quarta-feira, outubro 12, 2016

Tautismo agora ronda telenovelas da Globo

Depois do telejornalismo e do esporte, agora o tautismo (autismo+tautologia) chega às telenovelas da Globo. Em crise de audiência pelo desgaste do gênero e a concorrência das séries em streaming na Internet, a emissora apela para a autofagia tautista ao escalar os atores Luís Melo e Giovana Antonelli para o núcleo japonês de “Sol Nascente”, gerando protestos: atores brasileiros se passando por japoneses? "Yellowfaces" e preconceito?. A Globo manda às favas a verossimilhança, a própria essência de um roteiro ficcional, e prefere a sinergia entre o folhetim eletrônico e o mercado publicitário como reação desesperada à crise da telenovelas. Uma sinergia tautista que começa até a criar “coincidências significativas” e ricas de simbolismos como...

terça-feira, outubro 11, 2016

Cineteratologia: a ciência dos monstros no Cinema

Assim como a Teratologia, ramo da ciência médica conhecida também como “ciência dos monstros” (o estudo de como o meio ambiente pode produzir deformações pré-natal), seria necessário um estudo sobre como as transformações dos ambientes sócio-culturais alteram as expressões da monstruosidade e a sensibilidade ao terror e o horror no cinema e audiovisual – a Cineteratologia. A partir de “A Noite dos Mortos Vivos” (1968), de George Romero, acompanhamos a quebra o paradigma da monstruosidade clássica e a criação de uma nova galeria de monstros com mudanças estéticas (não são mais “disformes”, mas agora “informes” – os chamados “monstros moles”) e éticas – o comportamento violento é inimputável de qualquer julgamento moral. São apenas manifestações...

segunda-feira, outubro 10, 2016

Bank Of America anuncia probabilidade de estarmos vivendo na Matrix

Vivemos em uma gigantesca simulação semelhante à Matrix e nesse momento bilionários estão financiando cientistas que pensam em uma saída. Essa afirmação não foi feita por algum escritor de ficção científica, teórico da conspiração ou filósofo. Ao contrário, foi anunciado como uma variável em cenários futuros de investimentos em uma nota informativa distribuída para clientes do Bank of America Merryl Lynch, uma das maiores instituições financeiras dos EUA. Como assim? Profissionais supostamente realistas e pragmáticos do mundo dos negócios levando à sério hipóteses de filósofos como Nick Bostrom ou de físicos teóricos? Quais os efeitos dessa variável em um cenário futuro de negócios em games, computadores, Realidade Virtual e Realidade...

sábado, outubro 08, 2016

A armadilha quântica do tempo no filme "Arq"

Em um cenário distópico num mundo em crise energética e ambiental, um engenheiro cria uma máquina que produz energia ilimitada. Mas que também produz um efeito colateral imprevisto: o tempo ilimitado – um loop temporal que aprisiona todos os personagens em uma torsão tempo-espaço. Esse é a produção Netflix “Arq” (2016), um inteligente mix de “Feitiço do Tempo”, “Contra o Tempo” e “Efeito Borboleta”. Mas o moto-contínuo de “Arq” é muito mais do que uma máquina do tempo: os personagens são prisioneiros da própria “gravidade quântica” – o mesmo acontecimento repetido diversas vezes cria uma “nuvem” de possibilidades, assim como elétrons em torno do núcleo de um átomo. E somente a memória e “déjà-vus” poderão tirar os protagonistas dessa...

quarta-feira, outubro 05, 2016

Deus é um homem que enlouqueceu em "On The Silver Globe"

Astronautas chegam a um planeta parecido com a Terra com a missão de povoá-lo e recriar a humanidade a partir do zero. Mas ao invés de se tornarem livres, repetem, numa versão caricata e sombria, as mesmas mazelas que deixaram na Terra: a religião, guerras santas, hierarquias, violência e o hedonismo das drogas alucinógenas. Muitos críticos consideram o filme polonês “On The Silver Globe" ("Na srebrnym globie", 1988) um “Star Wars com LSD”. Censurado pelo regime comunista polonês em 1977, o diretor Andrej Zulawski conseguiu finalizá-lo em 1988, mesmo com a filmagem incompleta. Para solucionar o problema, o diretor transformou o filme em um “found footage”. Por isso, as duas horas e meia do filme são para espectadores curiosos e corajosos:...

