Mostrando postagens com marcador Jung. Mostrar todas as postagens
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terça-feira, janeiro 07, 2020
Perdida no fim do mundo a humanidade tenta roubar o fogo dos deuses em "O Farol"
terça-feira, janeiro 07, 2020
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Na estreia do diretor Robert Eggers em "A Bruxa" (2015), ele nos mostrou que o combustível do horror é a nossa própria mente, tanto no cinema quanto na vida real da época de como a moralidade puritana foi capaz de criar monstros e demônios. Em “O Farol” (2019), Eggers expande sua abordagem do horror: além da mente, a mitologia e a nossa memória arquetípica podem criar mundos claustrofóbicos e monstros terríveis. Inspirado no mito grego de Prometeu (o titã que roubou o fogo dos deuses para dar aos homens e foi cruelmente castigado pela eternidade), acompanhamos dois faroleiros em uma ilha perdida no fim do mundo – sua lenta descida da racionalidade para o delírio e loucura. Eggers articula uma complexa simbologia que vai da psicologia profunda de Carl Jung aos monstros híbridos de HP Lovercraft – a luz do farol como o fogo disputado por deuses e homens. E nada melhor do que a figura do faroleiro, isolado numa rocha no meio das tormentas, guardando a luz/fogo roubada dos deuses, apontando-a desafiadoramente para a escuridão.
segunda-feira, maio 27, 2019
Parques de diversões, espelhos e a morte no filme "Nós"
segunda-feira, maio 27, 2019
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O filme “Nós” (Us, 2019) de Jordan Peele (“Corra!”) é um complexo de mitologias (milenares e modernas) e crítica social. Para começar, o diretor pediu aos atores assistirem a dez filmes (entre eles “O Iluminado”, “Deixe Ela Entrar” e “Além da Imaginação”) para compreenderem o argumento da produção e a verdadeira avalanche de alusões fílmicas. Crítica social se mistura com um complexo mitológico: do simbolismo demiúrgico dos parques de diversões ao medo milenar pelos duplos e espelhos. Cada imagem em “Nós” é uma pista para tentarmos entender por que duplicatas assassinas de uma família põem em perigo a vida dos seus “originais”. Peele sugere visões múltiplas, num misto da distopia de George Orwell, o ocultismo de Lewis Carroll e a crítica social de James Baldwin.
quarta-feira, maio 01, 2019
O Mal jamais conjurado pela civilização em "Suspiria: A Dança do Medo"
quarta-feira, maio 01, 2019
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em um cenário aparentemente acolhedor escondem-se terríveis segredos do passado que estão vivos e ameaçadores até hoje. Desde “O Bebê de Rosemary” (1968), de Roman Polanski, o gênero terror repetidas vezes aborda esse tema. Mas em “Suspiria: A Dança do Medo” (2018), remake do clássico de terror de 1977 de Dario Argento, o tema é elevado a uma jornada pelo inconsciente coletivo: em plena modernidade urbana, o ancestral, o mítico e o arquetípico retornam de forma explosiva e perversa. O Mal, ignorado e jamais conjurado ou expiado pelo mundo contemporâneo. Apenas esquecido. Uma bailarina se torna aluna de uma prestigiosa escola de dança em Berlim, que esconde um milenar propósito ocultista assassino num país que tenta se recuperar dos traumas do nazismo em plena Guerra Fria. Mas os problemas é que as pessoas teimam sempre em acreditar que o pior já passou.
segunda-feira, março 04, 2019
Estamos imersos no mar de sincronismos no filme "Redemoinho"
segunda-feira, março 04, 2019
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Qual a relação entre as ideias do pré-socrático Tales de Mileto e o filme “Redemoinho” (“Maelström”, 2000) do diretor canadense Denis Villeneuve? Está em uma narrativa que certamente é a que melhor explorou o simbolismo místico da água no cinema: um peixe prestes a ser sacrificado para se transformar em fruto do mar em um restaurante narra a “bonita história de uma mulher na longa descida à realidade”. O pai da filosofia ocidental achava que todas as coisas estão “cheias de deuses”. Pode parecer uma ideia poética, mas não para a protagonista de “Redemoinho” que da pior maneira conhecerá essa verdade filosófica – de que suas decisões estão imersas em um mar de sincronismos, tendo o peixe como elemento simbólico central. E de que uma vida inteira pode se transformar no fluxo da mecânica dos fluidos que dá nome ao filme.
