quinta-feira, dezembro 28, 2017
No oitavo aniversário "Cinegnose" atualiza lista com 101 filmes gnósticos
quinta-feira, dezembro 28, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Nesse
mês o “Cinegnose” faz aniversário. Oito anos analisando filmes gnósticos e também os chamados "filmes estranhos" - "weird movies". Procurando mapear, seja nos filmes hollywoodianos, pop ou
no cinema de arte, a presença e evolução dos diversos elementos gnósticos e
simbolismos místicos ou esotéricos associados ao sincretismo do chamado
Gnosticismo Hermético. Também baixamos à terra, onde “Cinegnose” exerceu a
crítica à política da grande mídia e à cultura pop – instrumentos que perpetuam
a ilusão desse mundo. Afinal, esse é o plot central do drama cósmico narrado
pela Cosmogonia gnóstica. Para comemorar esse oitavo aniversário, o “Cinegnose”
atualizou a lista dos filmes que receberam o “Certificado de Filme Gnóstico” do
blog. Agora são 101 filmes, analisados ao longo desses anos. Certamente filmes
diante dos quais não podemos passar indiferentes. Pelo menos, enquanto
estivermos nesse mundo.
segunda-feira, dezembro 25, 2017
Os sinais silenciosos que antecedem um golpe em "The Handmaid's Tale"
segunda-feira, dezembro 25, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Para a
revista “New Yorker”, publicação dos leitores bem pensantes liberais dos EUA, a
série “Handmaid’s Tale” (2017-) é um “distópico conto feminista” da atual era
Trump. Mas enquadrar a produção da plataforma de streaming Hulu nesse clichê é
confirmar aquilo que a própria série alerta: ao qualificar os sinais do
conservadorismo apenas como excrescências religiosas de gente ignorante é mau
informada, reduzimos tudo a uma estranha normalidade, sem percebemos os sinais silenciosos cotidianos que antecedem os golpes políticos. Em “The Handmaid’s Tale” a
América foi dominada por um estado teocrático fundamentalista cristão. Um
desastre ambiental tornou a maioria das mulheres estéreis. As poucas mulheres
férteis foram subjugadas e transformadas em “servas”, reduzidas a aparelhos
reprodutores de uma elite dominante masculina. O Congresso, a Casa Branca e o
Supremo Tribunal foram massacrados e a Constituição foi substituída pela leitura
radical dos versículos da Bíblia.
domingo, dezembro 24, 2017
O espírito do tempo do Natal em "Santa Claus" e "Star Wars Holiday Special"
domingo, dezembro 24, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O que há em comum entre o filme mexicano “Santa Claus” (1959, aka “Santa Claus vs. The Devil”) e “Star Wars Holiday Special” (1978), o especial de Natal da CBS, considerado a pior coisa já feita para a TV? Cada uma dessas produções, na sua época, traduziu o Natal de acordo com o “espírito do tempo”. O primeiro, na esteira do início da corrida espacial e Guerra Fria EUA e URSS. E o segundo, no rastro do sucesso do filme de 1977, já antevendo o computador pessoal e compras e comunicação através da Internet. Contextos tecnológicos e políticos diferentes que criaram, cada um no seu tempo, formas diferentes de interpretar os simbolismos natalinos: o primeiro, global; o segundo, cósmico. Mas os destinos das produções foram diferentes: “Santa Claus” foi um dos filmes natalinos mais reprisados da TV norte americana; enquanto “Star Wars Holiday Special” foi renegado pelos atores, fãs e pelo próprio George Lucas: “eu queria apenas tempo e um martelo para destruir cada cópia”, lamentou.
