quarta-feira, setembro 08, 2021

As bases ocultas de Brasília, por Claudio Siqueira


Dia 7 de setembro comemoramos a independência(?) do Brasil. Sob a iminência de um novo golpe militar, o Cinegnose veio falar não do feriado, mas do Distrito Federal, Brasília. Uma cidade de proveta criada propositalmente em um local apropriado, não como ponto estratégico no caso de uma guerra como é propagandeado, mas como um hipersigilo mágico de dimensões faraônicas – assinatura pictórica ou representação simbólico de um desejo, propósito ou desígnio. As bases ocultas de Brasília sempre estiveram envolvidas com profecias e conjunções astrológicas e sincromísticas.

No dia 31 de agosto, uma semana antes da data de Independência do Brasil, o atual presidente disse, em um discurso improvisado na cidade de Uberlânda (MG), que “Nunca outra oportunidade para o povo brasileiro foi ou será tão importante quanto esse nosso próximo 7 de setembro”. Não se sabe ao certo o que ele quis dizer com isso e talvez nem ele saiba. Os mais conspiracionistas imaginavam um possível golpe. Preferi não creditar que o atual presidente seria obtuso a esse ponto. Mas, como a estupidez humana não tem limites e o Brasil “parece uma mistura de Gabriel García Márquez com Franz Kafka”, como disse o publicitário Washington Olivetto em Muito Além do Cidadão Kane (1993), tudo poderia acontecer.

A primeira transferência da capital

Desde o período colonial, já se tinha a ideia de se transferir a capital do Brasil para o centro do país, já que na época não existia avião e temia-se invasões pelo mar. O poeta e estadista José Bonifácio de Andrada e Silva, considerado oficialmente o Patrono da Independência há apenas três anos, cunhou o nome e botou pilha pra levar a capital, que na época situava-se em Salvador (BA), para o centro do país. O temor da invasão não era em vão, já que Salvador foi invadida pelos holandeses em 1624 e a ocupação durou quase um ano. Em 1637 houve nova invasão dos holandeses e o ouro começava a brotar em Minas Gerais. 

Começa a Corrida do Ouro nacional, já que os Bandeirantes abriram caminho pela Serra do Mar e Serra da Mantiqueira. A importância do metal nada vil para a economia, em detrimento do açúcar, fumo e gado fez com que a capital fosse transferida para o Rio de Janeiro em 1763. O temor da invasão ainda era iminente, já que os franceses haviam invadido o Rio de Janeiro em 1710 e, no ano seguinte, seis mil franceses aportaram em 18 naus e saquearam a cidade.


A profecia de Dom Bosco

Em 1883, o padre italiano conhecido como Dom Bosco teve um de seus sonhos com a região onde seria construída a cidade de Brasília. Dom Bosco sempre foi dado a sonhos proféticos e um desses é que o levou a se tornar padre e educador de garotos de rua para que não caíssem na delinquência.

Em sua Memorie Biografiche, escreveu:

Entre os graus 15 e 20 havia uma enseada bastante longa e bastante larga, que partia de um ponto onde se formava um lago. Disse, então, uma voz repetidamente: “Quando se vierem a escavar as minas escondidas no meio destes montes, aparecerá aqui a terra prometida, de onde jorrará leite e mel. Será uma riqueza inconcebível.”

Interpretado como uma profecia ou ao menos usado como desculpa, o sonho de Dom Bosco serviu como uma das justificativas para se mapear o planalto central. Em 1891, o astrônomo e geodesista belga Louis Fernand Cruls foi designado para liderar a expedição para o planalto, com geólogos, botânicos e médicos para se ter uma ideia de fauna, flora, geologia, topografia e tudo o que era necessário para se levantar uma cidade do nada. O Quadrilátero Cruls passava a ser então o embrião do Quadradinho, como se referem carinhosamente os brasilienses.


Dom Bosco


O embrião da cidade

Em 7 de setembro de 1922, o então presidente dos Estados Unidos do Brasil (como éramos chamados na época), Epitácio Pessoa, assentou, ao meio-dia, a pedra fundamental. Um obelisco situado exatamente nas coordenadas indicadas pelo sonho de Dom Bosco. Segundo a arquiteta Angelina Nardelli Quaglia, de 1927 a 1957, 32 duas propostas urbanísticas foram feitas; 25 delas, registradas no livro Projetos para Brasília: 1927 – 1957, de Jeferson Tavares. Destas, 5 são da década de 1920 até 1940 e as demais oriundas do Concurso do Plano Piloto.