sábado, março 17, 2018
Em "Corpo e Alma" a gnose possível através de um sonho lúcido
sábado, março 17, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
À primeira vista, o filme húngaro “Corpo e Alma” (Teströl és Lélekröl,
2017), indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, é um conto bizarro e
brutal sobre amantes em um matadouro de gado: um casal de funcionários que
consegue se encontrar apenas quando dormem, no mundo dos sonhos. Mais
exatamente, em um sonho recorrente: um veado e uma corça procurando folhas
verdes em uma paisagem de inverno coberta pela neve. A diretora Ildikó Enyedi
faz uma incursão no dualismo gnóstico Corpo/Alma: a matéria como uma prisão do
espírito. E o sonho como o meio para superar essa divisão. Sem incorrer
nos clichês hollywoodianos e motivacionais do tipo “todos os sonhos são
possíveis!”. Mas através da imersão em um tipo especial de sonho: o sonho
lúcido. Filme sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende.
domingo, agosto 27, 2017
Na web série "The Vault" reality show é o rito de passagem pós-moderno
domingo, agosto 27, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O tema reality
show já foi virado pelo avesso em filmes e séries, quase se transformando num
sub-gênero. Quando pensávamos que o tema já estava esgotado, eis que surgiu a
web série “The Vault” (2011-2014) demonstrando que o tema ainda tem múltiplas
facetas para serem abordadas. No início “The Vault” parece uma espécie de "spin
off" do clássico “The Cube” (1997): jovens universitários estão na segunda fase
de um inédito reality show na qual cada participante está preso em uma sala
totalmente branca com objetos aparentemente arbitrários (relógios, bicicletas
ergométricas, aquários de peixes etc.). Todas as salas estão no interior de um
imenso cofre, totalmente isolado do mundo exterior. Os participantes devem resolver juntos o enigma em torno do propósito de todos aqueles objetos. “The
Vault” suscita uma reflexão sobre a função social dos atuais reality shows,
híbridos de processos seletivos corporativos: um mix de rito de passagem e
circo romano pós-moderno no qual cristãos agora são jogados contra leões do
próprio psiquismo humano. Série mais uma vez sugerida pelo nosso incansável leitor Felipe Resende.
sexta-feira, agosto 18, 2017
Fellini acerta contas com o caos sócio-político em "Ensaio de Orquestra"
sexta-feira, agosto 18, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em sua obra,
Fellini sempre teve aversão ao tema da Política. Principalmente desde que
conheceu a obra do psicanalista Jung: preferiu representar no cinema o eterno,
o arquetípico e o inconsciente coletivo. Mas diante da turbulenta conjuntura
política da Itália nos anos 1970, Fellini resolveu fazer um acerto de contas
com a política no filme “Ensaio de Orquestra” (Prova d’Orchestra, 1978) – sobre as tumbas de papas e bispos em uma igreja do século XIII dotada de acústica perfeita, o
ensaio de uma orquestra transforma-se em metáfora do caos sócio-político
italiano naquele momento: os conflitos entre o maestro e a orquestra e dos
músicos entre si. Fellini confronta o eterno e o arquetípico (a religião, a
música e a História) com a fugacidade dos interesses políticos e individuais. E
com uma sombria conclusão: diante do temor do futuro, sempre optamos pela
manutenção do mesmo.
terça-feira, agosto 08, 2017
Como escapar da Matrix: 10 definições de "gnose" através do cinema
terça-feira, agosto 08, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Desde os
clássicos filmes gnósticos “Show de Truman” e “Matrix” a espécie humana é
representada como prisioneira em uma gigantesca ilusão cósmica – tecnológica,
psíquica ou midiática. Como escapar dela? Para o Gnosticismo, através da “gnosis”
(“conhecimento”). Mas que tipo de conhecimento é esse? Uma epifania
místico-religiosa? Algum tipo de comunhão secreta com o Divino? Iluminação
espiritual? O Cinegnose reuniu dez definições de estudiosos sobre o conceito de
“gnose” e como os filmes gnósticos figuram essa espécie de rota espiritual de
fuga: quem
éramos, o que nos tornamos, onde estávamos, para onde fomos lançados, para onde
estamos indo, do que estamos libertos, o que é o nascimento e o que é
renascimento.
