terça-feira, maio 02, 2023
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Há muito tempo Conde Drácula tornou-se um imortal. Tempo suficiente para o mestre das trevas merecer várias versões no cinema: gótica, romântica, satânica, exótica, sensual etc. Quando pensavam que não restava mais nenhum suco sangrento para extrair dele, eis que ele ressuscita outra vez. Dessa vez através de Nicolas Cage, numa encarnação de Bela Lugosi mixado com Coringa e o camp sombrio da “Dança dos Vampiros” de Roman Polanski.“Renfield” (2023) é uma versão trash e slasher do clássico de Bram Stocker, mas dessa vez a história é contada pelo ponto de vista do servo de Drácula – como decide se libertar de tirania de Drácula ao descobrir, através de um grupo de autoajuda, que seu mestre na verdade é um narcisista e ele é vítima de uma relação tóxica e abusiva. Drácula ressuscita num mundo imerso no discurso da felicidade, positividade e sucesso. Porém, Drácula é o mais feliz nesse novo mundo: descobre como ironicamente as pessoas tornam-se vulneráveis ao Mal quanto mais são obcecadas pela positividade.