sexta-feira, fevereiro 25, 2022
Hollywood ao resgate da Ucrânia: guinada geopolítica dos EUA e primeiro dominó multipolar
quinta-feira, fevereiro 24, 2022
'Moonfall': um filme-catástrofe para a nova era da Guerra Fria 2.0 e da pandemia global
“Moonfall: Ameaça Lunar” (2022), do mestre dos filmes-catástrofe Roland Emmerich (“Independence Day”, 2012), é um exemplo do mais recente pico de produções do gênero, sincrônico à crise pandêmica global e à Guerra Fria 2.0 consolidada com a invasão da Ucrânia pela Rússia. Dessa vez, acompanhamos o que aconteceria se a Lua saísse de órbita e entrasse em rota de colisão com a Terra. Esse novo pico de produções de filmes-catástrofe (basta pesquisar o banco de dados do Internet Movie Data Base – IMDB) confirma a tese do sociólogo Ignácio Ramonet: os filmes catástrofes são uma operação psicológica de deslocamento, ao criar um objeto fóbico que fixa a angústia coletiva suscitado em situações de crise. Fixar o vetor da crise como uma calamidade de ordem natural para, dessa maneira, despolitizar os acontecimentos. Freud explica.
Roland Emmerich é o mestre dos filmes-catástrofe. Principalmente pela maneira como consegue combinar paranoia e teorias conspiratórias que sempre apontam para uma iminente destruição do planeta.
Em Independence Day (1996), a conspiração governamental para ocultar o segredo alienígena na Área 51; em Godzilla (1998), testes nucleares secretos criam um lagarto mutante gigantesco que, claro, vai querer destruir Nova Iorque; em O Dia Depois de Amanhã (2004), a conspiração para ocultar as consequências apocalípticas das mudanças climáticas; em 2012, tendo como pano de fundo a profecia Maia que supostamente previa o fim do mundo naquele ano, a conspiração das elites mundiais para ocultar a catástrofe geológicas que matará grande parte da população – enquanto a elite, com informação privilegiada, pagava fortunas para um lugar na Arca de Noé high tech.
E agora, Moonfall: Ameaça Lunar, com uma teoria da conspiração tão velha quanto a do pouso da Apollo 11 na Lua dirigido por Stanley Kubrick – a teoria de que a Lua é uma megaestrutura alienígena oca, criada por uma antiga raça para algum propósito não muito claro.
Dessa vez o “mestre do desastre” ao mesmo tempo nos aterroriza e nos fascina (com os espetaculares efeitos especiais CGI) descrevendo o que aconteceria se a Lua saísse de orbita e entrasse em rota de colisão com a Terra.
O filme é lançado num momento em que transforma esse típico exemplar do gênero filme-catástrofe num sintoma: as consequências econômicas globais da pandemia somadas à escalada da crise política no Leste Europeu com o desfecho final da invasão russa na Ucrânia.
Moonfall é um típico filme de um gênero bem particular, que não pode ser confundido com a tendência atual da “Covid Expoitation”, série de filmes que exploram as mazelas humanas em meio à pandemia global: Corona Zombies (mortos pela Covid viram zumbis vingativos), Coronavirus: The Movie (produção hindu), Corona: Fear is a Virus (em meio à pandemia, um grupo fica preso num elevador no Canadá), A Casa da Praia (uma pandemia que vem do oceano), a série Sl⌀born (uma pequena comunidade numa ilha observa indiferente a pandemia global pela TV) ou o curta Apocalypse Norway (um grupo de adolescentes numa área costeira remota ignora a chegada de um vírus apocalíptico na Europa), entre outras inúmeras produções.
Roland Emmerich pega uma carona num gênero que ao mesmo tempo é um sintoma psicossocial e uma operação ideológica de Hollywood – uma tendência que cresceu principalmente no pós-guerra da década de 1950.
