quarta-feira, maio 05, 2021
'Black Box' e a endocolonização: 'Total Recall' se encontra com 'Corra' e 'Amnésia'
segunda-feira, maio 03, 2021
O ódio racial pós-moderno na série 'Them'
Seguindo a esteira do terror racial de Jordan Peele “Corra” e “Nós”, a série da Amazon Prime Video “Them” (2021-) converge o clássico gótico americano de Lovecraft com o, por assim dizer, “afrogótico”. Dessa vez a casa mal assombrada é uma típica casa de um subúrbio de classe média dos anos 1950, o paraíso idílico do sonho americano. Só que agora, ameaçado pela chegada dos Emory, uma família afro-americana em pleno bairro supremacista branco. Uma família ameaçada por dentro por fantasmas e uma maldição do passado puritano religioso, e por fora pelo ódio racial da vizinhança. Passado e presente são confrontados: na história, a metanarrativa bíblica justificando o racismo. E no presente, a desconstrução pós-moderna que destruiu os meta-relatos, como os da religião. Deixando aflorar a fina flor do ressentimento pós-moderno das sociedades meritocráticas de consumo. Que vai impulsionar o ódio racial, dessa vez sem mais rodeios ou filtros.
Primeira 'Live Cinegnose 360': xadrez da guerra híbrida, filmes gnósticos e bombas semióticas
sábado, maio 01, 2021
Nesse domingo, estreia a live do blog no Facebook: 'Cinegnose 360'
Neste domingo estreia a primeira live “Cinegnose 360” no Facebook, na página do “Cinema Secreto: Cinegnose”, blog que completará doze anos de existência nesse ano. Um olhar “360 graus” para a semana que passou, com informações e análise crítica. Sempre com o olhar gnóstico e transdisciplinar. No cardápio dessa estreia, vamos conversar sobre o grande vencedor do Oscar, “Nomadland”, o curta da semana “Coda”, os últimos lances do xadrez da guerra híbrida brasileira e geopolítica: o evento “Cyber Polygon” e o “Grande Reset Global. A guerra política semiótica brasileira, agora, no modo criptografado na fase “apito de cachorro”, como demonstrou o episódio da reunião vazada com as declarações de pornografia política explícita do ministro Paulo Guedes. A quem interessa “vazamentos” como esses? Ate lá!
quinta-feira, abril 29, 2021
Guerra semiótica criptografada: o 'apito de cachorro' de Paulo Guedes
Grande mídia exclama fazendo-se passar por inocente: “quem é essa gente?” A mídia progressista comemora: “um terremoto na abertura da CPI da pandemia!”. Em vídeo vazado, vemos um Paulo Guedes raiz falando em “vírus chinês” e reclamando que “todos querem viver 100 anos!”. E depois vem candidamente para as câmeras dizer: “não sabia que a reunião estava sendo transmitida...”. Esse governo se notabiliza por uma deliberada e metódica estratégia de “vazamentos”, desde a infame reunião ministerial de maio de 2020. É a guerra semiótica de informações criptografada, que agora entra na fase “apito de cachorro” com a proximidade das eleições de 2022: manter a fidelidade da sua base eleitoral fundamentalista que garanta o segundo turno para Bolsonaro. Para, depois, entrar em ação o expertise semiótico “alt-right” nas redes sociais.
terça-feira, abril 27, 2021
No vencedor do Oscar 'Nomadland', as estradas que nos levam a lugar nenhum
Um filme que começa pelo fim, assim como na cosmologia gnóstica: todos vivemos agarrados aos destroços do que sobrou da Criação que na verdade foi o Apocalipse. Uma cidade inteira acaba com o fim de uma fábrica. Uma viúva pega a estrada levando numa van tudo o que restou da sua vida, para conhecer a subcultura dos nômades: vítimas do desemprego, casamentos desfeitos, pensões que foram perdidas e valores familiares em colapso na esteira da Grande Recessão pós-2008. Vivendo em veículos e sobrevivendo em “bullshit jobs” do capitalismo de plataforma. Esse é o grande vencedor do Oscar “Nomadland” (2020). Um olhar de uma diretora estrangeira (Chloé Zhao) para aqueles que se sentem estrangeiros dentro do próprio país, em desérticas paisagens com estradas que levam a lugar nenhum – a melhor metáfora do atual espírito do tempo.
