Mostrando postagens com marcador Publicidade. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Publicidade. Mostrar todas as postagens
domingo, fevereiro 03, 2019
A arte vinga-se do capitalismo no filme "Velvet Buzzsaw"
domingo, fevereiro 03, 2019
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A arte pode ser perigosa e aqueles lucram com isso estão arriscando suas próprias vidas nessa sátira misturada com horror gore na produção Netflix “Velvet Buzzsaw” (2019). Se no filme anterior “O Abutre” o diretor e escritor Dan Gilroy figurava os bastidores da competição por audiência de programas sensacionalistas de TV, em “Velvet Buzzsaw” o alvo é o mundo do mercado das artes: artistas pretensiosos, gananciosos donos de galeria, clientes milionários e, principalmente, temidos críticos de arte – uma crítica publicada pode valer milhões de dólares ou o fim de uma carreira. Até encontrarem um acervo de pinturas e desenhos hipnóticos de um obscuro artista falecido. Uma oportunidade de lucro rápido. Mas um rastro de mortes começa a acompanhar aquelas telas. A fixação fetichista que temos pelas imagens (como, por exemplo, a ilusão de que a Mona Lisa sempre nos observa) é levada ao limite do horror. Como se a arte e as imagens estivessem se vingando da sociedade mercantil que as subjugou.
terça-feira, janeiro 22, 2019
Marketing pós-humano e pós-verdade na ascensão dos influenciadores virtuais
terça-feira, janeiro 22, 2019
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Lentamente uma nova raça de avatares está se infiltrando nos “feeds” das redes sociais: são os influenciadores virtuais – supermodelos lindíssimas, como vidas cheias de música e ativismo social, promovendo marcas famosas de moda. Mas por trás estão algoritmos probabilísticos combinando o trabalho de fotógrafos, computação gráfica e inteligência artificial. Faz parte da chamada “Revolução Industrial 4.0” que nada mais faz do que estender para o século XXI o espírito do velho capitalismo: redução de custos e enxugamento da cadeia produtiva, aumento de lucros e incremento do controle social e político. Mas para os seguidores dessa nova geração do Marketing de Influência, pouco importa se os influenciadores são reais ou virtuais – se artistas, celebridades e famosos sempre foram simulacros, então chega de intermediários! Assim como as fake news, o marketing pós-humano está criando a pós-verdade: o mix de autodistanciamento irônico e niilismo. Pauta sugerida pela nossa leitora Alana Pinheiro.
sábado, janeiro 19, 2019
"Tempo Compartilhado": Marketing e Publicidade criam a religião do Capitalismo Pentecostal
sábado, janeiro 19, 2019
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O pensador alemão Karl Marx teve que escrever muitas páginas para demonstrar que por trás da racionalidade do Capitalismo existia uma gigantesca fantasmagoria – mercadoria, capital e dinheiro apareciam como entidades-fetiches autônomas aos nossos olhos. Hoje, o Marketing e a Publicidade, sem maiores rodeios, diariamente nos mostram que a gestão corporativa e o discurso publicitário se tornaram análogos a seitas ou cultos. O Capitalismo sempre foi uma religião, mas hoje ele é “pentecostal” – é o “american way of management”. O filme mexicano “Tempo Compartilhado” (“Tiempo Compartido”, 2018) mostra as férias frustradas de uma típica família de classe média que acreditava ser possível comprar o Paraíso a preços módicos em suaves prestações. Um resort internacional esconde um propósito sinistro: transformar tanto seus “colaboradores” como clientes em membros de um tipo de seita messiânica no qual o Paraíso religioso se confunde com o próprio turismo.
domingo, janeiro 13, 2019
A conspiranoia pop gnóstica em "Under The Silver Lake"
domingo, janeiro 13, 2019
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A cultura pop nada mais representaria do que o abismo geracional entre jovens e adultos? Por trás de cada gesto de revolta seja grunge, punk ou gótico estaria um adulto vigilante através de mensagens criptografadas em músicas? As vertiginosas alusões de “conspiranoia” pop em “Under The Silver Lake” (2018), de David Robert Mitchell (“Corrente do Mal”), conferem uma nova abordagem do tema da paranoia no cinema. Um jovem desocupado tenta investigar o mistério do desaparecimento de sua vizinha para mergulhar no submundo das subcelebridades aspirantes a atores e atrizes em Hollywood e na subcultura de HQs e fanzines que tentam construir uma Teoria Unificada das conspirações. O fio da meada pode levar o espectador a conspirações ao melhor estilo Hitchcock e David Lynch. Mas o fio pode estar desplugado da tomada! Filme sugerido pelo nosso leitor David Góes.
