Iniciamos
com essa postagem uma nova sessão do blog “Cinema Secreto: Cinegnose”:
“Opinião”. Estamos percebendo que nos últimos meses o nível dos comentários dos
nossos leitores vem crescendo, deixando de ser muitas vezes um “comentário”
(intervenções pontuais que são sempre bem vindas para esquentar o debate) para
se tornar “opinião”, fundamentada em referências e informações que,
acreditamos, pode ser de interesse para toda a comunidade de leitores desse
blog.
Por
isso, essa nova sessão dará destaque aos melhores comentários dos nossos
leitores-comentaristas. Para começar, aqui estão as primeiras opiniões:
“Argo e Ghost Army: A simulação uniu guerra e cinema”
Postagem de 30/05/2013
Os inimigos dos EUA sempre os atacaram ou com o fundamentalismo religioso-ideológico (islamismo, comunismo etc.) ou com a tática da guerra total (os nazis na Segunda Guerra Mundial). E os americanos responderam com sua principal arma: a simulação. Diferente das táticas ideológico-militares de dissimulação, os EUA encontraram uma arma ainda mais insidiosa no interior da sua própria cultura: do “Studio System” de Hollywood às mesas de pôquer de Las Vegas a arma da simulação e do blefe. Os casos históricos de “Argo” em 1979 no Irã e a inusitada tática de uma unidade militar chamada “Ghost Army” na Segunda Guerra Mundial ilustram bem essa complexa conexão entre Guerra e Cinema que explica porque a simulação conquistou o mundo.
Os inimigos dos EUA sempre os atacaram ou com o fundamentalismo religioso-ideológico (islamismo, comunismo etc.) ou com a tática da guerra total (os nazis na Segunda Guerra Mundial). E os americanos responderam com sua principal arma: a simulação. Diferente das táticas ideológico-militares de dissimulação, os EUA encontraram uma arma ainda mais insidiosa no interior da sua própria cultura: do “Studio System” de Hollywood às mesas de pôquer de Las Vegas a arma da simulação e do blefe. Os casos históricos de “Argo” em 1979 no Irã e a inusitada tática de uma unidade militar chamada “Ghost Army” na Segunda Guerra Mundial ilustram bem essa complexa conexão entre Guerra e Cinema que explica porque a simulação conquistou o mundo.
Por
André de P. Eduardo (04/06/2013)
Ben
Affleck protagonizou um filme que, hoje já meio ultrapassado, talvez possa ser
visto como marco na propaganda militarista dos EUA: "Pearl Harbor".
Lançado pouco depois da eleição do Bush (se não estou enganado), é não apenas
um subtexto beligerante como funciona quase como uma convocação. É como se a
aliança entre cinema e indústria bélica (e o governo) estivesse a serviço de
uma militarização crescente e, no caso, funciona como perfeito anúncio do que
viria. Ou melhor: como autêntica Profecia. Afinal, meses depois viria o
"Pearl Harbor" moderno, o 11 de setembro. Assim o filme adquire esse
traço profético; e visto semioticamente, é uma construção interessante,
santifica o presidente Roosevelt (Jon Voight), e tem direito até ao arquétipo
crístico - o Josh Hartnett literalmente crucificado, ao salvar o amigo. Além da
"inclusão" fascistóide de mulheres e negros no seio militar (tema do
falido "Até o limite da honra", alguém se lembra?).
Acho
que ninguém deu muita pelota pra "Pearl Harbor", visto como mero
blockbuster apenas. Acho o filme perigoso: não é aquela tosquice assumida de
"Rambo" e "Braddock", e mesmo sem ser uma obra original vai
sempre nos pontos certos (até o Homer Simpson conseguiria entender). A presença
naquele momento histórico, até do ponto de vista sincronístico, prenuncia
talvez um momento de escalada bélica norte-americana, talvez um aspecto a ser
pensado. Abraços.
“As Raízes Ocultas do Mágico de Oz”
Postagem de 18/05/2013
Por que o filme “O Mágico de Oz” (The Wizard of Oz, 1939) teve um impacto tão duradouro na cultura e comportamento (da música, passando pela moda até chegar no movimento GLBT) após diversas gerações de crianças e adultos? A imagem de Dorothy com seus amigos em uma estrada de tijolos amarelos tornou-se uma complexa associação de simbolismos. Muito do impacto desse filme estaria nas raízes no Ocultismo no livro escrito por Frank Baum “The Wonderful Wizard of Oz” há mais de cem anos. Baum era um reconhecido membro da Sociedade Teosófica de Madame Blavatski e um profundo conhecedor das escolas herméticas e esotéricas.
Por que o filme “O Mágico de Oz” (The Wizard of Oz, 1939) teve um impacto tão duradouro na cultura e comportamento (da música, passando pela moda até chegar no movimento GLBT) após diversas gerações de crianças e adultos? A imagem de Dorothy com seus amigos em uma estrada de tijolos amarelos tornou-se uma complexa associação de simbolismos. Muito do impacto desse filme estaria nas raízes no Ocultismo no livro escrito por Frank Baum “The Wonderful Wizard of Oz” há mais de cem anos. Baum era um reconhecido membro da Sociedade Teosófica de Madame Blavatski e um profundo conhecedor das escolas herméticas e esotéricas.
Por
Rodrigo Machado 24/05/2013
Há uma teoria que o que está por
trás do livro (que deu origem ao filme) é a economia.