Historicamente, os filmes-catástrofes começaram operando um fenômeno de deslocamento no psiquismo coletivo, onde a ansiedade e medo coletivo da guerra nuclear e da guerra fria eram transferidos para um “objeto fóbico” representados por invasores alienígenas, formigas gigantes ou até pássaros assassinos – Os Pássaros, de Hitchcock.
Esse conceito de objeto fóbico é muito mais complicado do que a paranoia criada pelo medo de um inimigo externo. não se trata simplesmente de medo a um objeto. O próprio medo e o objeto, em si, já são sintomas. Como Freud afirmava em 1909, “aquilo que é hoje o objeto de uma fobia, no passado deve ter sido também a fonte de um elevado grau de prazer” (Cf. FREUD, S. “Análise de uma fobia de um menino de cinco anos”, Capítulo III parte II).
Segundo Ignácio Ramonet, esse gênero de blockbuster teria o papel habitual de “deslocamento”: as calamidades fílmicas teriam a função de “criar um objeto fóbico que permitiria ao público localizar, circunscrever e fixar a formidável angústia ou estado de aflição real suscitado pela situação traumática da crise” (Veja RAMONET, Ignácio. Propagandas Silenciosas. Petrópolis: Vozes, 2002, p.86).
Se acompanharmos a produção dos filmes desse gênero veremos que os picos de produção se localizam exatamente em contextos históricos de crise econômica ou política. Trabalhando com o banco de dados do IMDB (Internet Movie Data Base) referente à produção de disaster movies entre 1920-2021, percebe-se nitidamente essa tendência - veja gráfico com esses dados adiante.
Mas antes, vamos falar um pouco sobre a nova produção de Roland Emmerich.
O Filme
Os astronautas Jo (Halle Berry) e Brian (Patrick Wilson) testemunham um acidente bizarro enquanto fazem a manutenção de um satélite em órbita, causado por uma massa ondulante de matéria negra.
Quando eles voltam à Terra sem um membro da tripulação (morto no episódio), ninguém acredita neles; Brian é culpado e colocado na lista negra da NASA.
Corta para dez anos à frente, para conhecermos KC Houseman (John Bradley de Game of Thrones ), um blogueiro solitário com um gato chamado Fuzz Aldrin. Na verdade, um teórico da conspiração que vê antes de qualquer pessoa que a Lua saiu de órbita e seus detritos destruirão o planeta dentro de semanas.
Cabe a Brian e Jo retornarem ao espaço e derrotar o que eles chamam de “o enxame”, a misteriosa matéria negra que causou o acidente orbital na abertura do filme – de alguma forma, aquela estranha forma de inteligência alienígena está conectado com o estranho comportamento do nosso satélite “natural”... ou não tão natural assim!
O ator Donald Sutherland está fascinante e assustador como o personagem guardião dos mais sombrios segredos da NASA: um deles, o de que a Lua é um artefato alienígena que parece ter sido hackeado por alguma forma sinistra de IA alienígena que pretende riscar a humanidade do Universo.
Moonfall é um filme-catástrofe vintage, que parece querer retornar aos tropos clássicos dos anos 1990: no meio da catástrofe, com a Terra sofrendo anomalias gravitacionais que destrói cidades com terremotos e tsunamis, há espaço para piadas sem graça, discussões de relacionamentos entre casais e famílias que tentam juntar os cacos de casamentos rompidos. Junto ao combo, crianças que se perderam dos pais e mulheres frágeis à espera do herói.
Mas, como uma pitada de contemporaneidade dos tempos de privatização das viagens espaciais: A NASA é retratada por um viés extremamente negativo, enquanto Elon Musk e suas empresas são mencionados com uma regularidade de arregalar os olhos, a ponto de parecer uma estratégia mercadológica de inserção de produtos – product placement.
O objeto fóbico dos filmes-catástrofe
Acompanhando o gráfico abaixo, podemos observar a confirmação da tese de Ignácio Ramonet: os filmes-catástrofe correspondem imaginariamente ao efeito de deslocamento, isto é, fixar o vetor da crise como uma calamidade de ordem natural para, dessa maneira, despolitizar os acontecimentos.
