidade de realizações.
O que promete?:
Só pelo fato de ser uma produção canadense, promete apresentar uma visão
alternativa para um subgênero típico do mainstream
hollywoodiano. Principalmente por ser um filme tragicômico, como define a
crítica especializada. O filme promete abordar um fator que os filmes sobre o
tema esquecem, centrados que estão nas explicações das causas e os meios para
evitar a destruição: o fator humano. Ao invés de assistir à pirotécnica e
efeitos especiais do fim do mundo, o filme promete observar como pessoas
normais aparentemente reagem a uma catástrofe de proporções inimagináveis:
niilismo, anarquia e aceitação estoica.
Cinegnose participa do programa Poros da Comunicação na FAPCOM
Este humilde blogueiro participou da edição de número seis do programa “Poros da Comunicação” no canal do YouTube TV FAPCOM, cujo tema foi “Tecnologia e o Sagrado: um novo obscurantismo?
Esse humilde blogueiro participou da 9a. Fatecnologia na Faculdade de Tecnologia de São Caetano do Sul (SP) em 11/05 onde discutiu os seguintes temas: cinema gnóstico; Gnosticismo nas ciências e nos jogos digitais; As mito-narrativas gnósticas e as transformações da Jornada do Herói nas HQs e no Cinema; As semióticas das narrativas como ferramentas de produção de roteiros.
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"Cinema Secreto: Cinegnose" é um Blog dedicado à divulgação e discussões sobre pesquisas e insights em torno das relações entre Gnosticismo, Sincromisticismo, Semiótica e Psicanálise com Cinema e cultura pop.
A lista atualizada dos filmes gnósticos do Blog
No Oitavo Aniversário o Cinegnose atualiza lista com 101 filmes: CosmoGnósticos, PsicoGnósticos, TecnoGnósticos, AstroGnósticos e CronoGnósticos.
Esse humilde blogueiro participou do Hangout Gnóstico da Sociedade Gnóstica Internacional de Curitiba (PR) em 03/03 desse ano onde pude descrever a trajetória do blog "Cinema Secreto: Cinegnose" e a sua contribuição no campo da pesquisa das conexões entre Cinema e Gnosticismo.
Mestre em Comunição Contemporânea (Análises em Imagem e Som) pela Universidade Anhembi Morumbi.Doutorando em Meios e Processos Audiovisuais na ECA/USP. Jornalista e professor na Universidade Anhembi Morumbi nas áreas de Estudos da Semiótica e Comunicação Visual. Pesquisador e escritor, autor de verbetes no "Dicionário de Comunicação" pela editora Paulus, organizado pelo Prof. Dr. Ciro Marcondes Filho e dos livros "O Caos Semiótico" e "Cinegnose" pela Editora Livrus.
Neste trabalho analiso a produção cinematográfica norte-americana (1995 a 2005) onde é marcante a recorrência de elementos temáticos inspirados nas narrativas míticas do Gnosticismo.>>> Leia mais>>>
"O Caos Semiótico"
Composto por seis capítulos, o livro é estruturado em duas partes distintas: a primeira parte a “Psicanálise da Comunicação” e, a segunda, “Da Semiótica ao Pós-Moderno >>>>> Leia mais>>>