quinta-feira, dezembro 21, 2017
Globo faz mais três "Contos Maravilhosos" para Natal do mérito-empreendedor
quinta-feira, dezembro 21, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
“Olhe
sempre para o lado brilhante da vida”, cantava um condenado à morte pelos
romanos, na cruz, no filme “A Vida de Brian” do grupo inglês de humor Monty
Python. Diante de uma realidade birrenta e teimosa que insiste em contradizer a
pauta da “retomada do crescimento econômico”, a mídia corporativa faz como Eric
Idle cantando naquele filme: tenta transformar más notícias em positivos “Contos
Maravilhosos”, conceito dos estudos de narratologia do
pesquisador Vladimir Propp – contos mágicos de perda e recompensa. Para tentar
elevar o astral da patuleia, agora convertida em mérito-empreendedores, a Globo
criou mais três edificantes contos para as festas de fim de ano: os contos
maravilhosos sobre o botijão de gás, o Conto Maravilhoso do resgate dos valores
natalinos e uma novidade – o Meta Conto Maravilhoso da jornalista demitida.
terça-feira, dezembro 19, 2017
Bebês, repolhos e Papai Noel no cruel mundo adulto de "Patch Town"
terça-feira, dezembro 19, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Bebês,
pés de repolhos e Papai Noel numa fábula sobre um mundo adulto que prepara
crianças para o futuro cruel que as espera – a exploração física e psíquica
pelo trabalho e sociedade de consumo. Um filme que combina a iconografia da era
soviética, folclore europeu oriental, a mitologia gnóstica do demiurgo, Papai
Noel e elfos. Um mundo no qual bebês são recolhidos em campos de repolhos para
serem vendidos como bonecas para crianças de todo o mundo. Para depois serem
recolhidas pelo “Coletor de Crianças”, a memória delas apagada e em seguida
exploradas em uma fábrica que produzirá mais bonecas com bebês presos em seu
interior. Tudo com pitadas de cenas musicais e dança. Este é o estranho filme
canadense “Patch Town” (2014): um cruzamento da estética “dark” de Tim Burton
com as atmosferas opressivas de Terry Gilliam.
sábado, dezembro 16, 2017
Nossas vidas são estradas e escadarias infinitas no filme "El Incidente"
sábado, dezembro 16, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Será que
na realidade somos como pobres hamsters prisioneiros de uma roda que gira
eternamente sem nos darmos conta da nossa terrível situação? Será que repetimos sempre os mesmos gestos,
em um mesmo cenário, sempre com os mesmos efeitos e as mesmas consequências?
Poderia ser essa a definição de loucura: tentar resultados diferentes repetindo
a mesma rotina? Duas estórias paralelas com personagens presos em loops
espaço-tempo eternos – um grupo em uma escadaria e uma família prisioneira em
uma estrada infinita na qual o sol nunca se põe. Esse é o filme mexicano “El
Incidente” (2014) do jovem diretor Isaac Ezban. Uma ambiciosa ficção científica
metafísica que aproxima as geometrias impossíveis de M.C. Escher com o universo conspiratória de Philip K. Dick, procurando aproximar a hipótese da existência dos mundos
paralelos da cosmogonia dos diversos
“céus” dos antigos gnósticos.
Três "Contos Maravilhosos" para novos mérito-empreendedores
sábado, dezembro 16, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Hoje a
grande mídia esforça-se para demonstrar imparcialidade para não se desmoralizar
de vez diante de telespectadores e leitores. Diante da crise econômica crônica e da
tragédia social brasileira, a mídia é obrigada a abandonar o confortável campo
semiótico da dissimulação (simplesmente mentir, omitir ou censurar) para
aplicar a estratégia mais trabalhosa da simulação: tem que mostrar as mazelas
brasileiras. Mas o desafio é transformá-las em “contos maravilhosos” no sentido
dado pelo pesquisador de narratologia, Vladimir Propp – o estudo da estrutura
narrativa recorrente em todos contos de fadas. Agora o jornalismo
corporativo tenta transformar personagens anônimos da tragédia brasileira em
protagonistas de contos de fadas pós-modernos. O “Cinegnose” analisa três contos
maravilhosos midiáticos: o conto “a economia alquímica para as massas”, o conto
do “presépio vivo de uma moradora de rua” e o conto “a virada maravilhosa de um
homem em um economia que cresceu 0,1%”.