O primeiro pico de produções está no ápice da guerra fria com a ameaça nuclear dos anos 1950 e começo da década de 1960.
Nos anos de 1970 vemos a consolidação do gênero com Filmes sobre catástrofes (incêndios, maremotos, terremotos, panes tecnológicas, enchentes etc.) que surgiam de repente e abalavam a harmonia de uma comunidade começam a se multiplicar desde o filme Aeroporto (1970). Seguem-se O Destino de Poseidon (1972),Terremoto (1974), Inferno na Torre (1974), Heat Wave (1974), Aeroporto 1975, Flood! (1976) entre outros.
Depois de décadas de crescimento e estabilidade econômica no pós-guerra, os anos 1970 foram marcados pela aceleração da inquietude com a crise do petróleo associado às sucessivas derrotas norte-americanas do Vietnã, conflitos raciais, o escândalo de Watergate e a moratória disfarçada de Nixon ao romper o acordo de Breton Woods e decretar o fim do lastro-ouro para o dólar.
Após as crises dos anos 1970, segue-se a era de ouro das políticas neoliberais da era Reagan e Thatcher nos anos 1980 e a estabilidade econômica mediante a socialização dos prejuízos pela dilapidação do Estado. Em uma década triunfante coroada com a queda do Muro de Berlin e o início da ordem global, despenca a produção de filmes desse gênero. O gênero será retomado na segunda metade dos anos 1990, época das primeiras grandes crises financeiras sistêmicas e globais: a crise do México em 1995, a crise das bolsas asiáticas em 1997-98 e o calote russo em 1998.
A retomada dos filmes-catástrofes vem com filmes como IndependenceDay (1996), Daylight (1996), Twister (1996), Titanic (1997), Volcano (1997), O Inferno de Dante (1997), Impacto Profundo (1998) entre outros.
E na segunda metade dos anos 2000 com uma nova onda de instabilidade pela explosão da bolha especulativa imobiliária dos EUA em 2008 e o derretimento da Zona do Euro a partir de 2009, experimentamos um novo pico de filmes catástrofes: Cloverfield – Monstro (2008), Fim dos Tempos (2008), A Estrada (2009), 2012 (2009), A Epidemia (2010) etc. E a onda de filmes continua na década de 2010 como reflexo da demora da retomada da economia mundial: Invasão do Mundo: a batalha de Los Angeles (2011), Ataque ao Prédio (2011) ou O Impossível(2012).
E os anos 2020 começam com a pandemia global e, agora, o ressurgimento da Guerra Fria com a invasão da Ucrânia pela Rússia.
Porém, para haver essa operação psíquica de deslocamento descrita por Ramonet, é necessário o motor imaginário do objeto fóbico. Como Freud observou, esse objeto particular passa a ter uma característica fóbica – aquilo que no presente tem uma característica fóbica, significa que no passado foi fonte de prazer.
O fascínio pelos filmes-catástrofe se origina justamente dessa ambiguidade imaginária das crises: assim como Freud observou que o objeto de uma fobia foi fonte de prazer no passado, crises e instabilidades vislumbram a inesperada possibilidade de libertação com a destruição de uma ordem. Crises e desordens podem produzir desobediências civis e, no âmbito político, possibilidade de novos discursos críticos emergirem. Por isso a necessidade da o cinema transformar a crise em um objeto fóbico (assustador, repugnante etc.), para afastar do horizonte qualquer esperança de mudanças.
Em síntese, o filme-catástrofe explora de uma maneira peculiar o clichê mais geral da indústria de entretenimento de quebra-da-ordem-e-retorno-a-ordem - não importa o gênero ou tema, esse clichê está sempre presente como uma forma de elaborar a fantasia e as expectativas do espectador: ir ao cinema para quebrar a rotina e o desprazer do cotidiano ao ver, de forma ritualizada a ordem social, política etc. ser quebrada – bancos sendo roubados, terroristas explodindo coisas, a desordem da sociedade à beira do fim do mundo etc.
