Sempre ouvimos falar que Tempo é dinheiro. Com a financeirização do capital e a crescente utilização do dinheiro eletrônico e digital no lugar do papel-moeda, esse provérbio torna-se cada vez mais metafórico: não se trata mais tanto de dinheiro, mas da logística do Tempo – quanto mais rápido, maior oportunidade de lucros no cassino global em que se transformou o Capitalismo. Mas ainda temos que manipular signos do dinheiro (títulos, ações etc.). Mas, e se o próprio Tempo em si virar uma moeda acumulável e estocável? Esse é o intrigante argumento de “O Preço do Amanhã” (In Time, 2011), num futuro em que a imortalidade de poucos implica na mortalidade de muitos: uma elite consegue estocar séculos de Tempo, tornando-se virtualmente imortal, enquanto a maioria corre da morte (contada retroativamente num relógio subcutâneo), lutando para ganhar Tempo, seja através do salário, doações ou empréstimos. Nova forma de Capitalismo em que o Tempo vira moeda de especulação, reprodução da desigualdade e controle populacional.