quinta-feira, dezembro 14, 2017
Trump inventou a "Meta-False Flag" em explosão de Nova York?
quinta-feira, dezembro 14, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
À
primeira vista a explosão de uma bomba caseira atada ao corpo de
um homem em estação de ônibus e metrô em Nova York parece ser mais do mesmo: um
não-acontecimento (aqueles fatos que são relações públicas de si mesmos) com
timing, ambiguidades, anomalias, a indefectível narrativa do “lobo solitário” etc. E um
homem que se explode “acidentalmente” e sobrevive apresentando um aspecto de um
personagem de desenho animado chamuscado. Mas Donald Trump deu o toque de
novidade: imediatamente após o suposto atentado, um tweet no qual o próprio
presidente sugere que o episódio foi uma “fake news”, atacando os canais CNN e
MSNBC. Uma curiosa “Meta-False Flag”? Por que Trump acusa de “fake news” um
episódio no qual saiu ganhando? Para a grande mídia, o “atentado” foi
retaliação contra o anúncio da transferência da embaixada dos EUA para cidade
santa de Jerusalém. Ou mais um “não-acontecimento”, desta vez com objetivo de desviar a atenção
da opinião pública da derrota norte-americana diante da tática de dissuasão
nuclear da Coréia do Norte?
domingo, dezembro 10, 2017
Curta da Semana: "Where Are They Now?" - uma cilada destruiu Roger e Jessica Rabbit
domingo, dezembro 10, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Onde estão os ícones da animação
dos anos 1980 como He-Man, Roger e Jéssica Rabbit (do filme "Uma Cilada Para Roger Rabbit"), o Esqueleto, Garfield, Popeye,
Mumm-Rá, muito tempo depois do auge? Como seria a realidade das suas vidas
atuais? O animador inglês Steve Cutts (conhecido por narrativas críticas sobre
a vida moderna) os imagina viciados, obesos, compulsivos, desempregados ou
subempregados em call-centers e caixas de supermercados. Esse é o argumento do
pequeno curta “Where Are They Now?” (2014): heróis que perderam a batalha final
contra inimigos mais poderosos do que vilões desse ou do outro mundo: o mundo
corporativo, o trabalho precarizado e o desemprego crônico. E terminaram
esquecidos porque acabaram ficando parecidos demais com os espectadores.
sábado, dezembro 09, 2017
A batalha humana de lembrar e esquecer em "Marjorie Prime"
sábado, dezembro 09, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O que é a memória? Um poço
profundo no qual resgatamos lembranças? Ou apenas lembramos da últimas vez que
lembramos? Cópias de cópias de lembranças cada vez mais inexatas. E se uma
Inteligência Artificial fosse programada com nossas memórias? Seria um poço de
lembranças ou uma máquina que cobre a lacuna das nossas memórias apenas com
simulacros? Esse é o tema de “Marjorie Prime (2017) – num futuro indeterminado
foi introduzido um serviço que permite “ressuscitar” a pessoa amada de forma
holográfica, “primes” programados pelas memórias do usuário e familiares. Mas
essas próteses de memórias não serão nem humanizadas e muito menos pretenderão
nos subjugar. Serão apenas testemunhas passivas da nossa desumanização. Filme sugerido pelo nosso infalível leitor Felipe Resende.
