A resposta veio rápida. Depois da entrevista que Lula concedeu a uma “colonista” da Globo News criticando a necessidade da autonomia do Banco Central, o dia seguinte foi ocupado por sabujos do jornalismo corporativo espumando de ódio nos canais de notícia. E o jornal Folha de São Paulo estampando na primeira página uma fotomontagem sugerindo que Lula sofria um tiro certeiro no coração, por trás de um vidro estilhaçado. “Estamos dando uma ideia, quem se habilita?”, parece sugerir com a foto posicionada ao lado da manchete principal ambígua. Na verdade uma notícia requentada para turbinar a escalada da tensão entre Governo e Forças Armadas. A fotógrafa Gabriela Biló fez uma fotomontagem. Mas a Folha a usou como fosse fotojornalismo para construir uma bomba semiótica metonímica: texto + imagem = terceiro significado. A bomba semiótica explode num contexto em que a grande mídia tem que buscar solução para duas questões: (a) esconder as psyOps das Forças Armadas debaixo da espuma midiática das investigações sobre a invasão de Brasília; (b) desvencilhar-se da mais-valia semiótica de Lula pós-invasão: a agenda de Estado.