No dia 08 de dezembro de 2009 era publicada a primeira postagem do "Cinegnose" com o título "Filme Gnóstico: uma introdução". Era o início do projeto que chega ao quarto aniversário com
muitas conquistas para comemorar: além das visitas ao blog aumentarem quase
100% (180 mil visitas em 2013) em relação a 2012, tivemos postagens que foram
publicadas em revistas científicas como a “Dispositiva” da PUC/MG e a “Cosmos e
Contexto” do Instituto de Cosmologia Relatividade e Astrofísica do RJ, além de
sites como o “Jornal GGN” e a “Carta Potiguar de Natal/RN. Esse ano o “Cinegnose”
expandiu a visão gnóstica, transformando várias descobertas resultantes das
análises dos filmes gnósticos em subtemas como filmes alquímicos, parapolítica,
sincromisticismo e as cartografias e topografias da mente. Acompanhe o balanço
completo das atividades do ano com gráficos e tabelas de filmes analisados.
Depois de um primeiro ano
essencialmente doutrinário (onde nos preocupávamos em expor didaticamente aos
leitores os princípios do Gnosticismo e a conexão com o cinema), do segundo ano
basicamente de análises fílmicas gnósticas e do terceiro ano em que nos
firmamos como um blog gnóstico, analisando não só filmes, mas também fenômenos
sociais e culturais pela ótica e métodos do Gnosticismo, chegamos ao quarto ano ampliando as
aplicações da visão gnóstica de análise.
Ao longo desses anos o blog
descobriu uma série de subprodutos ou “efeitos colaterais” tanto das análises
fílmicas como dos eventos sócio-culturais que podem ser classificados da seguinte
maneira: cartografias e topografias da mente, agenda tecnognóstica, parapolítica,
sincromisticismo, bomba semiótica e uma nova listagem e categorização dos filmes
gnósticos. Nesse balanço de mais um ano de atividades vamos fazer um pequeno
glossário de cada uma dessas descobertas que para nós foram melhor definidas
nesse ano.
Também a seguir algumas estatísticas do blog, focando proncipalmente o fenômeno "As Aventuras de Pi", há quase um ano da lista das dez postagens mais acessadas, além da lista com todos os filmes analisados nesse ano.
Também a seguir algumas estatísticas do blog, focando proncipalmente o fenômeno "As Aventuras de Pi", há quase um ano da lista das dez postagens mais acessadas, além da lista com todos os filmes analisados nesse ano.
Listagem e classificação dos filmes gnósticos
Junto com os leitores o blog
elaborou uma lista de 41 filmes gnósticos. A primeira coisa que percebemos é a
variedade de gêneros da qual faz parte os filmes que exploram arquétipos e
mitologias do Gnosticismo. Não se limitam a ficção científica como “Matrix” ou
“Blade Runner”, mas também atravessa uma variedade de gêneros como animação
(Viagem de Chihiro), thriller policial (Identidade), drama (Sinédoque, Nova
York) ou comédia (Moonrise Kingdom).
Nessa listagem como em todos os
filmes analisados esse ano pelo blog (veja listagem com os links abaixo)
podemos vislumbrar, basicamente, quatro tipos de filmes que exploram elementos
gnósticos: o filme gnóstico Cult, filmes
gnósticos pop ou clássicos, filmes com sabor gnóstico e filmes gnósticos
alquímicos.
(a) filme gnóstico Cult: filmes cujos temas gnósticos são desenvolvidos
em narrativas complexas com intrincadas experimentações temporais e de
linguagem. São essencialmente metalinguísticos porque querem fazer uma
desconstrução não só da realidade (princípio gnóstico de que a realidade é uma
ilusão) como da própria linguagem cinematográfica. Estão nessa categorização Sr. Ninguém (2009), Donnie Darko (2001), Zardoz
(1974), Amnésia (2000) ou Um Sonho Dentro de Um Sonho (2007).
(b) filmes gnósticos pop ou clássicos: correspondem ao auge na
narrativa mitológica do Gnosticismo clássico (o homem prisioneiro em um mundo
ilusório criado pó demiurgos que o exploram). Filmes como Show de Truman (1998), Cidade
das Sombras (1998), Matrix (1999)
ou 13o Andar
(1998).
(c) filmes com sabor gnóstico: Não há explicitamente demiurgos,
realidades criadas virtualmente ou evidentes elementos místicos ou esotéricos,
mas partilham de uma atitude gnóstica fundamental: a inadaptação ou revolta do
protagonista em relação a instituições como a família, trabalho ou sociedade. A
revolta do personagem contra as formas de “cura” ao seu mal estar e a busca de
uma “chama interior” para encontrar a verdade. Filmes como Moonrise Kingdom (2012), O
Homem que Incomoda (2006) ou Clube da
Luta (1999) entram nessa categoria.
(d) filmes gnósticos alquímicos:
estórias de transformações íntimas onde o protagonista deliberadamente procura
o caos, destruição e morte como forma de regeneração e redenção. O herói parece
que quer consumir-se a si mesmo como forma de destruição do próprio ego para
poder entrar em harmonia com energias e formas inconscientes que estruturam o
próprio Universo. Filmes como Beleza Americana (1999), Sinédoque, Nova York
(2008) ou Veludo Azul (1986) entram nessa categoria.
Cartografias e Topografias da Mente
Esse conceito já estava em desenvolvimento desde o primeiro ano do blog, mas esse ano finalmente ganhou concreção e acabamento com a publicação de artigo na revista eletrônica de cosmologia e
cultura Cosmos e Contexto do
Instituto de Cosmologia, Relatividade e Astrofísica do Rio de Janeiro – clique
aqui para ler.
