sábado, janeiro 21, 2023

O rock prog da Premiata Forneria Marconi; tiros semióticos e como mídia esconde sistema operacional das FA


Como esse mundo não deixa o humilde blogueiro em paz, a Live Cinegnose 360 continua nesse domingo (22/01) com a edição #91, às 18h, no YouTube. Vamos continuar na vibe do rock progressivo com os italianos da Premiata Forneria Marconi: rock prog e a Itália na Guerra Fria. Depois, vamos discutir dois filmes subestimados e esquecidos: “Homem Bicentenário” (morte e a singularidade tecnológica) e “2019 – O Ano da Extinção” (Vampiros e Gnosticismo vão à ficção científica). Em seguida, uma pergunta: por que os idosos foram atraídos pelo bolsonarismo? Uma resposta que também chega aos jovens. E na crítica midiática da semana: Big Brother Brasil, ecologia maléfica e como o gênero reality show foi inspirado no experimento Biosfera 2; o tiro semiótico da Folha em Lula e mais bombas semióticas metonímicas; por que grande mídia quer “virar a página” na questão das Forças Armadas? a espuma midiática das investigações sobre os ataques de Brasília; para grande mídia sumiço do dinheiro da formatura da Medicina USP é mais importante do que rombo das Lojas Americanas. Venha conspirar no domingo! 

Na segunda-feira, no YouTube, o leitor encontra a Live Cinegnose 360 #91 com minutagem, bibliografia e discografia.



sexta-feira, janeiro 20, 2023

Vampiros e gnosticismo vão à ficção científica no subestimado '2019 - O Ano da Extinção'


A Era “Crepúsculo” acabou dominando o mercado dos vampiros que caminham durante o dia na primeira década desse século. O que deixou a produção australiana "2019 - O Ano da Extinção" (Daybreakers”, 2009) em busca de um público. Acabando esquecida com o passar dos anos. É um filme extremamente subestimado no qual os vampiros passam para o campo sci-fi – um futuro em que eles estão no controle do mundo. Na maioria das narrativas vampiros são seres que se escondem nas trevas e têm vidas secretas. Mas nesse filme tudo se inverte: são os humanos que escondem sua humanidade numa sociedade em que foram transformados em rebanho para colheita de sangue, algo parecido com “Matrix”. Vampiros, assim como zumbis, são fascinantes porque lembram para nós a própria condição gnóstica humana: nem a morte é suficiente para escaparmos desse mundo. Mas em “Daybreakers’ eles passam para o outro lado: são entidades inteligentes e demiúrgicas que controlam os humanos.

Folha dispara tiro semiótico em Lula


A resposta veio rápida. Depois da entrevista que Lula concedeu a uma “colonista” da Globo News criticando a necessidade da autonomia do Banco Central, o dia seguinte foi ocupado por sabujos do jornalismo corporativo espumando de ódio nos canais de notícia. E o jornal Folha de São Paulo estampando na primeira página uma fotomontagem sugerindo que Lula sofria um tiro certeiro no coração, por trás de um vidro estilhaçado. “Estamos dando uma ideia, quem se habilita?”, parece sugerir com a foto posicionada ao lado da manchete principal ambígua. Na verdade uma notícia requentada para turbinar a escalada da tensão entre Governo e Forças Armadas. A fotógrafa Gabriela Biló fez uma fotomontagem. Mas a Folha a usou como fosse fotojornalismo para construir uma bomba semiótica metonímica: texto + imagem = terceiro significado. A bomba semiótica explode num contexto em que a grande mídia tem que buscar solução para duas questões: (a) esconder as psyOps das Forças Armadas debaixo da espuma midiática das investigações sobre a invasão de Brasília; (b) desvencilhar-se da mais-valia semiótica de Lula pós-invasão: a agenda de Estado.

quinta-feira, janeiro 19, 2023

Morte e Singularidade tecnológica no filme 'Homem Bicentenário'