sábado, abril 22, 2017
Deus joga dados em não-acontecimento da Champ Élysées
sábado, abril 22, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Nas imagens da CNN estranhamente a câmera parece dar a deixa para as ações na Champs Élysées: quando veem a câmera bombeiros e paramédicos começam a correr não se sabe para onde, enquanto cruza a cena policiais antimotim com escudos, capacetes fortemente armados em fila – para onde estão indo se a área foi isolada e o atirador já está morto? Inúmeras anomalias marcaram mais um não-acontecimento às vésperas das eleições presidenciais na França. E como sempre (Londres, Berlim, Nice, Bataclan, Charlie Hebdo etc.) mais recorrências e sincronismos. Enquanto a Ciência tenta compreender a realidade a partir de fenômenos recorrentes e eventos sincrônicos, o Jornalismo ainda crê em acidentes, no acaso e nas fatalidades. Para a grande mídia, fora desse mundo no qual Deus parece jogar dados com os acontecimentos, estão à espera os paranoicos teóricos da conspiração. Mas dessa vez a “coincidência” entre os tiros no boulevard mais famoso do mundo e o debate eleitoral num estúdio de TV foi além da conta...
terça-feira, março 28, 2017
Ocultismo midiático e a psicanálise em Justin Bieber, por Marcelo Gusmão
terça-feira, março 28, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O grande dia para muitos jovens e adolescentes fãs da cultura pop está chegando. Dia 29 de março acontece no Rio de Janeiro o show tão esperado do cantor canadense de 23 anos e fenômeno midiático, Justin Bieber. Para muitos este momento é esperado com ansiedade desde fevereiro de 2016. Criticados por muitos e admirados por outros estes fãs se revezaram em um acampamento no local do show para garantir os melhores lugares. Mas afinal o que explica tamanha dedicação? Expressão incômoda de amor, ou pura alienação moldada por uma indústria midiática mestre no controle mental manipulando anseios e desejos de toda uma geração? Apenas as técnicas de publicidade e relações públicas não explicam o sucesso de Justin Bieber, assim como de tantos ídolos pop. Haveria um lado obscuro composto pelo psiquismo coletivo e o "ocultismo midiático" - a introdução de antigos e milenares símbolos de tradições esotéricas oriundas das escolas de mistérios.
domingo, novembro 13, 2016
Curta da Semana: "Are You Lost In The World Like Me?" - o espelho negro do smartphone
domingo, novembro 13, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Mais um
protesto antissistema que parte do interior do próprio mainstream musical. É o
vídeo-clip “Are You Lost In The World Like Me?” do DJ norte-americano Moby. Uma
animação onde Disney parece se encontrar com Aldous Huxley. Um mundo distópico
de tecno-fatalismo no qual todos são escravos dos verdadeiros espelhos negros
narcísicos atuais representados pelas telas dos smartphones. Como todo produto
industrializado que quer ser anti-establishment, forma e conteúdo estão em
conflito – invoca o arquétipo do Estrangeiro (alienação e estranhamento) mas,
ao mesmo tempo, cria um melancólico conformismo com a previsível estética da
animação vintage e o retrô musical dos anos 1980. É a “Adgnose” na Publicidade
atual.
domingo, fevereiro 28, 2016
Em "Cavaleiro de Copas" a bebida do esquecimento que enche nossos copos
domingo, fevereiro 28, 2016
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Livremente inspirado no Tarot e num poema gnóstico cristão do século II
chamado “Hino da Pérola”, o filme “Cavaleiro de Copas” (2015) mostra como a
crise criativa de um roteirista de Hollywood pode ser o início de uma reflexão
sobre o vazio existencial do sucesso material. O protagonista Rick (Christian
Bale) vaga por uma Los Angeles e Las Vegas como um estrangeiro em um deserto e
percebe como a indústria do entretenimento levanta espelhos e cenografias que
não nos deixa ver o que está por trás: horizontes e pontos de fuga. Tal como
nos fala os versos do “Hino da Pérola”, é a bebida que enche o nosso copo
diário de esquecimento. Filme sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende.
quinta-feira, dezembro 31, 2015
Filme "Deep Dark" atualiza a simbologia fantástica do Buraco
quinta-feira, dezembro 31, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O terror independente “Deep Dark” (2015) é um exemplo de como arquétipos
são os principais elementos na composição atual de argumentos e roteiros para
filmes. Certa vez, diretor Michael Medaglia imaginou uma cena do buraco em uma
parede de onde saiam mensagens misteriosas.