quinta-feira, dezembro 07, 2017
Mídia dilui significado da descoberta de papiro com "ensinamentos secretos" de Jesus
quinta-feira, dezembro 07, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
As
notícias foram dadas como alguma coisa entre Indiana Jones, conspirações do
“Código da Vinci” de Dan Brown ou sobre Jesus convenientemente próximo do
Natal. As notícias sobre a descoberta do manuscrito em grego do “Primeiro Apocalipse de
Tiago” (manuscrito apócrifo gnóstico até então conhecido em linguagem copta da
chamada “Biblioteca de Nag Hammadi”), perdido no acervo da Universidade de
Oxford, foram cercadas por uma mitologia midiática que sempre é acionada para
diluir aquilo que é de mais virulento e revolucionário no Gnosticismo (razão pela qual
foi tão perseguido por toda a História): os conflitos políticos e econômicos como
parte do drama de uma luta cósmica entre o Bem e o Mal, sem superação dialética
ou solução evolutiva. A grande mídia cobriu a descoberta como “religiosa”,
diluindo a potencial ameaça às instituições desse mundo: de que Jesus não
veio para nos “salvar”, mas para nos revelar algo que já existe dentro de nós –
apenas nos fazem esquecer através de ilusões. E a mídia que “noticia” a
descoberta do manuscrito é uma delas.
terça-feira, dezembro 05, 2017
Para a Globo, vingança é um prato que se come... quente!
terça-feira, dezembro 05, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Diz o
ditado, imortalizado no livro “O Chefão”, de Mário Puzzo, na fala de Dom
Corleone: “A vingança é um prato que se come frio”. Mas para a Globo não é bem
assim: deve-se servir bem quente. Ataque e contra-ataque, retaliatório e
vingativo. O candidato à presidência Jair Bolsonaro (criatura que emergiu da lama
psíquica que a Globo remexeu para engrossar o caldo do impeachment) acusou a
emissora de “emplacar o Lula” e ameaçou, “quando chegar lá”, reduzir pela
metade a verba publicitária da emissora. Foi o bastante para de imediato o jornal “O Globo” denunciar, em
letras garrafais, o nepotismo do deputado no Congresso. Mais um episódio que comprova como o jornalismo global
nunca esteve no campo da informação – se isolou num fechado sistema tautista de
autopreservação. Quando vê ameaçado seus interesses logísticos e econômicos (da
política ao futebol), escala seus apresentadores e colunistas para colocar suas
“grifes” como ventríloquos dos “furos” que rapidamente descem da cúpula para o
piso da redação. Chamam isso de “jornalismo investigativo”.
domingo, dezembro 03, 2017
Em "Cosmodrama" Ciência, Religião e Filosofia travam duelo sem rumo
domingo, dezembro 03, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Sete
astronautas, acompanhados por um cachorro e um chipanzé, acordam em uma
espaçonave depois de saírem do estado de criogênico. Nenhum deles sabe o que
está fazendo ali ou qual o destino final da viagem. Aparentemente a nave (um
mix vintage da “Discovery” de “2001” e a “Enterprise” da série de TV “Star
Trek”) está programada para funcionar automaticamente. Eles apenas terão que
confiar na própria capacidade de observação para especular o propósito de tudo
aquilo. Logo descobrirão que cada um é especialista em um área do conhecimento:
Psicologia, Astronomia, Semiótica, Jornalismo, Filosofia, Biologia e Genética.
Esse é o filme francês “Cosmodrama” (2015) de Phillipe Fernandez. Com
delicadeza e humor, através de gags e situações absurdas, introduz o espectador
às grandes especulações cosmológicas sobre o início e o fim do Universo: o Big
Bang, a Eternidade, o design inteligente e o universo holográfico. Ciência,
Religião e Filosofia duelam entre si para entender o propósito da existência.
Porém, o mistério maior permanece: mas afinal, o quê é aquela espaçonave? Com a
colaboração do nosso infalível leitor Felipe Resende.
quinta-feira, novembro 30, 2017
O jogo da simulação de censura Globo/Gabriel Bá
quinta-feira, novembro 30, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Nas
redes sociais indignação. O desenhista Gabriel Bá apareceu no talk show da
Globo “Conversa com Bial” com seu indefectível boné verde – marca registrada do
artista. Só que dessa vez com a estrela vermelha coberta de forma improvisada
com duas fitas isolantes preta. “Evite números ou símbolos para que não haja
associação a marcas ou partidos políticos”, teriam dito os figurinistas nos
camarins. “Censura!”, gritaram internautas. Se foi mesmo censura, como pode a
Globo fazê-la de forma tão tosca e improvisada? O episódio apresenta algumas
dissonâncias que sugerem mais uma estratégia de manipulação. Mas dessa vez não mais no campo
semiótico da “dissimulação” – esconder, mentir, censurar. Mas agora no campo da
“simulação”: propositalmente tornar o evento visível (a suposta “censura”).