Um clássico esquecido, mesmo entre os fãs do ator Robin Williams. Na época, “Homem Bicentenário” (Bicentennial Man, 1999) foi um fracasso de bilheteria com uma péssima promoção, inclusive com trailers que sugeriam como mais um veículo para o personagem do pateta com coração, como o ator se notabilizou em filmes anteriores. Mas “Homem Bicentenário” é um drama sério de ficção científica, que se inseriu numa guinada metafísica de Hollywood no final de século, com filmes como Dark City, Show de Truman e Matrix. Mais do que isso, foi na contramão do imaginário místico que começava a motivar o Vale do Silício: a Singularidade tecnológica como a busca da imortalidade através da digitalização da consciência – a agenda pós-humanista. Ao contrário, o filme faz uma reflexão humanística: um robô alcança a Singularidade, mas tenta aprender o que nos torna humanos: a mortalidade como o principal traço da alma humana.

quarta-feira, janeiro 18, 2023

Big Brother Brasil: Biosfera 2, Ecologia Maléfica e TV Excremental



É curioso lembrar que formatos de reality show como o Big Brother Brasil que começou dia 16 se inspiraram no fracasso de um projeto científico de 1991: o “Biosfera 2”, no qual cientistas ficaram confinados e isolados por dois anos em uma gigantesca estrutura que simulava os principais biomas (animais e vegetais) da Terra. Monitorados por câmeras por pesquisadores em todo o planeta. Mas a “ecologia maléfica” abortou o projeto: o ecossistema confinado gerou pragas e... baratas, muitas baratas! Porém, falha no projeto científico tornou-se a matéria-prima do esquema de negócios do reality show que começou na MTV e tomou a forma final no BB na Holanda - enclausurar uma diversidade humana proveniente de diferentes biomas sociais para exibir ao vivo a emergência explosiva da ecologia maléfica: assim como a natureza é predada por ervas daninhas, formigas e baratas, as relações humanas o são pela intolerância, preconceito, violência, estupidez e crueldade. Que cumprirá as quatro funções da “TV Excremental”: sacrifício, disciplina, vigilância e reenergização através da violência.

sábado, janeiro 14, 2023

O prog rock da banda Focus; a semiótica da retórica da ameaça; porquê a invasão de Brasília foi um não-acontecimento


Vai ter golpe? Não vai ter golpe? O certo é que vai ter GUERRA, híbrida e semiótica! E o front começa na Live Cinegnose 360 #90, neste domingo (15/01), 18h, no YouTube. Mas antes das bombas semióticas, vamos falar de algo mais ameno - o rock progressivo da banda Focus: algo curioso estava acontecendo na Holanda no início dos anos 1970. Depois, vamos discutir os filmes “M3gan” (Nietzsche, brinquedos e inteligência artificial) e o brasileiro “Clube dos Canibais” (a visão nordestina gore e exploitation da luta de classes). Na esteira das conspirações da extrema-direita brasileira, vamos fazer uma análise semiótica da “retórica da ameaça” (“Threatoric”): como se usa a linguagem para atiçar a violência. E a Crítica Midiática da Semana: Por que a invasão de Brasília foi um “não-acontecimento”; a controvérsia do conceito de “terrorismo”; como grande mídia tenta jogar as Forças Armadas para debaixo do tapete; A criatividade semiótica cínica da Globo News; de que lado está o jornalista Glen Greenwald? Quais são os ativos da grande mídia para futuras guerras semióticas? Grande mídia dá chilique ao saber que Governo vai criar órgão contra fake news; identitarismo na Faria Lima. Venha para o front semiótico nesse domingo!

quinta-feira, janeiro 12, 2023

Nietzsche e terror na inteligência artificial de um brinquedo no filme 'M3gan'


Estamos acostumados com distopias em torno da Inteligência Artificial ambientadas em laboratórios ou bunkers tecnológicos numa atmosfera Frankenstein. Bem diferente, “M3gan” (2022, com estreia prevista no Brasil dia 19 de janeiro) desloca o tema para a indústria dos brinquedos infantis: um androide de um metro e meio de altura, grandes olhos como uma boneca vitoriana, uma peruca surrada e um guarda-roupa vintage. Ao contrário do boneco Chucky, M3gan não é animada por um fantasma, mas por uma “machine learning”. Um brinquedo que vira babá, matando (até literalmente...) três coelhos com uma cajadada: dar sossego para os pais, o amigo imaginário infantil que vira real, além de revolucionar o mercado de brinquedos. Ausência simbólica dos pais, o destino dos brinquedos numa sociedade tecnológica e a Singularidade da IA como “vontade de potência” nietzscheana são os principais temas do filme.

