sexta-feira, dezembro 09, 2016

A estranha "linguagem crepuscular" no acidente aéreo da Chapecoense


Assim como trágicos eventos como o Massacre do Colorado, o atentado à Maratona de Boston e os ataques na França, o acidente aéreo que vitimou o clube Chapecoense na Colômbia também está cercado de coincidências ou sincronismos envolvendo mídia, nomes e lugares. Momentos que antecedem trágicos eventos parecem sempre revelar coincidências envolvendo nomes, aniversários e simbolismos. Para o senso comum, não passariam de conexões causais aleatórias. Seria como se a realidade sofresse algum “espasmo” momentâneo antes da tragédia, para depois voltar ao “normal”. Para a chamada hipótese sincromística esses “espasmos” escondem uma rede  formada pelo inconsciente coletivo cuja dinâmica é baseada nas chamadas formas-pensamento e arquétipos. É a “linguagem crepuscular”, conhecida pelo budismo tibetano (por meio de mandalas, mantras etc.) e que no Ocidente pesquisadores em Sincromisticismo buscam estudá-la através da Onomatologia (estudos da origem dos nomes) e Toponímia (origem dos nomes dos lugares) procuram recorrências e padrões nos acontecimentos. O que a tragédia aérea do clube brasileiro poderia revelar?

Nos momentos que antecedem grandes eventos, tanto antes quanto depois, ocorrem estranhas coincidências como fossem pequenos espasmos da realidade, que depois retornam ao seu estado normal.

De repente nomes, sobrenomes, aniversários e demais coisas supérfluas passam estranhamente a se relacionar entre si. Esse efeito cascata de coincidências é um sintoma de que algo importante acontecerá.

Essa era a convicção do escritor norte-americano Norman Mailer expressa em livros como Existential Errands. Porém, a intuição de Mailer era muito mais do que uma convicção retórica ou literária.

Hoje, pesquisadores como Jake Kotze, Christopher Knowles e Loren Coleman denominam o estudo sobre esses “espasmos da realidade” como Sincromisticismo: a arte de apreender coincidências significativas naquilo que é aparentemente mundano, procurando perceber conexões causais entre eventos aparentemente aleatórios.

Estudar aquilo que chamam de “linguagem crepuscular” – guardando ao mesmo tempo diferenças e analogias com a simbologia secreta da “linguagem crepuscular” budista tibetana: mudras, mantras, mandalas etc., baseado na “espiritualidade dos números”, a numerologia.

Por isso, o Sincromisticismo inicia os estudos dessa linguagem crepuscular via onomatologia (estudo das origens dos nomes)  e a toponímia (estudo da origem dos nomes dos lugares).

Jung, mandalas e Sincromisticismo

Palavras são coisas


Há uma expressão oriental que diz que palavras e ideias são coisas. Dentro da hipótese sincromística o tecido da realidade seria composto por um texto invisível no qual todos os eventos estariam imersos. Uma rede formada por um inconsciente coletivo cuja dinâmica é baseada nas chamadas formas-pensamento e arquétipos.

No interior das interconexões (nós) que estruturam rede invisível as energias etéricas das formas-pensamento estariam sedimentadas em nomes, datas, personagens, narrativas ficcionais como mitos, filmes, arte pictórica etc. Essas “coisas” têm força para criar conexões causais (coincidências significativas ou “espasmos da realidade”) que estariam por trás de eventos trágicos como acidentes, massacres, atiradores, atentados – a princípio, apenas eventos trágicos de natureza sócio-psicológica. Estariam fora as catástrofes naturais, ligadas a causalidades geo-cósmicas.

E na sociedade atual imersa em um continuo midiático, as coincidências significativas envolvendo produtos de mídia, além das coincidências envolvendo pessoas interagindo com mídias, aumentam exponencialmente – pensar em uma canção e depois ligar o rádio do carro e ouvi-la, ter uma ideia e depois vê-la sendo discutida em um talk-show.


