terça-feira, janeiro 03, 2023

A morte e o pavor existencial no filme 'Ruído Branco'




Um verdadeiro épico do pavor existencial que sintetiza todas as questões filosóficas de Albert Camus em torno da morte e suicídio em uma simples expressão: “Shits Happens!”. Esse é o filme “Ruído Branco” (White Noise, 2022), intrigante adaptação do cineasta Noah DeLillo ao romance pós-moderno homônimo de 1985. Uma comédia híbrida com acidente ferroviário que produz uma nuvem tóxica que gera uma evacuação em massa de famílias de subúrbios, freiras cínicas e um supermercado que, com suas cores e assepsia, vira um revigorante espiritual em um mundo absurdo e aleatório. Também a angústia pela morte que vira o leitmotiv da crise conjugal na família de um professor que é autoridade mundial em “Hitlerologia”. “Ruído Branco” mostra pessoas tentando esquecer de que todos nós vivemos no limite tênue entre a descoberta do absurdo e a esperança num sentido ou propósito que faça sentir que a vida vale a pena.

sábado, dezembro 31, 2022

Live do Ano Novo: Radiohead; o vício das Breaking News; posse de Lula enquanto PT volta a chocar ovo da serpente


Um bom ano novo começa participando da primeira Live Cinegnos 360 do ano: a edição #88, nesse domingo, dia primeiro, às 18h, no YouTube. Depois de uma agitada sessão “Comentários Aleatórios”, vamos entrar na sessão dos CDs do humilde blogueiro: a banda Radiohead viu o futuro: o nosso! Depois, discutiremos os filmes “Noites Brutais” (as ironias de um terror “woke exploitation”) e “Les Magnétiques” (a utopia eletromagnética da geração “DIY”). Mídia nos induz ao vício pelas “Breaking News”. E na Crítica Midiática da Semana: efeito Heisenberg na morte de Pelé? O pseudoevento da bomba de Brasília; PT volta a chocar o ovo da serpente da Comunicação; Normalização e Descontextualização no documentário Globo News “Visita, presidente”; a bomba semiótica da bomba fiscal e, claro, a crítica da cobertura da posse de Lula. É tudo nesse domingo! Venha participar!

PT volta a chocar o ovo da serpente da Comunicação


A morte do Rei Pelé parece ter ajudado a diluir o impacto nas esquerdas da nomeação de um bolsonarista, o deputado federal Juscelino Filho do União Brasil, no Ministério das Comunicações. Parece que o PT não entendeu a lição histórica recente: de como a elite brasileira de repente cansou-se da Democracia e do Estado de Direito e conseguiu virar o tabuleiro político envenenando psiquicamente uma nação com o ódio e a divisão de familiares e amigos. Tudo através da comunicação - ponto de estrangulamento de qualquer projeto de nação, com uma grande mídia sem pluralismo e Big Techs que não pensam duas vezes em apoiar a extrema-direita quando veem o projeto "Brasil neocolonialismo digital ameaçado. Mais uma vez, o pragmatismo da miragem da governabilidade começa a chocar o ovo da serpente e o economicismo retorna - a ilusão de que apenas a inclusão dos brasileiros no mercado de consumo criaria uma espontânea conscientização política. 

quinta-feira, dezembro 29, 2022

A utopia eletromagnética de toda uma geração no filme 'Les Magnétiques'


Os últimos momentos gloriosos de um mundo que vai acabar. Não! Não é um filme catástrofe. É o francês “Les Magnétiques” (2021), ambientado no início dos anos 1980 numa pequena cidade na Bretanha em pleno momento da explosão pós-punk e da energia DIY (“faça você mesmo”) – um grupo de jovens que comandam uma rádio pirata cujas antenas prometem a todos abrirem-se para o mundo e para um futuro revolucionário. Mas, o peso da realidade cotidiana e do serviço militar mostrarão que há inimigos muito maiores a serem enfrentados: a música transformada em propaganda política na Guerra Fria e a sua mercantilização corporativa. “Les Magnétiques” é um filme francês, mas acaba caindo no velho clichê hollywoodiano da “quebra-da-ordem-e-retorno-à-ordem”

quarta-feira, dezembro 28, 2022

As ironias de um terror "woke exploitation" no filme 'Noites Brutais'


