sábado, julho 11, 2020

Cinegnose discute Bombas Semióticas, Guerra Híbrida e Rock no podcast "Heavy Hour"


Um bate papo sobre bombas semióticas e guerra híbrida, tendo como trilha musical Jello Biafra, Titãs, Yustedes, Rage Against Machine e Crosby, Stills, Nash & Young. Essa foi a participação desse editor do Cinegnose no podcast “Heavy Hour” do Coletivo Catarse, de Porto Alegre/RS. Uma hora e meia de debate, pontuado com letras de músicas que fazem a gente pensar. Petardos semióticos e musicais!

quinta-feira, julho 09, 2020

Guerra Híbrida: Bolsonaro com COVID-19 é um meme autoimune



O suposto teste positivo de COVID-19 do presidente didaticamente revela dois componentes básicos da guerra híbrida: a estratégia de a abordagem indireta - jogar o estímulo já sabendo a reação do oponente; e a criação de um ambiente cognitivo marcado por simulações que produzem pós-verdades e incertezas. Por isso, pouco importa sutilezas semânticas dos jornalistas (em vez dizer que “tem”, dizer que o presidente “anunciou” que tem) para tentar se blindar do ardil da fonte. Bolsonaro sequestra a pauta com um verdadeiro “meme autoimune” da pós-verdade: pouco importa se o presidente está ou não contaminado. Como perfeita bomba semiótica, o conteúdo é secundário. O mais importante é a sua repercussão cognitiva fazendo os atores sociais agirem de forma sempre reativa, no piloto automático. Para a mídia dar a visibilidade que tanto Bolsonaro precisa.

quarta-feira, julho 08, 2020

Vídeos da Quarentena da Universidade Anhembi Morumbi #4 - Sociologia da Comunicação

 

Com esse quarto volume encerramos a série “Vídeos da Quarentena da Universidade Anhembi Morumbi”, trabalhos de conclusão de curso das disciplinas ministradas por esse editor do “Cinegnose”. Para fechar, quatro vídeos de conclusão produzidos pelos alunos da disciplina Sociologia da Comunicação, do curso de Jornalismo. Walter Lippmann, Jürgen Habermas, Durkheim, Max Weber, Karl Marx, Theodor Adorno e Max Horkheimer são os autores cujos conceitos são aplicados para analisar o cenário político e cultural atual – do fenômeno do K-Pop à ascensão do bolsonarismo e a crise política e sanitária do coronavírus no Brasil.

terça-feira, julho 07, 2020

Em "Buscando..." as mesmas mídias com as quais nos comunicamos também nos dividem


Não são apenas todas as mídias que estão convergindo para o meio digital. Nossas vidas também. Transformando-se em “media life” que pauta nossas identidades em bolhas marcadas pelo tautismo (autismo midiático + tautologia): espalhamos fragmentos de nós mesmos por redes e plataformas sem conseguirmos juntar num todo. Mídias supostamente criadas para aproximar as pessoas, mas que na verdade promovem ainda mais a divisão. “Buscando...” (“Searching”, 2018) é um filme que trata desse tema tanto na forma quanto no conteúdo - um thriller narrado inteiramente dentro dos limites dos dispositivos eletrônicos, nos permitindo sentir como se estivéssemos logando, clicando e digitando junto com os personagens em tempo real. Através das janelas de aplicativos e plataformas acompanhamos o desespero de um pai em busca de sua filha desaparecida. Descobrirá como as mesmas mídias com as quais nos comunicamos, também nos dividem e nos alienam dos outros.

domingo, julho 05, 2020

Vídeos da Quarentena da Universidade Anhembi Morumbi: comunicação, mídia e política #3

 

O Rei do Camarote (alguém aí ainda lembra dele?) ensina os internautas a fazer um meme de sucesso. Enquanto isso, o criador do termo “meme”, o biólogo Richard Dawkins, entrevista o agente funerário do Congo que inspirou a criação do chamado “Meme do Caixão”. Esses são dois vídeos surreais em “deep fake” que dá continuidade à série “Vídeos da Quarentena”, trabalhos de conclusão da disciplina Teorias da Comunicação ministrada por esse editor do Cinegnose. O terceiro volume da série é complementado por uma análise das mudanças da recepção de produtos audiovisuais através das plataformas de streaming, pelo ponto de vista da Teoria Culturológica, do francês Edgar Morin.