sexta-feira, abril 23, 2021
'Godzilla Vs. Kong': muito além da jornada do herói, por Claudio Siqueira
“Godzilla vs Kong” fecha(?) o universo compartilhado conhecido como “MonstroVerso”, numa tradução livre. Muito bem, cinegnósticos, vamos mostrar que o filme não é apenas o embate entre duas figuras mitológicas da cultura pop. Muito além da clássica Jornada do Herói, a trama é fundamentada no acróstico V.I.T.R.I.O.L., “Visita Interiora Terrae, Rectificando, Invenies Occultum Lapidem” que significa “Visita o Centro da Terra, Retificando-te, encontrarás a Pedra Oculta” (a Pedra Filosofal) - o caminho a ser trilhado pelos adeptos da Maçonaria, Rosa-Cruz, ordens templárias, thelêmicas ou quaisquer que trabalhem o hermetismo em geral.
terça-feira, abril 20, 2021
Curta da Semana: 'Coda' - por que a morte é impaciente?
Poucas produções fílmicas ou audiovisuais escapam da tradicional representação do pós-morte, como uma espécie de julgamento que poderá nos levar para o Céu ou Inferno, entre a punição e a gratificação. O curta de animação “Coda” (2013), de Alan Holly, nos oferece um olhar entre o esotérico e o gnóstico: embriagado após sair de uma balada, acompanhamos o protagonista distraído ser mortalmente atropelado para depois tentar fazer um acordo com a Morte, na sua tradicional representação sombria do Ceifador. Ele quer mais tempo, mas a Morte é impaciente. Para o quê? A resposta está entre o Budismo e o Gnosticismo, muito próximo ao ciclo vicioso da vida-morte-reencarnação que nos prende a esse mundo.
Passamos 1/3 das nossas vidas dormindo e sonhando, enquanto a morte nos rodeia a cada respiração, não importa o quão vigilantes sejamos – o destino é a nossa constante companhia, mas tentamos não pensar que num simples piscar de olhos a existência como a conhecemos pode desaparecer até o nada, levando-nos junto.
Por isso, é incrível como o sono e a morte sempre foram relegados na cultura ou a um segundo plano, ou simplesmente negados ou neutralizados. Sono e sonhos são racionalizados através da ciência (a “Ciência do Sono”) ou pela Psicanálise popular ou de autoajuda que promete decodificar os simbolismos dos sonhos. Enquanto a morte é ocultada por uma cultura da positividade da indústria da cosmética, da saúde e da eterna juventude cujas imagens promocionais celebrizam “idosos que nem parecem velhos”.
Quando a morte vira tema na cinematografia, ela é restrita aos cânones da moralidade religiosa, dentro da polaridade culpa/gratificação: ou encontra a punição pelos pecados ou a premiação pela boa índole e legado terrestre.
Poucas são as produções audiovisuais que escapam dessa polarização, buscando um viés mais esotérico, ou, por que não, gnóstico – o pós-morte não como a busca de punição ou redenção, mas de iluminação como caminho fuga da matrix terrestre.
O curta de animação Coda (2013, indicado ao Oscar de Melhor Curta de Animação em 2015) é um exemplo desse olhar alternativo para a morte. Dirigido por Alan Holly e produzido pelo estúdio irlandês And Maps And Plans, Coda nos mostra a tradicional representação icônica da morte como o Ceifador: uma figura esguia, envolta num manto negro aguardando o espírito se desfazer do corpo para capturá-lo e conduzi-lo, mesmo que seja a força. Para onde? Céu? Inferno? Algum Tribunal? Ou algum limbo entre a vida e a morte no qual o espírito pagará suas dívidas? Nenhuma dessas opções. Alan Holly e o co-roteirista Rory Byrne propõem uma abordagem mais esotérica, simultaneamente doce, triste e melancólica: o Ceifador quer apenas nos reconduzir de volta à esfera terrestre, nos preparando para a reencarnação.