Achou a cena interessante. E todo o resto da narrativa cresceu em torno
dessa imagem. Em muitos aspectos “Deep Dark” assemelha-se a “Quero Ser John
Makovich” de Spike Jonze ao colocar um buraco como um elemento fantástico,
misterioso e aterrorizante. Com isso, “Deep Dark” aproxima-se da recorrência
simbólica do buraco como símbolo mágico e sagrado em todas as culturas: da
China e Índia antigas, passando pelo surrealismo das obras de Salvador Dali até
chegar ao “Mar de Buracos” da animação “Yellow Submarine” dos Beatles. Filme
sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende.
Desde que Lewis
Carroll escreveu a história de uma menina chamada Alice cuja narrativa começa
com a protagonista caindo na toca de um coelho para conhecer um estranho mundo chamado
“País das Maravilhas”, a ficção Ocidental mergulhou junto no antiquíssimo
simbolismo dos buracos e cavernas como ante-câmeras de mundos e deuses.
sábado, novembro 28, 2015
"The Zohar Secret" revela o misticismo no cinema russo atual
sábado, novembro 28, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O auge do Império Romano coincidiu com o surgimento dos textos mais
enigmáticos da humanidade, como o “Zohar” que é a própria mística da Cabala. Se
os seu conteúdo fosse revelado poderia provocar a queda do próprio Império. Mas o roubo
dos pergaminhos por um legionário romano marcará o destino da História do
Ocidente e da vida desse soldado que ficará prisioneiro em uma cilada Tempo-Espaço por sucessivas
reencarnações até os tempos atuais. Esse é o filme
“The Zohar Secret” (2015), mais uma recente produção russa onde está presente o
tema do misticismo gnóstico. Seria o misticismo russo uma forma de reação à
invasão do Marketing e da Publicidade na Rússia pós-comunismo? Uma reação
contra mais um império, assim como os textos místicos judaicos e gnósticos enfrentaram o Império Romano no passado? Filme sugerido pelo nosso
leitor Felipe Resende.
Cinco anos de
arrecadação de recursos por crowndfounding através da plataforma Kickstarter
(site de financiamento coletivo que busca apoiar projetos inovadores), envolvendo
1.300 pessoas de 54 países conseguiram levantar algo em torno de 10 milhões de
dólares entre dinheiro e equipamentos.
terça-feira, novembro 24, 2015
Uma jornada xamânica em "Blueberry: Desejo de Vingança"
terça-feira, novembro 24, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Uma verdadeira cápsula do tempo. Um daqueles filmes que mereciam ser
enterrados na época do seu lançamento para depois serem redescobertos como
verdadeiras pérolas. O filme “Blueberry” (aka "Renegade") do francês Jan Kounen (2004) foi
ridicularizado pela crítica e público para hoje ser saudado como um western
sobrenatural, um cult do xamanismo no cinema.
Blueberry não é apenas um filme sobre jornadas espirituais xamânicas de
um protagonista à beira da morte: os próprios efeitos especiais e imagens
cinéticas induzem o espectador a imergir em estados alterados de consciência. O
desejo de vingança de um protagonista transforma-se em jornada xamânica de
autoconhecimento desconstruindo as códigos do gênero faroeste – vingança,
honra, dominação e conquista.
O gênero western
já foi muitas vezes desconstruído no cinema por sátiras (Banzé no Oeste, 1974, de Mel Brooks), o exagero revivalista do
spaghetti western italiano dos anos 1960-70, a fusão do western com séries policiais urbanas nos anos 1970 (McCloud
– 1970-77) ou a paródia dos códigos e convenções dos duelos e violência nos
filmes de Tarantino.
Mas nada se equipara
ao western francês Blueberry. Baseado
no faroeste em quadrinhos francês homônimo de Jean-Michel Charlier e Jean
“Moebius” Giraud, o filme foi muito mais além da simples adaptação de um comic book: o filme transformou-se em
uma jornada espiritual após o próprio diretor do filme se encontrar com índios
xamãs que o iniciaram a rituais verdadeiros.
terça-feira, outubro 27, 2015
Mais louco é quem me diz - A exposição de Darcílio Lima, por Claudio Siqueira
terça-feira, outubro 27, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em junho deste ano houve a exposição "Darcílio Lima - Um Universo
Fantástico" na Caixa Cultural, no Rio de Janeiro. Cearense de
Cascavel, tornou-se um dos principais artistas brasileiros do Movimento
Surrealista, mas seu trabalho, assim como de muitos outros nomes do
surrealismo mundial, contém influências gnósticas que passam, como sempre,
despercebidas do grande público.
