Com a reativação do imaginário da conquista espacial no século XXI com projetos privados como os da SpaceX ou Virgin Galactic ressurge a questão: o que a humanidade tanto procura lá fora se tudo o que encontramos é o vazio, desolação, desertos ou infernos vulcânicos e mares ácidos? Quando tudo o que precisamos conquistar ou salvar está aqui no nosso planeta. Essa é a questão de fundo na produção disponível na Netflix “O Astronauta” (Spaceman, 2024). Um abatido e solitário cosmonauta da república comunista da Techecoslováquia ruma solitário para as cercanias de Júpiter para capturar amostras de uma misteriosa nuvem cósmica que passou a tomar conta dos céus terrestres. Mas descobre que não está só: uma aranha gigante alienígena curiosa quer mergulhar nas memórias do astronauta. Quer entender o que o faz se submeter a uma solidão auto infligida. “O Astronauta” é uma perfeita esquisitice espacial que trabalha com a simbologia esotérica dos chamados “registros akáshicos” e com a mitologia indo-europeia das aranhas.