quarta-feira, dezembro 31, 2014

No quinto aniversário o blog deseja ao leitor um feliz 2015

Em dezembro o blog “Cinema Secreto: Cinegnose” completou o seu quinto ano de atividades. Agradecemos aos nossos leitores pelos comentários, críticas e constantes sugestões de filmes para serem analisados e pautas para serem abordadas. Graças ao estímulo dos nosso leitores o blog alcançou várias conquistas como ampliar parcerias com outros blogs e portais de notícias e desenvolver pesquisas científicas que resultaram em descobertas como: as cartografias e topografias da mente, adgnose, o fenômeno das bombas semióticas, sincromisticismo, parapolítica entre outras. Essa expansão física e de resultados do blog, impõe o desafio mais importante para o próximo ano – a busca da sustentabilidade financeira para manter o “Cinegnose” em atividade....

segunda-feira, dezembro 29, 2014

Blog censurado pelo delírio digital do Google AdSense

Para minha surpresa, o blog “Cinema Secreto: Cinegnose” foi acusado, julgado e executado às vésperas do Natal. Acusação: disseminação de conteúdos “chocantes” de “violência”, “pornografia”, “sangue” e “atitudes repulsivas”. Pelo menos é o que disseram os robôs e scripts do Google AdSense, lembrando a elite de juízes de rua do filme “Judge Dredd” que julgava e executava instantaneamente os violadores – “veiculação de anúncio do Google AdSense foi desativada no seu site por violação do regulamento do programa”, informava o e-mail executor!. Esse será o admirável mundo novo do Google: o delírio digital dos códigos binários que, sem compreender contextos, reduzirá a realidade ao denominador comum do 0/1. Como um blog que analisa filmes e a mídia...

sábado, dezembro 27, 2014

Em Observação: "Êxodo: Deuses e Reis" (2014) - Deus é o vilão?

“Êxodo: Deuses e Reis” é mais um filme da tendência atual de produções hollywoodianas de temas bíblicos. Os produtores escolheram o diretor certo: Ridley Scott, cujos filmes parecem ter um tema recorrente – a morte dos deuses. Assim como no filme “Noé” de Aronofsky, o Deus do Velho Testamento bíblico é apresentado de forma gnóstica como um Demiurgo – ciumento, rancoroso e vingativo. O filme desperta protestos de teólogos e cristãos sobre essa visão tão sombria de Deus: “Como um Moisés horrorizado pode acompanhar o Senhor?...

quinta-feira, dezembro 25, 2014

Walt Disney mexicano treina crianças para o mundo corporativo

Apontado como o Walt Disney mexicano, com um toque de Willy Wonka e sua fantástica fábrica de chocolate, o empresário Xavier López Ancona desde 1999 comanda a KidZania. É uma rede de parque temático para crianças presente em 16 países, e agora também em São Paulo. “Crianças necessitam de histórias de êxito”, diz o empresário cujo parque simula em escala infantil uma cidade onde, através de jogos de role playing, os pequenos performam atividades adultas remuneradas pela moeda local. Expostas ao bombardeio de marcas globais e acompanhadas por pais orgulhosos, os pequenos tornam-se médicos, bombeiros, jornalistas ou chef de cozinha. É a “edu-diversão”: crianças tornam-se espelhos dos adultos – subliminarmente são treinadas em jogos e simulações...

quarta-feira, dezembro 24, 2014

Cristo já está dentro de nós nesse Natal?

“Aquele que beber da minha boca se tornará como eu e eu serei ele”. Essa frase atribuída a Jesus no evangelho gnóstico de São Tomas encontrado no Egito há quase 70 anos é fonte de controvérsia por inspirar uma visão herética de Cristo e da sua missão aqui na Terra: Ele não veio nos “salvar”, mas nos “curar”, isto é, despertar Ele dentro de nós mesmos. O historiador e mitólogo Joseph Campbell no livro O Poder do Mito nos oferece uma didática interpretação dessa passagem do Evangelho de São Tomas. “Que blasfêmia”, teria observado um padre na plateia em uma conferência de Campbell. Claro, "somente um deus pode se equiparar a outro deus." Para além da sua figura histórica, como Mito, Jesus Cristo reflete nossas potencialidades espirituais,...

domingo, dezembro 21, 2014

Nossa consciência é uma ilusão no filme "Em Transe"

