sábado, setembro 17, 2011

Somos Todos Viajantes, Detetives e Estrangeiros

Las Vegas, Área 51 e a Bomba Atômica foram eventos inaugurais da cultura pop irradiada pela indústria do entretenimento para todo o mundo. Emoldurados pela mítica paisagem desolada do deserto de Nevada, foram fatos simbólicos que se transformaram no centro espiritual da cultura contemporânea por representtarem os três protagonistas que melhor expressam a condição humana: o viajante, o detetive e o estrangeiro.&nbs...

sábado, setembro 10, 2011

Filme "2012": Uma Odisséia New Age

A reccorrência atual de filmes-catástrofes aponta para uma necessidade ideológica que Hollywood tenta dar conta: com a perda da legitimidade espiritual das principais religiões monoteístas, surge a necessidade de uma nova teologia, dessa vez ecumênica: a New Age. Só falta criar uma nova Escatologia: o apocalipse, seja ele ecológico ou galático. Perguntado sobre a sua relação recorrente com o tema do fim do mundo, o diretor Roland Emmerich respondeu: “é um caso de amor”. Diretor do filme “2012” e de outros filmes catástrofes como “Independence Day” (1996) e “O Dia Depois de Amanhã” (2004), Emmerich afirmou que o projeto do filme “2012” começou com uma ideia do dilúvio global ao fazer uma releitura do drama bíblico da Arca de Noé. Conta...

segunda-feira, setembro 05, 2011

Uma História do "Cinema Esquizo"

Como já refletiu pensadores gnósticos como Valentim, a paranoia e esquizofrenia podem ou arrastar o indivíduo à insanidade ou a um estado alterado consciência que abra espaço para a gnose. Percebe-se na história do "cinema esquizoide" essa mesma dualidade entre os ápices onde Hollywood permite a produção de filmes esquizofrenicamente perturbadores e subversivos e "filmes de recuperação", verdadeiros neurolépticos onde a paranoia é confinada nos limites racionalizantes do mercado. Desde a transmissão radiofônica de “Guerra dos Mundos” de Orson Wells, pela rádio CBS em 1938, que levou pânico à Nova York e costa leste americana pelo temor de uma invasão marciana, a paranoia emerge na cultura midiática norte-americana: quantas vezes a cidade...

sábado, setembro 03, 2011

Felicidade Demais Incomoda o Público

O fascinante no filme é a tensão entre a fantasia liberada e o restabelecimento da ordem. Sonhos, desejos e loucuras proibidas,são desenvolvidos nos produtos de entretenimento, mas vão até certo ponto para não incomodar a feliz adapatação do público à realidade. Felicidade e "happy ends" são neutralizados para que não coloquem em xeque o princípio de realidade do espectador “A visão gnóstica não é inimiga de teóricos sociais como Adorno e seus seguidores. É uma aliada na grande revolução contra os demiurgos do mundo corporativo, gananciosos fornecedores de opressivas abstrações e mercadorias alucinatórias. Esta espécie de cinema é um borrão cinético que bloqueia a circulação de coisas”[1] Em postagem anterior discutíamos o domínio...

sexta-feira, setembro 02, 2011

O Fetichismo da Liquidez

“Que coisa triste”, diz a música daquele comercial de um cartão de débito referindo-se a pessoas que teimam em portar papel moeda. Acompanhamos o esforço midiático diário por meio da publicidade e filmes em glamourizar o dinheiro na sua forma líquida, fluida e atemporal: crédito, transações eletrônicas, dinheiro contratual etc. É o fetichismo da liquidez, forma imaginária de ocultar os mecanismos ficcionais de financeirização da sociedade, baseados unicamente na fé e no valor moral do dinheiro e do trabalho. Se Karl Marx na sua obra máxima “O Capital” mostrou que o capitalismo e o mercado se instituíram sobre as formas imaginárias do Fetichismo da Mercadoria e o do Dinheiro, agora diante da financeirização da sociedade faz-se necessária uma...

domingo, agosto 28, 2011

Classes Médias exigem Cinema com Ficção "Realista"

As classes médias apresentam curiosas formações reativas diante de filmes cuja narrativa seja “non sense”, absurda e inverossímel: impaciência, estranheza e até agressividade. A demanda por narrativas realistas na história do cinema coincide com a entrada das classes médias na atual fase industrial e monopolista do meio. Filmes como “Quero ser John Malkovich” são herdeiros do primeiro cinema (do ilusionismo de Méliès ao “slapstick” americano) que as classes médias rejeitaram por ameaçar a estabilidade psíquica necessária para a integração pragmática a um sistema altamente competitivo. Em uma aula da disciplina de Teoria da Comunicação na Universidade Anhembi Morumbi apresentava aos alunos as principais teses da Escola de Frankfurt, principalmente...

