domingo, junho 17, 2018
Terço abençoado pelo Papa faz agência de checagem Lupa exigir "Deus ex-machina"
domingo, junho 17, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Parido pela guerra híbrida (que em uma das suas etapas criou a base
etnográfica de jovens neoconservadores através da confluência entre mídia e
universidades privadas), o jornalismo hipster costuma reciclar velhas ideias
por meio de eufemismos embalados em high tech. Agora é o “hip” das fake news e “agências
checadoras”, com nítidos conflitos de interesses, sob o frisson de algo tão
antigo quanto o jornalismo: as notícias falsas. A polêmica criada pela Agência
Lupa em torno de um prosaico terço benzido pelo Papa Francisco para ser
entregue a Lula revelou o quanto são arbitrárias as “etiquetas de checagem”
supostamente técnicas e objetivas. Quando colocadas em xeque por desmentido de
um site de notícias do Vaticano, a Lupa recorreu a um quase literal “Deus ex-machina”
(velho truque de roteiros de cinema mal feitos): “então, que o Vaticano ou o
próprio Papa façam um “posicionamento oficial” para que a agência ponha a
etiqueta “Verdade!”, exigiu a agência em
esclarecimento. Mesmo preso, Lula ainda não sai da cabeça da Direita. Porque
algo falhou na narrativa imposta pós-impeachment: não foi entregue o
crescimento econômico prometido. Resta à grande mídia requentar um prato frio: mais uma vez bater em Lula.
E ensaiar uma nova forma de censura à mídia independente.
quinta-feira, junho 14, 2018
Copa do Mundo na Rússia enfia grande mídia em dupla saia justa
quinta-feira, junho 14, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Definitivamente essa é uma Copa
do Mundo curiosa: a grande mídia está nesse momento lidando com uma dupla saia
justa. De um lado, o risco de humanizar demais os russos. Afinal, tanto o
cinema como o jornalismo os celebrizaram como “RAVs” (Russos, Árabes e Vilões
em geral) – terra dos soviéticos, comunas, terroristas e hackers que mudam
resultados eleitorais de outros países. Como cobrir a Copa, evitando que eles
pareçam gente como a gente? E do outro lado, o recorde de desinteresse dos brasileiros
com o evento, divulgado pelas últimas pesquisas. Ainda o rescaldo do tiro no pé
do “Não vai ter Copa!” de 2014 e numa situação em que os brasileiros estão
pensando muito mais na própria sobrevivência. Por isso, assistimos ao esforço em
vinhetas e chamadas na TV para didaticamente tentar ensinar ao brasileiro que ele
é torcedor! E promover os jogadores (tão “alienígenas” quanto os russos) a
modelos mérito-empreendedores de sucesso para motivar a massa deprimida a sair
do buraco.
quarta-feira, junho 13, 2018
Cinegnose discute bombas semióticas e guerra híbrida na FACIP/Universidade de Uberlândia
quarta-feira, junho 13, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Na noite da última quinta-feira, 07/06, no Anfiteatro I do Bloco B da Faculdade
de Ciências Integradas do Pontal/UFU – Universidade de Uberlândia – este humilde
editor do “Cinegnose” ministrou a palestra de abertura do Curso “O Golpe de
2016 e o futuro da democracia”. “Guerra Híbrida e Bombas Semióticas” foi o tema
discutido depois que esse blogueiro estoicamente enfrentou o pânico de avião. A
contribuição que a Semiótica e as ciências da comunicação podem dar como
ferramenta para dissecar a ação da grande mídia na guerra híbrida e as
detonações das chamadas “bombas semióticas” que transformam opinião pública em “clima
de opinião”. E também como referência para ações anárquicas anti-mídia, tendo
em vista a centralidade da grande mídia e da judicialização da vida pública
brasileira.