terça-feira, janeiro 10, 2023

A invasão de Brasília não aconteceu


“Capitólio brasileiro!”, cravam os “colonistas” da grande mídia diante da invasão e destruição dos prédios dos três poderes nesse domingo. Um ardil semiótico com dois objetivos: (a) esconder a centralidade da Forças Armadas no processo ao sugerir tudo como resultante do fenômeno global da escalada da extrema-direita; (b) ocultar a natureza de não-acontecimento da invasão – acontecimento fabricado para repercussão midiática, como operação psicológica para, mais uma vez, levantar o espantalho do golpe. Como todo não-acontecimento (assim como os atentados terroristas na Europa de 2012 a 2016), apresenta características como ambiguidade, timing, além da pergunta: quem ganha? Nesse momento o jornalismo corporativo tenta reverter o tiro no pé: diante de mais uma estratégia de emparedamento, Lula consegue reverter a pauta midiática ao criar uma agenda de Estado (a defesa da Democracia) da qual a mídia corporativa é obrigada a participar. Será que Lula dobrou a aposta e pagou para ver? Tudo está menos para o Capitólio, e muito mais para o 11 de Setembro.

sábado, janeiro 07, 2023

Jon Spencer Blues Explosion; Mídia com transtornos psíquicos tenta cavar crises no Lula 3 e azeita canais com seus ativos


Neste domingo continua a incansável e intrépida Live Cinegnose 360, na qual o humilde blogueiro arrisca até a integridade mental para enfrentar bombas semióticas. É a edição #89, domingo (08/01), às18h, no Youtube. Depois dos Comentários Aleatórios (aleatoríssimos, abordando até as relações entre o próximo filme de Indiana Jones com um mistério conspiratório do Vaticano), a edição #89 começa com a sessão de CDs: Jon Spencer Blues Explosion: um estudante de semiótica no Blues. Vamos também discutir dois filmaços: “Ruído Branco” (o pavor existencial diante da morte) e “O Menu” (como Hollywood vê a luta de classes). Depois, vamos desmontar um tipo de bomba semiótica invisível, mas muito potente: as funções ideológicas e semióticas da “previsão do tempo” na TV, desde a ditadura militar. E na Crítica Midiática da Semana: um flagrante de como o jornalismo corporativo tenta cavar discórdia dentro do governo Lula 3; Grande mídia apresenta sintomas de transtorno bipolar e síndrome de Procusto; filme “O Sequestro do Voo 375”: uma bomba semiótica sincrônica? Governo Lula cria órgão para combater desinformação e grande mídia tem chiliques; Globo News cria o “faria limer” politicamente correto; Grande mídia azeita os canais com os seus ativos (Exército Psíquico de Reserva + ativos periféricos). Venha participar nesse domingo! 

sexta-feira, janeiro 06, 2023

Inclusão social ou fiscalismo? Mídia com sintomas de bipolaridade e Síndrome de Procusto


Desde a cobertura jornalística do Governo de Transição, a grande mídia entrou numa saia justa semiótica. O jornalismo corporativo foi obrigado a participar do consenso político da necessidade do combate à fome e da inclusão social. Porém, como conciliar a agenda social com a inclemente defesa do discurso fiscalista sobre tetos e responsabilidades cobrados pela Banca patrocinadora do jornalismo corporativo? Na primeira semana do ano, jornalões e canais de notícias assumiram um malabarismo retórico com dois sintomas: o transtorno bipolar e a Síndrome de Procusto (relativa ao mito grego do gigante Procusto). A única maneira para conciliar o psiquismo de “colonistas” que ora são liberados a se emocionar até às lágrimas e ora são instados a defenderem a intransigência de “responsabilidades” e “tetos”.

quinta-feira, janeiro 05, 2023

O olhar hollywoodiano para a luta de classes no filme 'O Menu'


A cinematografia recente não está deixando os ultra-ricos em paz. Dessa vez é o filme “O Menu” (The Menu, 2022), uma sátira brutal sobre a divisão de classes que acompanha integrantes daqueles 1% mais ricos do planeta que pagam muito dinheiro para vivenciarem uma experiência única: um jantar exclusivo em uma ilha no Noroeste do Pacífico, cujo menu foi elaborado por um chef celebridade que trata seus cozinheiros como um sargento comanda soldados rasos. “O Menu” é uma ópera em humor negro sobre humilhação, auto-aversão e vingança. Com o tempo, os pratos feitos sob medida começam a assumir um tom intrusivo, sinistro e violento contra os próprios ricos clientes. Porém, é a visão hollywoodiana da luta de classes, cuja indignação não se transforma em uma reação política coletiva, mas em ódio e ressentimento individual.