domingo, dezembro 16, 2018
Como envenenar psiquicamente um povo no filme "Os Demônios"
domingo, dezembro 16, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
“Os Demônios” (“The Devils”), de Ken Russel, é um filme tão blasfemo, obsceno e relevante hoje quanto foi em 1971. Um terror religioso épico e uma contundente crítica do abuso do poder político. Um filme sobre fatos históricos ocorrido no século XVII (um padre condenado à fogueira acusado de bruxaria), filmado no século XX, mas que continua atual no século XXI: os tribunais eclesiásticos da Inquisição foram muito mais do que produtos do fanatismo religioso. Foram instrumentos de “lawfare” para a dominação política da Igreja. Em “Os Demônios” a Inquisição é um instrumento de uma estratégia mais ampla que hoje chamamos de “Guerra Híbrida”: como envenenar psiquicamente uma cidade através da sua maior vulnerabilidade: um Convento de freiras dominadas pela histeria de massa é o pretexto para derrubar a liderança do padre Urbain Grandier, opositor à monarquia absolutista de Luís XIII e do Cardeal Richelieu.
sábado, setembro 01, 2018
Curta da Semana: "O Futuro Será Careca" - Por que temos horror ao vazio em nossas cabeças?
sábado, setembro 01, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Vivemos uma sociedade de consumo que
ama tudo aquilo que está cheio: sonhos, sacolas de compras, cabelos. Odeia o
vazio porque cria uma “incontrolável sensação de desgosto”. E os carecas seriam
a síntese de tudo isso que as pessoas temem: carregam o vazio sobre suas
cabeças. Esse é o tema do surreal curta francês “O Futuro Será Careca” (“Le
Futur Sera Chauve”, 2016), de Paul Cabon. Um jovem protagonista cabeludo
descobre numa refeição em família o futuro que lhe espera: a calvície
hereditária. E revela o sintoma de uma sociedade que criou o mito da juventude
como estratégia publicitária sedutora e pervasiva – a inabilidade de crescer e
envelhecer.
domingo, junho 24, 2018
Neymar + efeito Heisenberg = outro ovo da serpente chocado
domingo, junho 24, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Observe leitor a fotografia que abre essa postagem. Ela poderá explicar
bastante o futuro que talvez esteja reservado para a Seleção brasileira nessa
Copa. A imagem mostra Neymar Jr. correspondendo às câmeras em um flagrante do
chamado “efeito Heisenberg” midiático – o jogador tenta criar algum tipo de empatia
após desfilar, nos minutos anteriores ao achar que estava tudo perdido,
arrogância e xingamentos que sobraram até mesmo para o próprio capitão do time,
Thiago Silva. O mesmo efeito Heisenberg (no qual a mídia transmite nada mais do
que os próprios efeitos que ela cria ao cobrir eventos) que levou o Brasil às
cordas frente à Alemanha em 2014 (choros, hinos a capela, etc.), agora leva
sincronicamente o dublê de técnico e pastor motivacional Tite e o astro Neymar
Jr. ao chão: um tropeço e logo depois o choro como marcas publicitárias. Assim
como muitos outros ovos de serpente chocados nos anos de neodesenvolvimentismo
dos governos petistas, Neymar Jr. é mais um. Com a leniência da grande mídia e
do mercado publicitário.
quinta-feira, junho 14, 2018
Copa do Mundo na Rússia enfia grande mídia em dupla saia justa
quinta-feira, junho 14, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Definitivamente essa é uma Copa
do Mundo curiosa: a grande mídia está nesse momento lidando com uma dupla saia
justa. De um lado, o risco de humanizar demais os russos. Afinal, tanto o
cinema como o jornalismo os celebrizaram como “RAVs” (Russos, Árabes e Vilões
em geral) – terra dos soviéticos, comunas, terroristas e hackers que mudam
resultados eleitorais de outros países. Como cobrir a Copa, evitando que eles
pareçam gente como a gente? E do outro lado, o recorde de desinteresse dos brasileiros
com o evento, divulgado pelas últimas pesquisas. Ainda o rescaldo do tiro no pé
do “Não vai ter Copa!” de 2014 e numa situação em que os brasileiros estão
pensando muito mais na própria sobrevivência. Por isso, assistimos ao esforço em
vinhetas e chamadas na TV para didaticamente tentar ensinar ao brasileiro que ele
é torcedor! E promover os jogadores (tão “alienígenas” quanto os russos) a
modelos mérito-empreendedores de sucesso para motivar a massa deprimida a sair
do buraco.
