quinta-feira, dezembro 12, 2013

Você sabe que é gnóstico quando...


Você pode ser gnóstico e não sabe! Em dezembro de 2011 publicamos uma pequena lista de doze atitudes que indicariam quando uma pessoa tem predisposição a ser gnóstica. A lista tinha sido elaborada pelo escritor norte-americano Miguel Conner, apresentador do programa radiofônico online Aeon Bytes Gnostic Radio e um pesquisador sobre as diversas escolas da filosofia gnóstica. Esse ano resolvemos elaborar a nossa própria lista: uma série também de doze itens onde são apresentadas atitudes, impressões, sentimentos ou insights que revelariam indícios de que uma pessoa teria uma certa predisposição ou atitude mental gnóstica.

Essa lista, ao mesmo tempo séria e irônica (esse mix intelectual faz parte da visão gnóstica) demonstraria o porquê da longevidade histórica do Gnosticismo e, ao mesmo tempo, porque despertou tanto ódio e perseguições das religiões institucionalizadas – e principalmente a Católica. Primeiro porque o Gnosticismo não é uma religião, doutrina ou filosofia plenamente sistematizada como bem definiu Stephen Holler: “uma certa atitude da mente, uma ambiência psicológica, um certo tipo de alma”. A atitude crítica, desconfiada que beira a paranoia e, algumas vezes, a insanidade, já torna alguém um “gnóstico”. Claro que não é uma consciência crítica comum, político-ideológica-partidária. É um ceticismo radical: por que a sociedade e a realidade são assim, quem as fez e com quais propósitos? E, a mais importante questão, o que o homem faz no meio de tudo isso?

Por isso atraiu o ódio das religiões e escolas filosóficas institucionalizadas: tal ceticismo não funciona muito bem com hierarquias e estruturas de poder, ainda mais aquelas cujos mandatários teriam sido nomeados pelo próprio Deus.

E segundo, talvez isso explique a longevidade e o interesse de diretores, roteirista e produtores da indústria do cinema pelas narrativas míticas e temas gnósticos. Muito embora Hollywood explore essa atitude gnóstica como mercadoria (heróis gnósticos com capas pretas e óculos escuros), esses mitos e temas do gnosticismo parecem se adequar a uma sensibilidade atual: metalinguística, crítica e irônica.

Vamos à lista. Se o leitor se encaixar em pelo menos um dos itens abaixo, pode se considerar com uma séria inclinação à visão de mundo gnóstica. E continuar a ser leitor do nosso blog!

1- Você tem uma sensação de que nasceu muito 
tarde e que chegou no final de uma festa. Parece que no passado as coisas eram muito melhores. Uma estranha nostalgia de épocas que você não viveu começa a dominá-lo, a ponto de ficar fascinado com tendências vintage ou retro na moda, estética, arte e arquitetura.


2 – Depois de assistir aos filmes Matrix e Show 
de Truman, uma estranha sensação de desconfiança passou pela sua cabeça, mesmo por alguns segundos, de que as paredes poderiam ser projeções holográficas ou de que por trás delas haveria escoras e baldes de tinta.



3 – Você tem uma inexplicável atração por 
mulheres melancólicas ou com um olhar que expressa um sentimento de que perdeu uma ou duas coisas na vida – como fala aquela música de Neil Young I’ve Been Wait For You. E se, então, ela se chamar Sofia* será mais do que coincidência, será um evento sincromístico.


4 – Você tem um estranho fascínio por 
personagens perdedores e freaks, tanto na realidade quanto na ficção. Assistiu ao filme Veludo Azul (1986) de David Lynch e se apaixonou pelo universo de vilões derrotados liderados pelo enlouquecido Frank (Denis Hooper) e pela bela protagonista (Isabella Rossellini) pelos motivos explicados no item 3.


5 – No final do filme Beleza Americana (1999) 
em que Lester, já morto com um tiro na cabeça, faz um balanço de sua “estúpida vida” e fala que apesar disso é difícil ficar bravo quando há tanta beleza no mundo” e diz que “um dia você saberá do que estou falando”, você engoliu em seco quando a tela do cinema ficou escura e os segundo posteriores foram experimentados como longos e tensos até aparecerem as primeiras letras dos créditos finais.


6 – Quando espíritas falam que a morte não existe e que ela é uma extensão da vida ou, em termos mais sofisticados, um outro estágio vibracional da matéria, você pensa: isso não vai acabar bem...





7 – As palavras “prisão”, “armadilha” ou “conspiração” soam aos seus ouvidos mais verossímeis do que “evolução” e “harmonia”.





8 – Você começa a ter dificuldades em lidar com a ideia de Deus ou se pega falando para os outros que Ele é tudo, está nas árvores, nas pedras, nas nuvens... é uma “energia”, diz dando de ombros para seu interlocutor e muda de assunto...



9 – Você tem uma profunda aversão à palavra “religião”, mas começa a experimentar epifanias religiosas ao ver Dark City ou Aeon Flux ou ao ler mangás japoneses como Éden, Sol Bianca ou Harushi Suzumiya.



10 – Quando assistiu ao filme Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal, ficou perturbado com a reposta que o amigo Charles deu quando Indiana disse que todos estavam passando por anos difíceis naquele momento da vida: “parece que chegou o momento em que a vida parou de nos dar, e começou a nos tirar...”. E você pensou: “o Universo não conspira a favor de nós”.

11 – Você começa a achar que há alguma falha cósmica em relação ao tempo: na medida em que você fica mais velho começa a ter uma sensação de que o tempo está acelerando, e que ele não é mais seu aliado como era na juventude. Para explicar essa falha apela para teorias new age sobre mudanças vibracionais ou magnéticas da Terra ou a aproximação do planeta Nibiru...


12 – Toda vez que você olha para um presépio com a manjedoura do pequeno Jesus acionado por um dispositivo mecânico, assim como todos os outros personagens, e ao lado tem uma árvore de Natal em cima da qual é derramada neve artificial pelo mesmo mecanismo que faz todo o presépio funcionar, você começa a se lembrar das ideias do item 2 dessa lista.


* Sophia: para os gnósticos é uma emanação feminina da unidade original, Sophia (Sabedoria). Ela esteve envolvida na criação do mundo e, desde então, manteve-se como o guia de suas órfãs crianças humanas, auxiliando a despertar as partículas de luz adormecidas nelas.

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