domingo, junho 10, 2018
Mulheres com testosterona demais para fazer Ciência em "Aniquilação"
domingo, junho 10, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O que de imediato é notável em “Aniquilação” (“Annihilation”, 2018) é o
elenco de protagonistas totalmente feminino e alusão à ficção científica
soviética de “Stalker” do mestre Andrei Tarkovsky. Mas estamos numa produção
hollywoodiana de um estúdio traumatizado com o fracasso do filme “Mãe!” no ano
passado – uma reflexão gnóstica e metafísica fora da curva. Por isso, o que era para seguir uma reflexão
metafísica (a queda de um meteoro cria uma área de distorção magnética e
biológica que se expande), resultou em um sci-fi com mais armas e militares do
que Ciência e Filosofia. Um grupo de cientistas forma uma expedição para tentar
desvendar o enigma da “Cintilação”. Mas elas passam a maior parte do tempo
dando tiros. Mulheres com testosterona demais para fazer Ciência.
quarta-feira, junho 06, 2018
Editor do Cinegnose abre curso sobre "Golpe de 2016" na Universidade Federal de Uberlândia
quarta-feira, junho 06, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Este
humilde blogueiro fará nessa quinta-feira, 07/06, a palestra de abertura do
curso “O Golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil” na Universidade
Federal de Uberlândia (UFU), Campus Pontal, em Ituiutaba, Minas Gerais.
O tema será “ “Guerras Híbridas e
Bombas Semióticas midiáticas: por que aquilo deu nisso?". O evento começa às
19 horas no Anfiteatro I, Bloco B, FACIP/UFU.
O evento não será
transmitido ao vivo. Porém, será gravado e disponibilizado posteriormente on line. Tão logo seja disponibilizado,
o Cinegnose divulgará o vídeo para os
leitores.
A palestra
A palestra pretende descrever como foi possível uma ação midiática organizada ter não só
desestabilizado um governo para jogar o País numa surreal crise política, mas
também ter envenenado psiquicamente a esfera pública de opinião, travando o
debate político racional pelo ódio e intolerância.
Através da articulação dos conceitos de “Bomba Semiótica” e
“Guerra Híbrida” podemos entender os momentos em que a grande mídia nacional
interveio politicamente, desde o golpe militar de 1964 até os atuais movimentos
táticos da Guerra Híbrida. Como se forma uma engenharia de opinião pública e as
possíveis táticas de “guerrilha antimídia”.
Os efeitos socialmente letais daquilo das “bombas semióticas” dentro de
uma guerra geopolítica mais ampla – a “Guerra Híbrida”, nesse momento
impactando o contínuo midiático nacional e por trás das diversas “primaveras”
que rondaram o planeta nos últimos anos.
E também uma avaliação das oportunidades de contra-hegemonia perdidas e
a possibilidade de uma guerrilha semiótica anti-mídia. Mas, principalmente,
entender: afinal, por que aquilo deu nisso?
Para acessar a programação completa do curso, clique
aqui.
domingo, junho 03, 2018
Curta da semana: "The Cut-Ups" - o filme que fez pesoas fugirem desorientadas do cinema
domingo, junho 03, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Esse curta metragem é para cinéfilos aventureiros e corajosos. Numa
parceria entre o escritor norte-americano “beatnik” William Burroughs e o
distribuidor de filmes de terror B Anthony Balch, o curta “The Cut-Ups” (1966)
foi exibido por duas semanas em Londres naquele ano, causando uma
“desorientação de sentidos” na plateia pega de surpresa. Pessoas corriam da
sala de projeção largando seus pertences, com sensações de náusea, nojo e desorientação.
Burroughs conhecia a técnica dadaísta do “cut-up” (recorte) de justaposição
aleatória de recortes. Então, o escritor resolveu aplicar em outras mídias como
fitas de áudio e cinema. Para ele, a
técnica (muito usada depois por compositores do rock como David
Bowie) ajudaria a nos libertarmos das formas de controle da linguagem que nos
tranca em formas tradicionais de pensamento. Seria a saída para uma questão
semiótica: se o que chamamos de real é apenas o signo do real, o que existe lá
fora, para além dos signos?