E, chegando ao final, prepará-lo para retornar às suas obrigações diárias, como se nada tivesse ocorrido, com o retorno à ordem.
Ficha Técnica |
Título: Moonfall: Ameaça Lunar |
Diretor: Roland Emmerich |
Roteiro: Roland Emmerich, Harald Kloser, Spenser Cohen |
Elenco: Haller Berry, Patrick Wilson, John Bradley, Charlie Plummer |
Produção: Centropolis Entertainment |
Distribuição: Diamond Films |
Ano: 2022 |
País: EUA |
quarta-feira, fevereiro 23, 2022
No futuro impostos e anúncios invadirão nossos sonhos no filme 'Strawberry Mansion'
Michel Gondry se encontra com Freud. E “Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças” descobre a “Interpretação dos Sonhos”. Esse é o filme indie “Strawberry Mansion” (2021). Em um futuro próximo o Neuromarketing alcança o estado da arte: sem permissão, poderosos algoritmos dirigidos ao consumidor se infiltram nos sonhos das pessoas, construindo anúncios com o próprio material onírico. Além disso, todos os objetos dos sonhos são tributáveis e auditados através de um “stickair”. Um auditor fiscal vai investigar o caso de uma contribuinte que há anos vem sonhando, sem pagar impostos. Auditar seus sonhos será a chave para uma terrível descoberta sobre a natureza gnóstica da própria realidade.
terça-feira, fevereiro 22, 2022
Resposta anticíclica de Putin é auge da guerra semiótica entre Rússia e o modelo de Deep State
Algo saiu do script! De repente, pareceu que algum release que viria diretamente da OTAN para o ponto eletrônico dos repórteres cessou. Deixando-os gaguejantes, consternados, sem ter o que dizer ao vivo após um irritado e impaciente Putin ter reconhecido a independência e soberania das regiões separatistas da Ucrânia. Para depois, enviar “tropas de paz” para as regiões. Biden aproveitou o feriado e se fechou na Casa Branca, e, no vácuo, aliados prometeram “uma reposta rápida a Putin”. A resposta anticíclica de Putin, rompendo a “política do megafone” de Biden é a culminância aos primeiros sinais das diferenças semióticas EUA/Rússia: o salão oval versus a gigante mesa oval de reuniões do Putin, p. ex.. As diferenças não são meramente estéticas: Putin explora muitos elementos do teatro de vanguarda, sob a influência do “Rasputin” Vladislav Surkov, trabalhando na linha tênue entre ficção e realidade. Nada do que o Ocidente também não faça. Porém, com uma diferença: enquanto o Deep State ocidental precisa criar uma cena ficcional com atores que acreditam ser os próprios personagens que encenam, Putin é a própria realpolitik russa. Mas, também, essa diferença oculta uma ameaça mortífera.
domingo, fevereiro 20, 2022
Live desse domingo: The Cure: melancolia e revolta na cultura pop; Bigbug e IA; a canastríssima crise OTAN-Rússia
E continua a crônica desses tempos distópicos. Mais uma Live Cinegnose 360 nesse domingo, edição #43, às 18h, no YouTube. Diretamente do sótão desse humilde blogueiro, os vinis da banda The Cure: Charles Baudelaire de calças de couro – a recorrente revolta e melancolia na cultura pop. Em seguida, precisamos falar do filme brasileiro “A Nuvem Rosa”: profecia ou espírito do tempo? Para depois, discutirmos o filme francês “BigBug”: Inteligência Artificial e o rebaixamento do conceito de “inteligência”. Essa discussão se conectará com o documentário de Adam Curtis “HyperNormalisation” – como a ficção contaminou a política ou como as IAs nos fizeram viver em bolhas virtuais. Midiacentrismo e tautismo na cobertura midiática do encontro Bolsonaro-Putin e na crise Russia vs. OTAN. A crítica midiática da semana... venha participar da Live Cinegnose 360!