Este humilde blogueiro adora escrever e falar sobre filmes porque eles não são meros produtos de entretenimento. São verdadeiros sismógrafos que detectam as mudanças do imaginário e sensibilidades de cada época. O terror indie “Noites Brutais” (Barbarian, 2022) é um quebra-cabeças irônico que, de um lado, ambienta-se em dois aspectos da globalização: uma Detroit desindustrializada e a nossa confiança cega em plataformas digitais como Airbnb ou Uber. E do outro, a transformação da matriz do terror com o subgênero “terror de gênero” ou “woke exploitation” no qual o Mal emerge agora da masculinidade tóxica.  Tess e Keith são vítimas possivelmente de um golpe de reserva dupla de uma casa pelo Airbnb em um decadente e quase apocalíptico bairro periférico de Detroit. Lá descobrirão da pior maneira possível que a casa não é aquilo que parecer ser.

segunda-feira, dezembro 26, 2022

O pseudoevento da bomba de Brasília feita para explodir no campo semiótico

A bomba do terrorista George Washington de Souza (que nome síncrono!) não foi detonada. Mas explodiu no campo semiótico – parece até que ela foi feita para isso, não ser detonada no mundo real e criar um pseudoevento canastrão. Este Cinegnose chega a essa hipótese amparada na análise das primeiras páginas e manchetes dos jornalões, repletas de termos tautológicos (“bolsonarista radical”), difusos (“provocar o caos”), além da indefectível estratégia de contaminação metonímica para gerar novos sentidos maliciosos. Grande mídia está mais interessada em jogar o problema no colo do futuro governo do que nas autoridades atuais. E “acender a luz vermelha” da posse. Do terrorismo do mercado ao terrorismo “patriota”, é a continuidade da estratégia de emparedar o futuro governo. E para completar, entra em ação a “lupa identitária” da contabilidade de quantas mulheres e negros ocupam o futuro ministério... só que para o jornalismo corporativo não valem negros e mulheres indicadas por petistas.

quinta-feira, dezembro 22, 2022

Nessa sexta: Premê e Língua de Trapo, CiberMarx no final de século e cascas de banana no Governo de Transição


Excepcionalmente nessa sexta-feira (23/12), Live Cinegnose 360 #87, 18h, no YouTube. Vamos começar com o humor da Vanguarda Paulista: Premeditando o Breque e Língua de Trapo. Em seguida, vamos discutir os filmes “France” (o que acontece quando o jornalista vira o protagonista da própria notícia) e “A Caçada” (Ironias, guerra cultural e cultura do cancelamento na guerra híbrida). CiberMarx: o Manifesto Cibercomunista de Richard Barbroock no final do século XX. E a Crítica Midiática da Semana: por que grande mídia se preocupa tanto com teto fiscal? Governo de Transição cria cascas de banana para si mesmo; a chantagem midiática Simone Tebet; a canastrice de Zelensky pedindo mais armas para Joe “sleep” Biden; na surdina corre atualização da Lei do Impeachment no Senado. E muito mais! É nessa sexta-feira, não se esqueça! 

Ironias, guerra cultural e cultura do cancelamento em 'A Caçada"


Em tempos de guerra cultural que gera profunda polarização política, está cada vez mais difícil entender ironias, porque espíritos armados vê tudo na literalidade. O filme “A Caçada” (The Hunt, 2020, disponível na Netflix) foi uma das vítimas dessa polarização – um filme que dispara ironias contra teorias da conspiração e cultura do cancelamento: elites liberais que se reúnem em uma mansão remota para caçar humanos por esporte. “A Caçada” ironiza coisas como o “Pizzagate” (no filme temos o “Manorgate”). Seu lançamento sofreu sucessivos adiamentos. "A Caçada" zomba das elites liberais politicamente corretas, a cultura do cancelamento e a histeria conspiratória de extrema-direita. E, assim como em produções posteriores como “Não Olhe Para Cima”, joga com a histeria online que muitas vezes parece ao mesmo tempo presciente e redundante – como as teorias conspiratórias, de tão caricatas, poderiam virar profecias autorrealizáveis.