sábado, junho 02, 2018
Toda a democracia que o dinheiro pode inventar em "Terra Prometida"
sábado, junho 02, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Era para ser mais uma operação comercial de rotina: convencer os
moradores de uma pequena cidade a venderam suas terras para uma grande
corporação extrair gás natural sob a cidade, por meio de uma técnica de alto
risco ambiental. Mas tudo se complica quando um professor mostra para os
moradores evidências de catástrofes ambientais ocorridas anteriormente: envenenamento do
gado e das águas. E para complicar, chega na cidade um ativista ambiental que
rastreia as atividades escusas da empresa. Além disso, a tensão cresce com a
proximidade do dia da eleição na qual os moradores devem decidir se aceitam a
oferta de compra. “Terra Prometida” (Promised Land, 2012) de Gus Van Sant
discute até que ponto a opinião pública se confunde com propaganda – as
modernas estratégias de engenharia de opinião pública na qual as grande
corporações têm gigantescos interesses financeiros. Muito dinheiro para ficarem
à mercê do imponderável dos resultados eleitorais. Quanto dinheiro é necessário
para simular uma discussão pública e democrática? Confrontado com a atual crise
política brasileira, fruto da guerra hibrida e geopolítica do petróleo, “Terra
Prometida” dá no quê pensar...
quinta-feira, maio 31, 2018
A "Nova Ordem" do bullying e intolerância no filme "Klass"
quinta-feira, maio 31, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A princípio, o filme estoniano “Klass”(2007) é mais um filme sobre
assassinatos seriais em escolas, na linha de “Elephant”, “Tiros em Columbine”
ou “Precisamos Falar Sobre Kevin”. Também baseado em um incidente real, “Klass”
se esforça em não ser mais um filme “sobre” violência escolar, mas procura
falar “da” violência, sem estilização tradicional do tema – fetichização das
armas e atiradores vestidos com trajes snipers negros. Formado por um cast de
atores amadores e não-atores, “Klass” arranca performances espontâneas e
brutais sobre a história de Joosep, vítima de bullying e desprezo de uma classe
que cria um mundo fechado. Incompreensível para adultos preocupados com seus
próprios afazeres. “Klass” vai ao fundo psicológico do nascimento do extremo desejo
de vingança: uma Nova Ordem na qual família e escola pouco significam ou
compreendem um movimento que está muito além da Razão: uma secreta aliança
entre Id e Superego – autoritarismo aliado ao prazer sadomasoquista. Filme sugerido pelo nosso onipresente leitor Felipe Resende.
domingo, maio 27, 2018
O roteiro da greve dos caminhoneiros: um filme já visto?
domingo, maio 27, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Se a política é a continuidade da guerra por meios semióticos, então a
atual crise provocada pela greve dos caminhoneiros deve ser analisada dentro de
dois princípios de engenharia de opinião pública: clima de opinião e espiral do
silêncio - criar atmosferas difusas de medo, pânico, emergência, instabilidade.
Para construir uma conjuntura política visando efeitos imediatos e de médio
prazo. E sempre o petróleo como pivô. Greve de caminhoneiros é um filme já
assistido em momentos de instabilidade política e social que antecedem golpes
políticos (João Goulart em 1964 e Allende no Chile em 1973, por exemplo). Em
muitos aspectos o script da greve que atinge todo o País é idêntico ao das
“Manifestações pelos 20 centavos” de 2013: “espontaneidade”, suposta organização
horizontal, redes sociais etc. Mais uma ação de guerra híbrida para melar as
eleições? Para criar comoção pública que justifique intervenção e adiamento das
eleições? Para, na falta de um candidato competitivo da situação, ganhar tempo
para a realização da agenda neoliberal de privatizações?