sábado, maio 26, 2018
O Capitalismo se desmancha no ar no filme "Fome de Poder"
sábado, maio 26, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
“Tudo que era sólido se desmancha no ar”, dizia Karl Marx sobre o poder
do Capitalismo revolucionar incessantemente seu modo de produção. “Fome de
Poder” (The Founder, 2016) descreve como um vendedor ambulante de mixer para milk
shakes chamado Ray Kroc encontrou no gênio dos irmãos McDonald muito mais do
que uma revolucionária linha de montagem de hambúrgueres. Viu nos arcos de uma
loja dos irmãos algo além de um mero detalhe arquitetônico: vislumbrou a
máquina semiótica de produção de marcas e símbolos como uma nova força
produtiva do Capitalismo que não oferece mais produtos tangíveis. Consome-se
uma fé, uma ideia ao invés de um hambúrguer que se desmanchou no ar – pouco
importam as suspeitas sobre a procedência das batatinhas fritas ou da carne do
Big Mac. Ray Kroc fez o mundo consumir muito menos um sanduíche do que a marca
e um sistema de conveniência.
sábado, maio 19, 2018
A guerra semiótica calça chuteiras para a Copa 2018
sábado, maio 19, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Para quem ainda duvida e acha que guerra híbrida e bombas semióticas não passam
de “teoria da conspiração”, uma simples comparação entre as peças publicitárias
que promoviam a Copa de 2014 e a desse ano, na Rússia, põe fim a qualquer
dúvida: enquanto a Copa no Brasil foi dominada por criações publicitárias para
lá de polissêmicas (ambiguidade entre festa e agressividade, alegria e raiva,
em consonância com a pesada atmosfera das manifestações do “Não Vai Ter Copa!”
+ Lava Jato), nesse ano a publicidade é bem diferente: uníssona e assertiva - a
Nação deve ficar unida, esquecer as diferenças e torcer pela Seleção. Em 2018 a
Guerra Semiótica veste as chuteiras cumprindo duas funções: a primeira
política, pacificar as ruas com a ideia de união e nação; e no campo ideológico,
enfiar goela abaixo da choldra as preleções de Tite, misto de “coaching” e
pastor motivacional. Para nos fazer acreditar que desemprego não é crise. É
oportunidade para virarmos todos empreendedores. Mas, e se algo sair fora do
script? Então teremos um “Plano B” cujos balões de ensaio já estão sendo
lançados.
sábado, março 24, 2018
"La Antena", um filme sobre como o monopólio midiático nos rouba a voz e as palavras
sábado, março 24, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Um filme obrigatório para estudantes de graduação em Comunicação.
Influenciado pelo cinema “noir” e pelo expressionismo alemão do clássico “Metrópolis”,
o diretor argentino Esteban Sapir fez o filme “La Antena” (2007): uma curiosa
estética inspirada no cinema mudo e metalinguagem das histórias em quadrinhos.
Um filme crítico sobre os meios de comunicação, a imaginação e as palavras. Em
uma cidade escura e invernal todos ficaram sem voz. O Sr. TV, dono de um
monopólio televisivo (o Canal 9) tem um malévolo plano para dominar todos os
cidadãos: sequestrar A Voz, a única pessoa que conservou o dom da fala. Para
transformá-la na atração principal da sua emissora enquanto ele arquiteta outro
plano ainda mais sinistro: roubar as palavras, para completar o seu regime de
Telecracia. “La Antena” é uma provocativa metáfora dos monopólios
latino-americanos de comunicação e de como a mídia é usada como arma para
sustentar regimes totalitários.
terça-feira, janeiro 30, 2018
Em "Um Ponto Zero" a paranoia é a falha na matrix da realidade
terça-feira, janeiro 30, 2018
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Cisão
esquizofrênica? Falha da racionalidade? Em geral o cinema figura a paranoia
dentro dessas representações. Mas é no filme “Um Ponto Zero” (“One Point 0” aka
“Paranoia 1.0”, 2004) que a paranoia evolui de simples transtorno mental para
uma percepção especial: se em “Matrix” o déjà-vu era uma falha na realidade
codificada, em “Um Ponto Zero” essa falha chama-se “paranoia” - aproximando-se do insight do pensador
gnóstico Valentim, lá no distante século II DC. A paranoia não só como uma
“falha na racionalidade”, mas como a percepção da falha na própria sintaxe que
estrutura a realidade. Um solitário programador de computador começa a receber misteriosas
caixas vazias que o farão mergulhar em um universo cercado de câmeras de
vigilância em um edifício residencial em ruínas, nano tecnologia, redes de
computadores, e-mails infectados, um estranho vírus bio-cibernético, obscuros
interesses corporativos e um estranho experimento em Neuromarketing.