Uma gangue de ladrões que ao invés de assaltar um banco, tenta invadir a mente de alguém para reaver um valioso quadro de Goya perdido em uma frustrada tentativa de roubo a uma casa de leilões de artes. Com esse argumento que mistura os filmes de Nolan “A Origem” com “Amnésia”, o diretor Danny Boyle faz um interessante thriller psicológico noir no filme “Em Transe” (Trance, 2013). Boyle explora os principais ingredientes de um filme noir: homens durões, uma mulher fatal e um mundo de ilusões onde nada é o que parece ser. Nessa clássica receita de um thriller noir, Boyle acrescentou um ingrediente bem contemporâneo: a psicologia gnóstica – “Em Transe” faz uma espécie de engenharia reversa do processo de perda da nossa consciência na ilusão...

sexta-feira, dezembro 19, 2014

Papai Noel: modo seguro de usar

Jamais fume, fale palavrões, beba álcool ou tenha atitudes inconvenientes ao lado de um Papai Noel. Ele poderá matá-lo. Isso porque por baixo da roupa natalina esconde-se um raro ser ardiloso e cruel, caçado na Finlândia, treinado para executar o papel do bom velhinho e exportado para todos os shopping centers do mundo pela empresa Rare Exports Inc. Pelo menos é o que pensa o cineasta finlandês Jalmari Helander, um estudioso não só das origens do mito, mas da sua conversão publicitária norte-americana feita pela Coca-Cola. Os curtas “Rare Exports Inc.” (2003) e “The Official Rare Exports Inc. - Safety Instructions” (2005) são produtos da fixação do diretor pelo personagem e que, mais tarde, acabou resultando no longa metragem “O...

quarta-feira, dezembro 17, 2014

Pequeno manual de guerrilha semiótica antimídia

É inacreditável que depois de quase um século de legado em instrumentos, estratégias e pesquisas na Ciência da Comunicação, a única reposta possível do PT à agenda imposta pela grande mídia seja a articulação de um “gabinete de crise”. Administrar os estragos provocados pelas explosões das bombas semióticas apenas legitima e dá pertinência à pauta diuturnamente elaborada pelas redações dos grandes veículos. O PT repete o mesmo erro estratégico das esquerdas em todos os tempos: pensar a comunicação ainda de forma tradicional (iluminista) como uma questão de Fonte de transmissão dentro da cadeia de comunicação. As bombas semióticas demonstraram que a grande mídia já está à frente com o chamado “softpower” – não mais tentar convencer ou persuadir,...

segunda-feira, dezembro 15, 2014

"Som do Ruído" dispara bombas musicais contra indústria do entretenimento

Apesar de ter nascido em uma família de longa tradição de músicos famosos, Amadeus é um investigador de polícia que odeia música. Mas ironicamente destinam a ele o caso mais difícil da sua vida: seis bateristas excêntricos, liderados por um gênio musical anarquista, decidem lançar uma ataque em escala sonora transformando torres de alta tensão, salas de cirurgia e agências bancarias em inesperados instrumentos de música e ritmos. Bandidos de uma nova geração: terroristas que explodem bombas musicais. Esse é a produção sueca “O Som do Ruído” (Sound of Noise, 2010), claramente inspirado no manifesto musical futurista de 1913 “Arte dos Ruídos”. O filme é uma comédia e, ao mesmo tempo, um manifesto estético-político que mostra como a música...

sábado, dezembro 13, 2014

Rio de Janeiro leva crianças para o Capitalismo Cognitivo

Prefeitos, governadores e presidentes vivem a pressão política  e mercadológica de tornar visíveis para a mídia e opinião pública suas obras e realizações. Mas às vezes essa corrida contra o tempo cria verdadeiros atos falhos onde a peça publicitária se trai e a verdade sobe à tona em meio a camadas de discursos e eufemismos. O exemplo mais recente é a da inacreditável publicidade veiculada no jornal “O Globo” do programa “Fábrica de Escolas do Amanhã” da Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro: crianças em carteiras sobre uma esteira de linha de produção ao melhor estilo do vídeo clip “Another Brick in The Wall” do Pink Floyd. Qual concepção de educação pública é passada pelo ato falho visual? Para onde aquela esteira está levando as...