sábado, maio 26, 2018
O Capitalismo se desmancha no ar no filme "Fome de Poder"
sábado, maio 26, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
“Tudo que era sólido se desmancha no ar”, dizia Karl Marx sobre o poder
do Capitalismo revolucionar incessantemente seu modo de produção. “Fome de
Poder” (The Founder, 2016) descreve como um vendedor ambulante de mixer para milk
shakes chamado Ray Kroc encontrou no gênio dos irmãos McDonald muito mais do
que uma revolucionária linha de montagem de hambúrgueres. Viu nos arcos de uma
loja dos irmãos algo além de um mero detalhe arquitetônico: vislumbrou a
máquina semiótica de produção de marcas e símbolos como uma nova força
produtiva do Capitalismo que não oferece mais produtos tangíveis. Consome-se
uma fé, uma ideia ao invés de um hambúrguer que se desmanchou no ar – pouco
importam as suspeitas sobre a procedência das batatinhas fritas ou da carne do
Big Mac. Ray Kroc fez o mundo consumir muito menos um sanduíche do que a marca
e um sistema de conveniência.
quarta-feira, maio 23, 2018
Os fantasmas daquilo que esquecemos no filme "Radius"
quarta-feira, maio 23, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Um homem acorda sem memórias após um acidente automobilístico. Na
medida em que vaga pela estrada em busca de ajuda, vê pessoas e animais caindo
mortos na sua frente. Ao mesmo tempo, flashs de fragmentos de lembranças
aparecem involuntariamente, mostrando que ele está em meio a um gigantesco
quebra-cabeças. Tudo lembra a atmosfera dos episódios da série clássica “Além
da Imaginação”. Mas estamos diante da nova safra de filmes de ficção-científica
independente, onde nunca sabemos o que vamos encontrar pela frente. É um
sci-fi? Um thriller sobre ataques terroristas? Ou uma discussão metafísica
sobre a responsabilidade sobre atos de um passado do qual não lembramos? O
filme canadense “Radius” (2017) eleva os temas gnósticos da “amnésia” e do “detetive”
(aquele que tenta solucionar um enigma) para um novo patamar: sempre tentamos
reunir cacos de um mundo desmoronando, sem saber que o enigma que buscamos desvendar
tem a ver com nós mesmos – o passado esquecido que vem cobrar responsabilidades,
culpas ou contas a acertar.
sábado, maio 19, 2018
A guerra semiótica calça chuteiras para a Copa 2018
sábado, maio 19, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Para quem ainda duvida e acha que guerra híbrida e bombas semióticas não passam
de “teoria da conspiração”, uma simples comparação entre as peças publicitárias
que promoviam a Copa de 2014 e a desse ano, na Rússia, põe fim a qualquer
dúvida: enquanto a Copa no Brasil foi dominada por criações publicitárias para
lá de polissêmicas (ambiguidade entre festa e agressividade, alegria e raiva,
em consonância com a pesada atmosfera das manifestações do “Não Vai Ter Copa!”
+ Lava Jato), nesse ano a publicidade é bem diferente: uníssona e assertiva - a
Nação deve ficar unida, esquecer as diferenças e torcer pela Seleção. Em 2018 a
Guerra Semiótica veste as chuteiras cumprindo duas funções: a primeira
política, pacificar as ruas com a ideia de união e nação; e no campo ideológico,
enfiar goela abaixo da choldra as preleções de Tite, misto de “coaching” e
pastor motivacional. Para nos fazer acreditar que desemprego não é crise. É
oportunidade para virarmos todos empreendedores. Mas, e se algo sair fora do
script? Então teremos um “Plano B” cujos balões de ensaio já estão sendo
lançados.
domingo, maio 13, 2018
Cigarros e niilismo gnóstico no filme "Lucky"
domingo, maio 13, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Um homem solitário e ranzinza confronta a chegada da morte. Com quase
90 anos, ele segue uma rotina espartana: faz alguns exercícios de ioga pela
manhã, depois pega o chapéu e caminha através de uma paisagem árida de cactos
numa cidadezinha no meio do nada. Trava conversas aleatórias sobre religião,
filosofia, moral, game shows da TV, saúde e a morte numa cafeteria e num bar.
Enquanto fuma muitos, muito cigarros. E entre seus interlocutores está o famoso
diretor David Lynch, que faz um homem que tem uma tartaruga chamada “Presidente
Roosevelt”. Esse é o filme “Lucky” (2017) sobre um protagonista ateu que entra
na lista de produções sobre personagens excêntricos de uma América profunda.