Exemplos envolvendo coincidências significativas midiáticas com grandes eventos não faltam: a animação Family Guy cujo episódio “Turban Cowboy” teria “previsto” o atentado na Maratona de Boston em 2013 (clique aqui); o filme Bastille Day, que estrearia nos cinemas franceses cujo plot era uma ação para conter atentados no feriado do Dia da Bastilha no mesmo dia do ataque desse ano em Nice (clique aqui); episódios da série Os Simpsons que, novamente, teria previsto a ascensão de Donald Trump à presidência (clique aqui); o filme Super Mario Bros de 1993 e os atentados ao WTC em 2001 (clique aqui).

Sincronismo na tragédia da Chapecoense


Como não poderia deixar de ser, o trágico acidente aéreo com a delegação da Chapecoense e jornalistas, matando 71 pessoas, também começa a ficar cercado por coincidências significativas envolvendo nomes, TV e filme.

Assim como ocorreram com outros eventos trágicos como o Massacre do Colorado (a semelhança entre uma HQ de Frank Miller e a ação do atirador em um cinema), o chamado “maníaco do shopping” em São Paulo e o filme O Clube da Luta ou exercícios de ataques múltiplos envolvendo paramédicos e policiais noticiados pela Radio France no mesmo dia dos ataques à casa de shows Bataclan em paris, também na tragédia da Chapecoense começam a vir à tona estranhos sincronismos:


(a) O filme “Voo de Emergência”


 Menos de uma hora antes do acidente aéreo na Colômbia, a TV Globo terminava a exibição do filme Voo de Emergência (Ekipazh, 2016). O filme é uma produção russa  no qual o protagonista (Alexey) é um jovem talentoso piloto da Força Aérea, expulso por problemas de cumprimento de ordens. Depois, em uma companhia aérea de passageiros, mais casos de insubordinação. Porém, devido ao seu talento, Alexey é mantido.

Em um voo recebe a mensagem de um terremoto e decide ir ao epicentro do desastre para resgatar as pessoas antes da esperada erupção de um vulcão. Juntos, dois pilotos escapam da região em dois aviões. Porém, um deles não tem combustível suficiente, obrigando a tripulação a uma manobra arriscada de transferir pessoas de um avião para outro em pleno voo...

O plot do filme e da vida pessoal do piloto da LaMia Miguel Quiroga são estranhamente sincrônicas. O piloto boliviano também deixou a Força Aérea daquele país e envolveu-se em caso de insubordinação, razão pela qual possuía prisão decretada pela Justiça do país. Quiroga deveria cumprir anos de serviço na Força Aérea pelos anos de investimento do Governo na sua formação. Mas Quiroga saiu para trabalhar na empresa privada LaMia.

Isso sem falar na narrativa da falta de combustível em pleno voo no filme e no acidente real na Colômbia.

Porém, o problema desse tipo de análise é que podem cair facilmente em teorias conspiratórias: se a Globo inclusive foi capaz de “prever” o resultado do sorteio do mando dos jogos da final da Copa do Brasil (clique aqui), a “Globo illuminati”, dona do futebol brasileiro, colocou no ar um teaser para a sua posterior cobertura extensiva do acidente? Suspeitas como essa já pululam na Internet.


b) Onomatologia da LaMia


Agora, indo para a onomatologia. O nome da companhia LaMia – Línea Aérea Merideña Internacional de Aviación. Empresa do acidente tem nome do demônio?

Na verdade Lamia é um verdadeiro arquétipo presente nas mais diversas culturas e tradições mitológicas. As origens desse ser fantástico está no antigo texto literário mesopotâmico Gilgamesh de 2000 AC. sob a denominação “Lilith” – uma espécie de mulher pássaro com patas e garras. Mais adiantes, assírios e babilônicos traduziram o mito como um demônio alado. Já na cultura hebraica, Lilith foi representada como espírito noturno ou demônio feminino.