quarta-feira, dezembro 10, 2014

Efeito Pinball potencializa bombas semióticas na mídia

Quem não conhece o jogo de arcade chamado Pinball? Um lançador dispara uma bolinha de metal que bate e rebate em pinos somando pontos a cada tilintar barulhento. Numa tragicômica analogia, a grande mídia parece ter transformado o País numa gigantesca arcade ao chegar no estado da arte de impor sucessivas agendas que se assemelham a bolinhas metálicas disparadas em um Pinball: “mensalão”, “caos aéreo”, “o gigante acordou”, “petrolão” etc. O Governo responde aqui e ali com notas, criando um círculo infernal de bate-rebate que só legitima a agenda anteriormente criada. O Efeito Pinball se transforma no meio condutor das bombas semióticas que são detonadas diariamente nas mídias. Por si só elas não têm força: necessitam do meio condutor da agenda,...

Série "Além da Imaginação" e a sensibilidade gnóstica atual

A comparação do episódio “Special Service” da terceira temporada da série de TV “Além da Imaginação” (1988-89) com o filme “Show de Truman” (1998) revela didaticamente com a sensibilidade gnóstica atual está por trás de adaptações dos clássicos da TV e do cinema. O episódio de 1988 inspirou  Andrew Niccol a escrever o roteiro de “Show de Truman”: enquanto no episódio original vemos uma típica ficção científica orwelliana onde a paranoia e conspirações dominam o protagonista, na adaptação de Niccol vemos esses mesmos elementos transmutados em drama e sátira social. Mas Niccol colocou algo mais: a suspeita de que o reality show não seja apenas televisivo, mas cósmico. A postagem anterior sobre o filme brasileiro O Efeito Ilha...

domingo, dezembro 07, 2014

Filme "O Efeito Ilha": "Show de Truman" plagiou filme brasileiro?

Em um tom quase profético, o filme brasileiro “O Efeito Ilha” (1994) de Luís Alberto Pereira antecipou toda a onda posterior dos reality shows na TV. Quatro anos depois o filme “Show de Truman” retomaria o tema da invasão de privacidade como show, levando Pereira a declarar que Peter Weil teria “chupado” sua ideia. Posteriormente o filme “O Efeito Ilha” seria lançado em VHS como “The Man In The Box” – um técnico de TV é vítima de um estranho fenômeno eletromagnético através do qual sua vida passa a ser transmitida ao vivo em todos os canais de TV. “O Efeito Ilha” captou o espírito do seu tempo (naquele momento o Projeto científico Biosfera 2 e o “Real World” da MTV eram os embriões de um novo gênero televisivo). Por que, ao contrário dos EUA,...

quarta-feira, dezembro 03, 2014

O Inferno alquímico de Dante no filme "O Reflexo do Medo"

Conhecida como "Cidade Luz", Paris também é escura e misteriosa: sob a cidade se estende uma vastíssima rede de mais de 300 quilômetros de túneis e labirintos. São as chamadas “catacumbas de Paris” ou “cidade dos mortos” onde jaz os restos de seis milhões de pessoas, além de vestígios de cultos celtas, franco-maçons, gravuras e sinais ritualísticos sagrados. Nessa atmosfera claustrofóbica e sombria se movem os arqueólogos urbanos do filme “O Reflexo do Medo” (As Above, So Below, 2014), misturando terror com thriller psicológico no estilo falso documentário ou “found footage”. Como informa o título original, a narrativa explora o princípio alquímico da Correspondência, repleto de referencias ao chamado esoterismo cristão presente na obra...

sábado, novembro 29, 2014

"Veja São Paulo" detona bomba semiótica na Cracolândia

Feios, sujos, malvados e viciados retornam à Cracolândia, levantando uma mini favela em plena rua do Centro. A grande mídia esfrega as mãos para denunciar uma suposto fracasso do programa da Prefeitura de São Paulo “De Braços Abertos”. Assim como os black blocs (úteis na oportuna criação de imagens midiáticas de caos no País em ano eleitoral) foram glamurizados através de Dani Pantera e Emma, agora o “fracasso” na Cracolândia é midiatizado pela personagem da “Cinderela às avessas”, a ex-modelo Loemy que se tornou viciada em crack e vaga pelas ruas do Centro. Matéria da "Veja São Paulo" a transforma em mais uma bomba semiótica, assim como foi a “musa” black bloc Dani Pantera: a bomba da “good-bad girl”.  A matéria se mostra menos uma...