sábado, julho 04, 2020

Um fantasma ronda a pandemia COVID-19: o Necrocomunismo


Um fantasma ronda a pandemia do COVID-19, principalmente em sociedades como a brasileira, marcada pela larga e abissal desigualdade: o fantasma do Necrocomunismo. Um fantasma que precisa ser expiado, por ex., no inacreditável “drive in thru” de um shopping em Botucatu/SP, no sci-fi “túnel de ozônio” de um shopping AA de São Paulo ou no liberou-geral na noite no bairro nobre do Leblon/RJ. É sintomático que o negacionismo diante da urgência da pandemia ocorra nos países com maior desigualdade social. São nessas sociedades que a inesperada consciência da igualdade diante da morte mais assusta. Não é a morte em si que amedronta, mas o fato de que o morrer nos torna iguais. Lockdown e quarentenas nos coloca numa insuportável condição de igualdade. Mas a morte como pressuposto universal da condição humana deve sofrer uma discriminação: a discriminação social dos mortos ou a “morte classista”.

sexta-feira, julho 03, 2020

Vídeos da Quarentena da Universidade Anhembi Morumbi: Comunicação, Mídia e Política #2


A polarização política turbinada pela grande mídia nos últimos anos continua na atual crise da pandemia? Quais as relações semióticas criadas pelas capas de revistas e primeiras páginas de jornais foram usadas para impulsionar essa engenharia de opinião pública? Qual o papel dos memes nos ambientes digitais para reforçar essas operações semióticas? Essas são algumas questões levantadas pelos vídeos do segundo volume da série “Vídeos da Quarentena da Universidade Anhembi Morumbi”, produzidos pelos alunos do curso de Teorias da Comunicação ministrado por este editor do “Cinegnose”. O segundo volume da série é complementado por vídeos sobre a Escola de Frankfurt e Teoria Hipodérmica aplicado em análises sobre a indústria da música e os telejornais.

quarta-feira, julho 01, 2020

Vídeos da Quarentena da Universidade Anhembi Morumbi: Comunicação, Mídia e Política #1


Essa é a primeira postagem da série “Vídeos da Quarentena” – uma coletânea de vídeos produzidos pelos alunos da Universidade Anhembi Morumbi na disciplina Teorias da Comunicação, ministrada por este editor do Cinegnose. Fizeram parte dos trabalhos de conclusão da disciplina nos quais os grupos se concentraram em estudos de casos para aplicar conceitos de diversas teorias da história das pesquisas em comunicação – teorias clássicas e atuais, como Media Life e Memética. Um semestre inédito no qual aulas on line substituíram as presenciais por conta da pandemia e quarentena. Um desafio para o trabalho em equipe que envolve as produções de natureza audiovisual. Neste primeiro volume da série, o cinema entre guerras; Media Life e redes sociais; fake news; programa Fantástico; reality shows e Agenda Setting; e as conflituosas relações entre o grupo Racionais MC’s e a grande mídia.

segunda-feira, junho 29, 2020

Guerra Híbrida: por que o #UseAmarelo da Folha é bege?


Depois das false flags das prisões da perigosa “terrorista” Sara Winter e do “foragido” Queiroz, seguindo o “tic-tac” da guerra híbrida, o jornal Folha de São Paulo detona sua bomba semiótica: em editorial neste domingo exortou a todos aderirem a cor amarela como símbolo da “defesa da democracia”. Como lhe é peculiar, em tom megalomaníaco, arvora-se como vanguarda da “luta democrática” – resgatar o amarelo como símbolo democrático, libertando-o dos extremismos. Agora é “Amarelo Já!”. Porém, a Folha nos mostra um estranho matiz de amarelo, um amarelo bege. Diferente dos matizes amarelos limão, sólido e vibrante das domingueiras bolsomínias. O amarelo da Folha é um signo cromático para demarcar o “novo normal” do espectro político sob a lei antiterrorismo: nem o amarelo, o vermelho ou o preto-antifa dos “extremismos”. Mas agora, o amarelo bege da “democracia”. Mas qual democracia? A armadilha do domínio total de espectro armada contra a esquerda e oposições, cujo gatilho será disparado no futuro. Amarelo bege: AME-O OU DEIXE-O!  