Para quê? Para a Globo tentar se livrar de mais um dos seus dilemas: depois de
anos de oposição política explícita explorando símbolos e números de forma até
subliminar, agora, candidamente, tenta demonstrar que possui uma linha
editorial “imparcial”. E o artista, assim como os indignados críticos,
participaram inconscientes desse blefe.
quarta-feira, novembro 29, 2017
"Crumbs": o primeiro sci-fi da Etiópia é sobre o apocalipse ocidental
quarta-feira, novembro 29, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em um mundo pós-apocalíptico, um homem fará uma jornada espiritual em busca do... Papai Noel, para que realize seu sonho de leva-lo para uma espaçonave que está parada no céu. Enquanto isso, sua esposa reza num altar com a foto de Michael Jordan para que divindades como “Justin Bieber IV” e “Paul MacCartney XI” os proteja nessa difícil missão. Esse é o primeiro filme de ficção científica da Etiópia: “Crumbs” (2015) de Miguel Llansó sobre um futuro em que tudo o que restou da antiga civilização foram brinquedos, objetos e detritos de plástico e vinil da extinta cultura pop. Sem terem a memória do mundo anterior ao apocalipse, criaram uma nova mitologia transformando todos esses restos do passado em símbolos místico-religiosos e amuletos de sorte. Toda a bizarrice e surrealismo de “Crumbs” nos faz pensar: assim como eles, será que também mitologizamos símbolos e objetos antigos, criando novas religiões tão loucas quanto as do filme “Crumbs”?
segunda-feira, novembro 27, 2017
Curta da Semana: "Happiness" - quando a felicidade vira ideologia
segunda-feira, novembro 27, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Como
pode ser prometida a felicidade numa sociedade de competição generalizada? Uma
competição tão naturalizada e entranhada cuja narrativa teria seu início na
seminal corrida dos espermatozoides na reprodução humana. A felicidade somente
seria possível no plano da ideologia: a felicidade individual às custas da
infelicidade da maioria. Esse é o tema do curta de animação “Happiness” (2017)
do britânico Steve Cutts: ratazanas antropomorfizadas correm frenéticas em
metrôs, ruas, calçadas e shoppings lotados, lutando entre si pela posse de
mercadorias em uma Black Friday selvagem. E todos cercados por centenas de
peças publicitárias que prometem felicidade com a compra de qualquer coisa.
Quanto maior a infelicidade que a competição provoca, mais valorizada é a mercadoria
“felicidade” no mercado. A sátira social do curta “Happiness” questiona o
modelo de felicidade prometido, com ácida ironia.
domingo, novembro 26, 2017
Filme "Solaris" de Tarkovsky é o anti-"2001" de Kubrick
domingo, novembro 26, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Andrei
Tarkovsky considerava “2001: Uma Odisseia no Espaço” de Kubrick um filme
“estéril”. Por isso, “Solaris” (1972), produção do cineasta soviético, foi
considerado pela crítica o filme “anti-2001”: se os EUA ganharam a corrida
espacial colocando o primeiro homem na Lua, no cinema a URSS ganharia a Guerra
Fria fílmica ao desconstruir o gênero ficção científica que legitimava
a conquista do espaço. De certa forma, Solaris foi o primeiro filme
PsicoGnóstico: há uma planeta, uma estação espacial e astronautas. Mas tudo não
passa de um álibi para discutir como o tema das viagens espaciais são um mito
que esconde a verdadeira viagem: lá em cima, ao descobrirmos que estamos só em
um Universo vazio e sem propósito, faremos uma viagem no interior do nosso próprio
psiquismo. Um planeta com um misterioso oceano que prova aos cientistas de uma
estação espacial de que não precisamos de outros mundos. Precisamos de
espelhos.