Os EUA viviam uma período longo de deflação (+/- 1870-1900) que prejudicava imensamemte os agricultores (Dorothy de Kansas). Havia uma pressão política para se cunhar moedas de prata, o que levaria a inflação e aliviaria os agricultores endividados. O homem de lata era uma referência aos trabalhadores da indústria, os outros eu não me lembro, mas eles seguiram o caminho que levaria à salvação - o padrão ouro (segundo o outro lado da discussão, que era contra a inflação e ortodoxo). Chegando ao mago de Oz (se não me engano era o presidente do Partido Republicano, que defendia o padrão ouro), eles viram que era uma fraude. E a salvação foram contas, ou moedinhas de prata , que a Dorothy tinha com ela (no livro, no filme mudaram para esmeralda).
Essa interpretação consta consta até em livros de economia...
Os EUA viviam uma período longo de deflação (+/- 1870-1900) que prejudicava imensamemte os agricultores (Dorothy de Kansas). Havia uma pressão política para se cunhar moedas de prata, o que levaria a inflação e aliviaria os agricultores endividados. O homem de lata era uma referência aos trabalhadores da indústria, os outros eu não me lembro, mas eles seguiram o caminho que levaria à salvação - o padrão ouro (segundo o outro lado da discussão, que era contra a inflação e ortodoxo). Chegando ao mago de Oz (se não me engano era o presidente do Partido Republicano, que defendia o padrão ouro), eles viram que era uma fraude. E a salvação foram contas, ou moedinhas de prata , que a Dorothy tinha com ela (no livro, no filme mudaram para esmeralda).
Essa interpretação consta consta até em livros de economia...
“O Conhecimento Secreto do Cristo de Nagi Hammadi”
Postagem de 24/12/2012
A descoberta e as posteriores traduções da chamada “biblioteca de Nag Hammadi” no Egito trouxeram uma nova luz sobre os ensinamentos de Cristo. O foco comum dado pelas religiões na morte-ressurreição de Cristo e no plano ético e devocional da sua passagem pela Terra esconderia a sua principal missão: a de trazer o conhecimento secreto que nos faça ter a consciência de que estamos perdidos e longe de casa, e o caminho de volta já está dentro de nós. Cabe a nós relembrarmos.
A descoberta e as posteriores traduções da chamada “biblioteca de Nag Hammadi” no Egito trouxeram uma nova luz sobre os ensinamentos de Cristo. O foco comum dado pelas religiões na morte-ressurreição de Cristo e no plano ético e devocional da sua passagem pela Terra esconderia a sua principal missão: a de trazer o conhecimento secreto que nos faça ter a consciência de que estamos perdidos e longe de casa, e o caminho de volta já está dentro de nós. Cabe a nós relembrarmos.
Por Wilson Jr. (29/12/2012)
O
problema é que, historicamente, já naquela época muitos grupos gnósticos diziam
que um Cristo histórico, circunscrito a uma pessoa e a uma época, era uma
teoria sem qualquer razão, visto que Cristo, pra eles, tem outro sentido.
Aliás,
no próprio Novo Testamento, a palavra Cristo não tem o significado de
sobrenome, ou de nome composto, como acostumou-se a praticar nas entrelinhas do
cristianismo tradicional institucionalizado.
Sobre deixar seguidores...
Como
já foi dito aqui anteriormente por outro usuário do fórum, o primeiros textos
cristãos foram as cartas de Paulo, que são extremamente gnósticas.
Os evangelhos canônicos, que "contam a história" de Jesus, foram todos, provavelmente, baseados num evangelho apócrifo (o de Tomé), que, por sua vez, teria sido baseado nas cartas de Paulo.
Paulo este que, historicamente, nem teria sido contemporâneo de um suposto Jesus histórico.
Os evangelhos canônicos, que "contam a história" de Jesus, foram todos, provavelmente, baseados num evangelho apócrifo (o de Tomé), que, por sua vez, teria sido baseado nas cartas de Paulo.
Paulo este que, historicamente, nem teria sido contemporâneo de um suposto Jesus histórico.
Os
evangelhos apócrigos (de Nag Hammadi) são ótimos em deixar de forma clara
aquilo que os canônicos e as cartas paulinas deixam nas entrelinhas.
Os
romanos não eram inteligentes o suficiente perto dos gregos.
Acharam que tirando uns e declarando-os como "não
inspirados" (que por sinal não é o sentido da palavra apócrifo)...
esconderiam a real mensagem dos textos bíblicos, mas... eles não foram capazes
de ver que os próprios canônicos são puramente gnósticos.
“O Conhecimento Secreto do Cristo de Nagi Hammadi”
Por
Morales (29/12/2012)
Esse
é precisamente o problema: como uma figura que teve tal influência na periferia
do Império Romano, que chegou a motivar a criação de uma religião mundial não
deixou nenhum registro, impressão ou vestígio em seus contemporâneos ao ponto
dos seus primeiros seguidores jamais mencionarem nenhum fato da sua vida
pessoal?
Pois
quanto mais antigos os registros cristãos (supostamente os documentos mais
próximos do seu tempo de vida), menos se tem uma biografia e mais são
ressaltados os aspectos cósmico-abstratos de um heroi mítico ao estilo de um
Dionísio, de um Átis, de um Mitra. E só com o passar do tempo se passa a ter
uma biografia mais detalhada.
Se
o profeta fosse um ser histórico, teríamos, primeiramente, os relatos mais
vivos e humanos e só, posteriormente, a sobrenaturalização. Mas o processo é o
contrário. Tem-se primeiro o deus, o super-humano imaginado no éons e nas
esferas celestes e só depois, muito depois, a menção (quando a maioria, senão
todos os que, supostamente, poderiam ter convivido com ele já estariam mortos)
a detalhes de uma biografia pessoal. E isso em, pelo menos, duas versões
diferentes (os evangelhos sinóticos - Marcos, Mateus e Lucas - de um lado, e
João, de outro) e com inquietantes paralelismos em narrativas tradicionais das
escrituras judaicas.