O Curta
Coda acompanha alguém que está saindo de uma boate, bêbado e com um copo na mão. Distraído, atravessa a rua procurando em seus bolsos alguns trocados para pagar alguma coisa para comer no caminho de volta para casa. Até ser acertado em cheio por um carro, e jogado para longe até cair já sem vida.
Pessoas se reúnem em torno dele, enquanto seu espírito levanta e começa a vaguear pelas ruas às cegas, ainda sentindo os efeitos da embriagues. Sem saber que a Morte, uma figura alta, esguia e ameaçadora, já está no seu encalço.
Cansado de vagar sem destino, o protagonista entra num parque e senta-se num banco para descansar, quando a Morte também se senta ao seu lado. Assustado, as expectativas do protagonista são as piores possíveis. Ele implora por mais tempo e tenta negociar com aquela figura sombria e ameaçadora que o encara.
Com um estilo de animação minimalista, a música e até mesmo as vozes dos personagens passam uma sensação de tranquilidade ao longo dos 9 minutos de narrativa. A sensação inicial para o espectador é de felicidade e aceitação. Mas há uma melancolia e fatalismo sutis a partir do momento em que o espírito desencarnado do protagonista transforma-se em um bebê e o sombrio Ceifador em uma mãe que abraça amorosamente sua cria.
É o início de um aprendizado no qual o protagonista aceitará o seu destino: retornar à vida como um novo humano reencarnado. Ou não! O final ambíguo revela uma oposição entre as intenções do espírito convertido em bebê (ele sempre pede mais tempo para “relembrar” de sua existência terrena – por quê não conversava com seu avô, por exemplo), enquanto a Morte, impaciente, sempre fala “agora”, como se quisesse levá-lo definitivamente para a inexistência.
Numa leitura budista, o protagonista está experimentando o seu “Bardo”: estados de existência dentro do fluxo contínuo da vida, da morte e da reencarnação. Palavra tibetana que quer dizer “transição” ou “intermediário”. A apresentação mais simples no livro budista tibetano Bardo Thodói (“Libertação do Estado Intermediário”), conhecido também como “Livro Tibetano dos Mortos”, descreve quatro bardos: o da vida, o do momento da morte, o bardo da vacuidade (a consciência fundamental da luz do próprio espírito) e o do renascimento.
Mas para o Gnosticismo, o bardo da vacuidade é o mais importante – após a morte vivemos as ilusões cármicas: o conteúdo da mente é projetado, tornando-se visível como num sonho.
Criamos uma tela mental com imagens em fluxo dentro do qual a vida parece continuar em outra dimensão, e nos perdemos na confusão entre a realidade e as alucinações. Sem lucidez, o “sonhador” não consegue se abrir à realidade dos mundos para além dos sonhos e nem para a própria luz espiritual. Perde-se num padrão repetitivo, para renascer e continuar o mesmo padrão sem autoconsciência ou auto distanciamento – a “gnosis”.
“Coda” (traduzido do italiano para o português significa “cauda”) é a seção em que termina uma música, na qual o compositor utiliza ideias musicais já apresentadas durante a composição. Na animação, é a representação do senso comum de que no momento transitório entre a vida e a morte é como se assistíssemos a uma espécie de “vídeo-clip” com os momentos mais importantes da nossa vida terrena.