Em 1956, Juscelino Kubitscheck finalmente deu início à cidade de proveta. Juscelino queria Oscar Niemeyer como arquiteto, mas este alegou não ser urbanista e sugeriu o concurso. Foi criada então a NovacapCompanhia Urbanizadora da Nova Capital e lançado o Concurso Nacional do Plano Piloto da Nova Capital do Brasil. Em 30 de setembro de 1956 foi lançado o edital com o mapa do Planalto Central. De 62 participantes inscritos, apenas 26 equipes entregaram um projeto e dentre eles estava o Projeto 22, de Lucio Costa (professor de Oscar Niemeyer quando foi diretor da Escola Nacional de Belas Artes após o Golpe de 1930); o único que o fizera sozinho.

Segundo Angelina Nardelli: 

O projeto de Lucio Costa ganhou porque era o que melhor solucionava as necessidades do governo. Era moderno, inusitado, trazia a monumentalidade, dividia muito bem a cidade e, além disso, o memorial é belíssimo! O texto dele justifica, sem muita frescura, todas as coisas que ele quer para a cidade.

Para o arquiteto e professor aposentado da Universidade de Brasília (UnB)José Carlos Córdova Coutinho, “Era o melhor projeto, o que conciliava os aspectos funcionais, cívicos, com os estéticos.” 

As bases ocultas de Brasília

Sem dúvida! Afinal, Brasília foi fundamentada na cidade egípcia de Akhetaton, construída em 1370 a.C., atual Tell el-Armarna, também planejada para ser a sede do governo. Juscelino havia viajado ao Egito quando jovem, à Tell el-Amarna, que o decepcionou por ter se tornado as ruínas do que foi um dia o sonho do visionário faraó Amen-hotep IV, que mudara seu nome para Akhenaton, em homenagem a Aton. Para o faraó, “o universo só poderia ser obra de uma única mente superior”, algo que corrobora perfeitamente com a teoria do Grande Arquiteto do Universo.  

Amen-hotep IV foi um monoteísta em comparação a outros faraós e atestava que os demais deuses em pedra tinham como finalidade apenas a conquista de desejos mesquinhos, algo próximo ao repúdio pelas imagens de santos.  

Diversas obras arquitetônicas de Brasília tem o formato piramidal: a Torre de TV, a Ermida Dom Bosco, em homenagem ao “profeta” do Distrito Federal, o Templo da Boa Vontade (cujo piso em espiral possui dois caminhos: um claro e um escuro, como as colunas Jachin e Boaz), a Fonte Sagrada (cuja água passa por diversos filtros e atravessa a Nave e o Cristal Sagrado, a maior pedra de cristal puro do mundo), o Teatro Nacional , além da antiga Pirâmide da CEB (Companhia Energética de Brasília), projetada pelo arquiteto Gladson da Rocha, cujas medidas são idênticas às da Pirâmide de Saqqara, necrópole de Mênfis.

A Gestalt do Plano Piloto como um Hipersigilo

O Plano Piloto de Brasília é idêntico à escultura Life Support do falecido suiço H.R. Giger(responsável pela criação do monstro mais famoso e querido do cinema, o xenomorfo da franquia Alien), que virou capa do álbum Heartwork da banda inglesa de death metal Carcass. Esse desenho também aparece na capa do álbum Deny the Cross da banda Deicide. Também lembra, de leve, a deusa Maat, esposa de Thoth, o deus escriba com cabeça de íbis.


Capa do álbum Heartwork em comparação ao Plano Piloto


Embora o símbolo seja idêntico, a ideia de se postar símbolos e logomarcas em locais públicos, roupas ou chamadas televisivas ou até em formas criadas pelo corpo (como na dança ou em katas de artes marciais), constitui um método eficiente para energizar o que chamamos de sigilos mágicos.

Antes da linguagem verbal, as primeiras línguas do mundo eram hieroglíficas (Hieros- comunicar; glifo- signo pictórico). Os yantras indianos, as runas nórdicas, os kanjis japoneses, os pontos riscados de umbanda, são todos exemplos de ideias representadas de forma pictórica. Os selos angelicias, goéticos, os vèvès do Vodu são também sigilos de caráter religioso. 