domingo, setembro 03, 2017
"Comunistas Fazem Sexo Melhor?": sexo em um país dividido
domingo, setembro 03, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
A oposição entre Capitalismo e Comunismo durante a Guerra Fria não significou somente a divisão entre diferentes modelos econômicos e políticos. Mas também diferentes vidas sexuais em cada lado do muro que dividia a Alemanha. O documentário “Comunistas fazem Sexo Melhor? – Sexo na Alemanha Dividida” (2006) confirmaria décadas depois as teses da chamada Nova Esquerda alemã nos anos 1970 a respeito da exploração da sexualidade pela “indústria da consciência”: enquanto na Alemanha Oriental o sexo era francamente discutido nas escolas e na TV, no Ocidente a chamada “revolução sexual” teria sido apenas uma “revolução de vendas” com a expansão da indústria pornográfica e publicitária.
sábado, setembro 02, 2017
Em "Herostratus" a subversão vira mais um produto à venda
sábado, setembro 02, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Um filme
esquecido por quase 50 anos e só recentemente lançado em DVD. E certamente o filme desconhecido mais influente na
história do cinema. Só para começar, inspirou Kubrick a criar o atormentado
personagem Alex do filme “Laranja Mecânica” de 1971. “Herostratus” (1967), o
primeiro e único longa metragem do diretor Don Levy, conta estória de Max, um
jovem poeta rebelde que num gesto para ele subversivo, vende seu próprio
suicídio para uma empresa de marketing como um espetáculo midiático para as
massas. Um retrato da revolta jovem na Grã-Bretanha do Pós-Guerra: jovens
presos entre os extremos de riqueza e pobreza, enquanto eram bombardeados por
efeitos psicológicos eroticamente carregados da publicidade e sociedade de
consumo. E como o marketing e a publicidade são capazes de diluir qualquer rebelião
e transformá-la em tendência de moda. Filme sugerido pelo nosso leitor Higor Camargo.
quinta-feira, agosto 31, 2017
O Pequeno e Irônico Dicionário para Aspirantes ao Mérito-empreendedorismo
quinta-feira, agosto 31, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Ok, vocês
venceram! Por isso, o “Cinegnose” vai dar uma ajuda aos aspirantes e adeptos da
nova religião do mérito-empreendedorismo (meritocratas + empreendedores) desse
admirável mundo novo, no qual maquininhas de crédito e débito substituíram da
Carteira de Trabalho por meio da inabalável fé de que, um dia, a força de trabalho se
transubstanciará em Capital. Para entender esse Mistério da transubstanciação
de uma categoria econômica em outra (que se equivale ao da Santíssima Trindade
ou da própria redenção de Cristo) é urgente dominar o jargão hermético dessa
seita – “foco”, “nicho”, “aplicativo”, “sustentabilidade”, “agregar”, “gestão”,
“inteligência” entre outros termos aparentemente inescrutáveis. Bem vindo à Metafísica
da Teologia desses novos tempos, através do “Pequeno e Irônico Dicionário para
Aspirantes ao Mérito-Empreendedorismo”.
sexta-feira, agosto 25, 2017
Publicidade brasileira convocada para educar as massas no "Brave New World"
sexta-feira, agosto 25, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Sempre
criticamos a Publicidade por esconder suas secretas pretensões sob camadas de
retórica, mitologias, tons pastéis, cores suaves e a atmosfera de um eterno
comercial de produtos matinais. Esqueça tudo isso! Em tempos atuais de crise
econômica e milhões de desempregados para os quais a solução inevitável
apontada são o empreendedorismo, “pejotização”, precarização profissional e
trabalho intermitente, a Publicidade brasileira foi convocada para educar as
massas através de comerciais francos, duros e agressivos. Ivete Sangalo flerta
com “losers” em pontos de ônibus para promover ensino à distância; Luciano Huck
e Rodrigo Faro em peças publicitárias de universidades explicitamente afirmam
que a profissão de professor é um bico para “aumentar a sua renda”; campanhas
do Uber defendem a “uberização” para você ter mais tempo de “fazer o que
gosta”; e o banco Santander assertivamente diz que a carteira de trabalho já
era e que no lugar ficou uma maquininha de pagamentos com cartões. Bem vindo ao
“Brave New World” da publicidade atual.