quarta-feira, agosto 24, 2011

Filmes que Escaneiam a Mente e a Nova Engenharia Social

Filmes e jogos controlados diretamente pelas ondas cerebrais do usuário através da nova plataforma de mídia interativa "Myndplay". A realidade supera a ficção: enquanto você se diverte um scanner realiza uma cartografia mental para que o usuário faça o controle das suas própria emoções. Forma de engenharia social onde comportamentos e atitudes desejáveis para Organizações e Indústria do entretenimento serão reforçados através da intervenção direta em determinadas regiões do cérebro . O cientista político canadense Arthur Kroker conta uma irônica experiência em ciber-sexo de um jovem hacker americano em Berlin.  Ele e um colega francês criaram um traje especial para o corpo imergir numa experiência de sexo à distância. Uma perfeita máquina...

sábado, agosto 20, 2011

A Guinada Metafísica de Hollywood

Hollywood vem experimentando uma guinada metafísica nos últimos anos. Filmes como "Show de Truman", "Mera Coincidência", "O Quarto Poder", "Matrix", "Vanilla Sky" até o recente "A Origem", vêm apontado para uma tendência de auto-reflexão ao tomar a própria mídia e as novas tecnologias como tema, porém num sentido metafísico: e se considerarmos que a própria realidade está deixando de existir como tal? O que chamamos de realidade já teria se reduzido a uma fina interface gerada pela presença das mídias e tecnologias que a observam. Por que este tema do colapso das fronteiras entre essência e aparência, realidade e simulacro torna-se recorrente em Hollywood?  Boris Groys (filósofo e crítico de arte alemão) acredita que o cinema mainstream...

sexta-feira, agosto 19, 2011

A Ilusão do Fim e a Presunção da Catástrofe

"Os mercados estão derretendo", "fim", "abismo". A lógica midiática da “presunção da catástrofe” é a nova aliada do chamado “capitalismo cassino” para deliberadamente acelerar as oscilações dos mercados como instrumento de criação de novas oportunidades de ganhos especulativos. Até o velho Marx é chamado para decretar o apocalipse. Mas esquecem que ele tem um conceito muito mais radical para denunciar essa ilusão midiática do fim: o "Fetichismo da Mercadoria". Nesta semana encontrei com um amigo que trabalha no mercado financeiro com títulos de agronegócios. Aproveitando a pauta atual da crise financeira global, não poderia deixar de lhe perguntar sobre como estava convivendo com a perspectiva do “derretimento” dos mercados. “Para mim,...

quinta-feira, agosto 11, 2011

A Ilusão do Discurso da Ética

Punir os excessos do mal, mas não eliminar a causa. Esse é o destino da Ética no discurso pós-moderno repleto de palavras mágicas como "responsabilidade", "transparência", "sinceridade" etc. De ciência da moral que buscava as bases racionais da Verdade e do Bem, hoje a Ética é absorvida pelo subjetivismo, relativismo e fragmentação. Talvez seja o motivo pelo qual a permissividade da sociedade de consumo convive com o espírito da vigilância hiper-moralista. Se há uma coisa que o Gnosticismo enquanto método de análise de uma realidade (seja cinematográfica - como no caso desse blog - seja política ou econômica) nos ensina é saber diferenciar entre uma análise ontológica e uma análise moralista. Toda análise moralista pretende combater os excessos...

sábado, agosto 06, 2011

O Herói Alquímico no filme "Sinédoque, Nova York"

O filme "Sinédoque, Nova York" aprofunda ainda mais a simbologia gnóstica e alquímica dos trabalhos anteriores de Charlie Kaufman como roteirista. Narra a jornada do herói que busca a individuação numa cultura marcada pelo medo do anonimato e da insignificância do gesto individual. Através de uma verdadeira jornada alquímica de transformação busca a verdade numa sociedade inautêntica. “Sinédoque, Nova York” é o primeiro filme como diretor de Charlie Kaufmann, roteirista de filmes anteriores como “Quero ser John Malkovich”(Being John Malkovich, 1999), “Adaptação” (Adaptation, 2002) e “Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças”(Eternal Sunshine of the Spotless Mind, 2004). Tal como nesses filmes extravagantemente conceituais, aqui, como...