quarta-feira, dezembro 21, 2022

Filme 'France': quando o jornalista vira o protagonista da notícia


“France” (2021, disponível na HBO Max), do cineasta francês Bruno Dumont, foi recebido com um coral de vaias no Festival de Cannes no ano passado. Parece que a plateia formada principalmente pela imprensa especializada não recebeu muito bem a sátira de um cineasta sobre fama e celebridade no jornalismo – jornalistas não costumam receber muito bem críticas de alguém que não pertença ao próprio campo jornalístico. O filme acompanha uma jornalista-celebridade chamada France de Meurs e o fenômeno tautista em que jornalistas deixam de ser testemunhas da história para se transformarem em protagonistas da própria notícia. Regularmente abordada nas ruas para selfies e autógrafos, France parece confortável no interior de uma bolha tautista social/profissional protetora. Até o sentimento de alienação e depressão assombrá-la depois de atropelar um motoboy e começar a colocar em xeque sua profissão. Mas como encontrar a realidade para além do estúdio e da ilha de edição?

sábado, dezembro 17, 2022

Live do domingo: o pós-rock do Trans Am; Jung e os mortos; o fim da Internet com Splinternet e Crítica Midiática da semana



A Copa acabou, mas a Live Cinegnose 360 não! Continua nesse domingo (18/12/2022), com a edição #86, às 18h, no YouTube. Na sessão dos CDs piratas do humilde blogueiro, vamos discutir o “pós-rock” de final de século da banda “Trans Am”. Na sessão do Cinema e Audiovisual temos dois filmes: “Um Outro Mundo” (amor, família e luta de classes na ética do novo capitalismo); e vamos revisitar o novo clássico “Os Outros” (Jung tinha razão sobre mortos e fantasmas). A Internet está acabando. Vamos discutir o seu futuro: a “Splinternet”. E na Crítica Midiática da semana: grande mídia quer desgastar ainda mais capital político de Lula; Efeito Heisenberg derrubou Seleção pela segunda vez; Identitarismo na cobertura da Copa oculta exploração, escravidão no Catar e “sportwashing”; Elon Musk bloqueia perfis de jornalistas no Twitter: despolitização de um debate; Globo vai à luta: Brasil deve se tornar uma neocolônia digital; Por que, diferente da Alemanha, a mídia brasileira não investiga organizações terroristas golpistas? Venha conspirar nesse domingo!

quinta-feira, dezembro 15, 2022

Revendo 'Os Outros': Jung tinha razão sobre mortos e fantasmas


Num evento sincromístico, depois de rever o filme “Os Outros” (The Others, 2001), de Alejandro Almenábar, pouco depois, remexendo antigos exemplares da velha revista “Planeta”, esse humilde blogueiro deparou-se com um pequeno texto de C.G. Jung chamado “A Vida Depois da Morte”. Tanto Almenábar quanto o psicanalista austríaco invertem todo senso-comum que temos sobre o após-morte: acreditamos que, chegando lá, teremos todas as repostas das perguntas que nos atormentam. Porém, tudo o que os espíritos sabem é o que sabiam no momento da morte. E nada mais. Na verdade, eles não nos assombram. Porque tanto em “Os Outros” quanto em Jung, todos, vivos e mortos, são fantasmas em busca de respostas.

terça-feira, dezembro 13, 2022

Amor, família e luta de classes no filme 'Um Outro Mundo'


“Bem-vinda ao clube... Isso acontece quando você faz as coisas certas. Talvez esteja chegando a hora da promoção”, dizia Nigel para a esgotada Andy vendo sua vida amorosa ficar arruinada de tanto trabalhar em “O Diabo Veste Prada”. O filme francês “Um Outro Mundo” (Un Autre Monde, 2021) repete essa intuição de Nigel ao mostrar a vida familiar e amorosa de um gerente executivo de uma transnacional irremediavelmente danificada pelas pressões do trabalho. Mas não é apenas “trabalho”, mas a ingerência das cadeias produtivas globais e seus acionistas – a necessidade de o gerente montar um plano de demissões e trair a confiança de seus subordinados do chão de fábrica. Ele tentará lutar contra os CEOs da matriz, revelando como a ética flexível do novo capitalismo (politicamente correto e cheio de eufemismos como “valores”, visão” etc.) é mais um dispositivo para ocultar a velha luta de classes.

sábado, dezembro 10, 2022

Banda Devo; marxista anteviu crise na Física; comercial da Copa explica derrota da Seleção + crítica midiática. É nesse domingo