Mas do ponto de vista gnóstico, seria uma tela mental (ou um “air bag” emocional criado pela nossa mente) na qual imergimos inconsciente no fluxo de imagens, sem conseguir o auto distanciamento necessário para escaparmos da ilusão. Até sermos capturados pelo “Ceifador” ou a “Morte” personificada pelo ícone tradicional na animação. Na mitologia gnóstico, um Arconte (“Archon”), entidade “demoníaca” (na verdade, seres criados juntamente com o mundo material subordinada a divindade chamada Demiurgo) que bloqueia o caminho da elevação espiritual após a morte através dos diversos “céus”, mantendo-nos prisioneiros ao mundo material.
Ou mais precisamente, aos Bardos que compõem os sucessivos estados do fluxo de vida-morte-reencarnação. Submetido ao esquecimento: o protagonista tenta lembrar-se, recordar, diante da Morte impaciente que quer levá-lo o mais rapidamente possível.
Ficha Técnica |
Título: Coda (Curta de animação) |
Diretor: Alan Holly |
Roteiro: Alan Holly, Rory Byrne |
Elenco: Joseph Dermody, Orla Fitzgerald, Brian Glesson |
Produção: And Maps And Plans |
Distribuição: The Criterion Channel (digital) |
Ano: 2013 |
País: Irlanda |
sexta-feira, abril 16, 2021
Guerra Híbrida: engenharia do caos cria o pseudo-evento da 'Vacina Prozac'
quarta-feira, abril 14, 2021
Experiência sensorial e anomalias telefônicas na série 'Calls'
quinta-feira, abril 08, 2021
A gnose junguiana na tela mental dos sonhos no filme 'Come True'
Imagine combinar o clássico “A Hora do Pesadelo” com o filme “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças”, de Michel Gondry. Tudo numa atmosfera com referências a “O Iluminado” de Kubrick e plot twist ao estilo dos filmes de M. Shyamalan. E para completar, alusões aos conceitos junguianos de Persona, Anima e Animus, Sombra e Self. Teremos como resultado o ambicioso filme do cineasta canadense Anthony Scott Burns “Come True” (2020): uma jovem está imersa em um sonho ativo, no qual as fronteiras entre o onírico e o real estão desaparecendo até se transformar em cobaia de uma pesquisa de ponta em um laboratório do sono de uma universidade. Os sonhos são dotados de complexos mecanismos para nos manter inconscientes no interior de um fluxo onírico, sem conseguirmos nos auto observar e alcançar as camadas mais profundas do nosso Self – a iluminação interior. “Come True” é uma jornada de gnose junguiana: superar a Sombra ao alcançarmos um nível meta na tela mental que sempre criamos para nós mesmos.
segunda-feira, abril 05, 2021
Presidente argentino com Covid após vacina Sputnik V desperta o escorpião da grande mídia
O leitor deve certamente conhecer a fábula do escorpião e do sapo: um escorpião que pede para o sapo levá-lo nas costas através do rio e acaba picando-o, afogando a ambos. Eis que, em meio ao discurso da defesa da Ciência, da variedade de vacinas, da empatia e da compaixão, num rompante a grande mídia revela a sua natureza análoga a daquele aracnídeo que picou o pobre sapo. Depois que o presidente da Argentina, Alberto Fernández (já vacinado pela Sputnik V), anunciou nas redes que testou positivo num teste de Covid-19, a grande mídia não aguentou. O alvo era irresistível! Uma vacina russa e um presidente peronista! Mandou o discurso da Ciência às favas e politizou a pandemia, assim como faz o seu suposto rival, o negacionista Bolsonaro. Um pequeno vislumbre do que ocorreria, em um universo paralelo, se em 2018 o candidato Fernando Haddad tivesse ganho as eleições.