quinta-feira, agosto 04, 2011

A Celebração da Velocidade e a Politização do Tempo

Ironicamente a nosso indignação moral diante das mortes no trânsito corresponde à moralização que a cultura atual faz da velocidade: ser veloz é moralmente bom, como nos informa diariamente o discurso publicitário de produtos e marcas. Através da moralização da velocidade e da glamorização da lei do menor esforço, a obsessão pelo "maior é melhor" é substituída pela compulsão do "mais rápido é melhor“. “Quicklube”, “Quick Cash”, “American Express”, “Federal Express”, “Mach 3”, “Slimfast”, “Speedo”, “Speed Dial”, “Instant Credit”. “Entregamos em 20 minutos ou você não precisa pagar por ele”. “Você precisa agir AGORA!”. “Você será aprovado em menos de 2 minutos”. “Corra! Restam alguns dias. Acabarão muito em breve!” Sob esse regime da velocidade...

quinta-feira, julho 28, 2011

A Perfeita Cantora de Sucesso: Espontaneidade na Indústria do Entretenimento

Para além do moralismo que predomina nesses momentos, passada a comoção da morte precoce da cantora Amy Winehouse é hora de fazer uma análise da própria estrutura do entretenimento na cultura contemporânea. Uma estrutura cuja dinâmica é a de transformar as perversões privadas em virtudes públicas como fórmula do perfeito cantor de sucesso: aquele que nos faz esquecer de que, afinal, o entretenimento é uma relação mercantil. A indústria do entretenimento parece ter um memorial padrão guardado para todos os artistas pop de sucesso. A cada morte, repetem-se os mesmos discursos resultantes da combinação de dois “plots” básicos: (a) o artista foi vítima de um “mal”, (dependência química, vida de excessos, desequilíbrio psíquico, personalidade angustiada)...

terça-feira, julho 26, 2011

Uma Série de Cadáveres Cobre a Estrada das Invenções: o filme "O Homem do Terno Branco"

Entre a narrativa tragicômica do cientista ingênuo e idealista do filme ingles "O Homem do Terno Branco" ("The Man in the White Suit, 1951) e a tragédia real do inventor da Frequência Modulada, Edwin Armstrong, encontramos dois paralelos: a orientação alquímica de um inventor perdido em meio ao capitalismo cartelizado e a "commoditização" da Ciência. O inventor do motor a explosão, Rudolph Diesel, desapareceu a bordo de um navio no mar do Norte em uma noite calma. O inventor da frequência modulada (FM), Edwin Armstrong, se jogou da janela do décimo terceiro andar de um edifício em Manhattan em 1954. O inventor do náilon, Wallace Hume Carothers, também se suicidou. Uma série de cadáveres cobre a estrada das invenções. Quando esse assunto é debatido...

sábado, julho 23, 2011

Indústria do Entretenimento Não Consegue Assimilar M.C. Escher

Ao contrário das vanguardas artísticas que foram facilmente assimiladas pela estética videoclipe e publicitária, as imagens de Escher ainda causam estranheza. A indústria do entretenimento tenta enquadrá-las como curiosidades visuais expostas em instalações que mais lembram as "casas malucas" dos parques de diversões. O cinema talvez tenha sido o campo que melhor compreendeu a natureza recursiva das suas imagens. Certa vez indagado se poderia dar uma definição para sua obra, Escher respondeu: “Eu busco mistérios. Sempre os jovens me perguntam se eu faço Op Art. Não sei o que é isso, Op Art. Esse é o trabalho que venho fazendo há 30 anos”. Definitivamente, a obra do artista gráfico holandês Maurits Cornelius Escher (1898 – 1972) não é de...

domingo, julho 17, 2011

O Conto "Neblina Sobre Xebico": Espiritualismo e Horror no Início da Era da informação

O conto "Neblina Sobre Xebico" (Night Wire), publicado pela primeira vez 1926 na revista "Weird Tales", tornou-se um clássico das "pulp fictions" sci fi e horror por expressar o imaginário subterrâneo da época do início da Era da Informação: o mix gótico entre espiritualismo e novas tecnologias da informação baseadas na eletricidade e eletromagnetismo. Do seu autor H. F. Arnold pouco se sabe a não ser de ter sido escritor e jornalista e de ter se tornado mais um dos autores perdidos ou esquecidos no campo da literatura fantástica. Reproduzimos abaixo o conto “Night Wire” de H. F. Arnold. Originalmente foi publicado em 1926 pela revista “Weird Tales”. No Brasil, esse conto apareceu na edição 14 de outubro de 1973 da revista “Planeta” sob...

