Assim como trágicos eventos como o Massacre
do Colorado, o atentado à Maratona de Boston e os ataques na França, o acidente
aéreo que vitimou o clube Chapecoense na Colômbia também está cercado de
coincidências ou sincronismos envolvendo mídia, nomes e lugares. Momentos que
antecedem trágicos eventos parecem sempre revelar coincidências envolvendo
nomes, aniversários e simbolismos. Para o senso comum, não passariam de conexões
causais aleatórias. Seria como se a realidade sofresse algum “espasmo”
momentâneo antes da tragédia, para depois voltar ao “normal”. Para a chamada
hipótese sincromística esses “espasmos” escondem uma rede formada pelo inconsciente coletivo cuja
dinâmica é baseada nas chamadas formas-pensamento e arquétipos. É a “linguagem
crepuscular”, conhecida pelo budismo tibetano (por meio de mandalas, mantras
etc.) e que no Ocidente pesquisadores em Sincromisticismo buscam estudá-la através
da Onomatologia (estudos da origem dos nomes) e Toponímia (origem dos nomes dos
lugares) procuram recorrências e padrões nos acontecimentos. O que a tragédia
aérea do clube brasileiro poderia revelar?
Nos momentos que antecedem grandes eventos,
tanto antes quanto depois, ocorrem estranhas coincidências como fossem pequenos
espasmos da realidade, que depois retornam ao seu estado normal.
De repente nomes, sobrenomes, aniversários e
demais coisas supérfluas passam estranhamente a se relacionar entre si. Esse
efeito cascata de coincidências é um sintoma de que algo importante acontecerá.
Essa era a convicção do escritor norte-americano
Norman Mailer expressa em livros como Existential
Errands. Porém, a intuição de Mailer era muito mais do que uma convicção
retórica ou literária.
Hoje, pesquisadores como Jake Kotze,
Christopher Knowles e Loren Coleman denominam o estudo sobre esses “espasmos da
realidade” como Sincromisticismo: a arte de apreender coincidências
significativas naquilo que é aparentemente mundano, procurando perceber
conexões causais entre eventos aparentemente aleatórios.
Estudar aquilo que chamam de “linguagem crepuscular”
– guardando ao mesmo tempo diferenças e analogias com a simbologia secreta da “linguagem
crepuscular” budista tibetana: mudras, mantras, mandalas etc., baseado na “espiritualidade
dos números”, a numerologia.
Por isso, o Sincromisticismo inicia os
estudos dessa linguagem crepuscular via onomatologia (estudo das origens dos
nomes) e a toponímia (estudo da origem
dos nomes dos lugares).
Jung, mandalas e Sincromisticismo |
Palavras são coisas
Há uma expressão oriental que diz que
palavras e ideias são coisas. Dentro da hipótese sincromística o tecido da
realidade seria composto por um texto invisível no qual todos os eventos
estariam imersos. Uma rede formada por um inconsciente coletivo cuja dinâmica é
baseada nas chamadas formas-pensamento e arquétipos.
No interior das interconexões (nós) que
estruturam rede invisível as energias etéricas das formas-pensamento estariam sedimentadas
em nomes, datas, personagens, narrativas ficcionais como mitos, filmes, arte
pictórica etc. Essas “coisas” têm força para criar conexões causais (coincidências
significativas ou “espasmos da realidade”) que estariam por trás de eventos
trágicos como acidentes, massacres, atiradores, atentados – a princípio, apenas
eventos trágicos de natureza sócio-psicológica. Estariam fora as catástrofes
naturais, ligadas a causalidades geo-cósmicas.
E na sociedade atual imersa em um continuo
midiático, as coincidências significativas envolvendo produtos de mídia, além
das coincidências envolvendo pessoas interagindo com mídias, aumentam
exponencialmente – pensar em uma canção e depois ligar o rádio do carro e
ouvi-la, ter uma ideia e depois vê-la sendo discutida em um talk-show.