quarta-feira, agosto 23, 2017
A imortalidade é um monstro criado pela Ciência e Publicidade em "Proyecto Lázaro"
quarta-feira, agosto 23, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
Se Jesus
ressuscitou Lázaro não para esse mundo, mas para a vida eterna, a Ciência
promete realizar esse milagre literalmente – clonagem, bioengenharia e
implantes biônicos ressuscitando humanos em estado criogênico. No filme
“Proyecto Lázaro” (2016), co-produção Espanha-França dirigida por Mateo Gil, um
jovem publicitário no auge do sucesso profissional, financeiro e amoroso,
descobre que está com um câncer em estado terminal, sobrando pouco tempo de
vida. Opta pela criogenia para ser ressuscitado 60 anos depois em um mundo bem
diferente, porém a realização do ideário da atual geração millenials: a religião ou
qualquer significado espiritual para a vida e a morte foram substituídos pela
Publicidade, marketing e Ciência. Mas o protagonista descobrirá da pior forma
possível que o drama da criatura do Dr. Frankenstein (ao qual foi negado o
direito de morrer) repete-se agora com ele. E que os velhos cientistas loucos
foram substituídos por corporações, acionistas e investidores. Filme sugerido
pelo nosso leitor Felipe Resende.
segunda-feira, julho 31, 2017
Cinco motivos que explicam porque educação é o melhor negócio de todos os tempos
segunda-feira, julho 31, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O mundo das
altas finanças está de olho no ensino superior brasileiro: empresas de private
equity, banco de investimentos e fundos de investimentos nacionais e
estrangeiros estão por trás dos grandes grupos da oligopolização do setor. Para
justificar a tendência consultores, analistas, conselheiros e gestores falam em
“inserção do ensino superior no mundo global”, “internacionalização do ensino
superior”, “cooperações vencer-vencer” etc. Como sempre, a verdade está em
outra cena: descobriram que a educação é o melhor negócio (legal) de todos os
tempos. Diferente de muitos outros negócios, a sua mão de obra (a resiliência
dos professores), sua “clientela” (alunos que tendem a esquecer) e o seu insumo
(a liquefação do conhecimento em informação) são bem peculiares. O que tornam
as possíveis resistências, críticas ou até mesmo ativismos fáceis de serem
geridos. Vamos listar cinco peculiaridades que tornam a educação um negócio
imperdível: a folha de parreira da titulação, a Síndrome da Vida de Inseto, a
amnésia discente, ausência de espírito de corpo e o fetiche da “uberização”
tecnológica da educação.
terça-feira, junho 27, 2017
O hit "Despacito", Woody Allen e a espiral do silêncio
terça-feira, junho 27, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
O que tem a ver
o cineasta Woody Allen com o estrondoso sucesso do ritmo reggaeton com o hit
“Despacito”, nesse momento tocando em nove em cada dez festas juninas
brasileiras? Muito, desde a reação de Woody diante de uma banda de punk rock no
filme “Hanna e suas Irmãs” (1986) até o niilista aforismo do diretor de que a
vida poderia ser resumida a três eventos: nascimento, sexo e morte. É
recorrente como as músicas de sucesso sempre giram em torno desses três temas.
No caso de “Despacito”, um longo monólogo masculino “gangsta” de ostentação,
sedução e poder. Um “case” exemplar dos mecanismo circulares e tautológicos da
indústria do entretenimento fazer sucesso com um produto que se promove como
tal antes mesmo de ser distribuído e executado. E que, como sempre, conta com a dinâmica da
chamada “espiral do silêncio”.
sexta-feira, maio 19, 2017
Jogo Baleia Azul e suicídio: a morte é mais um produto à venda?, por Marcelo Gusmão
sexta-feira, maio 19, 2017
Wilson Roberto Vieira Ferreira
“Torne a
mentira grande, simplifique-a, continue afirmando-a, e eventualmente todos
acreditarão nela”. Essa frase de Adolf Hitler descreve bem esse ‘e-fenômeno’
que se tornou o Jogo da Baleia Azul nos últimos meses. O que aconteceu foi algo semelhante à frase
do ditador, ou seja, o jogo é a mentira que se tornou grande, e por isso foi
curtida, comentada e compartilhada tantas vezes mundo afora que, eventualmente,
muitos acreditaram nela. Sabe-se agora, após investigações de sites
especializados, que o Jogo da Baleia Azul é um “fake news” (notícia falsa),
fruto do velho e conhecido telefone sem fio. Mas também a vida imita a arte:
o suposto jogo Baleia Azul foi
explicitamente inspirado no filme “Nerve: Jogo sem Regras” (2016). E
vice-e-versa, a arte imita a vida: a série "Os 13 Porquês” surge no momento em
que a ONU divulga números de que ocorre um suicídio a cada 40 segundos:
coincidências? sincronismos? Ou também a morte transforma-se em mais um produto
à venda?
Tecnologia do Blogger.