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sábado, dezembro 30, 2017
Mídia esvazia significado oculto do Ano Novo
sábado, dezembro 30, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Nesse
momento de contagem regressiva para o Ano Novo, cada telejornal e programa de
entretenimento recorre à pauta de sempre: as resoluções para o novo ano e as
simpatias e crendices para o reveillon. Principalmente agora, época em que desempregados
e trabalhadores temporários foram reciclados como “empreendedores” para tentar
elevar o astral da patuleia. Mas tudo isso esconde um significado oculto e
milenar das festividades de final de ano que envolve “Janus” - a divindade indo-europeia ambivalente com duas
caras, uma olhando para o futuro e a outra para o passado. De onde veio
“Janeiro”, cujo primeiro dia do mês na Roma antiga era dedicado a rituais e
sacrifícios ao deus criador das mudanças e transições, como progressão do
passado para o futuro, de uma visão para a outra, de um universo para o outro.
Janus olhava para o futuro, mas também para o passado para lembrar e aprender.
Mas para grande mídia é apenas a comemoração do fim de uma ano velho e a
celebração otimista de um ano supostamente novo. Não olhar para o passado e
repetir os mesmos erros no futuro. Celebrar o esquecimento.
terça-feira, dezembro 19, 2017
Bebês, repolhos e Papai Noel no cruel mundo adulto de "Patch Town"
terça-feira, dezembro 19, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Bebês,
pés de repolhos e Papai Noel numa fábula sobre um mundo adulto que prepara
crianças para o futuro cruel que as espera – a exploração física e psíquica
pelo trabalho e sociedade de consumo. Um filme que combina a iconografia da era
soviética, folclore europeu oriental, a mitologia gnóstica do demiurgo, Papai
Noel e elfos. Um mundo no qual bebês são recolhidos em campos de repolhos para
serem vendidos como bonecas para crianças de todo o mundo. Para depois serem
recolhidas pelo “Coletor de Crianças”, a memória delas apagada e em seguida
exploradas em uma fábrica que produzirá mais bonecas com bebês presos em seu
interior. Tudo com pitadas de cenas musicais e dança. Este é o estranho filme
canadense “Patch Town” (2014): um cruzamento da estética “dark” de Tim Burton
com as atmosferas opressivas de Terry Gilliam.
domingo, dezembro 10, 2017
Curta da Semana: "Where Are They Now?" - uma cilada destruiu Roger e Jessica Rabbit
domingo, dezembro 10, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Onde estão os ícones da animação
dos anos 1980 como He-Man, Roger e Jéssica Rabbit (do filme "Uma Cilada Para Roger Rabbit"), o Esqueleto, Garfield, Popeye,
Mumm-Rá, muito tempo depois do auge? Como seria a realidade das suas vidas
atuais? O animador inglês Steve Cutts (conhecido por narrativas críticas sobre
a vida moderna) os imagina viciados, obesos, compulsivos, desempregados ou
subempregados em call-centers e caixas de supermercados. Esse é o argumento do
pequeno curta “Where Are They Now?” (2014): heróis que perderam a batalha final
contra inimigos mais poderosos do que vilões desse ou do outro mundo: o mundo
corporativo, o trabalho precarizado e o desemprego crônico. E terminaram
esquecidos porque acabaram ficando parecidos demais com os espectadores.
quarta-feira, novembro 29, 2017
"Crumbs": o primeiro sci-fi da Etiópia é sobre o apocalipse ocidental
quarta-feira, novembro 29, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em um mundo pós-apocalíptico, um homem fará uma jornada espiritual em busca do... Papai Noel, para que realize seu sonho de leva-lo para uma espaçonave que está parada no céu. Enquanto isso, sua esposa reza num altar com a foto de Michael Jordan para que divindades como “Justin Bieber IV” e “Paul MacCartney XI” os proteja nessa difícil missão. Esse é o primeiro filme de ficção científica da Etiópia: “Crumbs” (2015) de Miguel Llansó sobre um futuro em que tudo o que restou da antiga civilização foram brinquedos, objetos e detritos de plástico e vinil da extinta cultura pop. Sem terem a memória do mundo anterior ao apocalipse, criaram uma nova mitologia transformando todos esses restos do passado em símbolos místico-religiosos e amuletos de sorte. Toda a bizarrice e surrealismo de “Crumbs” nos faz pensar: assim como eles, será que também mitologizamos símbolos e objetos antigos, criando novas religiões tão loucas quanto as do filme “Crumbs”?