sábado, novembro 25, 2017
Grande mídia transforma Black Friday em Teleton da Era Temer
sábado, novembro 25, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Um
repórter cobrindo ao vivo um congestionamento de empilhadeiras em um depósito
central de produtos vendidos pela Internet. Enquanto isso, uma outra repórter
foi destacada para ficar o dia inteiro numa espécie de “sala de guerra” na
qual, através de um telão, as vendas e os números acumulados dos valores dos descontos eram acompanhados em tempo real . Agora o viés da grande mídia para a Black
Friday virou uma espécie de Teleton comercial. Só que ao invés de um evento em
prol de crianças que necessitam de cuidados especiais, agora virou uma espécie
de contagem progressiva de um País que estaria saindo da crise. Basta um
simples exercício de jornalismo comparado para perceber a radical mudança de
viés, principalmente da Globo: se de 2010 a 2015 (período do jornalismo de
guerra e de esgoto) era “Black Fraude” e “Black Friday da crise”, agora tornou-se
indicador de um País que lentamente estaria saindo do buraco depois da
“irresponsabilidade fiscal” do passado. Além de revelar mais uma contradição em
que a Globo se mete: ao mesmo tempo que pede a cabeça de Temer para aparentar
imparcialidade, tem que defender as reformas daquele que supostamente quer
derrubar.
quarta-feira, novembro 22, 2017
O niilismo gnóstico de Tarkovsky contra Ciência, Religião e Arte em "Stalker"
quarta-feira, novembro 22, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
“Stalker”
(1979), segundo filme de ficção científica do soviético Andrei Tarkovsky após
“Solaris” (1972), está conectado tanto com o passado quanto futuro: com a
misteriosa explosão em Tunguska, Sibéria, em 1908 e com o acidente nuclear de
Chernobyl em 1986, cujo argumento do filme foi estranhamente profético. Um
stalker (guia ilegal) conduz um cientista e um escritor para “A Zona” – região
misteriosa desértica e em ruínas (lá teria caído um asteroide ou nave
alienígena) cercada por forte aparato policial. Nessa zona proibida existiriam
estranhos poderes capazes de realizar os desejos mais recônditos de quem sobrevivesse
a suas armadilhas mortais. Para Tarkovsky, “A Zona” seria o microcosmo da
própria vida: Ciência, Arte e Religião se confrontam em uma batalha niilista
para ver quem herdará o que restou da sociedade moderna – mesmo depois do fim, a ilusão, a fé vulgarizada e oportunismo lutam entre si.
domingo, novembro 19, 2017
Hollywood abriu as portas para ocultismo e maldições com o filme "Incubus"
domingo, novembro 19, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Os
críticos consideram o filme “mais amaldiçoado da história do cinema”. Um
filme que abriu as portas para o ocultismo e hermetismo em Hollywood numa
década de “despertar místico e religioso” através das viagens alucinógenas do
psicodelismo e estados alterados de consciência. O Filme “Incubus” (1966) foi
dirigido e escrito por Leslie Stevens (criador da série de TV “Quinta Dimensão”)
e protagonizado por William Shatner, um ano antes de viver o capitão Kirk da
série “Star Trek”. Desde sua estreia, “Incubus” foi marcado por suicídios,
assassinatos, falências, divórcio e incêndio. Tão amaldiçoado que o diretor
tirou o filme de circulação e os negativos foram destruídos. Para em 1996 uma
cópia ser encontrada na França e recuperada para relançamentos em VHS e DVD. E
logo em seguida reiniciaram as “coincidências” fatais. Muitos pesquisadores em
Sincromisticismo consideram Hollywood um “centro de recrutamento de médiuns”,
manipulando voláteis e perigosas formas-pensamento e arquétipos do inconsciente
coletivo. “Incubus” seria um caso exemplar.
