quarta-feira, agosto 31, 2016
Um Triângulo das Bermudas quântico no filme "Triângulo do Medo"
quarta-feira, agosto 31, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O misterioso Triângulos das Bermudas foi pouco explorado pelo cinema,
restringindo-se a filmes e séries de baixo orçamento para a TV. Mas “Triângulo
do Medo ” (Triangle, 2009) do inglês Christopher Smith fez mudar esse cenário –
mais três filmes sobre o tema estão atualmente em produção. Além de se inspirar
em “O Iluminado” de Kubrick e num antigo filme francês chamado "La Jetee" (que
inspirou Terry Gilliam a fazer “Os Doze Macacos”), “Triângulo do Medo” renova
as teorias sobre as estranhas anomalias que aconteceriam naquela região: não
mais fenômenos paranormais ou extraterrestres – agora, o Triângulo das Bermudas
seria uma gigantesca “caixa de Schrödinger”: fenômeno quântico onde diferentes
versões de nós mesmos se sobrepõem de forma catastrófica. “Triangle” se inspira
nas hipóteses discutidas pela Física atual como a “Interpretação dos Muitos
Mundos” e a do “Mundos em Choque”. Filme sugerido pelo nosso leitor João Carlos.
segunda-feira, agosto 29, 2016
Anjos, demônios e LSD no filme "Alucinações do Passado"
segunda-feira, agosto 29, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
“Mestre Eckhart [teólogo da filosofia medieval] também viu o inferno.
Sabe o que ele disse? Ele disse que a única coisa que queima no Inferno é a
parte de você que não te deixa ir adiante na sua vida, suas memórias, suas
amizades. Eles as queimam por completo. Mas eles não estão te punindo. Estão
libertando a sua alma. Se você está com medo de morrer e resiste você verá
demônios arrancando sua vida. Mas, se estiver em paz, então os demônios se
tornam anjos libertando-o da Terra” - Louis (Danny Ayello) no filme “Alucinações
do Passado”(Jacob's Ladder, 1990).
sábado, agosto 27, 2016
O estilo "Welcome to Brazil" no filme "Boi Neon"
sábado, agosto 27, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Enquanto em 1979 o filme “Bye Bye Brasil”, de Cacá Diegues, era a despedida
de toda uma geração para um País que não mais existiria graças a americanização
trazida pela TV, no filme “Boi Neon” (2015), de Gabriel Mascaro, a geração
atual declara: “Welcome to Brazil”. Não mais o Brasil da “Caravana Rolidei”
cuja trupe visitava rincões de subdesenvolvimento, mas agora o Brasil de um
road movie que circula nos bastidores dos agro shows do Nordeste – vaquejadas e
leilões. A selvageria por trás do "mise en place" dos agronegócios é amenizada através dos signos do “rústico”, do “rural”, do “selvagem” padrão
exportação. Desdobramento do chamado “cinema de retomada”, cujos diretores e produtores são egressos do mercado audiovisual publicitário e televisivo. “Boi Neon” é a história de um vaqueiro que tem um sonho:
transformar-se em estilista de Moda.
quinta-feira, agosto 25, 2016
Globo News dá "pérolas coxinhas" para desempregados
quinta-feira, agosto 25, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Diariamente acompanhamos na grande mídia um desfile de clichês do manual do perfeito empreendedor de si mesmo, “pérolas coxinhas”: pessoas proativas, criativas etc. teriam mais chances de arrumar um emprego... apesar da crise. O adjunto adverbial de concessão é o único elemento que dá racionalidade a essa fábula diária na TV. Uma dessas fábulas foi narrada pela Globo News: a história de dois jovens que ficavam com placas de cartolina na Avenida Paulista pedindo emprego. E o telejornal mostrou o sucesso da “proatividade”. Um exemplo de como as notícias estão abandonando o Jornalismo para entrar no campo morfologia do Conto Fantástico, como estudou Vladimir Propp. E mais um exemplo de como as esquerdas até hoje não entenderam a eficácia comunicativa da Direita – ideologia não se combate com crítica ideológica, mas com guerrilha e anarquia midiáticas.