sexta-feira, julho 15, 2011

O canal Discovery Kids quer formar "Jornalistas de Boas Notícias"

Qual a solução para os graves problemas do mundo noticiados pelas mídias? Jornalistas que deem apenas boas notícias. Por trás dessa pueril solução desenvolvida pela narrativa de um episódio da série “O Esconderijo Secreto”, estão não somente as más lembranças sobre o destino dos telejornais em períodos de ditaduras mas, também, da forma como a infância e o próprio jornalismo são apresentados pela atual  indústria do entretenimento. Julho é mês de férias escolares e, com os filhos em casa, não tem como os pais não prestarem atenção aos canais infantis na TV. Em um dia desses, minha atenção foi despertada para um episódio da série “O Esconderijo Secreto”, programetes de dois minutos de duração exibidos nos intervalos publicitários do canal...

quarta-feira, julho 13, 2011

Os Cenários em Ruínas de Hans Donner e da TV Globo

O retrofuturismo da nova empreitada artístico-decorativa do designer Hans Donner aponta para duas evidências: primeiro, a arquitetura e decoração cada vez mais se transformam em cenografia e, segundo, a decadência da própria TV Globo que ficou velha e kitsch com os seus cenários ao estilo naves espaciais como a bancada do Jornal Nacional ou as aberturas das telenovelas. O excelente texto da revista "Piauí" (58, julho) intitulado “Futuro do Pretérito – Os brasileiros, enfim, podem morar num cenário da Globo” apresenta uma faceta menos conhecida do designer gráfico Hans Donner, responsável pela identidade visual da TV Globo: designer de móveis. Essa empreitada artístico-decorativa teve como cenário o SPA do Vinho Caudalie, um hotel luxuoso...

segunda-feira, julho 11, 2011

Filme "2033": Quando a Religião vai do Ópio à Libertação

A ficção científica mexicana "2033" (2009) é o sintoma do mal estar-estar de um país arrasado pela violência do narcotráfico e pelo desastre econômico após anos de políticas neoliberais.  E surpreende ao retratar a religião não como o ópio mas como instrumento de resistência e libertação. Indicado pelo leitor desse humilde blog Nelson Jonas, a ficção científica mexicana “2033”, embora carregada de clichês das sci-fi norte-americanas, desempenha o importante papel de ser o contraponto crítico de uma época. Se no seminal neoliberalismo da década de 80 de Margareth Thatcher e Ronald Reagan tivemos filmes como “Robocop” (1987 – ambientado em uma Detroit onde o Departamento de Polícia era privatizado pela empresa OCP criando...

sexta-feira, julho 08, 2011

A Busca Interior Através dos Números no Filme "Pi"

O filme "Pi" confronta dois paradigmas místico-filosóficos (cabala versus alquimia) ao mostrar a irônica jornada de um gênio matemático que, ao tentar encontrar números inscritos na natureza, encontra a si mesmo em um espelho fragmentado de paranoia e delírio. Na postagem anterior discutíamos o “thriller matemático” argentino “Moebius”. Não poderia deixar de lembrar do ousado e experimental filme de Darren Aronofsky “Pi” (Pi, 1998). Filmado em película 16 mm e em preto e branco, temos uma narrativa cujo argumento inicia-se no princípio matemático PI. O número PI é a mais antiga constante da matemática: é o valor da razão entre a circunferência de qualquer círculo e seu diâmetro. O PI está em todos os lugares: no movimento das...

sexta-feira, julho 01, 2011

Platão e Gnosticismo para jovens no filme “Cidade das Sombras”

Depois do gnosticismo pop buscar o público adulto através de filmes como "Show de Truman", “Matrix” e “Vanilla Sky”, agora se volta para o público adolescente. É o exemplo do filme “Cidade das Sombras” (no Brasil veio direto como DVD e atualmente é exibido em canais por assinatura) que faz um notável mix entre o platonismo e o fervor místico do Gnosticismo: da alegoria da caverna de Platão à salvação pelo arrebatamento místico. O filme “Cidade das Sombras” (City of Ember, 2008) do diretor Gil Kenan (da animação “A Casa Monstro”) e do roteirista Caroline Thompson (de animações como “A Noiva Cadáver” e “O Estranho Mundo de Jack” e o filme “Edward Mãos de Tesoura”, todos do diretor Tim Burton) é surpreendente: a princípio parece que estamos diante...

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