Mas Lucky tem um ateísmo de natureza muito especial – é dotado de um niilismo
gnóstico. Ele não crê num propósito ou sentido para a vida. Pelo menos, não
para esse mundo.
sábado, maio 12, 2018
Esquerda ri de si mesma na derrota da guerra semiótica
sábado, maio 12, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O sucesso na Internet da camiseta vermelha da seleção brasileira, para
torcedores de esquerda torcerem na Copa sem serem confundidos com “paneleiros
do pato amarelo”, e do “Museu da Direita Histérica” no Facebook são dois
sintomas de um mal-estar da esquerda: a derrota por WO no campo da comunicação.
Quando ri dos vídeos impagáveis da “direita raivosa” ou se diverte com a
camiseta alternativa da seleção, no fundo ri de si mesma – enquanto a esquerda
brada as armas dos símbolos (o vermelho, cartas para Lula e bandeira do MST e
CUT etc.), a direita dispara a bomba semiótica da iconificação – a apropriação
dos símbolos para se converterem em ícones facilmente massificados ou
viralizados. Símbolos são iniciáticos, sectários, exclusivos. Enquanto os
ícones valem mais do que mil símbolos. Desde a iconificação do símbolo da
suástica pelos nazistas.
domingo, maio 06, 2018
Curta da Semana: "Tennessee" e "Look At Me Only" - estamos confundindo Comunicação com Informação
domingo, maio 06, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Dois fantasmas rondam a atual tecnologia de convergência com seus
celulares e tablets: o solipsismo e a incomunicabilidade. Uma garota sente-se
solitária no seu aniversário porque todos ao seu redor estão imersos em mundos
virtuais. E uma garota ciumenta em um restaurante exige a atenção do seu
namorado, que prefere prestar atenção ao seu pequeno hamster. Ou será um
celular? São as pequenas estórias contadas respectivamente pelos curtas de
animação “Tennessee”(2017) e “Look At Me
Only”(2016). Por que as tecnologias atuais produzem incomunicabilidade? Talvez
porque estamos confundindo comunicação com informação.
sábado, maio 05, 2018
Será que incêndio de prédio em SP foi também mais um não-acontecimento?
sábado, maio 05, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Da mesma forma como os recentes atentados em Paris, Berlim, Londres
etc., o incêndio seguido de desmoronamento do Edifício Wilton Paes de Almeida,
no Centro de São Paulo e ocupado por movimento de luta à moradia, está cercado de sincronismos, “coincidências
significativas”, recorrências, anomalias e evidente oportunismo pelo lucro
político e comercial da tragédia – grande mídia, interesses privados por trás
das chamadas “Operações Urbanas” e a construção de um novo inimigo interno com
o pós-Lula e o enfraquecimento do discurso do combate à corrupção: a
identificação do crime organizado (PCC) com os movimentos sociais. Seria tudo
um “não-acontecimento”, da mesma magnitude e propósito do incêndio do Reichstag
de 1933 que conduziu os nazistas ao poder?
quarta-feira, maio 02, 2018
O mal-estar dos millennials diante do fim do mundo em "Bokeh"
quarta-feira, maio 02, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Um jovem casal norte-americano em férias na Islândia. Que mal poderia
acontecer? A não ser, acordar numa manhã e descobrir que todo mundo desapareceu
e aparentemente só restaram eles? Celulares e Internet continuam funcionando,
mas... não há ninguém do outro lado. Será que toda humanidade desapareceu? Esse
é o filme "Bokeh" (2017, disponível na Netflix) no qual a atmosfera "Além da Imaginação”
é apenas um pano de fundo para discutir questões geracionais e existenciais da
chamada “Geração Y” ou “Millennials”. Ao invés de procurar uma resposta, ou
mesmo sobreviventes, o casal de fecha ainda mais no mal-estar que emerge da
relação: o estranhamento de estarem cara-a-cara, sem mediações tecnológicas, e
o estranho nostalgismo pós-moderno: saudades de épocas que não foram vividas.