O Brasil perdeu, mas o mundo não acabou! Por isso, nesse domingo (11/12), às 18h, no YouTube, vamos para a edição #85 da invencível Live Cinegnose 360. Nessa edição, os CDs piratas do humilde blogueiro com a banda DEVO: a mitologia pop da involução humana. Na sessão do cinema e audiovisual, vamos explicar o terror gnóstico “Skinamarink” e a desconstrução AstroGnóstica do filme “Nr. 10”. Christopher Caudwell: um marxista que na década de 1930 anteviu a crise na Matrix da Física. E na Crítica Midiática da semana: defesa midiática das dancinhas atualiza a retórica da ditadura militar sobre a Seleção; comercial de patrocinador da Copa e nome sincromístico do estádio explicam por que a Seleção perdeu; América do Sul em transe: tentativa de golpe no Peru assanha “patriotas” da grande mídia; “Efeito Pinball” já encurrala Governo de Transição; análise de “colonista” da CNN é prova da função do Exército Psíquico de Reserva. E mais!... tudo nesse domingo.

Do demasiado humano ao AstroGnosticismo no filme 'Nr. 10'

O diretor holandês Alex van Warmerdam é conhecido por esse humilde blogueiro principalmente pelo filme “Borgman” (2013) sobre como uma família burguesa é capaz de se autodestruir pelo demasiado humano que nos habita. Mas, dessa vez, seu espírito desconstrutivista foi mais além: do demasiado humano para uma narrativa AstroGnóstica no filme “Nr. 10” (2021). Uma verdadeira montanha-russa, com guinadas secas no tom, como se quisesse brincar com o espectador: de uma simples comédia de erros, passando para um drama sobre pecados até dar uma guinada AstroGnóstica. “Nr. 10” começa no mundo profano do cotidiano (a rotina de trabalho, traições e mentiras numa companhia teatral) para convergir para o Sagrado: a busca de si mesmo pelas mãos de um estranho homem sussurrante que conduz o protagonista a um excêntrico Monsenhor que parece ter negócios muito além desse mundo.

quinta-feira, dezembro 08, 2022

Defesa midiática das "dancinhas" reatualiza a velha retórica da ditadura militar sobre a Seleção


Toda a polêmica em torno das “dancinhas” dos jogadores da Seleção fez esse humilde blogueiro lembrar de uma outra polêmica: a desse blogueiro com o artigo “Justiça Social e Felicidade” do editorialista do “Estadão” Gilberto de Mello Kujawski, há 40 anos. Para ele, felicidade e justiça social nada teriam a ver, já que o brasileiro supostamente sempre foi feliz com o bolso vazio. A cada Copa, esse discurso da ditadura militar é reatualizado: a Seleção como um espelho da alma do brasileiro. Portanto, a criatividade coreográfica dos brasileiros refletiria essa alegria indômita, representada em vídeos publicitários mostrando jogadores amadores em favelas também dançando e fazendo acrobacias com a bola. Porém, esse discurso está entrando em choque com a “neymarização” da Seleção: esportistas que agora almejam ser jogador-celebridade, voltando seus atos à produção de conteúdo de ostentação para as redes: das “dancinhas” estilo tik tok ao consumo de bifes folheados a ouro. Não jogam mais para as arquibancadas, mas para as redes sociais. Mas eles não são os culpados. Culpada é a grande mídia e indústria publicitária, sempre reatualizando a tese daquele velho editorialista na ditadura militar.

quarta-feira, dezembro 07, 2022

Para entender o terror gnóstico de 'Skinamarink'



Os mais assustadores filmes de terror são aqueles cujas imagens e narrativas deixam lacunas para que nossa imaginação tente preenchê-las. E a nossa imaginação pode ser mais assustadora do que o próprio filme. “Skinamarink” (2022) nos mostra duas crianças que acordam no meio da noite e descobrem que os pais desapareceram, assim como todas as portas e janelas. Filmada em filme analógico, o resultado são imagens escuras e muito granuladas: o que faz o espectador imaginar as coisas mais diabólicas que possam emergir dos grãos da imagem. Há um plot gnóstico por trás do drama daquelas crianças: realidade, fantasia, o onírico e o lúdico se misturam numa casa que repentinamente perdeu portas e janelas. Abuso infantil, morte e monstros da nossa infância são a superfície de um drama gnóstico que tem a ver com a nossa condição existencial da solidão: nascemos sós e morremos sós.

sábado, dezembro 03, 2022

'Renaissance', futebol e sociedade, mundos em colisão, crítica midiática e passaralhos na grande mídia. É nesse domingo!