quinta-feira, abril 01, 2021
Crise militar de Bolsonaro é a bomba semiótica do não-acontecimento
Desde que a Inteligência militar brasileira emulou a teoria da Guerra Híbrida dos think tanks dos EUA, traduzindo como “guerra cultural” e “operações psicológicas” (ironicamente citando pensadores como Jean Baudrillard e Umberto Eco em artigos de revistas do meio militar) acabou criando o principal protagonista político nesse século: o Partido Militar. Por isso, é absolutamente ridícula a narrativa que a grande mídia criou sobre a “crise” (na verdade, estratégia de dissonância cognitiva da guerra semiótica militar, um não-acontecimento) provocada pela “queda” do ministro da Defesa e dos comandantes das três Forças Armadas. A grande mídia liberta fantasmas e espantalhos que saem de buracos e armários numa espécie de nostalgia vintage (64’s style) da suposta ameaça de golpes ou quarteladas provocadas pelo suposto conflito entre Forças Armadas legalistas versus Bolsonaro golpista. Alguém tem que avisar aos analistas que vivem de notícias plantadas e “vazamentos” que o golpe militar já ocorreu, e não foi televisionado. Por quê? Porque foi um golpe híbrido.
terça-feira, março 30, 2021
Tatuagens e conspiração alien na animação argentina 'Lava'
domingo, março 28, 2021
Editor do Cinegnose realiza em abril curso sobre Gnosticismo, Cinema e Comunicação Política
Como escapar da Matrix, seja ela existencial, pessoal ou política? O encontro do cinema com elementos das narrativas míticas do Gnosticismo pode nos dar muitas respostas. É a questão principal do curso on line “Gnosticismo e Acontecimento Comunicacional: o encontro da jornada mítica com a jornada pessoal” que esse editor do Cinegnose ministrará em abril, com encontros sempre às segundas-feiras, às 19h30. As Inscrições estão abertas, com vagas limitadas. Assista ao vídeo deste humilde blogueiro apresentando o curso, numa parceria com o coletivo Transaberes.
sábado, março 27, 2021
Lula livre? Esquerda mais uma vez capturada pelo imaginário e o tautismo do Judiciário
quinta-feira, março 25, 2021
As portas PsicoGnósticas dos nossos labirintos interiores no filme 'Doors'
Esse é um filme para aqueles espectadores que adoram filmes estranhos. E não se percam pelo pôster promocional do filme que sugere mais um filme daqueles com cientistas corajosos que arriscam a própria vida para salvar o planeta. Em “Doors” (2021) não há propriamente uma invasão alienígena que ponha em risco a humanidade. É muito mais um quebra-cabeças: do nada, mais de um milhão de portas aparecem em toda a Terra. Na verdade, monólitos que nos fazem lembrar de “2001” de Kubrick. Mas estamos aqui muito mais próximos de “Solaris” de Tarkovsky pela abordagem PsicoGnóstica: será que elas nos abrem para outros mundos ou dimensões? Ou são apenas buracos da toca do coelho que nos leva para os labirintos das nossas próprias mentes?
terça-feira, março 23, 2021
Amor, mentiras e algoritmos na série 'The One'
Encontrar a alma gêmea, o parceiro certo e viver uma linda história de amor para sempre. Essa é uma mercadoria escassa e, por isso, valorizada no mercado, atraindo a ambição das Big Techs, oferendo redes sociais e aplicativos de relacionamentos para usuários solitários: a promessa de que os algoritmos farão todo o trabalho porque eles conhecem mais sobre nós do que nós mesmos. Mas, e se os algoritmos se juntarem com bancos de dados genéticos? Esse é o tema da série Netflix “The One” (2021- ): se numa sociedade de incomunicabilidade o outro vira fonte de angústia, que tal entregarmos o livre-arbítrio afetivo a um aplicativo que faça combinações genéticas? Mas, por trás de toda fortuna há um crime. E por trás de todo “match” uma mentira.