segunda-feira, novembro 27, 2017
Curta da Semana: "Happiness" - quando a felicidade vira ideologia
segunda-feira, novembro 27, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Como
pode ser prometida a felicidade numa sociedade de competição generalizada? Uma
competição tão naturalizada e entranhada cuja narrativa teria seu início na
seminal corrida dos espermatozoides na reprodução humana. A felicidade somente
seria possível no plano da ideologia: a felicidade individual às custas da
infelicidade da maioria. Esse é o tema do curta de animação “Happiness” (2017)
do britânico Steve Cutts: ratazanas antropomorfizadas correm frenéticas em
metrôs, ruas, calçadas e shoppings lotados, lutando entre si pela posse de
mercadorias em uma Black Friday selvagem. E todos cercados por centenas de
peças publicitárias que prometem felicidade com a compra de qualquer coisa.
Quanto maior a infelicidade que a competição provoca, mais valorizada é a mercadoria
“felicidade” no mercado. A sátira social do curta “Happiness” questiona o
modelo de felicidade prometido, com ácida ironia.
segunda-feira, outubro 16, 2017
Curta da Semana: "The Disappearance of Willie Bingham" - quando a justiça é privatizada
segunda-feira, outubro 16, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A atual agenda internacional das
privatizações toma conta da grande mídia e do discurso de políticos e
economistas. Preocupado com o alcance e consequências dessa panaceia que toma
da opinião pública, o diretor australiano Matt Richards imaginou um futuro próximo
no qual as privatizações alcançariam o sistemas judiciário, prisional e o
próprio Estado de Direito. Resultado: o Direito e a Justiça viram commodities.
E os limites entre a civilização e a barbárie começam a desaparecer. Combinando
sci-fi, horror e humor negro, o curta “The Disappearance of Willie Bingham”
(2015) mostra num futuro próximo na Austrália a “Amputação Progressiva”, nova
forma de punição criada por um sistema judiciário privatizado que substitui a pena
de morte, no qual a concessionária busca formas socialmente “sustentáveis” de punição: traga lucro para a empresa gestora,
sirva de exemplos para “escolas problemáticas” e satisfaça o impulso de
vingança das vítimas.
terça-feira, outubro 10, 2017
Gestão midiática de Doria Jr. promove pobres a biodigestores de lixo orgânico
terça-feira, outubro 10, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Vivemos tempos realmente estranhos. Chegamos no futuro e parece que a realidade começa a realizar, de maneira irônica, as distopias sci fi dos anos 1970 como por exemplo, “No Mundo de 2020” (Soylent Green, 1973, com Charlton Heston) no qual uma empresa produzia um tablete verde para alimentar as massas pobres, enquanto somente a elite tinha comida de verdade. Confirmando a vocação paulistana vanguardista de laboratório para o “brave new world”, o prefeito João Doria Jr. anuncia o programa “Alimento para Todos”, numa parceria com a Plataforma Sinergia para processar restos de alimentos que se transformarão em um “granulado nutritivo” para a “camada mais pobre da sociedade” – seguindo a trilha do Japão que já possui “carne de excrementos humanos”. Como “gestor sustentável”, Doria Jr. acredita que todos ganharão: não haverá nem desperdício e nem fome. Se no filme de 1973 tudo era envolto em uma conspiração, hoje tudo é cinicamente explícito através da “Pobretologia” - resolver o problema do Capitalismo que produz restos (pobres, famintos, desempregados, idosos, aposentados, excluídos etc.) e que precisam ser reciclados de forma cinicamente “sustentável”: desempregados viram empreendedores, idosos se convertem em target de consumo chamado “Melhor Idade” e pobres viram biodigestores de restos orgânicos.
sábado, setembro 30, 2017
Wokesploitation é a fronteira final do reality show em "Esta é a Sua Morte"
sábado, setembro 30, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Depois de explorar as mazelas do sexo e
da vida, a última fronteira da TV é a morte. Mas não a das vítimas, mas
daqueles que querem dar cabo das suas próprias vidas. Depois de décadas de
críticas e sátiras cinematográficas ao gênero televisivo do reality show, “Essa
é a Sua Morte” (2017) evoca a tendência atual do “Wokesploitation” – chamar a
atenção das injustiças da mídia e sociedade por meio da hiper-violência e muito
sangue, como na franquia “Uma Noite de Crime”. Mas é um reality show sobre
suicidas endividados através do viés “camp”, “trash” como fosse uma típica “soap
opera” norte-americana. Um filme que vai além da crítica ao reality show:
mostra a fase terminal da TV, agora obcecada em procurar de forma tautista “a
realidade do real” numa sociedade na qual a morte se tornou mais lucrativa do
que a vida, seja no sistema econômico quanto no político.