sexta-feira, novembro 17, 2017
FBI, FIFA e a nota oficial "tautista" da Globo
sexta-feira, novembro 17, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Nem a
Patafísica (a “ciência das soluções imaginárias”) de Alfred Jarry ou o teatro
do Absurdo de Backett conseguiriam imaginar um texto tão tautológico, circular,
auto-referencial e metalinguístico como a nota oficial da Globo diante do
escândalo das denúncias na Justiça dos EUA do pagamento de suborno pela
emissora para a FIFA para ter a exclusividade nas transmissões do futebol:
“após dois anos de investigações internas, a Globo apurou que jamais realizou
pagamentos não previstos em contratos...”, leu a nota um constrangido jogral de
apresentadores do JN. Desde que o ex-apresentador do Globo Esporte, Tiago
Leifert, transformou a inauguração de um ônibus-estúdio em notícia mais
relevante do que o próprio treino da seleção brasileira que deveria cobrir, a emissora
vive um processo de negação “tautista” (tautologia + autismo) no qual
transforma “eventos” em produtos próprios, criando uma atmosfera de amoralidade
e blindagem. Assim como as telenovelas. Mas isso pode lhe custar caro: não
perceber que a investida do FBI contra a FIFA (atingindo diretamente a Globo) é
mais uma estratégia de lawfare na geopolítica dos EUA. Dessa vez, para
reconfigurar o cenário da grande mídia mundial.
quarta-feira, novembro 15, 2017
A fé em um mundo sem Deus no filme "Entre o Bem e o Mal"
quarta-feira, novembro 15, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
“Entre o
Bem e o Mal” (“Adams Æbler”,
2005), comprova a tese de que os melhores filmes religiosos no cinema foram
feitos por ateus. Escrito e dirigido pelo dinamarquês Anders Thomas Jensen, é
uma tragicomédia de humor negro sobre um neonazista condenado a prestar
serviços comunitários em uma remota igreja no campo. Lá encontra um padre cuja
fé é baseada em um patológico otimismo de negação da realidade, e dois
ex-presidiários: um muçulmano que continua roubando postos de gasolina à noite
e um ex-jogador dinamarquês de tênis profissional, alcoólatra e cleptomaníaco.
Mas o sacerdote acredita na bondade humana, mesmo em um neonazista que esmurra
sua cara. O filme baseia-se em um argumento paradoxal: pouco importa sabermos
se Deus existe, se continuaremos sofrendo do mesmo modo. Portanto, só nos
restaria a solução introspectiva pessoal: a fé em um mundo sem Deus. Filme
sugerido pelo nosso leitor... você sabe quem: Felipe Resende.
segunda-feira, novembro 13, 2017
Hans Donner mostra nova bandeira no "Fórum do Amanhã" olhando para o ontem
segunda-feira, novembro 13, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
As leis
trabalhistas foram “modernizadas”, assim como o próprio trabalho com os ventos “modernizadores”
do empreendedorismo e agora luta-se para que toda essa “modernização” alcance
também a Previdência Social. Mas falta algo, alguma coisa que sinalize essa
nova visão de país e inspire o povo. Para o designer gráfico Hans Donner, isso
somente será possível com uma bandeira nacional também “modernizada” – com
degradês, efeitos 3D, e a palavra “Amor” antes do lema “Ordem e Progresso” com
a faixa apontando para cima, para dar “poder” ao povo... O designer austríaco
apresentou o projeto em um evento chamado “Fórum do Amanhã” em MG, e pretende
levá-lo ao Congresso para implementação. Ironicamente, em um evento sobre o
“amanhã”, Donner apresenta uma bandeira retro-futurista igual a marca visual da
Globo das décadas passadas, que hoje nem a própria emissora adota mais,
privilegiando um visual “orgânico” e menos artificial. A “nova” bandeira
nacional de Hans Donner certamente está menos na estética, e muito mais no campo
dos sintomas: sinais expressados por uma elite que fala em futuro, mas com os
olhos sempre mantidos no passado. Para deixar o presente igual o ontem: o
futuro do pretérito.
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