domingo, novembro 23, 2014

Amor e entrelaçamento quântico no filme "Interestelar"

Depois de desafiar os espectadores com desconstruções narrativas como “Amnésia” e articular sucessivas camadas de mundos oníricos em “A Origem”, agora Christopher Nolan em “Interestelar” (Interstellar, 2014) nos desafia com os paradoxos da mecânica quântica e relatividade.  Aqui não há mais heróis tentando salvar a Terra, mas pessoas que se sacrificam na procura de um caminho para a humanidade abandonar um planeta agonizante. E a única saída será através de buracos negros e “buracos de minhoca” cósmicos. Porém, as equações falham em tentar conciliar a dimensão quântica e a relatividade. Qual a solução proposta por Nolan? Amor e Comunicação, os únicos elementos que atravessam os diferentes espaços-tempos e que resolveriam o enigma do...

sábado, novembro 22, 2014

Da caridade ao cinismo do marketing social em "Quanto Vale ou é por Quilo?"

Desde a ideia do amor ao próximo transmitida por Jesus, a tragédia transformou-se em farsa: a caridade transformou-se em filantropia para, nos tempos cínicos atuais, finalmente se converter em marketing social. Esse é o tema do filme de Sérgio Bianchi “Quanto Vale ou é por Quilo?” (2005). Inspirando-se num conto de Machado de Assis e em processos judiciais do século XVIII disponíveis no Arquivo Nacional do Rio de Janeiro, Bianchi faz de uma narrativa que mistura sarcasmo e drama um flagrante de como a “escravidão moderna” perpetua as formas coloniais de dominação através do chamado Terceiro Setor com suas ONGs. Partindo do mito da exclusão e marginalidade, o marketing social esquece de que a miséria já está há muito tempo integrada: como...

quinta-feira, novembro 20, 2014

A fotografia pode roubar nossa alma no filme "Skew"

Aclamado em diversos festivais de filme de terror, o filme independente “Skew” (2011) parte de uma curiosa teoria da fotografia formulada pelo escritor francês Balzac no século XIX: toda fotografia é um “crime espectral” – cada exposição à câmera nos rouba uma das camadas espectrais que compõem o nosso ser. A cada fotografia morremos um pouco. Com essa premissa, o diretor Sevé Schelenz constrói uma narrativa com câmera na mão que no início parece se filiar a estilo de filmes como “Bruxa de Blair” ou “Rec”. Apenas parece. Ao se inspirar  no temor de Balzac, Schelenz não só leva a premissa às últimas consequências como também a atualiza: na verdade, as imagens estariam roubando não as nossas camadas espectrais, mas as camadas de memórias que...

segunda-feira, novembro 17, 2014

A escassez de água é uma bomba semiótica?

Enquanto a Grande São Paulo vive a contagem regressiva para o fim do volume morto na crise de abastecimento de água do sistema Cantareira, sincronicamente estreia nos cinemas “Interestelar” cujo plot se inicia com o planeta Terra devastado por tempestades de areia e escassez de recursos naturais. Hollywood e os telejornais da grande mídia se tornaram uma verdadeira caixa de ressonância: enquanto o jornalismo diariamente apresenta sua natural presunção pela catástrofe ao querer “globalizar” a crise de água da Grande São Paulo como exemplo de uma suposta crise climática mundial, nos últimos 20 anos Hollywood aumenta o número de produções cujo tema da escassez e luta pelo controle da água é a chave central do roteiro. Depois de catorze anos...

quinta-feira, novembro 13, 2014

Lenin inventou o Marketing?

“Lenin com o Comunismo prometeu felicidade. Isso é o Marketing!”. Essa linha de diálogo do filme “Branded” (2012), sobre um protagonista que se transforma em expert em Marketing na Rússia pós-comunismo, seria mais do que uma piada irônica? O líder da Revolução Bolchevique que abalou o mundo em 1917 teria sido o precursor da invasão da sociedade pelas marcas? Enquanto o capitalismo vivia a era da Publicidade como “a arte de vender a qualquer preço”, Lenin estaria na vanguarda da política como a “venda” da marca – o Marketing não trata mais de vender produtos ou serviços, mas da valorização do imaterial, do intangível. Da marca da foice e do martelo ao “M” do McDonald’s o Capitalismo levou algum tempo para entender isso. Se isso for verdade,...