domingo, setembro 17, 2017
Sexo e luto: Nietzsche, Wagner e as músicas mais tocadas nas rádios brasileiras
domingo, setembro 17, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Se até a
explosão do sertanejo e forró eletrônicos as músicas vivam no trinômio Festa,
Sexo e Amor, hoje a parada de sucesso parece viver uma atmosfera mais sombria: de
um lado, nas letras, processos de lutificação (perdas, separações etc.); e do outro
acumulação de uma tensão sexual neurótico-compulsiva. Se revisitarmos as
críticas que Nietzsche fez ao seu ex-amigo, o compositor Richard Wagner,
veremos que guardam uma similaridade com os tempos atuais. Nietzsche via na
música de Wagner uma arte feita para o “homem doente de si mesmo”, que
necessita de três estimulantes psíquicos para sobreviver numa cultura decadente: “a
brutalidade, o artifício e a candura idiotizante”. A estrutura musical da
música de Wagner (leitmotiv, cromatismo extremo etc.) foi precursora da moderna
música de sucesso da indústria cultural. Portanto, na atual trilha musical da
crise brasileira podemos encontrar os elementos Wagnerianos
denunciados por Nietzsche – fragmentação, a sedução, a memória sobreposta a
expressão das emoções, repetição e previsibilidade, o artifício, a brutalidade. Seriam os sinais de uma caminhada para
a “décadence” e niilismo similares a de uma Alemanha que Nietzsche via
caminhando a passos rápidos para o abismo nazi-fascista?
sexta-feira, setembro 08, 2017
Cinco evidências de que Bitcoin é uma religião
sexta-feira, setembro 08, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Criada em 2009,
Bitcoin é uma moeda digital controlada por uma rede peer-to-peer sem depender
de bancos centrais e com um mercado de bilhões de dólares. Bitcoin parece ser
movido por um ímpeto anarquista porque seus seguidores odeiam governos e
autoridades financeiras. Mas suas ações são espirituais, lembrando uma religião
com um Criador, messias profetas, confirmando a tendência humana de perceber no
dinheiro e valor atributos inerentemente mágicos e místicos. E como toda
religião, tem a cortina que esconde o Mágico de Oz: o “fetichismo da
mercadoria”, tal como diagnosticou Karl Marx no século XIX sobre o velho Capitalismo,
a cortina que esconde a reprodução da desigualdade. O “Cinegnose” lista cinco
evidências de que o Bitcoin é mais uma religião, porém mais “cool” do que a
Teologia da Prosperidade das igrejas neopentecostais. Porque Deus desceu ao
mundo não mais sob a forma de dinheiro, mas agora como Criptografia e
Matemática.
domingo, setembro 03, 2017
"Comunistas Fazem Sexo Melhor?": sexo em um país dividido
domingo, setembro 03, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A oposição entre Capitalismo e Comunismo durante a Guerra Fria não significou somente a divisão entre diferentes modelos econômicos e políticos. Mas também diferentes vidas sexuais em cada lado do muro que dividia a Alemanha. O documentário “Comunistas fazem Sexo Melhor? – Sexo na Alemanha Dividida” (2006) confirmaria décadas depois as teses da chamada Nova Esquerda alemã nos anos 1970 a respeito da exploração da sexualidade pela “indústria da consciência”: enquanto na Alemanha Oriental o sexo era francamente discutido nas escolas e na TV, no Ocidente a chamada “revolução sexual” teria sido apenas uma “revolução de vendas” com a expansão da indústria pornográfica e publicitária.
sábado, setembro 02, 2017
Em "Herostratus" a subversão vira mais um produto à venda
sábado, setembro 02, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Um filme
esquecido por quase 50 anos e só recentemente lançado em DVD. E certamente o filme desconhecido mais influente na
história do cinema. Só para começar, inspirou Kubrick a criar o atormentado
personagem Alex do filme “Laranja Mecânica” de 1971. “Herostratus” (1967), o
primeiro e único longa metragem do diretor Don Levy, conta estória de Max, um
jovem poeta rebelde que num gesto para ele subversivo, vende seu próprio
suicídio para uma empresa de marketing como um espetáculo midiático para as
massas. Um retrato da revolta jovem na Grã-Bretanha do Pós-Guerra: jovens
presos entre os extremos de riqueza e pobreza, enquanto eram bombardeados por
efeitos psicológicos eroticamente carregados da publicidade e sociedade de
consumo. E como o marketing e a publicidade são capazes de diluir qualquer rebelião
e transformá-la em tendência de moda. Filme sugerido pelo nosso leitor Higor Camargo.