Conspiracionistas atestam que os conteúdos gnósticos presentes em obras
midiáticas possuem o intuito de inculcar mensagens subliminares nas mentes do
grande público; outros que tudo não passa de mera paranoia da parte de quem
assim pensa. Outros ainda, que os autores de tais obras não teriam conhecimento
real acerca das referências gnósticas presentes em suas obras. Se isso é
verdade, ao menos teríamos, talvez, a prova cabal do Inconsciente Coletivo
postulado por Carl Jung, posto que os mitos e arquétipos se repetem em
obras midiáticas mambembes sem o conhecimento de causa de seus autores.
sábado, agosto 08, 2015
Por que salas de cinema atraem atiradores?
sábado, agosto 08, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Atiradores que abrem fogo em escolas e salas de cinema já tornaram-se
eventos icônicos na cultura pop atual. Acompanhamos nas últimas semanas dois
episódios nos EUA envolvendo salas multiplex: Lafayette (onde exibia o filme “Trainwreck”
– “Descompensada” no Brasil) e em Antioch (em cartaz o filme “Mad Max: Estrada
de Fúria”). O Brasil também teve tiros em sala de cinema num shopping em 1999
onde era exibido “O Clube da Luta”. Por que salas de cinema atraem atiradores?
O tom que a mídia aborda esses episódios é monocórdico: sempre retratados como atiradores solitários,
sem conexões, e que de repente decidem abrir fogo contra uma plateia. Há algo
mais por trás desses eventos? É o que pretende demonstrar as hipóteses do
Efeito Copycat, do Sincromisticismo e sobre secretas conexões entre Cinema e
Guerra.
Duas semanas
depois de um atirador ter aberto fogo contra a plateia em um cinema em Lafayette,
Louisiana nos EUA, outro atirador armado com espingarda e um machado, no dia 05
de agosto, foi abatido por policiais em um cinema que exibia Mad Max: Estrada da Fúria em Antioch, no
Tenessee.
O atentado
anterior, no dia 23 de julho, foi há exatamente três anos do atentado em
Aurora, Colorado, onde James Holmes atirou na plateia que assistia ao filme Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge.
terça-feira, junho 09, 2015
A "maldição" do Coringa ameaça também o ator Jared Leto?
terça-feira, junho 09, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
“Tenho
medo de aproximar-me dele... Eu o conhecia antes dele ser o Coringa... não
quero envolver-me com isso”, relatou o ator Scott Eastwood sobre a experiência de
acompanhar Jared Leto ("Sr. Ninguém", "Clube de Compras Dallas") nas filmagens interpretando o Coringa, no filme
“Esquadrão Suicida” com lançamento previsto para 2016. Vazam na Internet
declarações de que, tal como Heath Ledger em “Batman: O Cavaleiro das Trevas”,
Leto também não estaria conseguindo “abandonar o personagem”. Estaríamos
acompanhando mais uma recorrência sincromística que envolve o sombrio palhaço
do crime? Para muitos pesquisadores em Sincromisticismo, desde que o Coringa
surgiu em 1940 nas HQs, o personagem transformou-se em uma forma-pensamento
autônoma, envolvido em repetidos relatos de atores sobre o desconforto em
interpretá-lo. Jack Nicholson ficou furioso por Ledger não tê-lo consultado
sobre como lidar com o papel. “Bem, eu o avisei!”, teria dito ao saber da morte
de Ledger. Jared Leto pode ser o próximo?
Considere essas duas declarações
abaixo feitas durante a produção de dois filmes diferentes:
(a) “A performance de Heath
Ledger interpretando o Coringa nos sets de gravação era tão assustadora que
muitas vezes chegava a esquecer as minhas próprias linhas de diálogo” Michael
Caine durante a produção do filme Batman:
O Cavaleiro das Trevas;
(b) “Eu tinha medo de aproximar-me dele
[Jared Leto] porque eu não queria me envolver naquilo que estava acontecendo.