sexta-feira, fevereiro 18, 2022
Midiacentrismo da cobertura Bolsonaro-Putin oculta digitais do hackeamento eleitoral do PMiG
O jornalismo corporativo é midiacêntrico e tautista: os fatos só acontecem para serem transmitidos e noticiados, numa espécie de auto lisonja do jornalismo corporativo. Disso decorre uma perigosa ingenuidade: acreditam que a verdade só pode estar no próprio fato que noticiam. Ignoram que muitas vezes os acontecimentos são diversionistas (simulações, não-acontecimentos, factoides etc.) para desviar a atenção de todos da verdadeira cena. A escalada da crise Rússia-OTAN-EUA e a visita de Bolsonaro ao líder russo Putin revelou tudo isso: como jornalistas e “colonistas” são capazes de acreditar em qualquer coisa. Até em canastrices. Dia da invasão na Ucrânia com data marcada? Uma operação de hackeamento russo das eleições brasileiras feito às vistas da imprensa num encontro oficial de presidentes? Como sempre, a operação psicológica da dobradinha PMiG (Partido Militar Golpista) e mídia corporativa (no modo Alarme!). Para ocultar as digitais que comprovariam que o PMiG já deu um golpe híbrido (por isso, a mídia não viu) e que as eleições já foram hackeadas, desde 2018 – mesmo com as “pontes” construídas entre militares e civis no STF e TSE para “as instituições funcionarem”...
quinta-feira, fevereiro 17, 2022
Filme 'A Nuvem Rosa' anteviu o presente capturando o espírito do tempo
De repente nuvens rosas tóxicas ocupam os céus e baixam à terra, envolvendo as grandes cidades do planeta – capazes de matar humanos após dez segundos de exposição. Todos ficam aprisionados onde quer que estejam: em casa, supermercados etc. Um jovem casal acorda em seu apartamento e toma pé da situação através da TV. O que deveria ser apenas um caso de uma noite, vira a única conexão humana por anos, numa espécie de prisão domiciliar. Escrito em 2017 e filmado em 2019, a produção brasileira “A Nuvem Rosa” (2021) é assustadoramente profética ao descrever com detalhes aquilo que hoje chamamos de “novo normal”. Após a estreia do Festival de Sundance em 2020, tornou-se um sucesso de crítica nos EUA pela forma como “A Nuvem Rosa” capturou o espírito do tempo: a coincidência da pandemia (ou a nuvem tóxica) acontecer quando a mediação tecnológica era possível; os processos psíquicos de negação e normalização; a apatia diante do desastre; e o quanto a nossa percepção do que chamamos por realidade pode ser moldável.
quarta-feira, fevereiro 16, 2022
Computadores, aplicativos e o rebaixamento da noção de inteligência no filme 'Bigbug'
Na comédia maluca de ficção científica “Bigbug” (2022, disponível na Netflix), estamos na França retrofuturista de 2045 na qual subúrbios de classe média alta vivem em conforto e cercados por conveniências com a ajuda de inúmeros assistentes robóticos, aplicativos e Inteligência Artificial que se tornam parte integrante do dia a dia. Todos tão imersos nas suas bolhas de facilidades e prazer que não percebem uma rebelião de androides contra o “homo ridiculus”. Presos na própria casa pelo protocolo de segurança de uma IA, para protegê-la do caos que toma conta nas ruas, uma família está tão idiotizada pela tecnologia que não consegue compreender o que passa ao redor. “Bigbug” é uma comédia burlesca que reflete uma tendência atual desde que as pesquisas em inteligência artificial deixaram de tentar emular a inteligência humana: o fenômeno da autoabdicação humana - o rebaixamento da noção de inteligência, permitindo-nos humanizar as máquinas e aplicativos.