domingo, abril 29, 2018
Com elegância e decadência a modernidade aguarda o nazismo na série "Babylon Berlin"
domingo, abril 29, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A série mais cara de televisão alemã, a produção Netflix “Babylon Berlin”
(2017-) cria para o espectador uma estranha
sensação de atualidade. É ambientada na Berlin do final de década de 1920,
coração da modernidade urbana do cinema e dos clubes de jazz. Mas também da
hiperinflação, pobreza, racismo, drogas, filmes pornográficos e a ascensão de
grupos proto-nazistas. Subprodutos do envenenamento psíquico da República de
Weimar na qual comunista e bolcheviques são o pretexto para destruir uma jovem
democracia. Um jovem inspetor de polícia dá uma batida e descobre um estúdio de
cinema onde eram produzidas versões de contos bíblicos, com muito sexo e
pedofilia. Mas o fio da meada que o policial puxará o levará a um obscuro submundo
no qual se esconde todo o mal psíquico que fará um país cair nos braços do
totalitarismo.
sábado, abril 28, 2018
Trompete invade link da Globo e abre perspectivas na guerra semiótica
sábado, abril 28, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A invasão de um solo de trompete num link ao vivo do “Jornal da Globo” entoando o refrão de “Olê, olê, olê, olá, Lula, Lula” é mais uma mostra da eficiência da estratégia de guerrilha antimídia do “culture jamming” (trolagem) – tática anárquica de criar ruídos, atrapalhar ou interferir no fluxo normal da informação. No atual cenário de guerra híbrida (demonstrado pela imediata criação de uma “cinderela de esquerda” pelo BBB18 após a ocupação do “tríplex do Lula”), a trolagem do link ao vivo da Globo demonstra seu poder de fogo por potencialmente mobilizar elementos semióticos de opinião pública fundamentais: clima de opinião, importância e ambiguidade, ironia e sarcasmo e trolagens multi-culturais. Eficácia que só aumentaria através de uma espécie de “temporada de caça aos links ao vivo da grande mídia”, ação de guerrilha midiática que atingiria o ponto fraco da TV atual: apesar do seu “tautismo” crônico, a TV tem necessidade de abrir pequenas janelas (blindadas) para o mundo. Afinal, ela vive do álibi da informação e entretenimento.
Cinegnose discute "bolhas virtuais" e obscurantismo no "Poros da Comunicação"
sábado, abril 28, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Por que a Internet deixou de
ser uma janela aberta para o mundo para se converter numa bolha virtual dentro
da qual cada um de nós vive uma realidade simulada? Por que os algoritmos que
animam essa bolhas parecem conhecer mais de nós que nós mesmos? E de que forma
a motivação mística tecnognóstica anima esse cenário tecnológico, ameaçando criar
novas formas de obscurantismo? Essas foram as interrogações que esse humilde
blogueiro levou para o sexto programa “Poros da Comunicação”, transmitido ao
vivo pela TV FAPCOM na última quinta-feira (26)
com o tema “Tecnologias e o Sagrado: um Novo Obscurantismo?”. Assista à
gravação do debate aqui no “Cinegnose”.
quarta-feira, abril 25, 2018
Editor do "Cinegnose" participa de debate sobre tecnologias, sagrado e obscurantismo
quarta-feira, abril 25, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Nessa
quinta-feira (26/04) esse humilde blogueiro participará de debate transmitido
ao vivo pela TV FAPCOM – Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação cujo tema
é “Tecnologias e o Sagrado: um novo obscurantismo? A transmissão ocorrerá pelo
canal do YouTube da TV FAPCOM e terá início às 14h – clique
aqui para acessar o canal da TV FAPCOM.
Também
participarão do debate os professores e pesquisadores Ciro Marcondes Filho
(mediador, ECA/USP/FiloCom), Carlos Eduardo de Souza Aguiar (FAPCOM), Marcella
Faria (FAPCOM) e Jorge Miklos (PUC/SP).