segunda-feira, agosto 22, 2016
A distopia do esquecimento no filme "Embers"
segunda-feira, agosto 22, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Uma
doença neurológica contaminou a maioria da população do planeta, na qual as
pessoas perdem as memórias de curto prazo. A vida em sociedade torna-se
impossível, transformando grandes cidades em espaços vazios e ruínas por onde
vagam pessoas tentando sobreviver imersas no esquecimento. Esse é o filme “Embers”
(2015), uma co-produção Polônia/EUA que faz uma abordagem bem diferente do
tradicional tema das distopias pós-apocalipse: aqui não há um mundo novo a ser
reconstruído por adição, mas um mundo cruel que opera por subtração. O filme questiona:
o que nos torna humanos? A memória ou o esquecimento? Mas “Embers” também é
sombriamente profético - num mundo
digital no qual a memória é frágil e efêmera, a única coisa que sobrará serão
os suportes analógicos dos livros, a última esperança para recuperar a
humanidade esquecida. Filme sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende.
domingo, agosto 21, 2016
Curta da Semana: "Third Reich" - Hitler não morreu para os "The Residents"
domingo, agosto 21, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A
banda mais estranha da história do rock faz um vídeo obscuro e surreal de um
dos discos mais enigmáticos dos anos 1970. Estamos falando da banda “The
Residents” e do disco “Third Reich N’Roll” de 1976. Ao comemorar o trigésimo
aniversário em 2001, “The Residents” lançaram o box com DVD e CD chamado “Icky
Flix”. Ao longo de décadas os membros da banda se mantiveram incógnitos, não
dão entrevistas e nos shows apresentam-se em estranhos disfarces. O vídeo-clip “Third
Reich” do DVD Icky Flix” é tão estranho quanto a banda. Se o pensador Theodor
Adorno estivesse vivo, certamente gostaria desse curta – Hitler e o
nazi-fascismo foram destruídos, mas seu “modus operandi” permaneceu na Indústria
Cultural.
sábado, agosto 20, 2016
Grande Mídia vê Olimpíadas Rio 2016 como anestésico político
sábado, agosto 20, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Depois
da Copa de 2014, cujo baixo astral culminou com os 7 X 1 da Alemanha contra o
Brasil, as coisas mudaram na cobertura da grande mídia dos Jogos Olímpicos Rio
2016: tudo é espetáculo, da organização do evento ao desempenho olímpico dos
atletas brasileiros. Se em outros tempos eventos negativos eram repercutidos
para criar evidências de desorganização e fracasso, agora são minimizados ou se
transformam em instrumento de uma inesperada verve patriótica, como no caso dos
nadadores norte-americanos pegos na mentira, depois de anos de um interesseiro
culto ao complexo de vira-latas. Porém, na cobertura tautista (autismo +
tautologia) principalmente da Globo “gafes” acontecem: William Waack que acidentalmente
saiu script patriótico que a Globo agora quer turbinar (o vício falou mais alto
para Waack) e, mais uma vez, o narrador Galvão Bueno comete atos falhos, sempre
alheio à realidade externa ao seu falatório. Para a grande mídia as Olimpíadas
se transformaram num anestésico político para o grave momento que atravessa o
País do impeachment.
quinta-feira, agosto 18, 2016
Em "Esquadrão Suicida" o Coringa foi a maior vítima
quinta-feira, agosto 18, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A maior vítima do filme “Esquadrão Suicida” não foi a super-vilã do Outro Mundo Enchantress. Foi o Coringa de Jared Leto, vítima da diluição de todos os vilões do filme na estratégia ideológica do “good-bad evil”: maus, porém com bom coração. Os brutos também amam. Forma hollywoodiana de esvaziamento do Mal ontológico – o vilão não quer se vingar do herói, mas da sociedade hipócrita que o produziu. Em tempos de endurecimento da guerra contra o terrorismo, Hollywood não pode permitir mais um Coringa como o de Heath Ledger. Com a neutralização do arquétipo do Coringa, pelo menos Leto livrou-se da maldição sincromística que o palhaço do crime parece lançar sobre os atores que o encarnam.
terça-feira, agosto 16, 2016
Pokémon GO: bem vindo ao deserto do real!
terça-feira, agosto 16, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O filme “Matrix” e o conto “Sobre o Rigor da Ciência” do argentino Jorge
Luís Borges ajudam bastante a entender a atual febre em torno do jogo Pokémon
GO. Não a compreender o jogo em si (de forma positiva ajuda a nos familiarizar com o ambiente urbano e nos
tira do sedentarismo, a velha crítica contra os tradicionais games de
computadores e consoles) mas a elucidar para qual futuro ele aponta. Realidade
aumentada é a união da representação com a tecnologia, do mapa com o
território, do virtual com o real. Mas se no conto de Borges pedaços do mapa
ficaram grudados ao real, no mundo Matrix é o real que vira um deserto e se
agarra na virtualidade. Por enquanto programas como Pokémon GO são metafóricos,
anedóticos e, por isso, divertidos. Mas a tecnologia da realidade aumentada vai
muito além do que ajudar a compreensão da realidade: pode desertificá-la.