Neste domingo uma Live realmente em 360 graus, pra fazer jus ao nome... Música, vinis, teorias conspiratórias, paranoia, Física e Gnosticismo, além da crítica midiática. É a edição #84 da Live Cinegnose 360 desse domingo (04/12), às 18h, no YouTube. Dessa vez o humilde blogueiro encontrou um vinil de uma banda de rock progressivo esquecida: “Renaissance” – a única que conseguiu combinar rock com orquestração sinfônica. Depois, vamos discutir os filmes “Something in the Dirt” (a paranoia pop do século XXI) e a produção brasileira “Eike, Tudo ou Nada” (Netflix recicla mais uma vez um refugo midiático). E, num momento de Copa do Mundo, é oportuno revisitar a produção franco-luso-brasileira “Diamantino” (estrelas do futebol são espelhos de uma sociedade que se auto-destrói). Uma variação da teoria do Universo como simulação: a Teoria dos “Mundos em Colisão”. E na crítica midiática: o jornalismo metonímico ataca outra vez; Lula sitiado pelo terror do teto fiscal e o espantalho do golpe militar; agora mercado publicitário fala em “união”; o “passaralho” da CNN: como grande mídia atira no próprio pé; para jornalismo corporativo, Bolsonaro é apenas “desorganizado”. Venha conspirar e ser paranoico nesse domingo!

sexta-feira, dezembro 02, 2022

Uma sátira da paranoia pop customizada do século XXI no filme 'Something in the Dirt'


O século XX foi um século paranoico: Guerra Fria, conspirações nucleares, agências de espionagem etc. E quem eram os sujeitos das conspirações? Ou era o Capitalismo ou o Comunismo. “A verdade está lá fora”, pôster icônico da série Arquivo X, foi a preparação para um novo tipo de paranoia que invadiria o século XXI: a paranoia pop, sem um sujeito determinado: podem ser sociedades secretas, grays, globalistas, satanistas ou qualquer coisa oculta – Sequência Fibonacci, Código da Vinci, números pitagóricos etc. Conspirações customizadas, inclusive para fins de extremismo político de direita. O filme indie “Something in the Dirt” (2022) é uma parodia dessa paranoia pop: uma dupla pretende explicar “racionalmente” os estranhos acontecimentos telecinéticos que ocorrem em um pequeno apartamento. E decidem transformar essa busca em vídeos na internet. Ganhar algum dinheiro ou fama, enquanto tentam encontrar conexões entre, por exemplo, um cristal que levita, a Sequência Fibonacci e o mapa da cidade de Los Angeles. Mas será que serão inteligentes o suficiente para criar sua própria toca de coelho?

quinta-feira, dezembro 01, 2022

'Eike, Tudo ou Nada' recicla pela segunda vez refugo midiático


O brasileiro que chegou ao oitavo lugar na lista Forbes dos mais ricos do planeta. Saudado pela grande mídia brasileira como o “empreendedor genuíno” que “compete honestamente” e que “não tem vergonha da riqueza”. Em pouco tempo, estava exposto ao vivo na TV, cabeça raspada, sendo conduzido ao presídio após mais uma operação da Lava Jato. A produção brasileira Netflix “Eike, Tudo ou Nada” (2022) pretende descrever a vida do mito decaído Eike Batista. Mas tudo o que entrega é uma confortável fábula empresarial: Eike como uma espécie de “Prometeu acorrentado” que ousou desafiar o destino de um país condenado ao fracasso. Seu erro: como nos informa o pôster promocional, repetir o mesmo gesto icônico de Getúlio Vargas e Lula. “Eike, Tudo ou Nada” recicla pela segunda vez o refugo midiático em que se tornou: a primeira vez, um condenado para ser jogado no colo de Lula e Dilma; e agora, como um suposto empresário idealista num país que teima em não dar certo.

domingo, novembro 27, 2022

The Smiths; cinco vidência de que Universo é uma simulação; Copa do Mundo recupera símbolos nacionais? É na Live de domingo