quinta-feira, agosto 31, 2017
O Pequeno e Irônico Dicionário para Aspirantes ao Mérito-empreendedorismo
quinta-feira, agosto 31, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Ok, vocês
venceram! Por isso, o “Cinegnose” vai dar uma ajuda aos aspirantes e adeptos da
nova religião do mérito-empreendedorismo (meritocratas + empreendedores) desse
admirável mundo novo, no qual maquininhas de crédito e débito substituíram da
Carteira de Trabalho por meio da inabalável fé de que, um dia, a força de trabalho se
transubstanciará em Capital. Para entender esse Mistério da transubstanciação
de uma categoria econômica em outra (que se equivale ao da Santíssima Trindade
ou da própria redenção de Cristo) é urgente dominar o jargão hermético dessa
seita – “foco”, “nicho”, “aplicativo”, “sustentabilidade”, “agregar”, “gestão”,
“inteligência” entre outros termos aparentemente inescrutáveis. Bem vindo à Metafísica
da Teologia desses novos tempos, através do “Pequeno e Irônico Dicionário para
Aspirantes ao Mérito-Empreendedorismo”.
quarta-feira, agosto 23, 2017
A imortalidade é um monstro criado pela Ciência e Publicidade em "Proyecto Lázaro"
quarta-feira, agosto 23, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Se Jesus
ressuscitou Lázaro não para esse mundo, mas para a vida eterna, a Ciência
promete realizar esse milagre literalmente – clonagem, bioengenharia e
implantes biônicos ressuscitando humanos em estado criogênico. No filme
“Proyecto Lázaro” (2016), co-produção Espanha-França dirigida por Mateo Gil, um
jovem publicitário no auge do sucesso profissional, financeiro e amoroso,
descobre que está com um câncer em estado terminal, sobrando pouco tempo de
vida. Opta pela criogenia para ser ressuscitado 60 anos depois em um mundo bem
diferente, porém a realização do ideário da atual geração millenials: a religião ou
qualquer significado espiritual para a vida e a morte foram substituídos pela
Publicidade, marketing e Ciência. Mas o protagonista descobrirá da pior forma
possível que o drama da criatura do Dr. Frankenstein (ao qual foi negado o
direito de morrer) repete-se agora com ele. E que os velhos cientistas loucos
foram substituídos por corporações, acionistas e investidores. Filme sugerido
pelo nosso leitor Felipe Resende.
sábado, agosto 05, 2017
A nova mitologia gastronômica com Rodrigo Hilbert e MasterChef
sábado, agosto 05, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Comer não é apenas para o estômago. Junto com o alimento também ingerimos mitologias - conotações, simbolismos, narrativas, retórica etc. Como um sismógrafo, as mitologias dos alimentos mudam ao sabor dos contextos sociais e políticos de cada época. Dos velhos programas culinários da Ofélia e Etty Fraser que celebravam a mulher como o esteio da família, passando pelas receitas combinadas com fofocas de celebridades, até chegarmos na complexa mitologia atual: o raio gourmetizador da “simplicidade descolada” na TV fechada (o ingrediente “sustentável”, restaurantes “despretensiosos”, a religião do Food Truck e o requinte da “comida de rua”) e os programas culinários que viraram reality shows gastronômicos na TV aberta com chibatadas de meritocracia anestesiadas pelo sonho do empreendedorismo para as massas. Uma mitologia que se tornou engrenagem importante na atual guerra híbrida que resulta em golpes políticos e “reformas” socadas goela abaixo. Dois irradiadores dessa “nouvelle mythologie”: Rodrigo Hilbert e MasterChef.