terça-feira, janeiro 03, 2023

A morte e o pavor existencial no filme 'Ruído Branco'




Um verdadeiro épico do pavor existencial que sintetiza todas as questões filosóficas de Albert Camus em torno da morte e suicídio em uma simples expressão: “Shits Happens!”. Esse é o filme “Ruído Branco” (White Noise, 2022), intrigante adaptação do cineasta Noah DeLillo ao romance pós-moderno homônimo de 1985. Uma comédia híbrida com acidente ferroviário que produz uma nuvem tóxica que gera uma evacuação em massa de famílias de subúrbios, freiras cínicas e um supermercado que, com suas cores e assepsia, vira um revigorante espiritual em um mundo absurdo e aleatório. Também a angústia pela morte que vira o leitmotiv da crise conjugal na família de um professor que é autoridade mundial em “Hitlerologia”. “Ruído Branco” mostra pessoas tentando esquecer de que todos nós vivemos no limite tênue entre a descoberta do absurdo e a esperança num sentido ou propósito que faça sentir que a vida vale a pena.

sábado, dezembro 31, 2022

Live do Ano Novo: Radiohead; o vício das Breaking News; posse de Lula enquanto PT volta a chocar ovo da serpente


Um bom ano novo começa participando da primeira Live Cinegnos 360 do ano: a edição #88, nesse domingo, dia primeiro, às 18h, no YouTube. Depois de uma agitada sessão “Comentários Aleatórios”, vamos entrar na sessão dos CDs do humilde blogueiro: a banda Radiohead viu o futuro: o nosso! Depois, discutiremos os filmes “Noites Brutais” (as ironias de um terror “woke exploitation”) e “Les Magnétiques” (a utopia eletromagnética da geração “DIY”). Mídia nos induz ao vício pelas “Breaking News”. E na Crítica Midiática da Semana: efeito Heisenberg na morte de Pelé? O pseudoevento da bomba de Brasília; PT volta a chocar o ovo da serpente da Comunicação; Normalização e Descontextualização no documentário Globo News “Visita, presidente”; a bomba semiótica da bomba fiscal e, claro, a crítica da cobertura da posse de Lula. É tudo nesse domingo! Venha participar!

PT volta a chocar o ovo da serpente da Comunicação


A morte do Rei Pelé parece ter ajudado a diluir o impacto nas esquerdas da nomeação de um bolsonarista, o deputado federal Juscelino Filho do União Brasil, no Ministério das Comunicações. Parece que o PT não entendeu a lição histórica recente: de como a elite brasileira de repente cansou-se da Democracia e do Estado de Direito e conseguiu virar o tabuleiro político envenenando psiquicamente uma nação com o ódio e a divisão de familiares e amigos. Tudo através da comunicação - ponto de estrangulamento de qualquer projeto de nação, com uma grande mídia sem pluralismo e Big Techs que não pensam duas vezes em apoiar a extrema-direita quando veem o projeto "Brasil neocolonialismo digital ameaçado. Mais uma vez, o pragmatismo da miragem da governabilidade começa a chocar o ovo da serpente e o economicismo retorna - a ilusão de que apenas a inclusão dos brasileiros no mercado de consumo criaria uma espontânea conscientização política. 

quinta-feira, dezembro 29, 2022

A utopia eletromagnética de toda uma geração no filme 'Les Magnétiques'


Os últimos momentos gloriosos de um mundo que vai acabar. Não! Não é um filme catástrofe. É o francês “Les Magnétiques” (2021), ambientado no início dos anos 1980 numa pequena cidade na Bretanha em pleno momento da explosão pós-punk e da energia DIY (“faça você mesmo”) – um grupo de jovens que comandam uma rádio pirata cujas antenas prometem a todos abrirem-se para o mundo e para um futuro revolucionário. Mas, o peso da realidade cotidiana e do serviço militar mostrarão que há inimigos muito maiores a serem enfrentados: a música transformada em propaganda política na Guerra Fria e a sua mercantilização corporativa. “Les Magnétiques” é um filme francês, mas acaba caindo no velho clichê hollywoodiano da “quebra-da-ordem-e-retorno-à-ordem”

quarta-feira, dezembro 28, 2022

As ironias de um terror "woke exploitation" no filme 'Noites Brutais'