domingo, fevereiro 13, 2022
Live Cinegnose 360: o protopunk Joelho de Porco, antivacina e Grande Reset Global e Retronazismo da guerra híbrida
Mais uma épica Live Cinegnose 360 #42, nesse domingo (13/02), às 18h no YouTube... mesmo que falte luz e caia a Internet! Vamos começar o programa com o protopunk nacional “Joelho de Porco”: o elo perdido do eterno retorno brasileiro. Em seguida, a animação Netflix “The House”: “todas as gerações mortas pesam como um pesadelo sobre o cérebro dos vivos” (Karl Marx). Discutiremos também o documentário “The Anti-Vax Conspiracy”: quem financia o movimento antivacina no Grande Reset do Capitalismo? Retronazismo de Monark e Adrilles Jorge: como funciona o piloto automático na guerra híbrida. E os drops de crítica midiática da semana.
sexta-feira, fevereiro 11, 2022
Fusíveis queimados e estratégia militar de terra arrasada: PMiG e grande mídia no modo Alarme
A chamada “terceira via” não engrena, mais precisamente o ex-juiz Sérgio Moro. E junto vai embora a esperança de que o espinhoso tema da economia saísse de pauta, substituído pelo discurso moralista do combate a corrupção. Por isso a grande mídia está no modo Alarme: o “apito de cachorro” da polêmica do “racismo reverso” do artigo da Folha foi o alerta para a mudança da estratégia semiótica: sai corrupção, entra a “guerra cultural”. Colocando a guerra híbrida do PMiG (Partido Militar Golpista) no “Piloto Automático”, com os fusíveis pronto para serem queimados com figuras como Monark e a sub-celebridade ex-BBB Adrilles Jorge – fusíveis queimados para ocupar a pauta com lacradores de redes sociais, juristas de Twitter e a indefectível esquerda reativa pavloviana. Principalmente para ocultar a estratégia militar de “terra arrasada”: silenciosamente passar no Congresso pautas prioritárias que arrasem o País. Para deixar um eventual governo Lula prisioneiro da judicialização.
quinta-feira, fevereiro 10, 2022
Pais tautistas e crianças entre o espectro autista e a paranormalidade no filme 'The Innocents'
Pais tautistas e crianças autistas e paranormais. De um lado, pais tão absorvidos pelos seus problemas cotidianos que abdicaram do papel de transmissores de sabedoria e conhecimento. E do outro, filhos entre o autismo e poderes paranormais – na verdade, a metáfora do hiato geracional: sem conseguirem entender o mundo adulto, estendem a visão mágica e animista da primeira infância, numa espécie de infância estendida. O filme nórdico “The Innocents” (“De Uskyldige”, 2021) é um terror atmosférico e silencioso no qual deixa para trás toda a visão nostálgica adulta de uma suposta inocência infantil. Em um conjunto de apartamentos popular, crianças passam suas férias de verão descobrindo seus poderes telepáticos e telecinéticos, enquanto os pais estão alheios a tudo. Paradoxalmente a filha de espectro autista é a única que interage nessa rede psíquica, pressentindo uma ameaça entre as crianças.
quarta-feira, fevereiro 09, 2022
O fantasma do passado cancela o futuro na animação 'The House'
A animação em stop-motion (uma arte que se tornou um pequeno nicho) é perfeita para se criar atmosferas pela riqueza e intensidade de detalhes que a técnica pode oferecer. Principalmente em narrativas que envolvem claustrofobia e confinamento. A animação da Netflix “The House” (2022) faz o espectador mergulhar nessa atmosfera em seus três episódios, cujo casarão em estilo georgiano é o fio condutor. Mas a sensação claustrofóbica não vem da casa, mas dos fantasmas do passado que são capazes de aprisionar as mentes dos vivos, cancelando qualquer ideia de futuro pela repetição dos mesmos vícios e posturas. Um arquiteto misterioso constrói o casarão como um “presente” a um pai de família corroído pela frustração e ressentimento. Que descobrirá da pior maneira possível as verdadeiras intenções daquele Demiurgo. Será a gênesis e o pecado original gnósticos de uma recorrência que bloqueará o presente e cancelará o futuro.
