As paredes são testemunhas das nossas mágoas, ressentimentos, ódio e paixões. Absorvem suas energias, fazendo ambientes vibrarem chegando a criar o fenômeno das casas mal-assombradas. Espiritualistas e esotéricos creem nesse fenômeno que seria mais natural do que coisa do outro mundo. E o cinema também. A produção australiana “Relic” (2020) mostra três gerações de mulheres enfrentando manifestações de demência da avó, viúva solitária em um casarão repleto de objetos que representam as memórias de uma vida inteira. Ou será que há algo além, assombrando a todos? Mais do que um filme de terror, “Relic” tematiza a condição dos idosos numa sociedade de obsolescência programada – a sociedade que perdeu o “elo geracional”: numa cultura na qual a novidade e a juventude são mais importantes do que a sabedoria e o conhecimento, o passado e as memórias se tornam aterrorizantes. Filme sugerido pelo nosso colaborador Felipe Resende.