Esse conceito se refere a filmes desse início de século que expressam nas
suas narrativas fílmicas uma agenda tecnológica contemporânea onde não apenas
generaliza o modelo computacional como fosse o próprio modelo cognitivo de
funcionamento da mente, mas também pretende criar modelos simulados de
funcionamento cerebral a partir de verdadeiras cartografias e topografias da
mente.
Um esforço multidisciplinar envolvendo as
neurociências, ciências cognitivas, Cibernética, Inteligência Artificial e
Teoria da Informação busca não só desvendar o funcionamento da mente como
também procurar um modelo de simulação que permita compreender a dinâmica dos
processos mentais e da consciência para manipulá-la e controlá-la. Muitos
filmes atuais parecem expressar essa agenda tecnocientífica ao empreenderem uma
verdadeira geografia alegórica dos processos mentais.
Essa agenda culminaria hoje no reforço de um novo
tipo de sujeito das novas redes tecnológicas digitais: o sujeito fractal e a
sua compulsão em representar cartograficamente seus pensamentos, hábitos,
relacionamentos e projetos pessoais por meio de verdadeiras “geografias
interiores”. Alguns filmes que apresentam essa nova sensibilidade: Vanilla Sky (2001), Brilho Eterno de
uma Mente Sem Lembranças (2004), Sonhando
Acordado (The Good Night, 2007), Ciência
dos Sonhos (La Science Dês Revês, 2006), Alice no País das Maravilhas (2010) de Tim Burton, A Origem (Inception, 2010) e a
série televisiva O Prisioneiro (The
Prisoner, 2009).
Parapolítica e Sincromisticismo
Esses dois conceitos foram desenvolvidos
principalmente na postagem “Sincromisticismo, parapolítica e matrix
na série Nosso Lar” onde através da análise da série clássica espírita “Nosso Lar” de
Chico Xavier propõe-se uma unificação de ciências “materialistas” como a
Ciência Política ou a Ciência da Comunicação com o místico e o oculto.
Poderiam organizações espirituais tirânicas
do umbral ou Plano Astral nos verem como fontes inesgotáveis de energia anímica
e entretenimento? Lendo detidamente a série “Nosso Lar”, podemos depreender uma
extensa rede espiritual, fortemente hierarquizada e que luta pelo domínio de
corações e mentes terrestres: “demônios”, formas-pensamento geradas pelo
sofrimento humano e perversões e “fantasmas” trabalhando a serviço dos
demônios, predadores não físicos que vagam e instigam o sofrimento humano,
principalmente para ajudar a energia anímica liberada.
De imediato lembramos do filme “Matrix”
(1999) onde a humanidade é prisioneira de uma tirania de supercomputadores que
só têm um objetivo: cultivar seres humanos para retirar deles a energia
psíquica produzida por sonhos, prazeres e dores em experiências
vivenciadas em um mundo virtual.
Mas talvez o filme “Ink” (2009) seja o que
mais se aproxima dessa guerra espiritual travada em conjunto com as lutas
políticas terrestres: pequenos demônios (os “incubus”) que invadem os nossos
sonhos instigando pesadelos, ressentimentos e humilhações para alimentar uma
organização fascistóide no Plano Astral.
Em muitas postagens desse ano desenvolvemos esses
conceitos sobre a possibilidade dos meios de comunicação manipular “formas
pensamento” do Plano Astral criando efeitos instáveis e caóticos na sociedade: “Sincromisticismo na onda de tragédias em
Washington DC”, “A ficção midiática contamina o atentado
de Boston”, “O Marketing paranormal no filme Branded”.
Bombas Semióticas
Aos poucos o blog começou a dar espaço para as
análises semióticas da cultura (posts como “Semiótica
da Macumba”, “Semiótica
das fotografias corporativa”, “Semiótica
das fotografias de casamento”, “A
semiótica de Che Guevara”) e a série de análises semióticas da mídia e
propaganda política que denominamos como série das bombas semióticas. Essa foi
a lista da série:
O fenômeno “As Aventuras de Pi”
A postagem de 13 de janeiro
sobre o filme premiado com o Oscar As
Aventuras de Pi (Life of Pi, 2012) tornou-se a mais acessada no ano: já
está há quase um ano na lista dos dez postagens mais lidas do blog, com 19 mil
acessos. Veja abaixo o gráfico com as cinco postagens mais lidas do ano.
Número de visitas por postagens em 2013 - Fonte: Google Analytics |
Nesse ano tivemos 177.476
visitas com 282.758 páginas visitadas. Isso representou um aumento de quase 100%
em relação ao ano passado. E no mês passado batemos o recorde de visitas em um
mês: 23.237. Uma grande conquista para um blog com uma temática tão
especializada.
Além de contarmos com a parceria
tradicional com o blog Luis Nassif OnLine que vem publicando os artigos do Cinegnose nos últimos dois
anos, a partir de 2013 passamos a contar também com o Jornal GGN e o
site Carta Potiguar de Natal (RN).
Obrigado aos nossos leitores, muito importantes nas sugestões de filmes e nos comentários, críticas e elogios.
Evolução das visitas por mês 2013 - Fonte: TrendCounter |
Filmes analisados pelo blog em 2013
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A Viagem (2012)
|
Safety Not Guaranteed (2012)
|
UpSide Down (2012)
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