Este humilde blogueiro adora escrever e falar sobre filmes porque eles não são meros produtos de entretenimento. São verdadeiros sismógrafos que detectam as mudanças do imaginário e sensibilidades de cada época. O terror indie “Noites Brutais” (Barbarian, 2022) é um quebra-cabeças irônico que, de um lado, ambienta-se em dois aspectos da globalização: uma Detroit desindustrializada e a nossa confiança cega em plataformas digitais como Airbnb ou Uber. E do outro, a transformação da matriz do terror com o subgênero “terror de gênero” ou “woke exploitation” no qual o Mal emerge agora da masculinidade tóxica.  Tess e Keith são vítimas possivelmente de um golpe de reserva dupla de uma casa pelo Airbnb em um decadente e quase apocalíptico bairro periférico de Detroit. Lá descobrirão da pior maneira possível que a casa não é aquilo que parecer ser.

segunda-feira, dezembro 26, 2022

O pseudoevento da bomba de Brasília feita para explodir no campo semiótico

A bomba do terrorista George Washington de Souza (que nome síncrono!) não foi detonada. Mas explodiu no campo semiótico – parece até que ela foi feita para isso, não ser detonada no mundo real e criar um pseudoevento canastrão. Este Cinegnose chega a essa hipótese amparada na análise das primeiras páginas e manchetes dos jornalões, repletas de termos tautológicos (“bolsonarista radical”), difusos (“provocar o caos”), além da indefectível estratégia de contaminação metonímica para gerar novos sentidos maliciosos. Grande mídia está mais interessada em jogar o problema no colo do futuro governo do que nas autoridades atuais. E “acender a luz vermelha” da posse. Do terrorismo do mercado ao terrorismo “patriota”, é a continuidade da estratégia de emparedar o futuro governo. E para completar, entra em ação a “lupa identitária” da contabilidade de quantas mulheres e negros ocupam o futuro ministério... só que para o jornalismo corporativo não valem negros e mulheres indicadas por petistas.

quinta-feira, dezembro 22, 2022

Nessa sexta: Premê e Língua de Trapo, CiberMarx no final de século e cascas de banana no Governo de Transição


Excepcionalmente nessa sexta-feira (23/12), Live Cinegnose 360 #87, 18h, no YouTube. Vamos começar com o humor da Vanguarda Paulista: Premeditando o Breque e Língua de Trapo. Em seguida, vamos discutir os filmes “France” (o que acontece quando o jornalista vira o protagonista da própria notícia) e “A Caçada” (Ironias, guerra cultural e cultura do cancelamento na guerra híbrida). CiberMarx: o Manifesto Cibercomunista de Richard Barbroock no final do século XX. E a Crítica Midiática da Semana: por que grande mídia se preocupa tanto com teto fiscal? Governo de Transição cria cascas de banana para si mesmo; a chantagem midiática Simone Tebet; a canastrice de Zelensky pedindo mais armas para Joe “sleep” Biden; na surdina corre atualização da Lei do Impeachment no Senado. E muito mais! É nessa sexta-feira, não se esqueça! 

Ironias, guerra cultural e cultura do cancelamento em 'A Caçada"


Em tempos de guerra cultural que gera profunda polarização política, está cada vez mais difícil entender ironias, porque espíritos armados vê tudo na literalidade. O filme “A Caçada” (The Hunt, 2020, disponível na Netflix) foi uma das vítimas dessa polarização – um filme que dispara ironias contra teorias da conspiração e cultura do cancelamento: elites liberais que se reúnem em uma mansão remota para caçar humanos por esporte. “A Caçada” ironiza coisas como o “Pizzagate” (no filme temos o “Manorgate”). Seu lançamento sofreu sucessivos adiamentos. "A Caçada" zomba das elites liberais politicamente corretas, a cultura do cancelamento e a histeria conspiratória de extrema-direita. E, assim como em produções posteriores como “Não Olhe Para Cima”, joga com a histeria online que muitas vezes parece ao mesmo tempo presciente e redundante – como as teorias conspiratórias, de tão caricatas, poderiam virar profecias autorrealizáveis.