domingo, fevereiro 06, 2022
Nesse domingo: Dead Kennedys, guerrilha anti-mídia, a geopolítica da simulação e PMiG fez o frango com farofa
Você já sabe... domingo é dia de Live Cinegnose 360. Às 18h, no YouTube, a edição #41. Começando com os 42 anos do álbum “Fresh Fruit for Rotting Vegetables” do Dead Kennedys: do trítono do Diabo ao Zen-fascismo. Em seguida, uma conversa sobre a série dinamarquesa “Nada é o que Parece Ser” – por que somos todos Viajantes, Detetives e Estrangeiros? E a estranha premissa do filme “Mundo em Caos”: a derrota histórica do gênero feminino. Arte, política e guerrilha anti-mídia no documentário “Art of The Prank” com Joey Skaggs. OTAN, EUA e a geopolítica da simulação. O gênio da guerra híbrida do PMiG (Partido Militar Golpista): o frango com farofa do chefe do Executivo e o assassinato de Moïse. E drops da crítica midiática da semana. Venha participar e anime seu final de domingo!
sexta-feira, fevereiro 04, 2022
O frango com farofa e o assassinato de Moïse: guerra semiótica sem fronteiras
Como é possível mostrar a realidade, ao mesmo tempo em que a oculta? O vídeo “vazado” nas redes sociais mostrando os maus modos de Bolsonaro à mesa (ou à bandeja) comendo frango e espalhando farofa (e o seu “bônus track”, o making off do filho Carlos dirigindo a cena bizarra) e as imagens do assassinato cruel do congolês em um quiosque na praia da Barra, RJ, guardam uma perniciosa conexão: a guerra semiótica em um ano eleitoral. A “meta-simulação” do “bônus track” (análoga ao de Biden, denunciando que a Rússia estaria criando um vídeo de simulação de ataque da Ucrânia, antecipando os próprios vídeos falsos americanos) quer apagar os rastros do PMiG (Partido Militar Golpista) na construção do personagem manchuriano Bolsonaro. Enquanto a cobertura midiática do assassinato de Moïses oculta aquilo que pavimenta todo racismo, xenofobia e o domínio do comércio por milicianos: a reforma trabalhista.
quinta-feira, fevereiro 03, 2022
A derrota histórica do gênero feminino no filme 'Mundo em Caos'
Com uma premissa estranha e com sérios problemas nos bastidores, o filme “Mundo em Caos” (Chaos Walking, 2021, disponível na Amazon Prime) lembra até o subgênero “sci fi teen” iniciado por “Jogos Vorazes”. Colonizadores esquecidos num planeta distante têm que lidar com “O Ruído”: involuntariamente, somente os homens materializam seus pensamentos mais íntimos através de uma “nuvem” sobre as cabeças. As mulheres foram massacradas por nativos, resultando numa sociedade religiosa hipermasculinizada, armada, violenta, protofascista. E o “ruído” vira um instrumento de controle. “Mundo em Caos” é um filme peculiar, em que a premissa é melhor que o próprio filme: não só por fazer uma alusão à ideia teosófica das “formas-pensamento” como também suscita a tese central de Friedrich Engels em seu livro “Origem da Família, Propriedade Privada e Estado”: o “comunismo primitivo” cedeu lugar na História à opressão de classe e exploração do trabalho com a derrota histórica do gênero feminino.
quarta-feira, fevereiro 02, 2022
Todo adolescente é um alien na série 'Nada é o que Parece Ser'
Quando nos deparamos com uma produção audiovisual nórdica sobre adolescentes, temos que prestar melhor atenção. Ao contrário dos congêneres hollywoodianos, centrados em dramas escolares com valentões, bullying e “losers” ansiando pela aceitação no grupo, filmes e séries nórdicas elevam os temas “teens” ao existencial e aos dramas da própria espécie humana. A série Netflix dinamarquesa “Nada É o que Parece Ser” ("Chosen", 2022- ) mantém esse tom ao se filiar ao sub-gênero indie “alt.sci-fi”: os temas da ficção científica são apenas pano de fundo para discutir as questões que cercam a adolescência: identidade, gênero, sexo, autoconhecimento etc. Um meteorito caiu numa pequena cidade há 17 anos e se transformou numa atração turística. Jovens acreditam que tudo é uma conspiração para esconder aliens que ali moram, confundindo-se com humanos. Jovens que encarnam a narrativa mítica de Detetives e Estrangeiros, tanto no cinema quanto na literatura. Afinal, todo adolescente já parece se sentir como um alienígena nesse mundo.