segunda-feira, outubro 03, 2016

Com Doria Jr. mídia não quer mais intermediários

Desde a chamada “crise hídrica”, o Estado de São Paulo é o laboratório de testes para tudo aquilo que espera o restante do País para o futuro. Lá, foi a engenharia de opinião pública para demonstrar que a água é um bem escasso e que, portanto, deve ser regulado pelo mercado como uma mercadoria qualquer. E o Parque Victor Civita na cidade de São Paulo foi o seu showroom. Agora, o teste bem sucedido do primeiro “gestor-midiático” vitorioso nas eleições municipais de São Paulo. João Doria Jr. representa a impaciência da grande mídia em cumprir sua agenda: chega de intermediários! Políticos tradicionais, com a sua melodramática “mise-en-scène teatral”, não têm timing midiático. Doria Jr. é o novo espécime da transpolítica futura: egresso do...

domingo, outubro 02, 2016

A banalidade do Mal do ocultismo nazi no filme "O Cremador"

Um operador de um crematório na antiga Tchecoslováquia, às vésperas da invasão nazista, é um respeitado e aparentemente equilibrado chefe de família que recita nos jantares teses do Livro Tibetano dos Mortos, é obcecado em budismo e reencarnação. E também acredita na missão messiânica da sua profissão: acelerar o trabalho de Deus de fazer o homem retornar ao pó. Essa mistura de cristianismo e budismo na sua cabeça vai encontrar o esoterismo nazi que começa a se espalhar pelo país – a pureza da raça ariana cujas origens milenares estariam no Tibete e a sabedoria guardada pelos lamas. O filme “O Cremador” (Spalovac Mrtvol, 1969) do diretor tcheco Juraj Herz é um mergulho no psiquismo da chamada “banalizadade do Mal”, motor psicológico do...

sábado, outubro 01, 2016

Curta da Semana: "Waltz For One" - o medo do futuro

Enquanto EUA e URSS disputam a corrida espacial dos anos 1960, um excêntrico milionário financia sua própria viagem espacial buscando quebrar o recorde de permanência solitária em orbita da Terra. Mas um irritante “beep” de mau funcionamento do sistema somado à claustrofobia e delírio no interior de uma minúscula cápsula ameaçam a missão. Esse é o curta “Waltz For One”  (“Valsa para Um”, 2012), lançado pelo coletivo de artistas “Intellectual Propaganda”.  É muito mais do que uma paródia aos cânones de filmes do gênero (entre eles, “2001” de Kubrick): é uma melancólica desconstrução do gênero ficção científica, enfraquecido na pós-modernidade porque perdeu a própria essência que o constituía - a visão confiante e utópica no futuro. O...

sexta-feira, setembro 30, 2016

Branca de Neve e a mídia em "Blancanieves y Los 7 Enanitos Toreros"

Como recontar nos tempos atuais a velha estória da Branca de Neve dos Irmãos Grimm? Paradoxalmente, o diretor espanhol Pablo Berger optou narrar o conto clássico através de um filme mudo e em preto e branco. E mais: ambientada na década de 1920 do século passado. Mas com uma forte atualidade: é a década do surgimento da cultura da celebridade onde a madrasta má não tem inveja da Branca de Neve pela sua beleza. Mas porque se tornou uma toureira que ocupa mais espaço nas colunas sociais do que ela, uma celebridade fútil e vazia. “Blancanieves y el 7 Enanitos Toreros” (Branca de Neve e os 7 Anões Toureiros, 2012) é a mais surpreendente adaptação do velho conto cujo modelo atual acabou sendo a versão da Disney de 1937. Mas Pablo Berger cria...