sábado, junho 27, 2020

A incerteza quântica do Detetive em "O Turista Suicida"


Os impactos da descoberta do Princípio da Incerteza na mecânica quântica de Heisenberg foram muito além do campo científico – transformou o modo de constituição da subjetividade na modernidade: de qualquer ponto que pensemos a nossa vida, encontraremos um mundo fragmentado e incompreensível povoado por gente cujos compromissos e motivações não são claros. Por isso somos todos Detetives, personagem principal da Modernidade da literatura ao cinema. Sua tentativa de solucionar um enigma sempre se voltará contra ele mesmo. “O Turista Suicida” (Selvmordsturisten, 2019) é mais um exemplo de como a incerteza quântica faz parte da sensibilidade moderna: um investigador de uma seguradora tenta solucionar o enigma da morte de um segurado, envolvendo o “Hotel Aurora” – um resort elegante nas montanhas escandinavas que promete uma “morte assistida” ou “um belo final”. Porém, sem saber o detetive está investigando a si mesmo. Filme sugerido pelo nosso colaborador Felipe Resende.

O cinema como máquina de viagem no tempo em "La Belle Époque"


Quando falamos em viagem no tempo logo lembramos dos cânones da ficção científica: Relatividade e Mecânica Quântica materializadas em máquinas e dispositivos intrincados e misteriosos. Ou viagens místicas e estados alterados de consciência. Mas o cinema nunca imaginou a si próprio como um dispositivo de viagem no tempo: spots de luzes, cenografia, figurinos etc. Por que então não usarmos os recursos cinematográficos para vivermos uma experiência imersiva que nos remeta a qualquer lugar do passado? Esse é o conceito da comédia romântica francesa "La Belle Époque" (2019): com a ajuda de cenários, figurinos e extras, uma empresa oferece “viagens no tempo”: um jantar na corte na época da monarquia ou uma noite bêbada com Hemingway. E um cartunista frustrado com a era digital vai tentar reencontrar a paixão perdida, tanto amorosa como profissional, em uma noite de 1974 - festas, muitos cigarros de maconha, amor livre e movimentos contra culturais. Memórias reais ou hiper-reais?

quarta-feira, junho 24, 2020

A hiper-realidade da banalidade do mal em "O Ato de Matar"


O holocausto nazista, com suas milhões de vítimas, foi imortalizado por centenas de filmes e documentários. Porém, o genocídio político ocorrido na Indonésia entre 1965 e 1966, no qual foram massacradas mais de um milhão de pessoas (famílias inteiras, entre mulheres e crianças), é pouco conhecido – um expurgo político perpetrado por paramilitares e milícias em nome da luta contra a suposta ameaça comunista. “O Ato de Matar” (“The Act of Killing”, 2012, de Josh Oppenheimer) é um documentário cujas câmeras mostram como os líderes daquele genocídio ainda gozam do status de heróis e continuam atuantes sob o atual regime de extrema-direita. Tão orgulhosos que resolveram, durante as filmagens, fazer um outro filme dentro do próprio documentário: eles próprios reencenaram seus massacres, enquanto emulavam gêneros hollywoodianos como filmes de gangsteres e musicais. Criando um curioso efeito metalinguístico - um surrealismo medonho ao som de "Born Free".  Como a banalidade do mal pode se tornar hiper-real. 