Exemplos envolvendo coincidências
significativas midiáticas com grandes eventos não faltam: a animação Family Guy cujo episódio “Turban Cowboy”
teria “previsto” o atentado na Maratona de Boston em 2013 (clique aqui); o filme Bastille Day, que estrearia nos cinemas
franceses cujo plot era uma ação para
conter atentados no feriado do Dia da Bastilha no mesmo dia do ataque desse ano
em Nice (clique aqui); episódios da série Os Simpsons que, novamente, teria
previsto a ascensão de Donald Trump à presidência (clique aqui); o filme Super Mario Bros de 1993 e os atentados
ao WTC em 2001 (clique aqui).
Sincronismo na tragédia da Chapecoense
Como não poderia deixar de ser, o trágico
acidente aéreo com a delegação da Chapecoense e jornalistas, matando 71
pessoas, também começa a ficar cercado por coincidências significativas
envolvendo nomes, TV e filme.
Assim como ocorreram com outros eventos
trágicos como o Massacre do Colorado (a semelhança entre uma HQ de Frank Miller
e a ação do atirador em um cinema), o chamado “maníaco do shopping” em São
Paulo e o filme O Clube da Luta ou
exercícios de ataques múltiplos envolvendo paramédicos e policiais noticiados
pela Radio France no mesmo dia dos ataques à casa de shows Bataclan em paris,
também na tragédia da Chapecoense começam a vir à tona estranhos sincronismos:
(a) O filme “Voo de Emergência”
Menos
de uma hora antes do acidente aéreo na Colômbia, a TV Globo terminava a
exibição do filme Voo de Emergência (Ekipazh, 2016). O filme é uma produção
russa no qual o protagonista (Alexey) é
um jovem talentoso piloto da Força Aérea, expulso por problemas de cumprimento
de ordens. Depois, em uma companhia aérea de passageiros, mais casos de
insubordinação. Porém, devido ao seu talento, Alexey é mantido.
Em um voo recebe a mensagem de um terremoto e
decide ir ao epicentro do desastre para resgatar as pessoas antes da esperada
erupção de um vulcão. Juntos, dois pilotos escapam da região em dois aviões.
Porém, um deles não tem combustível suficiente, obrigando a tripulação a uma
manobra arriscada de transferir pessoas de um avião para outro em pleno voo...
O plot
do filme e da vida pessoal do piloto da LaMia Miguel Quiroga são estranhamente
sincrônicas. O piloto boliviano também deixou a Força Aérea daquele país e
envolveu-se em caso de insubordinação, razão pela qual possuía prisão decretada
pela Justiça do país. Quiroga deveria cumprir anos de serviço na Força Aérea
pelos anos de investimento do Governo na sua formação. Mas Quiroga saiu para
trabalhar na empresa privada LaMia.
Isso sem falar na narrativa da falta de
combustível em pleno voo no filme e no acidente real na Colômbia.
Porém, o problema desse tipo de análise é que
podem cair facilmente em teorias conspiratórias: se a Globo inclusive foi capaz
de “prever” o resultado do sorteio do mando dos jogos da final da Copa do
Brasil (clique aqui), a “Globo illuminati”, dona do futebol brasileiro, colocou
no ar um teaser para a sua posterior cobertura extensiva do acidente? Suspeitas
como essa já pululam na Internet.
b) Onomatologia da LaMia
Agora, indo para a onomatologia. O nome da companhia LaMia – Línea Aérea Merideña
Internacional de Aviación. Empresa do acidente tem nome do demônio?
Na verdade Lamia é um verdadeiro arquétipo
presente nas mais diversas culturas e tradições mitológicas. As origens desse
ser fantástico está no antigo texto literário mesopotâmico Gilgamesh de 2000
AC. sob a denominação “Lilith” – uma espécie de mulher pássaro com patas e
garras. Mais adiantes, assírios e babilônicos traduziram o mito como um demônio
alado. Já na cultura hebraica, Lilith foi representada como espírito noturno ou
demônio feminino.