segunda-feira, março 22, 2021
'Trem do Funk': bomba semiótica expõe hipocrisia da cobertura midiática da pandemia
Na pandemia não podemos aglomerar por diversão, mas podemos apinhar no transporte público para trabalhar... claro, seguindo todos os “protocolos”. Então, se só podemos aglomerar em trens e ônibus, que tal uma balada no transporte público? Uma bomba semiótica do tipo autoignição (de combustão espontânea) foi detonada pelo “Trem do Funk da Antiga”, flash mob em um vagão dos trens da Supervia, Rio de Janeiro. Muita bebida, DJ e a maioria sem máscara. Mas com uma astúcia irônica que expôs a hipocrisia da cobertura midiática da pandemia: uma narrativa moralista na qual se expor no transporte público para trabalhar é moralmente mais correto do que para se divertir. Aglomerar para beber, dançar e ouvir música é ilegal porque não produz mais-valia, como em ônibus e trens apinhados diariamente levando gente ao trabalho. As massas não são nem sujeito nem objeto. São ardilosas. A comunicação da esquerda deveria aprender um pouco com essas bombas semióticas espontâneas.
quinta-feira, março 18, 2021
O fantasma de Karl Marx ronda a cobertura midiática da pandemia e o 'lockdown tabajara'
A famosa abertura do “Manifesto Comunista” (“um fantasma ronda a Europa, o fantasma do comunismo”) repete-se em inúmeras paráfrases desde que foi escrito. E a última é proporcionada pela forma como a grande mídia vem cobrindo a crise econômica e humanitária provocada pela pandemia no País. Aglomerar para se divertir não pode! Mas ficar apinhado em ônibus e trens para trabalhar é tolerável... O Governo deve liberar o auxílio emergencial? Sim, mas desde que dentro do estreito limite do “teto de gastos”. O que está por trás desse duplo vínculo esquizoide do jornalismo corporativo? Daí ressurge mais uma vez o fantasma de Karl Marx e sua obra “O Capital”: esse malabarismo retórico em cada telejornal é a expressão da própria tensão da reprodução do capital criada pela pandemia com a necessidade de manter o fluxo da produção de mais-valia e valor num cenário de restrições econômicas e isolamento social. O resultado é o “lockdown tabajara”.
segunda-feira, março 15, 2021
Covid exploitation: o Mal e o demasiado humano em 'Host' e 'Safer at Home'
Se a Web 1.0 nos deu a “Bruxa de Blair” (1999) e o subgênero “found footage”, a Web 2.0 lança a “covid exploitation”: uma série de filmes que, em meio à pandemia global, exploram as mazelas humanas que aparecem na comunicação espectral: redes sociais e vídeo chats que simulam as relações presenciais em meio ao isolamento social. O diretor britânico Rob Savage e o americano Will Wernick despontam como principais expoentes nesse subgênero. Os filmes “Host” (2020) e “Safer at Home” (2021) são narrativas metalinguísticas através das janelas de web chats – em “Host” uma entidade mortal invade uma espécie de Tábua de Oija virtual pelo Zoom; e em “Safer at Home”, a nova variante Covid-22 mata milhões enquanto jovens comemoram aniversário pelo Zoom consumindo uma droga sintética que virou febre durante a pandemia nos EUA. Então a paranoia, medo e suspeita de crime toma o lugar da festa através do vídeo chat.
sexta-feira, março 12, 2021
O real, o imaginário e o simbólico no xadrez da guerra semiótica da "libertação" de Lula
O quê mudou na correlação de forças para que Fachin anulasse as condenações de Lula. As ruas estão tomadas de protestos contra o governo como no Paraguai? Estamos à beira da sublevação das massas? Caminhoneiros estão à beira da paralisação nacional? Nada. Acompanhamos apenas a realização da profecia do ministro Lewandowski feita em 2014: “o século XXI é o século do Poder Judiciário”. É a judicialização da política, até aqui o principal vetor dos movimentos políticos para manter esquerda e oposições no torniquete, com a estratégias híbridas de movimento em pinça e controle total de espectro. Dentro do consórcio com a grande mídia, a “libertação” de Lula forma o xadrez da guerra semiótica que deve ser compreendida em três níveis: o real, o imaginário e o simbólico.
terça-feira, março 09, 2021
Narrativa e Imaginário no ardil da bomba semiótica de Fachin contra Lula