domingo, junho 21, 2020

Guerra Híbrida: de homem-bomba, Queiroz vira bomba semiótica


“Onde está o Queiroz?”. Era a pergunta que não queria calar. Bem, agora o acharam. Mas no timing conveniente para reforçar a atual agenda da batalha das instituições de uma “democracia vibrante” contra os “terroristas” antidemocráticos. E a lareira do esconderijo do Queiroz, caprichosamente decorada com bonecos do mafioso hollywoodiano Tony Montana e um cartaz do AI-5, revelam signos sincrônicos para inflar semioticamente a sucessão de acontecimentos. E a esquerda vibra: é o fim do Governo Bolsonaro!... cada vez mais isolado politicamente e blá, blá blá... mais parecendo aquele penetra animado que fica na porta da festa tentando entrar de qualquer jeito. De homem-bomba Queiroz virou bomba semiótica – mais uma bomba cognitiva detonada na guerra híbrida cujo movimento estratégico em pinça atingirá a própria esquerda. Que agora baba ovo até para o Jornal Nacional e o STF, seus velhos algozes. Sem entender que por trás dessa guerra híbrida está o fim de uma era: a liquidação do pacto da luta de classes do Estado de Bem-Estar Social, acelerado pela pandemia.

quarta-feira, junho 17, 2020

O golpe militar híbrido não foi televisionado


Para nós a História é feita por grandes imagens icônicas televisionadas, filmadas ou fotografadas: tanques e soldados nas ruas no golpe de 1964; as torres do WTC desabando em 2001; imagens da TV do muro de Berlim sendo derrubado. As esquerdas também devem achar a mesma coisa: temem algo impactante que configure um golpe, de um cabo e soldado fechando o STF a tanques e soldados nas ruas fechando de vez o regime. Mas o golpe militar já aconteceu e a tomada do Estado não foi marcada por nenhum ato espetacular. Golpes militares híbridos não são televisionados. A doutrina militar do combate ao “comunismo viral” já tomou o Estado: já possui dispositivos legais e de operações psicológicas apoiadas pelo consórcio jurídico-midiático-militar. Enquanto põem em ação as estratégias híbridas de paralisação estratégica do inimigo através da manipulação do temor de um golpe que já aconteceu.

domingo, junho 14, 2020

Filme "1BR": quando a Ciência vira um pesadelo religioso totalitário


Se aprendemos alguma coisa com a História é que duas ideias não costumam terminar bem: primeiro, a ideia de um Deus demiúrgico, sempre presente por trás de religiões que estimularam cismas, guerras, genocídios e conquistas; e a outra, a propaganda dos valores da comunidade e da família que sempre desagua no totalitarismo. O thriller “1BR” (2019) transforma um condomínio de apartamentos em Los Angeles no microcosmo dessa trágica recorrência histórica: uma jovem solitária vai morar num condomínio de apartamentos que é uma comunidade incrivelmente perfeita – multicultural, inclusiva e acolhedora Mas aos poucos descobrirá que essa pequena utopia é de fato uma prisão – um brutal sistema de condicionamento que busca a conformidade absoluta. Outra seita de malucos ao estilo Charles Mason? Ou um sofisticado experimento de psicologia comportamental na qual Deus baixa à Terra sob a forma de Ciência? Filme sugerido pelo nosso colaborador Felipe Resende.

quarta-feira, junho 10, 2020

Curta da Semana: "Wannabe" - a três segundos da celebridade



Com tanta gente produzindo conteúdo, fala-se que um vídeo na Internet deve conquistar a atenção do público nos primeiros três segundos. Segundos que podem ser a fronteira que separa o anonimato da fama: um influenciador digital com milhões de seguidores. O desejo pela celebridade não é um fenômeno novo na sociedade, mas na era digital assume características distintas. É o que mostra o curta-metragem alemão “Wannabe” (2017), de Jannis Lenz – um projeto transmídia conectanto o curta com vídeos on line de Coco, uma adolescente aspirante ao estrelato. Para ela, a fama e o sucesso não são consequências naturais do talento. São fins em si mesmos. É a forma dela fugir da sua vida e até de si mesma. Um drama pós-moderno: de tanto criar simulacros de si mesma naqueles três segundos decisivos, esqueceu de quem ela é. 

sábado, junho 06, 2020

Realidade realiza a ficção e Black Mirror não terá sexta temporada: é o fim da série?