terça-feira, setembro 27, 2016

Coleção "Curta da Semana" do Cinegnose: o Gnóstico, o Estranho e o Surreal

No ano passado o "Cinegnose" iniciava a sessão "Curta da Semana". A ideia era celebrar a presença do Surreal, do Gnóstico, do Estranho no universo das produções em curta metragem. Esse gênero de filme vem se tornando verdadeira incubadora de novos diretores, roteiristas, e teasers para futuros filmes. Um tipo de produção que permite liberdade em experimentar novos temas, estéticas, linguagens e efeitos especiais. Visite a Coleção com, até agora, 40 curtas com atualizações semanais. 1 - "Puppets" - Eu sou aquilo que não penso? - clique aqui 2 - "Life and the Mirror" e "Goodbye" - Perdemos a fé na vida pós-morte? - clique aqui 3 - "The Horribly Slow Murderer With The Extremely Inefficient Weapon" - a colher e a gota...

domingo, setembro 25, 2016

A agenda secreta da reforma do ensino: o analfabetismo visual

Depois da divulgação da Medida Provisória que “flexibiliza” disciplinas do Ensino Médio como Artes e Educação Física o Ministério da Educação tentou explicar dizendo que não era bem assim, depois de forte reação de educadores e pedagogos. Mas está claro: não basta apenas o golpe político. É necessária uma operação psicológica para anestesiar as outras amargas “flexibilizações” que serão proximamente enfiadas goela abaixo da sociedade. Uma operação para manter um sistema de comunicação projetado pela ditadura militar e mantido até hoje – a concentração das informações para a opinião pública exclusivamente nas mídias audiovisuais, especialmente a TV. Para isso é necessária a manutenção do analfabetismo visual: a crença ingênua de que ver...

sexta-feira, setembro 23, 2016

Quando a morte é o único sentido para a vida em "Bridgend"

A cidade de Bridgend (no fundo de vales no sul do País de Gales) no passado sustentou o império britânico com o seu carvão, para depois ser esquecida pela História e pelo mundo. Até que, desde 2007, uma inexplicável onda de suicídios de jovens por enforcamento (79 mortes até hoje) tomou conta da região. Para a mídia, tornou-se a “cidade da morte” e seus jovens estigmatizados. O filme Bridgend (2015) do dinamarquês Jeppe RØnde baseia-se nesse caso misterioso: uma adolescente retorna para Bridgend junto com seu pai, um policial que investiga a causa da onda de suicídios. Um culto suicida na Internet? Efeito copycat motivado pelo sensacionalismo como a mídia trata o assunto? Efeito no sistema nervoso central das ondas UHF do sistema de rádio...

terça-feira, setembro 20, 2016

O estranhamento gnóstico de "Eraserhead" de David Lynch

Considerado o mais influente dos filmes cult, clássico do chamado “Cinema da Meia-Noite”, “Eraserhead” (1977) foi o filme de estreia na carreira do diretor David Lynch. Num mix de terror gótico, surrealismo e humor negro, o filme manteve os seus mistérios simbólicos ao longo dos anos. Embora se baseie em um simples plot (a namorada engravida e leva seu namorado para que seus pais o conheçam), os cenários alucinatórios, o design de som hipnótico e uma das melhores fotografia em PB da história do cinema fazem desse filme o fundador do tema que acompanhará David Lynch por toda a carreira: por mais banal que pareça a realidade, nosso psiquismo a interpreta por meio de sonhos, pesadelos e alucinações que criam uma relação de estranhamento...

domingo, setembro 18, 2016

Curta da Semana: "ANA" - o apocalipse da inteligência artificial

Um fábrica de automóveis em Detroit, totalmente automatizada, é controlada por uma Inteligência Artificial chamada ANA, cujo software também está presente nos setores mais importantes do mundo como recursos médicos, alimentos e bancos. Mas ANA parece ter outros planos, além do que fazer tarefas repetitivas – não quer mais produzir mais carros, mas alguma outra coisa que pretende liberar naquela fábrica em Detroit para o mundo. E o único operador humano responsável pela produção será traído por ANA. Esse é o curta “ANA” (2015) do estúdio inglês Factory Fifteen, especializado em produzir filmes distópicos nos quais explora uma versão particular do conceito de “singularidade” – algum momento no futuro a supercomputadores produzirão o acidente...

sábado, setembro 17, 2016

PowerPoint nos torna estúpidos?