segunda-feira, agosto 15, 2016
O peso da decadência moderna no filme "High-Rise"
segunda-feira, agosto 15, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Um misterioso arquiteto planeja um arranha-céu que deveria ser uma
incubadora de mudanças na sociedade. Um edifício idílico com todas as
comodidades modernas destinado a ser uma “máquina de morar” autogerida. Mas
algo deu errado, transformando o projeto em um pesadelo apocalíptico que
mistura horror, sexo, drogas e a principal ironia: a Razão e a Racionalidade de
um projeto futurista se converte em niilismo, hedonismo e violência. É o filme
“High-Rise” (2015), adaptação de obra do escritor J.G. Ballard de 1975 cujas
visões sobre o futuro são considerados por muitos como proféticas – a sociedade
corroída pelos seus principais males: a luta do homem contra si mesmo e de
todos contra todos.
domingo, agosto 14, 2016
Curta da Semana: "Getting Fat in a Healthy Way" - a Terra, a Lua e a obesidade
domingo, agosto 14, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em um universo alternativo a força gravitacional do planeta se
enfraqueceu devido a uma catástrofe geofísica envolvendo Terra-Lua. Quem tiver
menos de 120 quilos terá sérios problemas para levar uma vida normal – poderá sair flutuando e
se perder na atmosfera. Por isso a obesidade passa a ser valorizada e vira o
novo padrão de beleza. E se nesse mundo um homem magro se apaixonasse por uma
mulher obesa? O curta “Getting Fat in a Healthy Way” (2015) do búlgaro Kevork
Aslanyan coloca esse argumento sci-fi como pano de fundo para uma singela
história de amor que suscita uma discussão sobre os padrões de beleza: se são
relativos, por que se transformam em padrões ditatoriais?
sábado, agosto 13, 2016
Galvão Bueno: do patriotismo ao tautismo
sábado, agosto 13, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O locutor da Globo Galvão Bueno é o homem certo para o lugar certo. Os nadadores preparavam-se para a largada na piscina do Parque Olímpico da Rio 2016 quando a árbitra parou tudo. Em meio ao silêncio exigido para a concentração dos atletas alguém não parava de falar, alheio ao momento: era Galvão Bueno, que mereceu ao vivo uma reprimenda de um comentarista do canal inglês BBC: “o colega perto de mim precisa calar a boca”, disse. Bueno é o homem certo, com sua verborragia patriótica cultivada nos tempos dos bons resultados brasileiros no futebol e F1. Os bons resultados acabaram, mas o cacoete ficou. Agora tornou-se sintoma do tautismo (autismo + tautologia) crônico de uma emissora que de tão centrada nela mesma começa a contaminar seus jornalistas, apresentadores e artistas. Em muitos momentos o monopólio político e econômico da Globo parece fazer seus profissionais terem lapsos de memória sobre a existência de alguma coisa de real do outro lado dos muros da emissora.
quinta-feira, agosto 11, 2016
Série "Mr. Robot", segunda temporada: o labirinto PsicoGnóstico
quinta-feira, agosto 11, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A série “Mr. Robot” é fascinada por sistemas. Depois de mostrar a
virtualidade do sistema financeiro e a sua destruição por sistemas de
computadores na primeira temporada, agora a série mergulha no sistema
esquizofrênico do protagonista Elliot. Dos temas CosmoGnósticos, agora a série
aprofundará temas PsicoGnósticos: como o controle do Ego é uma ilusão – assim
como Tyler Durden libertou-se do psiquismo do protagonista em “Clube da Luta”,
da mesma forma Mr. Robot desafiará as ilusões dos medicamentos antidepressivos,
psicoterapias e todo o ideário da autoajuda.
terça-feira, agosto 09, 2016
Rebelião gnóstica e Hipótese Fox Mulder na série "Mr. Robot" - primeira temporada
terça-feira, agosto 09, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A série de TV “Mr. Robot” (2015-) de San Esmail é vista pela crítica como um mix
de “Matrix” com “Clube da Luta” onde a violência de socos e Kung Fu é
substituída pela cultura do cyber-ativismo hacker. Mas a série vai mais além.