“Tudo soa como algo que já assistimos, e penso: eu já imaginei isso!... realmente, tudo parece com coisas que já escrevi”, afirmou o criador da série “Black Mirror”, Charlie Brooker, diante dos atuais desdobramentos da pandemia COVID-19. Em entrevistas, Brooker tem sugerido que o não lançamento da sexta temporada da série se deve a um esgotamento criativo de “Black Mirror”: os mundos futuros descritos pelo roteirista já foram não só há muito realizados, como a realidade parece ultrapassar a imaginação ficcional – desde a minissérie “Dead Set” (2008), escrita por Brooker, na qual integrantes confinados de um reality show estão alheios a uma epidemia zumbi que se espalha no Reino Unido. O futuro, matéria-prima do gênero ficção científica, parece que não mais existe: ele já foi ironicamente realizado. 

quinta-feira, junho 04, 2020

Saem black blocs, entram os antifas: Guerra Híbrida?


Finalmente a oposição decidiu tomar conta das ruas, até aqui dominada pela extrema-direita em meio à quarentena que impôs um circuit braker político-econômico. Surgem os “antifas”, acabando com a tranquilidade das domingueiras bolsomínias clamando por intervenção militar e fechamento do Congresso e STF. Será que os antifas poderão se tornar aquilo que os black blocs foram para as “Primaveras” da Guerra Híbrida pelo mundo? Aqui e ali aparecem signos recorrentes das chamadas “Revoluções Populares Híbridas”: numa caçamba, jogada no meio da Avenida Paulista, pichações do acrônimo inglês ACAB (“All Cops Are Bastards”, emulando os protestos anti-racistas nos EUA) e “2013 VIVE”, além de slogans genéricos como “Defesa da Democracia”. Antifas poderão ser facilmente envolvidos no chamado “movimento de pinça”, tática militar da guerra convencional levada para o campo simbólico da Guerra Híbrida. Essas “pinças” podem ser múltiplas: junto com os antifas, surgem movimento suprapartidários. Por ex., um deles bancado por Jorge Paulo Lemann (que deu dinheiro e apoio operacional ao “Movimento Vem Prá Rua”) e a ONG norte-americana ligada às revoluções híbridas, a National Endownment for Democracy.

domingo, maio 31, 2020

Na série "The Midnight Gospel" zen-budismo é a filosofia perfeita para nosso universo simulado


Cada episódio da série de animação “The Midnight Gospel” (2020-) é um intensivo exercício pop de meditação: tentamos acompanhar os longos diálogos sobre vida e a aceitação da morte sobre o ponto de vista zen-budista, enquanto os protagonistas estão em mundos de colorido intenso e muitas vezes com violência gráfica pesada que tenta desviar nossa atenção. Como se a narrativa nos obrigasse a buscar o silêncio interior perante o caos barulhento da realidade. O protagonista Clancy faz entrevistas para um “spacecast” em um Universo dentro de simuladores cuja interface é análoga a games de computadores. É exatamente essa a ironia metalinguística central do filme: seres de um universo simulado cujas reflexões zen-budistas de que “tudo é um vazio de qualidade inerente” ou de que “vivemos em uma ilusão” é a filosofia perfeita para entidades digitais vazias e sem alma. A série flerta com o niilismo e solipsismo: seriam as filosofias orientais perfeitas para a nossa condição existencial de vivermos num Universo simulado análogo aos mundos de “Midnight Gospel”?

domingo, maio 24, 2020

Suposto vídeo devastador revela aliança oculta entre o Brasil Renitente e o Brasil Profundo


