quinta-feira, outubro 31, 2013

Cinema de ficção científica do Sul mostra o novo Big Brother

A fala do cientista chefe da NASA, Dennis M. Bushnell, de que a solução para todos os problemas globais seria despachar a humanidade para o mundo virtual das redes eletrônicas, livrando o planeta da ação daninha do homem, é o sintoma de uma crise da nossa percepção de futuro. Filmes de ficção científica da América Latina e de países periféricos à Zona do Euro refletiriam esse sintoma cultural onde o futuro não é nem utópico nem distópico, mas agora hipo-utópico: um estranho futuro cada vez mais parecido com o presente. A alta tecnologia convivendo com favelas, deterioração urbana, precarização do trabalho e muito lixo que, muitas vezes, se confunde com seres humanos ou alienígenas que necessitam ser controlados, confinados, descartados...

sexta-feira, outubro 25, 2013

A bicicleta como extensão do homem em dez cenas no cinema

Qual a relação entre rodas, bicicleta e aviões? O pesquisador canadense Marshall McLuhan (1911-1980) em seu livro clássico “Os Meios de Comunicação como extensões do Homem” faz interessantes interconexões históricas entre esses três meios técnicos e seus desdobramentos culturais como o cinema e a invenção de um veículo com rodas in line como o meio que conduzirá à aviação. Dos insights do pesquisador canadense podemos descobrir secretas conexões entre a invenção da roda, o cinema e as bicicletas na história da cultura. Mais do que isso, descobrimos a base tecnológica de todo o imaginário de iluminação espiritual e transcendência que a bicicleta passa a construir na cultura pop a partir do pós-guerra.                ...

quarta-feira, outubro 23, 2013

A bomba semiótica do resgate dos cães de laboratório

Em tempos de atmosfera politicamente mais leve, certamente o resgate por ativistas de 178 cães de um instituto de pesquisas farmacêuticas em São Roque (SP) seria relegado pelas redações da grande mídia aos blocos noticiosos de notícias diversas. Mas o suposto descontrole das lideranças que viram ativistas quebrando portões, depredando e levando os cães para, depois, receberem a “ajuda” de black blocks elevou o evento à pauta nacional, para ser submetido ao script da engenharia das bombas semióticas: “era uma vez uma manifestação pacífica e...” Mas aqui temos uma novidade: a exploração da relação mágica e mítica que nós temos com os animais, relação didaticamente mostrada no filme “As Aventuras de Pi”. Primeiramente quero me desculpar com...

sábado, outubro 19, 2013

Tem alemão no Campus? Repórter sofre acidente com bomba semiótica na USP

A ansiedade em corresponder a uma pauta pré-estabelecida fez uma repórter da rádio CBN detonar precipitadamente uma bomba semiótica que estava sendo montada na cobertura de uma greve dos estudantes no Departamento de Letras da USP. Graças a uma “barrigada jornalística” (a repórter confundiu a mensagem “Alemão no Campus” de uma professora do Departamento com uma mensagem cifrada da malandragem ao enfrentar inimigos), a repórter expôs sem querer o mecanismo de funcionamento e a técnica de montagem de mais uma das bombas semióticas usadas na guerrilha semiológica midiática atual onde se pretende criar uma atmosfera de caos e pré-insurgência que supostamente estaria dominando o País. Além disso, foi criado um surpreendente evento sincrônico:...

sexta-feira, outubro 18, 2013

Ao sul do futuro no curta "Why Cybraceros?" e no filme "Distrito 9"

Matéria-prima do cinema de ficção científica, as especulações sobre o futuro estão desaparecendo. Em filmes como “Distrito 9” ou no curta “Why Cybraceros?” de Alex Rivera o futuro transformou-se em uma projeção hiperbólica do presente. Mundos utópicos ou distópicos que estariam esperando por nós no futuro são substituídos por hipo-utopias: a precarização do trabalho e dos direitos humanos e a sociedade transformada em um sistema estruturado em rede com uma interface digital contínua semelhante a um jogo que apagaria as tensões étnicas e raciais. É a chamada “ficção científica do Sul”, conjunto crescente de filmes produzidos nas margens de Hollywood e que vêm projetando no futuro próximo ou distante as mazelas do presente criadas pelas economias globalizadas....

sexta-feira, outubro 11, 2013

Cultura geek e tecnognosticismo nas animações "Hora de Aventura" e "Apenas um Show"