domingo, janeiro 30, 2022
Nesse domingo, a bela e a besta: Blondie, Gangrena Gasosa e o Oculto; canastrice, telecatch e PsyOp militar eleições 2022
BREAKING NEWS! Live Cinegnose 360 #40, no YouTube nesse domingo, 30/01, às 18h. Nos vinis desse humilde blogueiro, a bela e a besta: Blondie e Gangrena Gasosa – rock, inconsciente coletivo e plano astral. Depois discutiremos o filme argentino “História do Oculto” (magia, ocultismo e mídia) e “Agnes” (exorcismo e a religião americana). A mitologia de Olavo de Carvalho como PsyOp militar. Alexandre Morais vs. Bolsonaro: canastrice na política e “telecatch”. O xadrez semiótico eleitoral: o fator Dilma, Relatório Transparência Internacional, Moro e o arquivamento do caso do tríplex. Crítica midiática da semana. Venha participar nesse domingo!
sexta-feira, janeiro 28, 2022
Operação psicológica militar: a construção da mitologia Olavo de Carvalho
Como uma biruta de aeroporto, Olavo de Carvalho, falecido esta semana aos 74 anos, sentiu a mudança dos ventos geopolíticos: o tour global das “primaveras” da guerra híbrida da dupla Obama-Biden. E o Brasil seria o próximo alvo. Estancado na periferia do conservadorismo brasileiro, Olavão viu a oportunidade de surfar na onda alt-right norte-americana e virar um elemento na psyOp do golpe militar híbrido: foi levado ao estrelato como o “guru de Bolsonaro” e “ideólogo da extrema-direita brasileira”. De início, incensado pela grande mídia como “brilhante pensador” e faixas “#Olavo tem razão” nas manifestações verde-amarelas. Para depois, passar para a fase “o guru da ala ideológica do Governo” para blindar uma suposta “ala técnica” das políticas neoliberais. Mesmo depois de morto, a operação psicológica continua: “Olavo de Carvalho deixou um legado”, para racionalizar (ou normalizar) as alopragens políticas de Bolsonaro e seus agregados.
quinta-feira, janeiro 27, 2022
Exorcismo, gnosticismo e a religião americana no filme 'Agnes'
Um padre suspeito de pedofilia e alcoólatra, com um jovem diácono como assistente, é escalado pelo Vaticano para avaliar um caso de possessão em um convento de carmelitas e, ocasionalmente, praticar o exorcismo. “Agnes” (2021) começa como um típico filme sobre terror e exorcismo. Mas a metalinguagem irônica dos clichês do subgênero revela que o filme busca outras questões: tudo bem expulsar o demônio, mas e depois? Como fica a fé depois de uma experiência como essa? O que ocorrerá depois com a vida dos envolvidos? Por que Deus permite que demônios assediem a humanidade? Seria um teste arbitrário de Deus apenas para testar a fé Nele? Como produção norte-americana, “Agnes” desafia a Igreja e revela o núcleo da chamada “religião americana”: a busca da experiência direta com o Sagrado através da autodivinização gnóstica.
quarta-feira, janeiro 26, 2022
Meios de comunicação criam falsas realidades mágicas em 'História do Oculto'
domingo, janeiro 23, 2022
Live Cinegnose 360: o OVNI Belchior; doc: comunistas fazem sexo melhor?; grande mídia liga o modo alarme
sábado, janeiro 22, 2022
BBB22, racismo reverso e minissérie 'Caso Celso Daniel': grande mídia liga o modo Alarme
quinta-feira, janeiro 20, 2022
O medo e a culpa alimentam o terror demasiado humano no filme 'O Páramo'