Essa ideia se estenderia até a Grécia,
assumindo o nome de Lamia. Na mitologia grega, era uma rainha da Líbia que se
tornou devoradora de crianças. Dessa história mitológica surgiram as “lâmias”,
tipos de monstros ou espíritos femininos que atacavam jovens e viajantes para
lhes sugar o sangue.
Neste aspecto, as lâmias seriam os
antecessores dos súcubos da Idade Média e da moderna mitologia das vampiras.
Até chegar à mulher fatal hollywoodiana.
Combinação explosiva entre uma fatal
mitologia feminina, seres fantásticos alados e um avião carregado de jogadores
de um esporte eminentemente masculino?
c) Toponomia: “Cerro Gordo”
Agora
vamos explorar a toponomia. “Cerro
Gordo”. Esse foi a localidade da queda do avião, no município de La Unión,
vizinho da cidade de Medellin. O nome desse local na Colômbia é notabilizado
por um incidente histórico bem longe dali, perto de Xalapa, México. Tornou-se o
nome de uma sangrenta batalha travada em 1847 entre exércitos do México e EUA
na chamada Guerra Mexicano-Americana. Mais de 1.000 homens morreram.
Essa batalha também é conhecida pelos
historiadores como “Batalha das Temópilas do Ocidentes”, pelo uso do exército
norte-americano da mesma tática de ocupação do campo de batalha usado pelos
persas para derrotar os gregos na antiguidade – veja DUPY & DUPY, The Encyclopedia of Military History,.Harper
and Row Publishers, 1970.
O que nos leva às mitologias gregas e persas
que compartilhavam da mitologia em torno das “lâmias”.
Do Sincromisticismo à Parapolítica
Depois dessa rápida digressão sobre
Sincromisticismo, o leitor poderia fazer uma pergunta: até aqui associamos
“coincidências significativas” com atentados, acidentes, massacres e outros
eventos negativos. Eventos sincrônicos poderiam produzir fatos benéficos, altruístas e
progressistas como a paz, prosperidade ou esperanças?
Em postagem anterior já
respondemos a essa questão, mas vamos repetir: o Universo é caos e entropia
porque regido pela lei da seta do tempo. Portanto, em um mundo físico, tudo
tende para a desordem, morte e destruição. Infelizmente, para esse cosmos
físico, a dinâmica das formas-pensamento é a do esgotamento e dispersão das
energias astrais que, nesse plano, esgotam-se em eventos nada agradáveis.
Tendem apenas a confirmar a natureza entrópica desse universo.
Filme "Pi" (1998) de Darren Aronofsky - Parapolítica e Sincronicidade |
Tudo isso pode parecer para o
leitor fantástico, imaginário e conspiratório demais. E é! Na atual cultura
New Age e de auto-ajuda, muitos lidam com fragmentos desse conhecimento antigo
e hermético: numerologia, simbolismo dos nomes próprios, etc. Apenas que
restrito ao consumo pessoal na busca de prosperidade e realizações.
Porém, grupos tentam
manipular de forma consciente essa rede invisível de símbolos, arquétipos e
eventos sincrônicos naquilo que poderíamos denominar como Parapolítica - ( de
“para” – “junto a”, “a margem de”): partindo do Princípio da Correspondência
esotérico (“o que está em cima é como está embaixo, e o que está embaixo é como
está em cima”) a Política deixaria de ser vista apenas como uma atividade
unidimensional terrena para ser um campo de lutas de mútuas influências entre
os mundos etérico e físico.
Um exemplo desse tema no
cinema, que certamente beira às teorias da conspiração, é o filme PI (1998) de Darren Aronofsky: um gênio
da matemática recluso descobre uma sequência numérica em torno de 200 números
que seria o modelo de causalidade universal para todos os fenômenos. Ele
descobriu o próprio nome sagrado de Deus traduzido em números – sobre o filme clique aqui.
A partir de então passa a ser
perseguido por empresas de corretagem das finanças de Wall Street e por um
grupo de rabinos. Aquele que tivesse essa chave universal em mãos com a qual
todos os acontecimentos poderiam ser probabilisticamente antecipados,
certamente teria poder político, financeiro e religioso.
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