quarta-feira, dezembro 21, 2022

Filme 'France': quando o jornalista vira o protagonista da notícia


“France” (2021, disponível na HBO Max), do cineasta francês Bruno Dumont, foi recebido com um coral de vaias no Festival de Cannes no ano passado. Parece que a plateia formada principalmente pela imprensa especializada não recebeu muito bem a sátira de um cineasta sobre fama e celebridade no jornalismo – jornalistas não costumam receber muito bem críticas de alguém que não pertença ao próprio campo jornalístico. O filme acompanha uma jornalista-celebridade chamada France de Meurs e o fenômeno tautista em que jornalistas deixam de ser testemunhas da história para se transformarem em protagonistas da própria notícia. Regularmente abordada nas ruas para selfies e autógrafos, France parece confortável no interior de uma bolha tautista social/profissional protetora. Até o sentimento de alienação e depressão assombrá-la depois de atropelar um motoboy e começar a colocar em xeque sua profissão. Mas como encontrar a realidade para além do estúdio e da ilha de edição?

sábado, dezembro 17, 2022

Live do domingo: o pós-rock do Trans Am; Jung e os mortos; o fim da Internet com Splinternet e Crítica Midiática da semana



A Copa acabou, mas a Live Cinegnose 360 não! Continua nesse domingo (18/12/2022), com a edição #86, às 18h, no YouTube. Na sessão dos CDs piratas do humilde blogueiro, vamos discutir o “pós-rock” de final de século da banda “Trans Am”. Na sessão do Cinema e Audiovisual temos dois filmes: “Um Outro Mundo” (amor, família e luta de classes na ética do novo capitalismo); e vamos revisitar o novo clássico “Os Outros” (Jung tinha razão sobre mortos e fantasmas). A Internet está acabando. Vamos discutir o seu futuro: a “Splinternet”. E na Crítica Midiática da semana: grande mídia quer desgastar ainda mais capital político de Lula; Efeito Heisenberg derrubou Seleção pela segunda vez; Identitarismo na cobertura da Copa oculta exploração, escravidão no Catar e “sportwashing”; Elon Musk bloqueia perfis de jornalistas no Twitter: despolitização de um debate; Globo vai à luta: Brasil deve se tornar uma neocolônia digital; Por que, diferente da Alemanha, a mídia brasileira não investiga organizações terroristas golpistas? Venha conspirar nesse domingo!

quinta-feira, dezembro 15, 2022

Revendo 'Os Outros': Jung tinha razão sobre mortos e fantasmas


Num evento sincromístico, depois de rever o filme “Os Outros” (The Others, 2001), de Alejandro Almenábar, pouco depois, remexendo antigos exemplares da velha revista “Planeta”, esse humilde blogueiro deparou-se com um pequeno texto de C.G. Jung chamado “A Vida Depois da Morte”. Tanto Almenábar quanto o psicanalista austríaco invertem todo senso-comum que temos sobre o após-morte: acreditamos que, chegando lá, teremos todas as repostas das perguntas que nos atormentam. Porém, tudo o que os espíritos sabem é o que sabiam no momento da morte. E nada mais. Na verdade, eles não nos assombram. Porque tanto em “Os Outros” quanto em Jung, todos, vivos e mortos, são fantasmas em busca de respostas.

terça-feira, dezembro 13, 2022

Amor, família e luta de classes no filme 'Um Outro Mundo'


“Bem-vinda ao clube... Isso acontece quando você faz as coisas certas. Talvez esteja chegando a hora da promoção”, dizia Nigel para a esgotada Andy vendo sua vida amorosa ficar arruinada de tanto trabalhar em “O Diabo Veste Prada”. O filme francês “Um Outro Mundo” (Un Autre Monde, 2021) repete essa intuição de Nigel ao mostrar a vida familiar e amorosa de um gerente executivo de uma transnacional irremediavelmente danificada pelas pressões do trabalho. Mas não é apenas “trabalho”, mas a ingerência das cadeias produtivas globais e seus acionistas – a necessidade de o gerente montar um plano de demissões e trair a confiança de seus subordinados do chão de fábrica. Ele tentará lutar contra os CEOs da matriz, revelando como a ética flexível do novo capitalismo (politicamente correto e cheio de eufemismos como “valores”, visão” etc.) é mais um dispositivo para ocultar a velha luta de classes.

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