O non sense, surrealismo e o humor muitas vezes sombrio das animações “Hora de Aventura” e “Apenas um Show” (sugeridas pelo nosso leitor Paulo Massa) causam estranheza nos adultos, embora as crianças as compreendam muito bem. Essas animações são produtos culturais criados por representantes de uma geração que cresceu vendo “Os Simpsons” e jogando "Dungeons and Dragons". Seus criadores Pedleton Ward e J.G. Quintel são os mais acabados representantes de uma cultura geek que conseguiu mesclar a tecnociência com o misticismo e magia – o “tecnognosticismo”. Por isso conseguem dialogar com uma geração de crianças cuja sensibilidade se altera com o entretenimento em plataformas móveis como Ipods, tablets e celulares. Hits do canal Cartoon Network, as...

terça-feira, outubro 08, 2013

A maldição do filme "Blade Runner - O Caçador de Andróides"

Clássico do cinema de ficção científica, “Blade Runner – O Caçador de Andróides” (1982) é marcado por coincidências significativas que muitos interpretam como uma “maldição”: as empresas que colocaram seus logos e produtos no filme tiveram ao longo da década problemas financeiros, queda de receita ou simplesmente faliram. Sabendo-se que o filme foi baseado no livro do escritor gnóstico Philip K. Dick e o título do filme retirado de livros dos autores undergrounds William Burroughs e Alan Nourse, propomos uma hipótese sincromística: poderia o filme “Blade Runner” ter se tornado um cavalo de Tróia que sob uma embalagem comercial inoculou em Hollywood uma egrégora gnóstica de contestação aos demiurgos corporativos? Pesquisando o campo...

domingo, outubro 06, 2013

Sincromisticismo na onda de tragédias em Washington DC

Um atirador mata 12 pessoas em uma Base Naval em Washington DC. Poucos tempo depois na mesma cidade um carro força a barreira de segurança da Casa Branca e o Serviço Secreto mata sua motorista. No dia seguinte, um homem ateia fogo a seu próprio corpo em uma esplanada próxima ao Capitólio. E para completar, um incidente que quase passou despercebido pelas agências de notícias: com duas horas de diferença, em Houston, Texas, um homem tentou fazer a mesma coisa, mas foi contido por populares que lhe arrancaram o isqueiro depois dele se encharcar com gasolina. Segundo Loren Coleman, pesquisador sincromístico e psicólogo social especialista nos fenômenos de suicídios e assassinatos seriais, há estranhas coincidências significativas que conectariam...

sábado, outubro 05, 2013

Em Observação: "O Segundo Rosto" (Seconds, 1966)

O ano é 1966, o olho do furacão de uma série de transformações comportamentais, culturais e políticas que estavam ocorrendo no mundo em meio à Guerra Fria e a corrida espacial. O rebelde diretor John Frankenheimer faz o filme “O Segundo Rosto” (Seconds) que será o precursor no cinema de narrativas sobre protagonistas (em geral na meia-idade) que despertam do sonho americano e descobrem a mediocridade da vida e dos valores – “Beleza Americana” (1999) e “Vidas Em Jogo” (1997) são alguns exemplos posteriores. Mais do que um filme sobre a identidade (ou a perda dela), o filme toca em um tema potencialmente gnóstico: se a vida social está baseada no artificialismo de papéis e expectativas dos outros (ou do Outro), quem afinal somos nós? A reposta...

sexta-feira, outubro 04, 2013

A luz que nos cega no filme "El Topo" de Jodorowsky

Um filme cercado de lendas, algumas verdadeiras. John Lennon exigiu que a Apple comprasse seus direitos para exibi-lo em Nova York. Em pouco tempo o filme tornou-se um Cult nas sessões de meia-noite no circuito underground. “El Topo” (aka “The Mole”, 1970), uma produção mexicana do diretor franco-chileno Alejandro Jodorowsky narra em estilo “western spaghetti” de Sérgio Leone a jornada espiritual de um pistoleiro em desoladas paisagens repletas de alusões e alegorias a Jung, Freud, misticismo, esoterismo, filosofias e mitologias bíblicas. Cada plano, cena ou detalhe é um desafio para o espectador tentar resolver os enigmas que se acumulam em cada imagem baseada em fragmentos de textos antigos, fábulas e contos zen. O diretor parece querer...

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