Lula e Alckmin se reúnem em jantar de fim de ano do Grupo Prerrogativas em São Paulo; o ex-líder estudantil Gabriel Boric vence eleições no Chile, dois anos depois da onda de protestos que varreu o país e abriu as portas para uma nova Constituição; sob escândalo moralista da grande mídia, Congresso aprova o bilionário Fundo Eleitoral. Esses três eventos dessa semana podem estar distantes no tempo ou no espaço. Mas são significativamente sincrônicos: a vitória de Boric no Chile é o contraste com o desenrolar dos efeitos da guerra híbrida no Brasil - judicialização e despolitização do sistema partidário com a crise da representação política e a emergência dos “partidos-Estado” mantidos por fundões partidários e eleitorais. Desconectados da sociedade que, bestificada, assiste às “concertações” e “freios de arrumação”. Enquanto isso, a estratégia comunicacional vitoriosa de Boric no segundo turno “Un millón de puertas” ecoa divisores de água da história das teorias de comunicação... algo fora dos propósitos dos partidos-Estado brasileiros.