terça-feira, novembro 11, 2014

"Quando Eu Era Vivo" mergulha na matriz edipiana do terror

Em um circuito dominado pelas comédias do Globo Filmes, é bem vinda a nova geração de cineastas brasileiros que se enveredam pelo gênero do terror. É o caso de Marco Dutra com produção recente “Quando Eu Era Vivo” (2014). Se no filme anterior “Trabalhar Cansa” (2011) a atmosfera de estranhamento e terror era construída dentro do drama social do trabalho precarizado da classe média, agora Dutra mergulha na matriz edipiana do gênero do terror: tensão e mal estar na relação pai, mãe e filho. Com ótima fotografia e design de áudio, um apartamento aos poucos se transforma em um casarão gótico mal assombrado por uma estranha energia que vem do passado e parece possuir aos poucos o protagonista. Novamente Marco Dutra traça um perfil psicológico...

sábado, novembro 08, 2014

Física e Metafísica se encontram no filme "O Enigma do Horizonte"

“O Enigma do Horizonte” (Event Horizon, 1997) é uma ficção científica curiosa. Mal recebida pela crítica, a produção de Paul Anderson, que segue a linha de terror sci fi iniciada por “Alien” em 1979, junta alusões a clássicos como “Solaris” de Tarkovsky e “2001” de Kubrick. Mas por trás de camadas de explosões e clichês de terror espacial, há uma interessante combinação de física e metafísica, Cosmologia e Teosofia: um portal dimensional que curva o tempo-espaço não nos levará para novos mundos ou dimensões. Apenas revelará os nossos infernos íntimos, capazes de criar mundos etéricos que podem nos aprisionar. Filme sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende. No livro Uma Breve História do Tempo, o físico Stephen Hawking define o “horizonte...

quarta-feira, novembro 05, 2014

O ovo da serpente do PT e a concepção fascista de vida

A política econômica neodesenvolvimentista do PT resgatou o povo não das misérias do capitalismo moderno, mas das misérias herdadas do passado colonial-escravista da Casa Grande e Senzala. Por isso, a sociedade do consumo, a precarização do trabalho e a ideologia meritocrática chocaram o ovo da serpente cujos filhotes surgem agora, polarizando o cenário político. Esses filhotes vão reeditar a mesma psicogênese da chamada “personalidade autoritária” encontrada em pesquisas empíricas feitas pela Universidade de Bekerley, Califórnia, coordenadas pelo pesquisador alemão Theodor Adorno há 64 anos. Naquela oportunidade a pesquisa descobriu uma conexão entre o conservadorismo político e o “caráter neurótico” marcado por nove traços de personalidade...

domingo, novembro 02, 2014

Em Observação: "Interstellar" (2014) - uma astrofísica gnóstica?

Com lançamento previsto para o dia 6 de novembro, em “Interstellar” o diretor Christopher Nolan retorna às complexidades narrativas que o tornaram famoso em filmes como “Amnésia” e “A Origem”. Viagem espacial se mistura com viagem no tempo e astrofísica com relatividade geral: astronautas viajam através de um “buraco de minhoca” (wormhole) para chegarem a um universo alternativo em busca de novos planetas habitáveis, conseguindo fugir da catástrofe climática terrestre. A construção da realidade como camadas de eventos que se influenciam mutuamente, apesar de ocorrerem em tempo-espaços diferentes, se conecta a princípios gnósticos da astronomia e alquimia da antiguidade – o Princípio da Correspondênci...

sexta-feira, outubro 31, 2014

Em "Amantes Eternos" a melancolia dos vampiros denuncia a decadência dos vivos

Conhecido pelos seus protagonistas que vivem sempre à margem da sociedade, arrebatados pelo vazio existencial e, por isso, capazes de um olhar mais crítico e verdadeiro, o diretor Jim Jarmusch (“Estranhos no Paraíso”, “Down By Law”, “Dead Man”, “Flores Partidas”) agora acrescenta os vampiros a sua galeria de anti-heróis. Em “Amantes Eternos” (Only Lovers Left Alive, 2013) Jarmusch questiona como seria viver eternamente em um mundo de seres mortais. Como seres que atravessaram séculos por todas as cenas culturais, científicas e artísticas poderiam viver num mundo que parece ter esquecido de tudo que de mais importante a História ofereceu (como, por exemplo, o trágico destino das ideias do cientista Nikola Tesla), e vê no You Tube a sua única...