Eu o conhecia, antes dele ser o Coringa. Eu o conheci como Jared Leto. Não
quero envolver-me com isso” (Scott Eastwood, sobre as filmagens do filme Esquadrão Suicida com Jared Leto
interpretando o Coringa).
domingo, maio 24, 2015
Parapolítica e subversão ocultista no filme "A Montanha Sagrada"
domingo, maio 24, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em
1980 John Lennon concedeu entrevista à “Playboy” onde dizia que caíra fora dos
Beatles porque eles teriam sido criados por “craftsmen” (termo ambíguo que pode
designar tanto “artistas” ou “artesãos” quanto “iniciados ao ocultismo"). Sete
anos antes Lennon ajudou a financiar o filme “A Montanha Sagrada” (1973) do
chileno Alejandro Jodorowsky, sobre oito "craftsmen" (poderosos industriais e
políticos) que são iniciados por um alquimista na busca da verdadeira
fonte do Poder: a imortalidade e o aprimoramento espiritual. Verdadeiros magos
negros donos dos mercados de armas, moda, arte, brinquedos, drogas e sexo. Pretendem alcançar a chamada “montanha sagrada” em uma distante ilha. Jodorowsky buscou no filme uma
dupla subversão: denunciar a
dimensão parapolítica onde magos ocultistas formariam a elite mundial que
aplicaria sofisticadas técnicas psíquicas de controle social; e do outro
didaticamente mostrar para os espectadores os passos da iniciação ocultista que poderia
nos livrar das ilusões que nos prendem ao mundo material e ao julgo dessas
elites ocultistas.
Depois de conseguir a atenção do
público alternativo e das chamadas “sessões da meia-noite” em cinemas
underground de Nova York com o filme El
Topo (1970), o diretor chileno Alejandro Jodorowsky conseguiu o
suporte financeiro de John Lennon e Yoko Onno para o seu projeto espiritual
cinematográfico A Montanha Sagrada –
a princípio, um filme que continuaria a temática de El Topo, isto é, sobre purificação, a descoberta da Verdade por
trás das aparências do mundo (Maia) e, por fim, a constante busca pelo
aprimoramento espiritual.
terça-feira, fevereiro 10, 2015
"Garota Exemplar" e a tragédia como delineadora da vida, por Sonielson de Sousa
terça-feira, fevereiro 10, 2015
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Grande favorito
ao Oscar (provavelmente nas categorias Melhor Filme, Melhor Ator/Atriz, Melhor
Roteiro e Melhor Diretor, dentre outros) “Garota Exemplar” (Gone Girl, 2014) é um suspense de
aproximadamente duas horas e meia que tem a habilidade de mostrar a tênue linha
entre a normalidade e a face nebulosa das pessoas - a “Sombra” de que fala Jung.
"O Homem é o lobo do homem, em guerra de todos contra todos" (Thomas Hobbes)
Baseado no livro homônimo escrito por Gillian
Flynn, o filme trata da estória de Amy Dunne (Rosamund Pike), que na infância é
tratada pelos pais e por todos à sua volta com extrema excepcionalidade e que,
depois de casada, é obrigada a ter uma vida mediana e a morar no interior para
acompanhar o marido. Dunne desaparece no dia do seu quinto aniversário de
casamento, deixando o esposo Nick (Ben Affleck) em apuros. Neste ínterim, Nick torna-se
o principal suspeito do desaparecimento, e conta com a ajuda da irmã para tentar
provar sua inocência.
O diretor David Fincher (de Millennium – Os Homens Que Não Amavam as
Mulheres) transpôs para as telas, dentre outras coisas, o chamado “fruto
tardio do romantismo”, traduzido essencialmente como o que alguns intelectuais chamam
de “fracasso afetivo”, tema amplamente debatido pelos filósofos Luiz Felipe
Pondé (PUC-SP) e Daniel Omar Perez (Unicamp), e pelo pensador Michael Foley, só
para citar alguns. Neste processo, o amante é “incompleto e errante” e, no
fundo, procura “um encontro consigo mesmo sem ter a menor ideia do que procura
de si no outro” (PEREZ, 2014). No percurso, pode-se descobrir de forma dolorosa
que não é nada fácil (re)conhecer o outro (e, de quebra, a si mesmo).
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