O que aconteceria se, de repente, todos os equipamentos de comunicação de sua casa deixassem de funcionar: celulares, computador, notebook, Ipads, Iphones e assim por diante? Provavelmente, o usuário rotineiro desses dispositivos de comunicação seria tomado pela ansiedade, medo, sensação de vazio e, por fim, a paranoia. Esse é o tema do curta “Paranoia Tecnológica”, de Gabriela Pagliuca, aluna do curso de Jornalismo. O vídeo fez parte do trabalho de conclusão da disciplina Estudos da Semiótica que leciono no curso da Escola de Comunicação da Universidade Anhembi Morumbi (UAM/São Paulo) cujo tema era “Obsolescência Planejada”
A narrativa do curta procurou traduzir em imagens algumas
ideias discutidas em torno das relações cada vez mais fetichistas que temos com
os gadgets tecnológicos: investir os objetos tecnológicos de um valor
imaginário onde eles teriam o poder, por si só, de criar uma comunhão ou
relacionamentos da mesma magnitude das relações face-a-face. O poder do modem,
a velocidade da conexão, a atualização dos aplicativos ou a alta performance da
placa de vídeo ou do processador seriam investidos de um valor fetichista onde
a potência tecnológico seria igual à possibilidade de produzir gratificação,
afetos e reconhecimento.
Com a obsolescência acelerada e planejada pelos fabricantes
desses gadgets, a necessidade pelo consumo de cada “novo” aplicativo,
atualização ou simples descarte do que já possui torna-se um imperativo que se transforma
numa espécie de imposição moral: você sente-se culpado se estiver
desatualizado.
O que acaba produzindo uma relação de vício e compulsão
semelhante à dependência química tal como revelado por pesquisa recente pela
Universidade de Maryland, EUA , sobre os sintomas dos usuários em situações de
privação de tencologias de comunicação
ou a pesquisa da Universidade de Bergen, Noruega, sobre a chamada
“Escala de Vício pelo Facebook” (sobre isso veja a postagem anterior nos links
abaixo).
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