terça-feira, outubro 28, 2014

O humano, demasiado humano no filme "Relatos Selvagens"

O homem atual seria um Sísifo moderno? Assim como o personagem da mitologia grega, condenado a carregar eternamente uma enorme pedra ao topo da montanha, o homem estaria condenado a não encontrar Deus, sentido ou propósito na existência, a não ser encontrar a si próprio – o humano, demasiado humano. Esse é a desconcertante co-produção Argentina/Espanha “Relatos Selvagens”, seis curtos relatos de pessoas comuns diante de circunstância incomuns: situações extremas com muito humor negro (e bota negro nisso) onde acabam sendo despertados em cada um os instintos mais básicos de vingança e violência. Em falso tom de comédia, o diretor Damián Szifrón parece querer brincar com o espectador: afinal, estamos rindo do qu...

domingo, outubro 26, 2014

A grande mídia ameaça: meu ódio será a sua herança

Tal qual uma serpente, um muro cinza escuro serpenteia o Brasil dividindo o País do Acre ao litoral. É com essa sinistra animação que o infográfico do site da “Folha de São Paulo” chamado “Folhacóptero” explica o cenário eleitoral brasileiro, em um previsível silogismo cuja conclusão é a de que somente os pobres e ignorantes mantêm a candidata Dilma Rousseff na frente das pesquisas eleitorais. Divisão e Muro são as metáforas que a grande mídia sistematicamente vem utilizando para explicar o cenário político. Enquanto publicações estrangeiras como a “The Economist” usam infográficos mais neutros e elegantes para explicar as desigualdades históricas do Brasil, nossa grande mídia usa a imagem do muro, simbolicamente carregada de ódio e separatismo....

sábado, outubro 25, 2014

A "bala de prata" é sintoma do "tautismo" da revista Veja

Motivo de piadas e memes nas redes sociais, o verdadeiro remake do layout da capa de 2012 sobre a novela Avenida Brasil em mais uma “bala de prata” da revista “Veja” (matéria de capa sobre suposta denúncia de que Dilma e Lula sabiam de todos os esquemas na Petrobrás) é muito mais do que falta de criatividade ou preguiça de uma revista que definha financeiramente. É um sintoma do “tautismo” (tautologia + tautismo), fenômeno de fechamento da mídia em si mesma, a tal ponto que desaparecem as diferenças entre ficção e não-ficção, telenovela e notícia. A própria resposta dada pela “Veja” às críticas comfirma aquilo que pretende negar: através de um raciocínio tautológico diz que os acontecimentos são verdadeiros porque “teimosamente” têm relevância...

sexta-feira, outubro 24, 2014

Em Observação: "Amantes Eternos" (2013) - por que os vampiros são melancólicos?

Profundos conhecedores de arte, literatura, música e cinema. Aristocráticos, vintages, sensíveis, e... melancólicos. Esses são os vampiros do diretor Jim Jarmusch em “Amantes Eternos” (Only Lovers Left Alive, 2013). Por que seres imortais e tão poderosos podem ser tão tristes e melancólicos? Esqueça os clichês de maldições, insaciabilidade por sangue e amores platônicos tão comuns nos vampiros para adolescentes da franquia “Crepúsculo”. Jarmusch recoloca o mito do vampiro na sua tradição romântica e literária. Mas tem algo mais: o toque gnóstico ao ver o vampiro como um ser privilegiado – ele jamais esquece, ao contrário dos mortais presos no ciclo vicioso morte-reencarnação-esqueciment...

quinta-feira, outubro 16, 2014

A simplicidade descolada, coxinhas 2.0 e o novo neoconservadorismo

Diga adeus a nomes de pratos requintados e ornamentais da culinária francesa, se despeça de bikes de alta performance, abandone esportes de elite. Agora prefira osso buco e rabada, bicicletas caloi 10 dos anos 1970 reformadas e peladas regadas a cervejas artesanais. O coxinha evoluiu para a sua versão “sustentável”: a simplicidade descolada. Eles são os novos tradicionalistas, uma simplicidade estudada e “descolada”, isto é, de grande valor agregado no mercado cultural. Sua psicografia é hoje explorada pelo marketing tanto político como de consumo – ele aspira à simplicidade, pureza e renovação, muito mais por atitudes do que por ações. Por isso, é campo fértil para crescer o neoconservadorismo: a aversão à Política como algo complicado...

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