“Conteúdo devastador!”. Seria a bala de prata para as pretensões de Bolsonaro. Finalmente o STF liberou o “fatídico” vídeo da reunião ministerial. Mas a decepção foi diretamente proporcional às expectativas criadas em relação à divulgação. Nesse momento, a grande mídia faz esforço hercúleo para manter a narrativa das “provas” do ex-ministro Sérgio Moro. E manter Paulo Guedes afastado da “ala ideológica”, poupando-o (e também a agenda neoliberal) da contabilidade dos palavrões e xingamentos. Virou uma peça de propaganda do “Bolsonaro-raiz”. Porém, o tiro de festim do vídeo acertou naquilo que não mirou: revelou a aliança oculta entre o “Brasil Profundo” e o “Brasil Renitente” (a elite obstinada em manter a ordem “Casa Grande e Senzala”) com o apoio da grande mídia. Graças à guerra híbrida, o “Brasil Profundo” de seitas ao estilo Jim Jones e David Koresh ganharam tradução política e chegaram ao Estado. Lances de guerra criptografada como esse vídeo são jogadas do “Brasil Renitente” - com um roteiro de teledramaturgia traçado pela grande mídia, mantém o distinto público eletrizado pela montanha russa dos acontecimentos. 

sexta-feira, maio 22, 2020

Série "Undone": os entrelaçamentos quânticos ocultos na nossa vida cotidiana



A série “Undone” (2019-) pode ser considerada a próxima evolução na animação para adultos. Comum em filmes longa-metragem como “Scanner Darkly”e “Waking Life”, “Undone” é a primeira série que usa integralmente a técnica de rotoscopia. Decisão acertada, pela técnica criar uma atmosfera ao mesmo tempo suave e surreal, dando uma sensação de irrealidade e estranhamento. A mesma sensação da protagonista que, após um acidente de carro, deixa para trás uma vida chata e normal: é despertada nela uma capacidade latente de se libertar do contínuo tempo-espaço. E, juntamente com visões do seu pai falecido, faz um exame íntimo dos traumas pessoais e familiares. Descobrindo como a mecânica quântica que estrutura o cosmos também está presente nas impressões mais íntimas e cotidianas. Ir mais rápido do que a luz através do entrelaçamento quântico será o caminho para resolver um mistério que envolve pai e filha.

quarta-feira, maio 20, 2020

"Novo normal": a nova expressão da reengenharia social do coronavírus


Marcinho é despertado pelos amigos. Ainda zonzo ouve péssimas notícias: João Doria é governador, Luciano Huck será candidato a presidente e o atual é Bolsonaro... “Como assim! Aquele do CQC e Super Pop?”. Não! Não estamos na atualidade. Estamos em 2014, e tudo não passou de uma pegadinha para assustar o amigo de ressaca. No dia do fatídico 7x1 da Alemanha... Esse vídeo impagável da trupe de humor “Porta dos Fundos” provoca uma discussão sobre a expressão que cada vez mais aparece na mídia: o chamado “novo normal” – coisas que anteriormente seriam consideradas anormais que depois tornam-se normais, aceitas pelas condições adversas. Expressão de reengenharia social, plantada na mídia como forma de criar resignação numa situação totalmente bizarra: personagens canastrões, promovidos por programas de entretenimento, viram personagens políticos na crise COVID-19. Mecanismo psicológico de amnésia social. E o sincrônico 7X1 da Alemanha foi o gatilho que desencadeou a sucessão de eventos que nos levou ao “novo normal”. 

sexta-feira, maio 15, 2020

"Maria e João": as bruxas e o Sagrado Feminino


Indo muito além da Disney e das funções pedagógicas atuais, os contos de fadas são duros e cruéis: são menos lições de moral e muito mais guias de sobrevivência numa época em que não se acreditava na inocência das crianças. Eram tratadas de forma grosseira como adultos em miniatura. Foi pensando nisso que “Maria e João: O Conto das Bruxas” (Gretel & Hansel, 2020) faz uma adaptação do conto clássico que, como nos informa o título, promete uma subversão feminista. Mas vai além: busca uma interpretação mais universal, cósmica e gnóstica do drama de duas crianças perdidas e famintas numa floresta escura. Não é mais um conto de crianças que tentam voltar para casa, mas buscam autoconhecimento através da magia – a bruxa e o Sagrado Feminino como aliados para subverter as trevas que estruturam nossa realidade. Filme sugerido pelo nosso colaborador Felipe Resende.

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