O fim está próximo!... Da espera pela dição #83 da Live Cinegnose 360, nesse domingo (27/11), às 18h no YouTube. No meio dos vinis do sótão desse humilde blogueiro, dessa vez escolhemos The Smiths e Morrissey: de vegano e anti-Thatcherista a nacionalista de direita – Por que roqueiros dos anos 80 se tornaram reacionários? Depois vamos discutir os filmes “Cadáver” (como a Inteligência Artificial do Netflix está produzindo roteiros de cinema) e a produção japonesa “Sexual Drive” (Nattô, Mapo Tofu, macarrão Lamen e autoconhecimento erótico). Em seguida, continuamos com as conexões entre Física e Gnosticismo: cinco indícios de que o Universo é uma simulação computacional. E na crítica midiática: grande mídia não quer recuperar símbolos nacionais apropriados pela extrema-direita; a quem interessa rotular bolsomínios como “doentes mentais”; Ataques em Aracruz: o empirismo grosseiro do jornalismo corporativo; o papel das ONGs e Think Tanks nos golpes civis brasileiros; Alexandre Frota no Gabinete de Transição: Governo Lula emparedado? O cinegnóstico não perde por esperar esse domingo! 

sábado, novembro 26, 2022

Mídia preguiçosa não quer recuperar símbolos nacionais roubados pela extrema-direita



Nesse momento de Copa do Mundo no Catar, grande mídia e mercado publicitário estão fazendo a cobertura esportiva e veiculando comerciais na TV dentro do espírito “o verde-amarelo é de todos”. Supostamente tentando recuperar as cores e símbolos nacionais apropriados pela estratégia de comunicação “alt-right”. Que veste grupos que agora bloqueiam e fazem atentados em estradas. Mas será que tentam recuperar mesmo? Para eles, a torcida brasileira unida na Copa por si só resolveria tudo: uma simples transposição dos símbolos nacionais do extremismo político para o esporte, apenas com os sinais trocados. Porém, essa preguiçosa contraofensiva semiótica é insuficiente frente à sofisticada estratégia de dessimbolização da extrema-direita internacional. Como demonstrado na Finlândia quando o extremismo se apoderou do símbolo nacional do leão e da cruz. Ou será que grande mídia não quer mesmo é se livrar do ativo sociopolítico que representa o “Exército Psíquico de Reserva”. Que poderá ser útil no futuro?

quinta-feira, novembro 24, 2022

Natto, mapo tofu, macarrão lamen e autoconhecimento erótico no filme 'Sexual Drive'



O que iguarias da culinária japonesa como natto, mapo tofu e um macarrão lamen com gordura extra têm a ver com sexo? Tudo, principalmente numa sociedade de consumo que promove os alimentos como forma fetichista e regressiva de realização compulsiva e ilusória de desejos: comemos demais e fazemos sexo de menos. Porém, a comédia de humor negro “Sexual Drive” (2021), exibido na MUBI, vai no sentido contrário: transforma esses três produtos da cozinha japonesa em formas de autoconhecimento psíquico e erótico. São três contos centrados em cada uma dessas iguarias que se tornam objetos de excitação. Estórias sobre sexo, mas sem nunca o mostrar.

terça-feira, novembro 22, 2022

Filme 'Cadáver': luzes, câmera... e Inteligência Artificial!


Todos conhecem o papel da Inteligência Artificial (“machine learning”) de plataformas como Netflix que “aprende” com as escolhas e comportamento do usuário, customizando sua “experiência”. Mas hoje a IA faz mais do que isso: analisa e prevê as avaliações dos filmes, interferindo nos estágios iniciais da fase da produção criativa, ajudando decisivamente na produção de roteiros. Economizando tempo e dinheiro. Reversibilidade irônica: uma plataforma de comunicação que não mais comunica. Apenas sinaliza e informa, retroalimentando o repertório do usuário. Um exemplo é o filme de terror norueguês “Cadáver” (Kadaver, 2020): num mundo pós-apocalíptico, uma peça de teatro num hotel com jantar incluído atrai uma multidão faminta. Que descobrirá da pior maneira possível que o preço do ingresso é uma cilada mortal. Um pastiche de “tropos” do gênero que torna tudo previsível e inverossímil – feedback tautista. Porém, para usuários que conheceram o cinema a partir do streaming, essa incomunicabilidade talvez não seja perceptível.

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