Essa ideia se estenderia até a Grécia, assumindo o nome de Lamia. Na mitologia grega, era uma rainha da Líbia que se tornou devoradora de crianças. Dessa história mitológica surgiram as “lâmias”, tipos de monstros ou espíritos femininos que atacavam jovens e viajantes para lhes sugar o sangue.

Neste aspecto, as lâmias seriam os antecessores dos súcubos da Idade Média e da moderna mitologia das vampiras. Até chegar à mulher fatal hollywoodiana.

Combinação explosiva entre uma fatal mitologia feminina, seres fantásticos alados e um avião carregado de jogadores de um esporte eminentemente masculino?


c) Toponomia: “Cerro Gordo”


 Agora vamos explorar a toponomia. “Cerro Gordo”. Esse foi a localidade da queda do avião, no município de La Unión, vizinho da cidade de Medellin. O nome desse local na Colômbia é notabilizado por um incidente histórico bem longe dali, perto de Xalapa, México. Tornou-se o nome de uma sangrenta batalha travada em 1847 entre exércitos do México e EUA na chamada Guerra Mexicano-Americana. Mais de 1.000 homens morreram.

Essa batalha também é conhecida pelos historiadores como “Batalha das Temópilas do Ocidentes”, pelo uso do exército norte-americano da mesma tática de ocupação do campo de batalha usado pelos persas para derrotar os gregos na antiguidade – veja DUPY & DUPY, The Encyclopedia of Military History,.Harper and Row Publishers, 1970.

O que nos leva às mitologias gregas e persas que compartilhavam da mitologia em torno das “lâmias”.

Do Sincromisticismo à Parapolítica


Depois dessa rápida digressão sobre Sincromisticismo, o leitor poderia fazer uma pergunta: até aqui associamos “coincidências significativas” com atentados, acidentes, massacres e outros eventos negativos. Eventos sincrônicos poderiam produzir fatos benéficos, altruístas e progressistas como a paz, prosperidade ou esperanças? 

Em postagem anterior já respondemos a essa questão, mas vamos repetir: o Universo é caos e entropia porque regido pela lei da seta do tempo. Portanto, em um mundo físico, tudo tende para a desordem, morte e destruição. Infelizmente, para esse cosmos físico, a dinâmica das formas-pensamento é a do esgotamento e dispersão das energias astrais que, nesse plano, esgotam-se em eventos nada agradáveis. Tendem apenas a confirmar a natureza entrópica desse universo.
Filme "Pi" (1998) de Darren Aronofsky - Parapolítica e Sincronicidade

Tudo isso pode parecer para o leitor fantástico, imaginário e conspiratório demais. E é! Na atual cultura New Age e de auto-ajuda, muitos lidam com fragmentos desse conhecimento antigo e hermético: numerologia, simbolismo dos nomes próprios, etc. Apenas que restrito ao consumo pessoal na busca de prosperidade e realizações.

Porém, grupos tentam manipular de forma consciente essa rede invisível de símbolos, arquétipos e eventos sincrônicos naquilo que poderíamos denominar como Parapolítica - ( de “para” – “junto a”, “a margem de”): partindo do Princípio da Correspondência esotérico (“o que está em cima é como está embaixo, e o que está embaixo é como está em cima”) a Política deixaria de ser vista apenas como uma atividade unidimensional terrena para ser um campo de lutas de mútuas influências entre os mundos etérico e físico.

Um exemplo desse tema no cinema, que certamente beira às teorias da conspiração, é o filme PI (1998) de Darren Aronofsky: um gênio da matemática recluso descobre uma sequência numérica em torno de 200 números que seria o modelo de causalidade universal para todos os fenômenos. Ele descobriu o próprio nome sagrado de Deus traduzido em números – sobre o filme clique aqui.

A partir de então passa a ser perseguido por empresas de corretagem das finanças de Wall Street e por um grupo de rabinos. Aquele que tivesse essa chave universal em mãos com a qual todos os acontecimentos poderiam ser probabilisticamente antecipados, certamente teria poder político, financeiro e religioso.

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