O programa Excel produz “cabeças de planilha”. E o PowerPoint produz o quê? Uma pequena amostra foi dada na delação-show protagonizada pelo procurador Deltan Dallagnol ao dizer: “provas são fragmentos da realidade que geram convicção”. O PowerPoint invadiu a estrutura mental, de decisão e compreensão da realidade. A princípio, qualquer coisa pode ser “bullet-izabel” (“itemizável”). É a pré-formatação da realidade, uma verdadeira estrutura de decomposição do real. Tão fragmentadas e genéricas como as supostas provas contra o “general do maior esquema de corrupção da História”. O PowerPoint se expandiu a todos os setores da sociedade, das empresas ao Estado e à escola onde alunos vão deslizando o olhar por tópicos através dos quais o efeito...

quinta-feira, setembro 15, 2016

O enigma Cicada 3301 e a filosofia "I Did It!": uma nova Matrix?

Considerado por muitos o maior mistério não resolvido da Internet, “Cicada 3301” consiste num conjunto de quebra-cabeças lógicos envolvendo criptografia e esteganografia publicados na Internet desde 2012 com o suposto propósito de uma misteriosa organização recrutar as pessoas mais inteligentes do planeta. Mas para quê? CIA? NSA? Uma Sociedade Secreta? O fato é que vem mobilizando uma massa de jovens gênios matemáticos que tentam resolver um labirinto de enigmas dentro de enigmas. Lembra a aventura de Alan Turing em decifrar a máquina Enigma dos nazistas, porém sem o heroísmo e glória do passado. Hoje, apenas um sintoma da filosofia minimalista do “I did It!” (“Eu consegui!”) na cultura atual – lógica fetichista de delírio no vazio e exaltação...

segunda-feira, setembro 12, 2016

Os ataques de 11 de setembro foram os primeiros não-acontecimentos transmídia do século XXI

Nesse último domingo foram completados os 15 anos dos atentados de 11 de setembro nos EUA. Barack Obama homenageia os mortos com coroas de flores como fossem a contraprova necessária para dar veracidade a um evento marcado por uma espiral de “teorias conspiratórias”: Falsa Bandeira? Trabalho Interno? Ou simplesmente, a mãe de todos os “não-acontecimentos”? Ensaiados através da década de 1990, desde a Revolução Romena, Guerra do Golfo, passando pelos bombardeios em Kosovo e Sarajevo, finalmente em 2001 surge não-acontecimento completo - a matriz do mesmo “modus operandi” dos atentados subsequentes: Maratona de Boston, atentados na França, Boate Pulse etc. Mas dessa, vez o 09/11 trouxe uma novidade que marca esse início de século: o primeiro não-acontecimento...

domingo, setembro 11, 2016

O terror do passado assombra a vida doméstica em "O Espelho"

O gênero terror atual persegue uma fórmula básica: combinar os medos atávicos do horror clássico com os medos domésticos da vida cotidiana: o ladrão, a infidelidade, o abandono na infância, pais ausentes etc. “O Espelho” (Oculus, 2013) é um exemplo dessa combinação perfeita que consegue contornar os clichês do gênero – a história de um espelho assombrado por uma suposta força maligna que vem colecionando vítimas por séculos. Os medos de uma típica família de classe média são potencializados por um conjunto de simbolismos arquetípicos que povoa esse simples objeto doméstico – o medo do reflexo e seu duplo. Filme sugerido pelo nosso leitor Felipe Resend...

sexta-feira, setembro 09, 2016

Quando o Brazil se encontra com o Brasil em "Brazil, O Filme"