Segundo o autor de quadrinhos Grant Morrison em seu texto Pop Magic, as logomarcas são o que chama de Sigilos Virais. Sim, a suástica invertida utilizada pela propaganda nazista, o Sigma do Integralismo Brasileiro de Plínio Salgado e mesmo as logomarcas são sigilos. Lançados ao público, sua constante exposição e fixação no inconsciente geram efeitos a curto, médio ou longo prazo, pois são ideias condensadas em ícones. Com isso, burlam a consciência e trabalham subjetivamente no inconsciente coletivo da massa.

Plano Piloto de Brasília é um hipersigilo, de dimensões faraônicas. Brasília é localizada a 15°47´ de latitude sul e 47°56’ de longitude oeste. O Atu XV, do Tarô, O Diabo e a soma de 4 e 7 resulta em 11. Na longitude, temos duas vezes o resultado 11 (4 + 7 e 5 + 6), representado pelas duas torres do Planalto Central.  A despeito do maniqueísmo contido na figura do Diabo, já que a saída da carta em uma tiragem de tarô não significa necessariamente uma coisa ruim, o próprio mapa astral do país justifica a a mudança de localização da capital, o grito de independência e o lema da bandeira. 

O Mapa Astral do Brasil

O Brasil foi fundado em 7 de setembro de 1822. Sol em VirgemAscendente em AquárioOrdem (Virgem) e Progresso (Aquário)Fundo do Céu (Casa IV) em TouroMeio do Céu (Casa X) em EscorpiãoIndependência (Aquário) ou Morte (Escorpião, o ATU XIII do Tarô, A Morte).




As iniciais de Distrito Federal somam D (4) + F (6) = 10; 1 + 0 = 1, na gematria pitagórica. Sendo a primeira sephirah da Cabala, Kether, a Coroa (não por acaso, o lugar onde se situa o poder) e equivalente a Plutão, o regente de Escorpião, o Meio do Céu do Brasil. Brasília tem a umidade do ar baixa e é profícua em escorpiões. O lema da bandeira parte do lema do PositivismoO Amor por princípio, a Ordem por base e o Progresso por fim

Bem, além do Positivismo não ser algo louvável, ainda tiraram o Amor. Pra piorar, o signo de Virgem não é necessariamente organizado, mas sim sistemático, o que explica a burocracia desnecessária no Brasil. Para que o progresso fosse um fim, o país teria que ter sido fundado com o ascendente em Touro para que o Meio do Céu fosse em Aquário. 

A primeira capital, Salvador, tem seu aniversário em 29 de março, Áries, sendo um signo de guerra. A transferência para o Rio de Janeiro (1º de março, Peixes), formava o eixo perfeito entre Peixes e Virgem, mas sua transição para Brasília (21 de abril), Touro, coloca a capital do Brasil no Fundo do Céu, o que sedimenta a “ordem por base”, talvez.

A 21ª letra do alfabeto hebraico é Shin, uma das Três Letras-Mãe. Sua equivalência no Tarô de Marselha é o Juízo Final; no Tarô de Waite, o Julgamento, já que lá se encontram os três poderes, Legislativo, Executivo e Judiciário e poderia ser correlacionado à deusa Maat. No Tarô de ThothO Aeon, a mudança da Era de Peixes para a de Aquário, o que justificaria a transferência da capital. 

Brasília foi fundada no Ano do Rato, da Astrologia Chinesa. Segundo a lenda, quando Buda convocou os animais, apenas 12 responderam ao seu chamado. O Boi teria chegado em primeiro lugar, não fosse pelo Rato, malandro, pedir carona ao Boi, subindo em suas costas para evitar a fadiga da caminhada e saltando para apresentar-se a Buda antes de seu auxiliador.

Se o golpe não aconteceu, ao menos a democracia está em risco. A obtusidade de uma parcela da população que age como um gado propicia a rataria do atual governo. Mas não foi sempre assim desde a Ilha de Vera Cruz?  

Claudio Siqueira é Bracharel em Jornalismo, escritor, poeta, pesquisador de Etimologia, Astrologia e Religião Comparada. Considera os personagens de quadrinhos, games e cartoons como panteões atuais; ou ao menos arquétipos repaginados.

 

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