quinta-feira, julho 27, 2017
Série "América": é preciso pressa para ver o que está desaparecendo
quinta-feira, julho 27, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Em novembro de 1989 ia ao ar pela extinta Rede Manchete a série brasileira “América”, dirigida por João Moreira Salles em parceria com o filósofo e roteirista Nelson Brissac Peixoto. Narrada pelo ator José Wilker, a série foi o resultado de uma viagem de quatro meses percorrendo 20 mil quilômetros através dos EUA – a primeira civilização na qual a História e a memória foram substituídos pelo movimento, velocidade e aceleração para o futuro que, paradoxalmente, virou um simulacro somente acessado através telas. Sem passado, Hollywood preencheu a ausência da memória da nação por uma sedutora mitologia que depois irradiou para o mundo. Composto por cinco episódios (“Movimento”, “Mitologia”, “Blues”, “Velocidade” e “Tela”), a série narra não só os impactos dessa cultura no cotidiano, na guerra, na política e na religião, mas também como criou o mal estar da alienação e estranhamento por meio do “olhar do exilado” dos três personagens principais da nossa época: o Viajante, o Detetive e o Estrangeiro.
sexta-feira, junho 30, 2017
Quando sorrir soa parecido com gritar em "Helter Skelter"
sexta-feira, junho 30, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Mais um filme
japonês que trabalha com simbologias alquímicas de transmutação pessoal.
Adaptado de um mangá homônimo e iconografia inspirada no filme “Beleza
Americana”, “Helter Skelter”(Herutâ Sukerutâ, 2012) do diretor e fotografo Mika
Ninagawa é um exemplo de como a cultura japonesa conseguiu filtrar a sociedade
de consumo ocidental através de valores milenares, combinando tudo isso com
cenários futuristas e distópicos: uma top model chamada Lilico, ícone dos
adolescentes conectados 24 horas em dispositivos moveis atrás de mexericos de
famosos, é uma celebridade de capas de revistas, publicidade e TV, cuja beleza
esconde um sinistro segredo – uma clínica de estética com revolucionário método
combinando tráfico de órgão e placentas humanas, no qual corpos são
reconstruídos como verdadeiros frankenteins. Uma modelo que se transforma numa
gueixa pós-moderna, uma máquina de processamento de desejos de milhões. A beleza leva a juventude
para o fundo do poço, onde destruir a si mesmo é a única saída: no caso de
Lilico, quando sorri, na verdade está gritando.
sexta-feira, maio 19, 2017
Jogo Baleia Azul e suicídio: a morte é mais um produto à venda?, por Marcelo Gusmão
sexta-feira, maio 19, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
“Torne a
mentira grande, simplifique-a, continue afirmando-a, e eventualmente todos
acreditarão nela”. Essa frase de Adolf Hitler descreve bem esse ‘e-fenômeno’
que se tornou o Jogo da Baleia Azul nos últimos meses. O que aconteceu foi algo semelhante à frase
do ditador, ou seja, o jogo é a mentira que se tornou grande, e por isso foi
curtida, comentada e compartilhada tantas vezes mundo afora que, eventualmente,
muitos acreditaram nela. Sabe-se agora, após investigações de sites
especializados, que o Jogo da Baleia Azul é um “fake news” (notícia falsa),
fruto do velho e conhecido telefone sem fio. Mas também a vida imita a arte:
o suposto jogo Baleia Azul foi
explicitamente inspirado no filme “Nerve: Jogo sem Regras” (2016). E
vice-e-versa, a arte imita a vida: a série "Os 13 Porquês” surge no momento em
que a ONU divulga números de que ocorre um suicídio a cada 40 segundos:
coincidências? sincronismos? Ou também a morte transforma-se em mais um produto
à venda?
quarta-feira, maio 17, 2017
A obsessão pela felicidade: em defesa da melancolia
quarta-feira, maio 17, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
sábado, maio 06, 2017
"Complicações do Amor": pode algo tão bom não funcionar mais?
sábado, maio 06, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Não se perca no infeliz título em português,
que faz parecer uma comédia romântica de sessão da tarde. “Complicações do
Amor” (The One I Love, 2014) é uma crítica ambígua e até sombria (ao melhor
estilo das atmosferas da série “Além da Imaginação”) contra todo aparato
fármaco, psicoterapêutico e neurocientífico atual mobilizados para supostamente
nos fazer felizes. Porém o efeito colateral prático é viciosidade, dependência
e compulsão. Afinal, é a alma do negócio para manter todos sob controle – as
chamadas “tecnologias do espírito”. Um casal em crise terminal procura um
terapeuta para tentar resgatar os momentos felizes que foram perdidos no
passado e que fizeram Ethan e Sophie ficarem juntos. O terapeuta sugere um
final de semana a sós em uma remota casa de campo onde tentem resgatar o que foi perdido na relação. O problema é que lá
encontrarão uma espécie de sala de espelhos cada vez mais perturbadora com
resultado imprevisível e ambíguo - e até elementos CosmoGnósticos. Matrix nas relações conjugais?
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