Entra nos temas principais do gnosticismo sci-fi do escritor Philip K. Dick:
paranoia, amnésia, esquizofrenia e identidade em um sistema onde a mentira é a
base de toda a confiança: um sistema econômico onde débitos e dívidas se
sustentam na crença de que, apesar de toda a virtualidade das transações
financeiras, o dinheiro existe em algum lugar como base moral de todo o valor. E
tudo pode ser destruído da noite para o dia por hackers que pretendem salvar o
mundo através de linhas de programação. Como explicar essa mensagem de rebelião gnóstica em série de TV em uma grande rede dos EUA? Talvez
a chamada “Hipótese Fox Mulder” explique.
sábado, agosto 06, 2016
O professor sabe que vai ser demitido quando...
sábado, agosto 06, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Esse humilde blogueiro resolveu dar uma pequena contribuição à Antropologia Corporativa. No momento em que escolas e faculdades estão sendo
rapidamente adquiridas por grupos educacionais nacionais e internacionais,
oligopolizando o setor, a cultura organizacional escolar cada vez mais se
assemelha à cultura corporativa. Principalmente naqueles sinais que indicam que o professor vai ser demitido como um mal necessário na implantação das novas e
revolucionárias ferramentas organizacionais e educacionais trazidas por
messiânicos gestores e CEOs. Fique atento a esses sete sinais. Eles podem também
ser estendidos ao mundo corporativo em geral.
quinta-feira, agosto 04, 2016
Estranhas forças governam nossas vidas em "Harodim: Olhe Mais Perto"
quinta-feira, agosto 04, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Paul Finelli, roteirista que nunca teve uma obra adaptada por algum
estúdio de Hollywood, escreve em 2010 outro roteiro, dessa vez sobre a morte do
líder da Al-Qaeda Osama Bin Laden. Roteiro que tinha tudo para ser engavetado.
Até que, um ano depois, Paul Finelli assistiu perplexo na TV as imagens da
morte de Bin Landen por SEALs da Marinha dos EUA no Paquistão. A narrativa dos
eventos era quase um espelho do seu roteiro. A realidade imitando a ficção foi o
início da produção do filme “Harodim: Olhe Mais Perto” (2012), uma produção
austríaca do Terra Mater, estúdio que afinal se interessou pelo roteiro de
Finelli. O líder terrorista mais procurado do mundo é capturado e levado por um
ex-especialista em black-ops da Inteligência dos EUA para um lugar desconhecido
no metrô de Viena. Lá assistimos a uma hora e meia de interrogatório onde serão feitas aterrorizantes revelações sobre
fatos da história recente desde os atentados do 11 de setembro nos EUA. E que
há forças por trás da nossa vida ordinária que estão muito além do
livre-arbítrio. Filme sugerido pelo nosso leitor Romeu.
terça-feira, agosto 02, 2016
Globo promete cobertura tautista das Olimpíadas
terça-feira, agosto 02, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Metalinguagens e efeitos visuais tautológicos dominaram a cobertura do programa Fantástico do último domingo sobre as Olimpíadas
Rio 2016, com a
mesma estética apoteótica das transmissões do Carnaval, dando o tom geral da
cobertura da emissora. Mais do que mau gosto, é a evidência do “tautismo”
(autismo + tautologia) crônico da Globo nos anos recentes. Para uma emissora que se fechou em si mesma como reação à crise de audiência e a
concorrência das mídias de convergência, não existe mais mundo externo: as
Olimpíadas só acontecem no Rio para que a Globo possa transmiti-la. E o auge do tautismo é quando jornalistas começam a entrevistar outros jornalistas da
própria emissora. Para a Globo, a cobertura jornalística em si é mais
importante do que o próprio evento e os relatos das emoções de seus
apresentadores é mais dramático do que as dos próprios atletas.
segunda-feira, agosto 01, 2016
Curta da Semana: série "Bendito Machine" - relaxe, tudo está sob controle
segunda-feira, agosto 01, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
“Relaxe, tudo está sob controle” é o que sempre parecem nos dizer as
máquinas e as tecnologias. Por isso elas nos fascinam e nos gratificam a ponto
de se tornarem modernas religiões. É o que nos mostra a série com cinco curtas de
animação “Bendito Machine” (2006-2014). Produzida pelo estúdio espanhol
Zumbakamera, cada episódio apresenta máquinas que sempre parecem “defecar” pequenas
criaturas globulares com olhos que nos controlam por meio da oferta dos
prazeres da ambição e gula. Em tempos de apps virais como o Pokémon GO chegando
em terras brasileiras, assistir a essa série é obrigatório.
sábado, julho 30, 2016
Notícias de ataques inspiram "assassinos copycat"?