Nesses dias em que o Brasil transformou-se em uma verdadeira república distópica, um bom filme para assistir é “Brazil, O Filme” (1985) de Terry Gilliam, integrante da trupe de humor inglês Monty Python. Gilliam criou uma nova versão de “1984” de George Orwell: um sistema totalitário obcecado pela posse de informações numa sociedade onde pessoas e coisas estão totalmente interligadas por dutos, tubos e canos. O filme vislumbrou 31 anos atrás a vigilância e totalitarismo das redes de informação atuais e a dissidência de hackers – aqui representado por “encanadores” free-lancers, considerados dissidentes terroristas. Direitos individuais inexistem e qualquer um pode ser condenado e executado através de “provas” recolhidas pelo Ministério...

quarta-feira, setembro 07, 2016

Por que a "Folha" também tornou-se tautista?

Em seu editorial “Fascistas à Solta” de 02/09 o jornal "Folha de São Paulo" exige a repressão mais dura aos “fanáticos por violência”, jovens desarmados que insistem em gritar “Fora Temer” nas ruas.  Como explicar um jornal que um dia foi sintonizado com o espírito do seu tempo, quando deu visibilidade às “Diretas Já” e tornou-se modelo de modernização do Jornalismo, como pode a “Folha” terminar dessa maneira? Naquele momento jovens ocupavam as ruas exigindo eleições diretas. Por que hoje a mesma Folha, orgulhosa da “revolução gerencial da mídia brasileira” do "Manual de Redação", é incapaz de perceber o limiar de uma nova geração que também clama por eleições diretas? A Folha, no meio impresso, padece do mesmo mal da Globo, no meio...

segunda-feira, setembro 05, 2016

Curta da Semana: "Movie Mind Machine" - somos viciados em esquecer

Cansados de sempre buscar novos filmes que repitam o prazer dos filmes clássicos, dois fãs de cinema desenvolvem uma máquina que consegue escanear o cérebro e localizar as memórias específicas de cada filme assistido. A memória é apagada e o mesmo filme pode ser assistido de novo com o prazer da primeira vez. O mesmo filme pode ser assistido infinitas vezes, por toda a vida! Esse é o impagável curta “Movie Mind Machine” (2015), uma comédia em estilo mockumentary sobre a neuro-máquina que promete revolucionar o mercado audiovisual. O curta é uma crítica bem humorada da cultura atual retro e obcecada por nostalgia. Mas também suscita uma questão mais séria: como a cultura atual estimula o psiquismo do vício e do esquecimento, por meio da...

domingo, setembro 04, 2016

A gravidez é a alienação do sexo no filme "Antibirth"

Há um assustador subgênero dentro dos filmes de terror: protagonistas tomadas por uma assustadora gravidez que pode trazer dentro de si a própria semente do Mal. É um tema recorrente no cinema, passando por clássicos como “O Bebê de Rosemary”, “It’s Alive” ou, recentemente, “Prometheus”. Toda recorrência na produção cinematográfica significa a existência de algum imaginário ou arquétipo que procura expressão audiovisual. O independente “Antibirth” (2016) é mais um filme que se enquadra nessa temática onde a gravidez é representada como algo estranho e invasor, alienado da própria sexualidade. Tema que ganhou espaço no cinema paralelo à revolução sexual e o individualismo e narcisismo da sociedade de consumo. A gravidez se torna...

sexta-feira, setembro 02, 2016

Impeachment, o não-acontecimento e a psico-história

Comparam a consumação do impeachment de Dilma Rousseff com as circunstâncias do golpe militar de 1964. Lá estavam a força de armas e coturnos. Aqui em 2016, todas as “data venias” dos rapapés de juízes, juristas e parlamentares. Mas os eventos são incomparáveis: lá em 1964 tivemos a tragédia de um evento histórico. Hoje, assistimos ao vivo pela TV a farsa de um “não-acontecimento” que simulou ser um evento histórico. Desde a seminal Guerra do Golfo em 1992, os não-acontecimentos dominam o horizonte de eventos das sociedades, seja por guerras, atentados terroristas ou golpes parlamentares. Em todos eles, um complexo jurídico-midiático inverte as relações de causa-efeito: não se trata mais de acontecimentos que geram informação, mas o inverso...

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