Como os leitores mais antigos do Cinegnose devem saber, este humilde blogueiro levará as reflexões
em torno dos conceitos desenvolvidos aqui como Tecnognosticismo (o “pós-humano”)
e Cartografias e Topografias da Mente – o esforço multidisciplinar
envolvendo as neurociências, ciências cognitivas, Cibernética, Inteligência
Artificial e Teoria da Informação para, além de desvendar o funcionamento da
mente, também procurar um modelo de simulação que permita não só compreender
a dinâmica dos processos mentais e da consciência, mas, principalmente,
manipulá-la e controlá-la.
Além disso, compreender as motivações místicas ou religiosas por trás dessa nova forma
de engenharia social – a religião do Vale do Silício (a “religião das máquinas”,
a que se refere o cientista computacional Jaron Lanier), teurgia, alquimia e
cabala.
Poderiam essas motivações políticas e imaginárias por trás das tecnologias atuais uma nova forma de obscurantismo? A racionalidade caindo sob o encanto do mito?
Poderiam essas motivações políticas e imaginárias por trás das tecnologias atuais uma nova forma de obscurantismo? A racionalidade caindo sob o encanto do mito?
O Programa “Poros
da Comunicação” (sempre transmitido ao vivo pelo YouTube, agora na sexta
edição) é uma parceria da FAPCOM com o FiloCom, que é um núcleo de estudos
filosóficos da comunicação da ECA/USP. Foi Fundado em 2000 com o objetivo de
realizar pesquisas, encontros e publicações relativas ao modo filosófico de
entender os fenômenos da comunicação.
A FiloCom tem
vínculo internacional com pesquisadores brasileiros e estrangeiros na Europa e
EUA.
terça-feira, abril 24, 2018
O império contra-ataca na guerra semiótica: Globo faz a Cinderela de esquerda no BBB18
terça-feira, abril 24, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Dentro da atual guerra semiótica, a Globo foi rápida após acusar o
golpe da invasão tática do “tríplex do Lula” no Guarujá pelo MTST e Frente Povo
Sem Medo. Três dias depois, a emissora simplesmente promoveu uma militante
petista (Gleici Damasceno, a jovem acreana “feminista e militante”, como
descreveu o programa) a nova milionária do BBB18. E de quebra, como vice, um
refugiado sírio. Resposta semiótica
direta e incisiva: entrou no “controle de danos” após a prisão de Lula
(compulsivamente a Globo tenta aparentar agora imparcialidade). Ao mesmo tempo
em que utilizou a arma ideológica tão antiga quanto a própria televisão
brasileira: narrativas da “Rainha por um Dia” e “Boa Noite Cinderela” do velho
Silvio Santos desde décadas atrás – reciclar miseráveis (e agora também
militantes de esquerda) em exemplos de imparcialidade e evidências do outro
lado da moeda da meritocracia: a sorte e oportunidade. E a esquerda tenta pegar
carona em Gleici: “Quando é no voto, a gente sempre ganha”, “Gleici campeã, deu
PT” etc. Parece que a vitória da ocupação do triplex não ensinou nada...
domingo, abril 22, 2018
A família do século XXI em cacos na série Netflix "Perdidos no Espaço"
domingo, abril 22, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Toda refilmagem revela o espírito de época quando comparada com o
original. É também o caso da série Netflix "Perdidos no Espaço" (Lost In Space, 2018), nova versão
da série clássica de TV dos anos 1960 – que já contava com um longa-metragem em
1998. Agora os Robinsons não são mais a família nuclear perfeita do sonho
americano, mas uma família à beira da separação que tenta reunir os cacos
enquanto enfrenta os perigos de um planeta desconhecido. O novo “Perdidos no
Espaço” revela o espírito de época do século XXI: o militarismo e a amoralidade
do vilão. Além da relação histérica com o objeto do desejo, traço psíquico da
cultura contemporânea: só voltamos a desejar aquilo que amamos na eminência da
sua perda com a morte ou a destruição.
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