sábado, julho 30, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Diante da sequência de ataques ocorridos na Alemanha, o site da Deutsche
Welle (empresa de radiodifusão alemã) cogitou a possibilidade de o país estar
sofrendo uma sequência de “assassinatos copycat”, efeito de contágio
desencadeado por uma “fórmula dramatúrgica” através da qual a mídia vem
tratando diferentes eventos. Atentados terroristas genuínos e ataques de
assassinos solitários são descritos dentro de um mesmo script sensacionalista,
criando um gigantesco “efeito Heisenberg”: a mídia está cada vez mais cobrindo
a si mesma e os seus efeitos sobre as pessoas.
quinta-feira, julho 28, 2016
Carma, metalinguagem e Fernando Pessoa no filme "Zoom"
quinta-feira, julho 28, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
“Zoom” é uma expressão inglesa com um duplo significado: poder ser
“zunir” (“to zoom past” como “passar zunindo” ) ou a lente fotográfica que pode
aproximar ou afastar-se de um objeto cujo movimento de ajuste produz um
“zunido”. O filme “Zoom” (2015, Brasil-Canadá) de Pedro Morelli explora esse
duplo sentido do termo ao criar três universos meta-narrativos (literatura, HQ
e cinema) onde os protagonistas ignoram as existências paralelas, sem saber que
suas decisões se afetam mutuamente: uma desenhista faz uma HQ sobre um diretor
de cinema que faz um filme cuja protagonista escreve um romance sobre a
desenhista de HQ. Zoom explora o simbolismo carmico de “ouroboros”, a cobra que
come o próprio rabo. E o misticismo do silêncio do poeta português Fernando
Pessoa.
quarta-feira, julho 27, 2016
Mídia faz cortina de fumaça com debate "Escola Sem Partido"
quarta-feira, julho 27, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Doze anos depois do surgimento da proposta do “Escola Sem Partido”, o Senado lançou agora um projeto
de lei para incluir essa ideia nas diretrizes e bases da educação nacional. A
grande mídia deu espaço a essa notícia e tanto Esquerda quanto Direita morderam
a isca e se engalfinharam: mordaça para os professores? Retrocesso na educação?
Impedir que a esquerda doutrine alunos aproveitando-se da audiência cativa? Por
que só agora o projeto ganha expressão política e midiática? O debate coincide
com o momento da oligopolização do ensino por grupos educacionais estrangeiros
(turbinados por fundos de investimentos) e nacionais que não visam apenas a
mercantilização, mas a própria industrialização do ensino. A polêmica midiática
do “Escola Sem Partido” parece ser uma cortina de fumaça para esconder um
projeto industrial muito mais amplo com a importação de novas metodologias
educacionais (“ativas”, “educação por competências”) tomadas como um fim em si
mesmas onde o próprio professor desaparecerá junto com o seu ofício. Talvez no
futuro nem mais exista professor para ser amordaçado.
segunda-feira, julho 25, 2016
Curta da Semana: "We Together" - a memória involuntária dos zumbis
segunda-feira, julho 25, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Os
zumbis de George Romero se encontram com o vídeo-clip "Thriller" de Michael
Jackson fazendo uma exploração no psiquismo dos zumbis. Esse é o curta “We
Together” (2016) de Henry Kaplan. Uma música desperta em zumbis memórias
involuntárias, fazendo-os terem flash backs da antiga vida humana que ainda
podem ter de volta, desde que redescubram quem eles foram. Nada mais gnóstico:
os zumbis são tão alheios de si mesmos como nós. Este talvez seja o porquê do
fascínio atual pelos zumbis, um verdadeiro arquétipo contemporâneo.
domingo, julho 24, 2016
O evento-encenação da "célula amadora" dos terroristas de paintball
domingo, julho 24, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Saem
bolivarianos e comunistas e agora entram terroristas islâmicos. Sim! Nós também
temos terroristas. “Células amadoras” onde o batismo é feito através de webcam,
compram armas do Paraguai pela Internet e pretendem fazer “treinos de lutas
marciais” a poucos dias dos jogos olímpicos, suposto alvo dos intolerantes
religiosos. Isso quem disse foi Alexandre de Moraes, ministro da Justiça, em
uma coletiva convocada numa atmosfera de pompa e gravidade. Uma “investigação
sigilosa” que, ao mesmo tempo, pode ser divulgada à Imprensa. E a grande mídia
repercute com seus correspondentes no Exterior para que, definitivamente, esse
País seja levado à sério. Esse é mais um exemplar de uma longa história de
“eventos-encenação” (Umberto Eco) que começa com o casamento de Lady Di e Príncipe
Charles, passando pelos mísseis jogados no Sudão e Afeganistão por Bill Clinton
para desviar a atenção de um escândalo sexual em 1998 até essa desajeitada
estratégia do governo Temer repleta de contradições, timing e oportunismo, com
direito a foto de um “terrorista de paintball”.
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